ASSISTÊNCIA AO INDIVÍDUO NA ABSTINÊNCIA AO TABAGISMO

Data de postagem: Dec 12, 2014 9:54:54 PM

LUZIVALDA LAGE DE SOUZA FANTIM

ASSISTÊNCIA AO INDIVÍDUO EM ABSTINÊNCIA AO TABAGISMO

Trabalho de conclusão de curso apresentada ao Curso de Enfermagem das Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia, como parte dos requisitos para a obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem, para seguinte banca examinadora:

Prof. Diego da Rosa Leal (Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia)

___________________________________________________________________

Profª Anne Gabriele Lima Souza (Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia)

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Prof. Juliana dos Santos Ali

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Prof. Msc. Juliana dos Santos Ali

Coordenador do Curso de Enfermagem

EUNÁPOLIS-BA,

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a grande amiga e companheira Odete Rocha que, com muito carinho e dedicação esteve sempre disponível quando lhe era solicitado ajuda, mas principalmente, por ter sido a pedra fundamental na construção de uma nova mulher, ajudando-me a superar todas as fazes criticas da abstinência ao tabaco.

AGRADECIMENTOS

Agradeço especialmente:

A DEUS, pela sabedoria e entendimento que me concedeu durante todo o percorrer da minha caminhada acadêmica e pela materialização deste trabalho monográfico.

Aos meus familiares, que com amor incondicional e compreensão, entenderam as minhas ausências, acreditando sempre em meu potencial.

Aos professores Diego Leal e Henika Pricila que, com sabedoria e dedicação, não me sonegaram seus conhecimentos, incentivando-me com críticas construtivas durante a realização deste trabalho.

Aos professores do curso de Enfermagem, que com sapiência me transmitiram seus conhecimentos acadêmicos sem os quais tornaria impossível minha formação.

Enfim, a todos aqueles que, de formam direta ou indireta, contribuíram para o meu crescimento intelectual.

O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis”.

José de Alencar

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABP – Associação Brasileira de Psiquiatria

CID – Classificação Internacional de Doenças

ESF – Estratégia de Saúde da Família

INCA – Instituto Nacional do Câncer

MS – Ministério da Saúde

OMS – Organização Mundial de Saúde

PNCT – Programa Nacional de Controle do Tabagismo

SIASUS – Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS

SUS – Sistema Único de Saúde

TRN – Terapia de Reposição de Nicotina

RESUMO

O abandono da dependência da nicotina é um processo lento e complicado. Trata-se de um enfretamento difícil que produz diversas reações fisiológicas e psicológicas, que acabam provocando uma recaída e o abandono do tratamento. Todo o período caracterizado pela abstinência ao tabagismo é cercado de situações que necessitam constantemente da participação direta de familiares e da equipe de saúde. Considerando a relevância desta temática para os profissionais da saúde, este estudo foi elaborado tendo como objetivo central contextualizar a assistência prestada ao usuário no período da abstinência ao tabaco, durante o tratamento para o seu abandono. Foi possível contextualizar as dificuldades encontradas pelo usuário durante o período de tratamento para abandonar o vício. Constatou-se que diversos fatores fisiológicos e psicológicos podem influenciar no desejo de suspender o tratamento e voltar para o vício. Embora estes fatores aumentem o grau de dificuldade no tratamento para cessar o hábito de fumar, é possível que haja êxito no tratamento, sobretudo, quando a intervenção da equipe de saúde seja efetiva e contínua e a participação da família seja constante durante todo o processo terapêutico.

Palavras-chave: Tabagismo, Abstinência, Saúde.

Sumário

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 09

2 Metodologia ....................................................................................................... 11

2 Contextualizando o tabagismo na sociedade contemporânea .......................... 12

4 Abstinência ao tabaco: síndrome da abstinência .............................................. 15

5 Políticas de Saúde e o abandono do tabagismo ............................................... 22

5.1 As sessões da abordagem e tratamento do fumante ..................................... 27

5.1.1 Seção 1 – Entender por que se fuma e como isso afeta a saúde ............... 27

5.1.2 Seção 2 – Os primeiros dias sem fumar ..................................................... 27

5.1.3 Seção 3 – Como vencer os obstáculos para permanecer sem fumar ........ 28

5.1.4 Seção 4 – Benefícios obtidos após parar de fumar e manutenção ............. 28

6 Assistência de saúde ao tabagista no período de abstinência ......................... 31

7 CONCLUSÃO .................................................................................................... 38

Referências .......................................................................................................... 39

ANEXO ................................................................................................................. 44

1 INTRODUÇÃO

o tabagismo é uma doença crônica que surge devido à dependência da nicotina, estando, portanto, inserido desde 1997 na Classificação Internacional de Doenças (CID 10) da Organização Mundial de Saúde (OMS), classificada no grupo de transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de substâncias psicoativas (ROSEMBERG, 2002 apud CARVALHO, 2009).

Por conta do alto grau de dependência da nicotina, o abandono do tabagismo é um processo lento e complicado para o usuário. Trata-se de um enfrentamento difícil que produz diversas reações fisiológicas e psicológicas no indivíduo. Todo o período caracterizado pela abstinência ao tabagismo é cercado de situações que requer, invariavelmente, da participação direta de familiares e da equipe de saúde (BALBANI, MONTOVANI, 2005).

Todo o período que compreende a suspensão do uso da droga até o final do tratamento para o seu abandono requer um acompanhamento direto da equipe de saúde que está envolvida na terapia. A abstinência ao tabaco acarreta complicações que necessita de amparo profissional e familiar para sua superação, uma vez que, é algo intensamente desejado que está sendo recusado pelo usuário.

Abstinência, de acordo com o Dicionário técnico de Psicologia representa a privação voluntária da satisfação de um apetite ou de um desejo. No caso de bebidas alcoólicas ou de outras substâncias tóxicas, a abstinência corresponde a total recusa das substâncias em questão (CABRAL, NICK, 2006).

Mediante a necessidade de que a equipe de saúde, especialmente os profissionais graduados em enfermagem, precisa conhecer amiúde as peculiaridades deste período caracterizado pela abstinência ao tabaco, estudos voltados para a caracterização deste paciente, bem como de suas reações no período da abstinência são fundamentais para o melhor planejamento possível das ações interventivas com vistas a aliviar um pouco as complicações decorrentes deste período (BALBANI, MONTOVANI, 2005).

É de fundamental importância que sejam adotadas medidas para prevenção e cessação do tabagismo sejam em âmbito familiar, desde tenra idade, até a formação a nível superior de matérias educacionais que façam parte da grade curricular e repassado a população todos os conhecimentos adquiridos (CRUZ, GONÇALVES, 2009).

Durante toda a vida acadêmica, e mesmo após esta, é importante o profissional de saúde estar atualizado nas diversas questões relacionadas à saúde dos seus pacientes. O tratamento para o abandono do tabagismo requer uma constante atualização de conceitos e conhecimento de ferramentas que são indispensáveis durante este período.

Trabalhos científicos que auxiliam os profissionais neste processo são extremamente relevantes, uma vez que, propiciam uma análise crítica acerca da realidade atual do problema, como é o caso do tabagismo, e oferecem subsídios para que, os profissionais possam elaborar melhor suas compreensões e desempenhar suas funções com melhor qualidade.

Assim, o presente estudo foi elaborado tendo como objetivo central a intenção de contextualizar a assistência de saúde prestada ao usuário no período da abstinência ao tabaco, durante o tratamento para o seu abandono.

2 METODOLOGIA

Esta pesquisa ocorreu a partir de um levantamento bibliográfico e descritivo sobre a temática proposta. Neste sentido, a fim de subsidiar os objetivos planejados foram pesquisados livros, manuais e publicações virtuais, através das ferramentas da web SCIELO, Google Acadêmico e BVS, utilizando-se como indexadores os caracteres: abandono do tabagismo, síndrome de abstinência à nicotina e enfermagem tratamento tabagismo.

Uma pesquisa de revisão bibliográfica possui grande relevância no contexto científico e, algumas vantagens em relação a outros tipos de investigação. Um destes pontos positivos que favorece a pesquisa bibliográfica é o fato de que se permite investigar um elenco maior de fenômenos do que os outros métodos. Além desta vantagem, é importante destacar que o custo é bem mais baixo que outros tipos de pesquisa (GIL, 2002).

Após o levantamento dos materiais, todos os documentos encontrados foram analisados, e de acordo com a consonância com os propósitos desta pesquisa, foram selecionados aqueles que serviriam de subsídio para a construção deste trabalho.

Os materiais selecionados foram analisados criteriosamente e na medida em que este estudo foi sendo elaborado, os mesmos foram servindo de embasamento teórico para esta produção.

3 CONTEXTUALIZANDO O TABAGISMO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

O hábito de fumar, considerado uma prática cultural adquirida em todo o mundo há milhares de anos, tornou-se uma grande epidemia mundial e, está, atualmente, relacionada direta ou indiretamente a uma série de doenças. Antes algo desejável, este hábito passou, nos dias atuais, a algo seriamente agravador da saúde humana (ECHER, 2008).

O tabagismo é um dos mais sérios problemas de saúde pública na atualidade. Estima-se que cerca de um terço da população mundial já experimentou o tabaco. Sua relevância aumenta mais ainda, pois, compreendem homens e mulheres nas mais variadas faixas etárias (ALMEIDA, MUSSI, 2006) e, segundo Vendrametto, (2007):

O tabagismo é simultaneamente vício, doença e dependência. Constitui-se, hoje, um dos mais sérios problemas de saúde pública em todos os países do mundo, porque afeta diretamente a saúde dos fumantes, assim como das pessoas que com eles convivem.

Segundo informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que o fumo cause cerca de 3 milhões de mortes por ano em todo o mundo. Mantendo-se esta tendência, no ano 2020, morrerão cerca de 10 milhões de pessoas por causa do cigarro (LARANJEIRA, FERREIRA, 1997).

Menezes et al. (2002) salienta que “o fumo tornou-se um grande problema de saúde pública na história da humanidade. No ano de 2030, o fumo deverá ser a maior causa isolada de mortalidade, podendo ser responsável por mais de 10 milhões de mortes”.

No Brasil, cerca de um terço da população adulta é fumante. Isto equivale à aproximadamente 30 milhões de pessoas. Destes, 60% pertencem ao sexo masculino e 40% são do sexo feminino. Estima-se 200 mil mortes por ano de pessoas, no Brasil (ALMEIDA, MUSSI, 2006).

Machado, Alerico e Sena (2007) salientam que, atualmente, no Brasil e no mundo, “o tabaco vem sendo consumido por milhões de cidadãos, os quais acabam sendo vítimas de diversas doenças causadas pelo consumo desta substância, tornando-se um importante problema de saúde pública”. Isto se revela, sobretudo, devido aos malefícios ocasionados pelo tabaco, tanto para quem é usuário, quanto para aqueles que o rodeiam e não são fumantes. Carvalho, (2009), enfatiza:

Indivíduos não fumantes que absorvem a fumaça do tabaco por conviverem com fumantes têm risco 30% maior de desenvolverem câncer de pulmão e 24% maior de sofrerem infarto do coração, em relação àqueles não expostos à poluição tabagística ambiental.

O tabagismo está relacionado diretamente às principais causas de morte em todo o mundo. É fator de risco para as doenças cardíacas, pulmonar obstrutiva crônica, cânceres e acidente vascular cerebral. A presença do tabagismo eleva consideravelmente o risco de acometimento destas doenças (ALMEIDA, MUSSI. 2006).

O tabagismo é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a maior causa prevenível de mortalidade e morbidade em todo o mundo, relacionando-se com doenças de diversas naturezas, como cânceres, doenças cardiovasculares e respiratórias (CASTRO, 2007; HALTY, 2002).

Mirra e Rosemberg (1997) evidenciam que “o tabagismo é considerado a maior causa isolada evitável de doença e morte, porquanto são atribuídos a esse vício 90% dos casos de câncer de pulmão, 86% de bronquite crônica e enfisema e 30% dos cânceres extra-pulmonares”.

Segundo Carvalho (2009) “o tabagismo é considerado hoje pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma doença epidêmica resultante da dependência de nicotina”.

A nicotina é uma das substâncias presentes no tabaco que mais causa malefícios à saúde humana. Sua dependência leva os usuários a se exporem a diversas patologias. Dentre as doenças relacionadas à dependência da nicotina, destacam-se, dentre outras, os cânceres de boca, faringe, laringe, esôfago, pulmão e pâncreas (MACHADO, ALERICO, SENA, 2007).

A relação do tabagismo com o câncer chega a ser assustador. Relatos de Balbani e Montovani (2005) afirmam que “o tabagismo está relacionado a 30% das mortes por câncer. É fator de risco para desenvolver carcinomas do aparelho respiratório, esôfago, estômago e pâncreas”.

Por todas essas situações, o tabagismo é considerado a pior epidemia enfrentada pelos países desenvolvidos na atualidade. Diante desta realidade, inúmeros esforços têm sido propostos para conter o uso de cigarros, sobretudo, neste grupo de países (LARANJEIRA, FERREIRA, 1997).

4 ABSTINÊNCIA AO TABACO: SÍNDROME DA ABSTINÊNCIA

Antes de caracterizar os diversos fenômenos ocasionados em função do abandono do vício do tabaco, faz-se necessário destacar alguns conceitos relacionados a este período, como a abstinência e a síndrome da abstinência. Com respeito aos aspectos conceituais acerca do termo abstinência, segundo Cabral e Nick (2006) abstinência significa “a privação voluntária da satisfação de um apetite ou de um desejo. Corresponde à total recusa das substâncias em questão”.

Embora a abstinência seja necessária e fundamental para o abandono do vício do tabaco, diversos fenômenos acompanham essa interrupção abrupta do consumo da droga. Estes fenômenos formam o que se compreende por síndrome da abstinência, que, refere-se a um conjunto de sinais e sintomas característicos para determinada substância, desencadeados após a redução abrupta ou suspensão do uso (LOPES et al., 2006).

Dalgalarrondo (2008) complementa o enunciado estabelecendo que a “síndrome de abstinência é o conjunto de sinais e sintomas que ocorrem horas ou dias após o indivíduo cessar ou reduzir a ingestão da substância que vinha sendo consumida”.

A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP, 2002), considera que o consumo constante de tabaco, por conseguinte, de nicotina, principal substância causadora da dependência, provoca grande dependência do indivíduo para com essa droga. Abster-se de consumi-la não é tarefa fácil uma vez que, num período pequeno de abstinência, alguns fumantes já apresentam sintomas, geralmente pouco tolerados.

Sobre os efeitos que o cigarro produz no corpo humano, Marques, (et al., 2001), diz que:

Tragar um cigarro produz um rápido efeito estimulante no sistema nervoso central. [...] Esse efeito, em contraposição aos sintomas desagradáveis da falta da substância no cérebro, pode contribuir para a dificuldade na manutenção da abstinência, pois, entre os fumantes que já tentaram parar de usar o tabaco, cinco a sete tentativas são necessárias [...].

A síndrome de abstinência costuma iniciar-se em torno de oito horas após o consumo do último cigarro e atinge seu ápice no terceiro dia de abstinência, quando o indivíduo começa a apresentar quadro com sérios distúrbios psíquicos, incluindo situações de ansiedade, irritabilidade, sonolência diurna e insônia, dentre outros (MARQUES et al., 2001).

A assertiva acima explica um dos fenômenos mais comuns na vida do fumante. O fato de os sintomas geralmente aparecerem em torno de oito horas após fumar o último cigarro justifica a intensa necessidade de o indivíduo fumante apresentar um alívio imediato após fumarem o primeiro cigarro da manhã (FAGUNDES, 2010).

O conjunto de sintomas desencadeados a partir da abstinência ao consumo da nicotina se subdivide em psicológicos e físicos. De acordo com a ABP (2002), as perturbações psicológicas mais comuns são “humor disfórico ou deprimido, insônia, irritabilidade, frustração ou raiva, ansiedade, inquietação e dificuldade para concentrar-se”.

Já em relação às perturbações físicas, a Associação Brasileira de Psiquiatria, ABP (2002), destacam: “frequência cardíaca diminuída, o aumento do apetite e ganho de peso”. Ambos os sintomas costumam aparecer poucas horas após a cessação do hábito de fumar.

Diversos outros sintomas podem ainda serem acrescentados ao elenco citado anteriormente. A tabela a seguir, apresentada por Marques et al. (2001) acrescenta ainda alguns outros sintomas ocasionados em função da abstinência do tabaco:

Tabela 1 – Síndrome de Abstinência à Nicotina

Síntese dos sintomas e sinais da síndrome de abstinência de nicotina

Psicológicos:

Humor disfórico ou deprimido

Insônia e sonolência diurna

Irritabilidade, frustração ou raiva

Ansiedade

Dificuldade para concentrar-se e para manter a atenção

Inquietação

Fissura” ou craving1

Biológicos:

Frequência cardíaca diminuída

Pressão arterial diminuída

Aumento do apetite

Ganho de peso

Coordenação motora diminuída e tremores

Sociais:

Relacionamento social instável em consequência do estado

Fonte: MARQUES et al., 2001

Os sintomas, tanto físico quanto psicológicos geralmente aparecem entrelaçados e não isolados. Além de interagirem entre si interagem também com o sistema imunológico do indivíduo, fragilizando-o e tornando-o mais susceptível às infecções oportunistas (GUERRA, 2004).

As perturbações psicológicas são as principais ferramentas que motivam o usuário em abstinência a ter uma recaída e retornar ao consumo da droga abandonada. O estresse psicológico pelo não consumo da droga, acompanhado de alto grau de ansiedade diminui a confiança e auto-estima do indivíduo, facilitando o retorno ao consumo do tabaco (ZANCAN et al., 2011).

As perturbações psicológicas causam sério desconforto para o indivíduo e sobressaem mais ao anoitecer. É quando o indivíduo fica mais susceptível à irritabilidade, ansiedade, desconcentração, agitação e sensação de sonolência (RONDINA, GORAYEB, BOTELHO, 2007).

Marques et al. (2001) corrobora com o enunciado salientando que a síndrome da abstinência inicia-se geralmente oito horas após o último cigarro atingindo o ápice no terceiro dia com o craving ou “fissura”, ansiedade, irritabilidade, sonolência diurna e insônia. Estas perturbações causam intenso desconforto para o indivíduo fumante.

Balbani e Montovani (2005) também fazem referência ao conjunto de sintomas psicológicos decorrentes da abstinência ao tabagismo, destacando- se os distúrbios do sono, alterações cognitivas e a fissura pelo cigarro (craving).

O forte desejo de fumar está também implícito no estudo realizado por Rosemberg (2003). Neste estudo, o autor destaca a agressividade da nicotina no organismo do viciado, salientando que, na abstinência, o fumante sofre sérios distúrbios de concentração, do sono, de decisão e de conduta psicomotora.

Ainda no que se refere às perturbações psicológicas, o alto grau de estresse proveniente da abstinência à nicotina pode desencadear episódios de depressão no indivíduo. A não observação deste risco e a efetiva intervenção antes que o quadro depressivo se instale pode comprometer seriamente a terapêutica implementada (ZANCAN et al., 2011).

As pessoas que apresentam altos índices de depressão e ansiedade possuem menores chances de êxito nas tentativas de parar de fumar quando comparadas às pessoas que não apresentam sinais depressivos nem de ansiedade. Estes sintomas psicológicos possuem considerável interferência nas condições terapêuticas para a suspensão do tabagismo, aumentando as chances de recaída (ANDRETTA, CALHEIROS, OLIVEIRA, 2006).

Com relação às perturbações físicas a que mais provoca incômodo aos pacientes em estado de abstinência é o ganho de peso ponderal. Na maioria dos casos o aumento varia de 4 a 6 kg, podendo chegar a 10% do peso corporal em alguns indivíduos. Esse ganho de peso faz com que o indivíduo fique ansioso e irritado, tornando o período da abstinência mais desconfortável ainda (FAGUNDES, 2010).

Independentemente de ser físico ou psicológico, é muito importante que o fumante conheça os sintomas que surgirão em função da abstinência e esteja preparado para enfrentá-los. O primeiro que surge é a fissura e, na medida em que o fumante resiste, o sintoma costuma ceder entre um e cinco minutos depois. É importante neste momento, como estratégia facilitadora que o fumante adote uma medida substitutiva até que o sintoma passe (REICHERT et al., 2008).

Diversos cuidados podem ser adotados com o intuito de minimizar os momentos de estresse por conta da resistência ao consumo do cigarro. Neste sentido, é importante que todos os envolvidos, fumante e família, tenham a compreensão não só dos sintomas, mas de que forma podem agir para evitar que a terapêutica fracasse (SATTLER, 2011)

Dependendo do contexto ao qual está inserido o indivíduo usuário em tratamento para abandono do vício as possibilidades de sucesso na terapêutica podem aumentar ou diminuir.

Diversos estudos realizados no país tratam dessa temática. Observa-se nestes estudos uma variação considerável no tocante aos índices de sucesso da terapêutica, com número que vão de 33% a 62% de êxito. Neste contexto os estudiosos ressaltam que a estrutura dos serviços de apoio ao usuário em tratamento, a motivação do próprio fumante e o amparo familiar são os atores responsáveis por estes índices (SATTLER, CADE, 2013).

Uma terapêutica efetiva e eficaz pode proporcionar inúmeros benefícios ao indivíduo fumante. Observa-se que num período de abstinência de apenas sete dias já se pode perceber uma melhora significativa na capacidade aeróbica assim como no desempenho cardiovascular e respiratório, diminuindo, consideravelmente, o risco de infecções e doenças oportunistas (MALFATTI, LOUZADA, 2009; SATTLER, CADE, 2013).

Em relação à melhora do quadro físico do paciente após a cessação do consumo do cigarro, Fagundes (2010) relata que:

Os riscos das doenças diminuem após a cessação do tabagismo e com apenas um ano de abstinência os riscos de morte relacionada ao infarto do miocárdio e doença arterial cerebral são reduzidos pela metade.

Compreendendo os inúmeros benefícios do abandono do tabaco e, da imensurável dificuldade dos usuários pararem de fumar é importante que, na implementação de uma terapêutica com o propósito de tratar este indivíduo, haja uma participação efetiva de todos, possibilitando uma intervenção capaz de proporcionar ao fumante, chances reais de abandonar o vício e usufruir dos benefícios que isto pode lhe proporcionar (REICHERT et al., 2008)

É importante que durante o tratamento do usuário do tabaco, sobretudo, em função da abstinência, haja um apoio intenso tanto da parte dos serviços de saúde, oferecendo programas bem conduzidos e que sejam capazes de auxiliar o usuário no abandono ao vício, bem como dos familiares, figuras essenciais para o sucesso do tratamento (SATTLER, CADE, 2013).

O sucesso da terapêutica, ao ponto de gerar cessação, proporcionará uma satisfação muito grande para o tabagista de tal forma que o mesmo compreenderá que, ainda que o processo de parada tenha sido tenso e repleto de dificuldades, o período da abstinência foi necessário para o total êxito do tratamento.

A motivação é imprescindível para que o usuário inicie o tratamento com vistas ao abandono do vício da nicotina. A participação dos serviços de saúde e da família podem desencadear aspectos de afetuosidade, autenticidade, respeito e empatia, essenciais para influenciar o fumante a se motivar. Este conjunto de ações, levando-se em conta, principalmente o envolvimento de todos, serviços e família, podem influenciar diretamente no êxito do tratamento (REICHERT et al., 2008).

Ainda no que diz respeito à importância da motivação, o apoio social e familiar é capaz de reforçar a intenção de parar, fortalecer as vantagens da cessação, aumentando a eficácia do tratamento e facilitando que o fumante não abandone o tratamento (REICHERT et al., 2008).

5 POLÍTICAS DE SAÚDE E O ABANDONO DO TABAGISMO

Abandonar o vício do tabaco e, por conseguinte, de todas as substâncias tóxicas existentes no cigarro, não é tarefa fácil. Os diversos obstáculos encontrados por aqueles que desejam largar o vício, conforme observado no capítulo anterior, dificultam consideravelmente as chances de êxito no tratamento de abandono.

Diante das dificuldades encontradas pelos usuários desta droga e, considerando que, a mesma tornou-se, nos dias atuais, um dos mais sérios problemas de saúde pública de ordem mundial, buscar alternativas que viabilizassem as melhores condições para o tratamento do usuário de tabaco tornou-se missão preponderante em todos os continentes, passando a ser observado de maneira efetiva pelos órgãos públicos e responsáveis (BADIN, 2008; MACHADO, ALERICO, SENA, 2007).

Com as evidências indicando que a problemática do cigarro acarreta sérios danos à saúde das pessoas e, considerando que, não o consumindo é possível se evitar uma série de danos à saúde, as políticas traçadas a nível mundial abrangem duas frentes: a primeira buscando alternativas para influenciar diretamente as pessoas a não iniciarem o consumo da droga; e a segunda, intervindo diretamente naqueles que já são usuários, proporcionando alternativas de tratamento e suporte durante o processo de abandono do consumo (IGLESIAS et al., 2007; MACHADO, ALERICO, SENA, 2007).

No Brasil a história de enfrentamento deste problema é recente. As primeiras ações destacadas pelo Ministério da Saúde (MS) datam do final da década de 80. Foi neste período que o órgão assumiu de fato o papel de organizador das ações de saúde voltadas para o enfrentamento desta droga, através de estratégias implementadas pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) (BADIN, 2008; BRASIL, 2001).

O INCA assume o papel de controle do tabagismo no Brasil, sob a ótica da promoção da saúde, direcionando políticas públicas com o envolvimento e a participação direta dos demais órgãos públicos, sobretudo os da saúde, além de setores da sociedade civil organizada (CAVALCANTE, 2005).

Assim, é criado no Brasil, o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), que centraliza as ações voltadas para o controle do tabagismo e direciona-as aos diversos segmentos organizados e envolvidos neste processo (CAVALCANTE, 2005).

Buscando-se consolidar o PNCT no Brasil, um dos caminhos encontrados pelos órgãos públicos foi através da proposição de medidas voltadas para a sensibilização da população quanto aos malefícios das substâncias contidas no cigarro ao organismo humano (BADIN, 2008).

O PNCT estabelece como prioridade minimizar o impacto social do tabagismo no Brasil, reduzindo a prevalência de fumantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao consumo de tabaco. Para tanto, lança mão de duas frentes estratégicas: uma com vistas a prevenir a iniciação ao tabagismo, principalmente nos jovens; e outra de apoio à cessação de fumar entre os indivíduos que já são dependentes (BRASIL, 2001; CAVALCANTE, 2005; SOUSA, 2010).

Iglesias et al. (2007) citam os aspectos evidenciados a partir dos objetivos e diretrizes traçados pelo PNCT. Dentre outros, se destacam: a) monitorar as tendências de consumo e o impacto do tabagismo sobre a saúde, a economia e o ambiente; b) divulgar informações sobre as consequências do tabagismo para a saúde; c) reduzir a aceitação do tabagismo pela sociedade; d) limitar os estímulos para que os jovens comecem a fumar; e) proteger a população contra os riscos da fumaça ambiental do tabaco; f) reduzir o acesso aos produtos do tabaco; g) oferecer suporte às terapias destinadas à cessação; h) contrapor-se à propaganda comercial do tabaco entre os grupos mais vulneráveis, como mulheres, jovens e adolescentes, além das pessoas de baixa renda e menor grau de educação formal; e i) controlar e monitorar todos os aspectos relacionados à comercialização dos produtos do tabaco, desde os componentes e emissões até estratégias de marketing e divulgação de suas características aos consumidores.

Esse conjunto de medidas adotadas pelo Ministério da Saúde, de acordo com Badin (2008) compreende dois ângulos básicos. Na abordagem do programa de controle do tabagismo no Brasil, conforme o autor, duas frentes foram criadas para intervir diretamente no combate ao tabagismo no Brasil:

Um direcionado a proteção da população para não ingressar no tabagismo, através de medidas preventivas com base no binômio legislação e educação. O outro é o atendimento às vítimas dessa dependência, prolongando sua esperança de vida e com melhor qualidade.

Na busca por enfrentar o problema do tabagismo no Brasil de maneira efetiva as três esferas de governo foram acionadas para caminharem, paralelamente, na articulação de políticas e implementação de estratégias e ações capazes de minimizar o impacto causado por esta droga na sociedade. Assim, as instâncias federal, estadual e municipal podem atuar diretamente no problema e realizando as intervenções necessárias e capazes de atenuar a problemática causada pelo tabagismo na saúde das pessoas e no contexto social em que as mesmas se encontram (SOUZA, 2003 apud BADIN, 2008).

As duas frentes destacadas no parágrafo anterior foram divididas em: a) ações pontuais, como por exemplo, as campanhas de comunicação de massa; e b) ações continuadas e sistemáticas, através dos serviços instalados nas unidades de saúde, e de parceiros como escolas, ambientes de trabalho e outros campos necessários para se atingir a população (SOUZA, 2003 apud BADIN, 2008).

Neste sentido, visando-se implementar de fato as ações compreendidas pelas duas frentes estratégicas de ações para o controle do tabagismo no Brasil, foram implementados três programas: “Saber Saúde”, “Saúde e Coerência” e “Prevenção Sempre”, sendo que cada um executar-se-á em um local de intervenção (ROSEMBERG, 2003).

O “Saber Saúde” foi direcionado às instituições escolares, buscando inserir na formação escolar assuntos voltados para a promoção de maneiras saudáveis de se viver, estabelecendo o tabagismo como algo inadequado para a saúde das pessoas. Para tanto, o envolvimento dos professores, alunos e funcionários se tornou imprescindível na execução deste programa (IGLESIAS et al., 2007; ROSEMBERG, 2003).

O “Saúde e Coerência” foi proposto visando habilitar as equipes de saúde lotadas nas unidades básicas para oferecer as melhores condições de apoio e acompanhamento no tratamento para a cessação de fumar. Guiando-se por medidas de promoção da saúde, formalizadas pela educação em saúde individual e coletiva, as ações neste segmento, foram consideradas essenciais para o acolhimento dos fumantes que procuram o serviço (IGLESIAS et al., 2007).

O terceiro eixo programático, denominado “Prevenção Sempre”, seguindo a mesma direção dos anteriores, propõe um envolvimento das empresas e demais locais de trabalho, numa campanha de ações educativas, normativas e organizacionais com vistas a estimular a redução do tabagismo entre os trabalhadores (BADIN, 2008).

Com relação à cessação de fumar, objeto de estudo deste trabalho, a proposta estabelecida pelo MS busca oferecer ações de promoção e apoio aos fumantes em tratamento, motivando os mesmos a deixar de fumar, oferecendo-lhes o suporte necessário e oportunizando-lhes o acesso aos métodos mais eficazes para a cessação do tabagismo. Esta proposta compreende campanhas, através da mídia, de qualificação profissional e de eventos que envolvam a sociedade civil (CAVALCANTE, 2005).

Todo este conjunto de estratégias e ações compreenderam as bases que nortearam a formulação e publicação da Portaria GM/MS 1575/2002, que, dentre outros aspectos, consolida o PNCT, ampliando as ações conveniadas ao SUS, estabelecendo um amplo campo de atenção à população fumante e desejosa de parar de fumar.

Mais tarde, como forma de consolidar as ações de controle do tabagismo no Brasil, o país lança mão de mais um documento de extrema relevância para o cenário do combate ao tabagismo no país. Através da Portaria SAS/MS 442/2004, é criado o Centro de Referência em Abordagem e Tratamento do Fumante, incluindo no Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA/SUS), a abordagem e tratamento do fumante. Este mecanismo facilitou o financiamento das políticas voltadas para este campo de ação em saúde, bem como favoreceu o acesso à abordagem e tratamento do tabagismo em toda a rede de atenção básica (SOUSA, 2010).

Além disso, respaldado pela Portaria 442, o MS elaborou um rico material de apoio e suporte aos participantes do tratamento de abandono ao tabagismo. O projeto “Deixando de fumar sem Mistérios” foi produzido com a finalidade de acompanhar diretamente o indivíduo orientando-o e servindo mesmo como um manual de orientações a ser seguido, BRASIL, (2004a):

O Programa consiste de quatro sessões de grupo (de 10 a 15 pessoas), de uma hora e meia, uma vez por semana, por um período de quatro semanas. [...] Contendo todos os elementos que são significativos para ajudar fumantes a pararem de fumar e a permanecerem sem cigarros, ele aborda os comportamentos, pensamentos e sentimentos dos fumantes. Finalmente, ele usa a interação de grupo para incentivar e a apoiar as mudanças, sem, no entanto, estimular a dependência dos participantes ao grupo.

O projeto de educação permanente “Deixando de fumar sem Mistérios” propõe, dentre outras questões, auxiliar os pacientes a deixar de fumar, fazendo-os compreenderem que alguns fatores são imprescindíveis neste contexto: os relacionados à dependência da nicotina, as estratégias cognitivo-comportamentais e a utilização de medicamentos, quando necessário (SOUSA, 2010).

5.1 AS SESSÕES DA ABORDAGEM E TRATAMENTO DO FUMANTE

Para dar conta de todos estes passos, o programa produziu, didaticamente, para o paciente, um manual de apoio, dividido em quatro partes, cada uma embasando um encontro entre a equipe e os participantes.

5.1.1 Seção 1 – Entender por que se fuma e como isso afeta a saúde;

Nesta primeira seção, objetiva-se fazer o indivíduo compreender o significado do fumo para sua vida e como o mesmo afeta a sua saúde, levando-o à dependência desta substância. A partir daí, se explicam os métodos para deixar de fumar: a) parada abrupta (cessando totalmente o uso do cigarro) e; b) parada gradual (o fumante para de fumar gradualmente, diminuindo aos poucos a quantidade de cigarros diários) (SOUSA, 2010).

Ao término da primeira seção, o participante recebe o Manual Seção 1, que servirá de apoio até a próxima seção. Neste manual está incluso o teste de Fagerström, que avalia o grau de dependência à nicotina do fumante. Espera-se que ao concluir esta primeira etapa, o participante já entenda a necessidade de deixar de fumar, BRASIL, (2004b).

5.1.2 Seção 2 – Os primeiros dias sem fumar;

Nesta segunda seção, é abordada a realidade vivenciada nos primeiros dias após a suspensão do vício do tabagismo. Os principais sintomas da síndrome de abstinência são abordados, detalhadamente, e explicados que são temporários, e que com o passar do tempo, tendem a desaparecer. Neste sentido, explicam-se alternativas terapêuticas que minimizem o estresse e como lidar com a crise, BRASIL, (2004c).

É muito importante neste momento, fazer o participante, independentemente dos sintomas que esteja apresentando, por conta da abstinência, a pensar positivamente, lembrando que se trata de um período passageiro, que em pouco tempo, o mesmo se sentirá bem melhor, não só pela diminuição gradativa dos sintomas da síndrome de abstinência assim como da melhora natural do seu estado vital em função da ausência de nicotina no organismo (SOUSA, 2010).

5.1.3 Seção 3 – Como vencer os obstáculos para permanecer sem fumar;

A terceira seção trata das questões decorrentes do abandono do tabagismo, incluindo neste ínterim, o aumento de peso, muito comum no ex-fumante. Neste sentido, a orientação acerca da dieta é importante, considerando-se a realização de refeições ligeiras e com poucas calorias, BRASIL, (2004d).

Alerta-se também sobre a influência negativa do álcool nesta etapa, abordando a questão de que o mesmo é um agente depressor e pode incentivar ao retorno do uso do cigarro, BRASIL, (2004d;), ( SOUSA, 2010).

5.1.4 Seção 4 – Benefícios obtidos após parar de fumar

O quarto e último encontro tratam dos benefícios ocasionados em função do abandono do vício do cigarro. Além de expor as diversas beneficies conquistada, esta seção sugere também dicas para permanecer sem o vício, BRASIL, (2004e).

Após as quatro seções, ocorrem os encontros de manutenção, onde os ex-fumantes são acompanhados e orientados a lidar com essa nova realidade, positiva e saudável. É a oportunidade que a equipe de saúde tem para verificar se o sucesso do tratamento está sendo alcançado ou não, (Brasil, 2004).

Acerca deste aspecto é muito importante que seja estabelecida entre a equipe de saúde, a família e o indivíduo que abandonou o vício do tabagismo uma boa comunicação terapêutica. Esta pode ser considerada uma ferramenta essencial para propiciar ao ex-fumante a segurança necessária para manter-se em abstinência e não correr o risco de recaída (BALBANI, MONTOVANI, 2005).

A importância da comunicação terapêutica como meio de transmitir segurança ao indivíduo em tratamento para o abandono do vício do tabagismo também é observada no estudo realizado por Rigotto e Gomes (2002), ocasião em que os autores ressaltam que a comunicação terapêutica é uma das abordagens necessárias para a manutenção do sucesso do tratamento, com vistas a evitar a recaída.

Com relação à intervenção terapêutica da equipe de saúde frente à situação de tratamento para o abandono do tabagismo, incluindo neste aspecto, a comunicação terapêutica, o suporte no campo psicológico é fundamental. É importante que a equipe de saúde possibilite ao paciente em tratamento todos os recursos necessários para que o mesmo sinta-se motivado para continuar em abstinência. Deste modo, a comunicação terapêutica, como função de amparo psicológico, auxilia o controle da ansiedade, se tornando um pilar na manutenção da abstinência da nicotina (COSTA et al., 2006).

Para que esta abordagem e intervenção ocorram de maneira que assegure o que foi abordado no parágrafo anterior é importante que haja a participação de diversos profissionais neste período, incluindo, além de enfermeiros e médicos, dentistas, nutricionistas, professores de educação física, fisioterapeuta e psicólogos, dentre outros (SOUSA, 2010).

Diante do que foi exposto neste capítulo, pode-se compreender que as políticas de Saúde voltadas para o enfrentamento do problema do tabagismo no Brasil tem sido bastante evidenciadas. Desde as campanhas publicitárias enfocando os prejuízos que o cigarro e todas as suas drogas podem causar até o acompanhamento na busca pelo abandono do vício por parte dos indivíduos já viciado (COSTA, 2006).

É importante que estas políticas possam ocorrer continuadamente uma vez que, os resultados, quando alcançados, são extremamente positivos para o indivíduo. Estas evidências estão bem demonstradas, quando se comparam indivíduos fumantes e outros que pararam de fumar. Nestes últimos, diminuem-se, consideravelmente, os riscos de morbimortalidade, favorecendo uma sobrevida mais saudável (SOUSA, 2010).

6 ASSISTÊNCIA DE SAÚDE AO TABAGISTA NO PERÍODO DE ABSTINÊNCIA

Nos últimos anos tem se observado um declínio no hábito de fumar, devido, sobretudo, às investidas adotadas pelo MS. As intervenções pontuais, tanto na prevenção daqueles que não são fumantes quanto da recuperação daqueles que já o são têm obtido um êxito considerável (CRUZ, GONÇALVES, 2009).

Neste sentido, o papel dos profissionais de saúde tem sido de fundamental importância, especialmente, aqueles que atuam na atenção básica, porta de entrada para os serviços de saúde, que possuem um contato mais direto com o paciente usuário do tabaco bem como a sua família (CRUZ, GONÇALVES, 2009).

Para atingir toda a população brasileira de fumantes, através, do INCA, as ações foram elaboradas partindo-se dos princípios norteadores do SUS, sobretudo, seguindo-se a ideia de descentralização, ou seja, oportunizando a participação das esferas locais, municipais e estaduais no desenvolvimento de toda a estratégia a ser implementada (SOUSA, 2010).

A formulação de ferramentas como a Portaria 442/2004 que criou, no âmbito do SUS, os Centros de Referência em Abordagem e Tratamento do Fumante, e aprovou o Protoloco Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Dependência da Nicotina, possibilitou á equipe de saúde o suporte e a qualificação necessária para lidar com o indivíduo tabagista (CRUZ, GONÇALVES, 2009).

O principal elemento do Protocolo citado no parágrafo anterior foi a inserção para toda a população em tratamento de cessação do tabagismo, da abordagem cognitivo-comportamental, que, de acordo com Cruz e Gonçalves (2009) “combina intervenções cognitivas com treinamento de habilidades comportamentais, com o objetivo de detectar situações de risco de recaída e desenvolver estratégias de enfrentamento”.

A abordagem cognitivo-comportamental se destaca pelo comprometimento que se tem de detectar situações de risco que influenciam o indivíduo a fumar e, a partir deste diagnóstico, traçar estratégias para enfrentar a situação (BRASIL, 2001; ECHER, BARRETO, MOTTA, 2007; PINHO, OLIVA, 2007; ZANCAN et al., 2011).

O MS (2001) salienta que, essencialmente, esse tipo de abordagem envolve “o estímulo ao auto-controle ou auto-manejo para que o indivíduo possa aprender a como escapar do ciclo vicioso da dependência e a tornar-se assim um agente de mudança de seu próprio comportamento”.

A afirmativa destacada pelo MS é corroborada pelos estudiosos Presman, Carneiro e Gigliotti (2005), quando os mesmos referem que:

A terapia comportamental procura auxiliar o fumante a identificar os gatilhos relacionados ao desejo e ao ato de fumar e utiliza técnicas cognitivas e de modificação do comportamento para interromper a associação entre a situação gatilho, a fissura de fumar e ao comportamento de consumo.

Para Mazoni et al. (2008) a terapia cognitivo-comportamental tem como finalidade “apoiar o cliente durante o processo de cessação, oferecendo orientações para que possa lidar com a síndrome de abstinência, a dependência psicológica e os comportamentos associados ao comportamento de fumar”.

Para o tratamento cognitivo-comportamental utilizam-se técnicas que possuem formato individual ou em grupo, sendo estas conduzidas por profissionais especializados e treinados para tal propósito. No tratamento individual é possível se constatar as características próprias de cada paciente, enquanto que a terapia em grupo oferece um maior suporte social, facilitando as discussões de situações de risco e oferecendo meios para lidar com estas situações (MAZONI et al., 2008; PRESMAN, CARNEIRO, GIGLIOTTI, 2005).

A terapêutica medicamentosa é tratada como uma alternativa complementar à abordagem cognitivo-comportamental. Essa terapêutica consiste na utilização de medicamentos nicotínicos, chamados de Terapia de Reposição de Nicotina (TRN), principalmente (CRUZ, GONÇALVES, 2009).

O Ministério da Saúde (2001) evidencia ainda que a farmacoterapia é utilizada, geralmente, “como apoio, em situações bem definidas, para alguns pacientes que desejam parar de fumar. Ela tem a função de facilitar a abordagem cognitivo-comportamental, que é a base para a cessação de fumar e deve sempre ser utilizada”.

Na implementação das ações de saúde voltadas para o controle do tabagismo, destacam-se as unidades básicas de saúde, sobretudo, aquelas onde se insere a Estratégia de Saúde da Família (ESF), que oferecem diversos elementos essenciais para o tratamento dos fumantes, como por exemplo, o acesso facilitado ao serviço de saúde, o acompanhamento por uma equipe multiprofissional e a aplicabilidade dos princípios do SUS, como integralidade e equidade (RIBEIRO et al., 2011).

Com relação às ações oferecidas aos pacientes em tratamento para abandono do hábito tabagista aquelas consideradas educativas são essenciais, tanto pelo fato de orientar ao indivíduo os riscos que estão correndo usando a droga quanto pelo fato de oferecer todas as informações e orientações necessárias para o acompanhamento do tratamento, sobretudo, no início da abstinência, momento mais crítico da terapêutica (CRUZ, GONÇALVES, 2009).

As ações educativas podem ser divididas em dois grupos: as pontuais e as contínuas. As primeiras envolvem as campanhas de sensibilização, como o dia mundial sem tabaco (31 de maio) e o dia nacional de combate ao fumo (29 de agosto), dentre outras. Já as contínuas possuem o propósito de orientar os pacientes sobre os riscos da poluição da exposição da fumaça para todos os que convivem com ela (BADIN, 2008; CRUZ, GONÇALVES, 2009).

O Dia Mundial Sem Tabaco foi criado em 1987 pelos Estados membros da Organização Mundial de Saúde com o objetivo de chamar a atenção da população mundial para a epidemia do tabagismo e para as doenças e mortes evitáveis a ele associadas, RIBEIRO et al., (2011).

Outra ação importante no tocante ao acompanhamento detalhado do paciente que deseja parar de fumar é a avaliação clínica. É importante avaliar o perfil do fumante, seu grau de dependência à nicotina e sua motivação para deixar de fumar. Um dos instrumentos utilizados para se determinar o grau de dependência é o Teste de Fagerström, constituído de questões direcionadas ao indivíduo fumante, REICHERT et al., (2008).

Para a efetiva implementação das ações voltadas para a atenção ao indivíduo usuário do cigarro, é necessário e fundamental a participação de uma equipe multidisciplinar. De acordo com o PNCT, as atividades realizadas devem ser desenvolvidas por enfermeiros, médicos, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem, principalmente (CRUZ, GONÇALVES, 2009).

Costa et al. (2006 apud Sousa, 2010) explicam que a abordagem multiprofissional no tratamento do tabagismo “além de prevenir e identificar as doenças tabaco-relacionadas, auxilia no controle da doença de base e promove mudança dos hábitos alimentares, de atividades físicas e comportamentais”.

De acordo com Sousa (2010) os profissionais que compõem a equipe multidisciplinar devem estar capacitados para abordar o paciente fumante nas diversas fases do tratamento para a cessação do tabagismo, como por exemplo, no momento da fissura, na síndrome da abstinência e na recaída. Devem ainda estar atentos para lidar com questões de angústia e insegurança.

Uma das características essenciais à equipe de saúde que lida com o indivíduo que busca o tratamento para abandonar o hábito de fumar é a capacidade de motivar o paciente a encarar um longo e desconfortável período de tratamento, mas que, ao seu término, será prazeroso e satisfatório para ele. Para Sousa (2010) “motivação é uma condição imprescindível para iniciar o tratamento e sua carência praticamente elimina as expectativas de abstinência”.

Barreto, Echer, e Motta (2007) enaltecem a importância da motivação quando referem que “motivar o indivíduo para que ele comece a pensar em parar de fumar é um grande passo para que ele efetivamente consiga”.

Reichert et al. (2008) acrescenta que o estilo de vida do profissional “pode influenciar o fumante a se motivar, sendo valorizados a afetuosidade, a autenticidade, o respeito e a empatia”. Estes elementos quando bem apresentados favorece a aceitação por parte do paciente das orientações oferecidas, e, consequentemente, o ganho de sua confiança, imprescindível para obter êxito na terapêutica.

Numa perspectiva de assistir o indivíduo tabagista, duas ferramentas devem ser destacadas: o acolhimento e a capacidade de escutar. O paciente que deseja parar de fumar passará por distintas fases durante o tratamento. Neste caminho enfrentará diversos obstáculos, como a fissura, a síndrome da abstinência e a recaída. Sendo assim, um acolhimento que agrade e conquiste o paciente bem como a capacidade de escutá-lo e a partir daí orientá-lo aconselhando-o a enfrentar os seus problemas é importante para se ganhar a confiança do paciente e melhorar sua auto estima durante o tratamento (BARRETO, ECHER, MOTTA, 2006).

No que diz respeito à importância do profissional enfermeiro no contexto do controle do tabagismo, conforme Cruz e Gonçalves (2009), estes são uma considerável ferramenta de conscientização, atuando como multiplicadores das ações de prevenção nas unidades onde trabalham. Ainda para os autores, é papel de o enfermeiro orientar, aconselhar e acompanhar, rotineiramente, seus pacientes, oferecendo todo o apoio e informações necessárias para atendê-los.

Ribeiro et al. (2011) corroboram com a temática salientando que entre os profissionais responsáveis pela promoção da saúde destaca-se o enfermeiro, por “seu relevante papel na redução do uso e dos riscos relacionados ao tabagismo visto que nas equipes de saúde esse profissional está envolvido na promoção de ações educativas na comunidade ou na qualificação da equipe de enfermagem”.

As ações educativas são primordiais durante todo o tratamento para abandonar o hábito tabagista. Nesse contexto, os enfermeiros, profissionais com formação voltada para a humanização da assistência, são elementos fundamentais, pois possuem as habilidades técnicas e científicas para promover as ações ao paciente em tratamento, oferecendo-lhe todo o apoio e suporte necessários (CRUZ, GONÇALVES, 2009; RIBEIRO et al., 2011).

Além desse papel fundamental, o trabalho do profissional enfermeiro deve contemplar questões voltadas ainda para a elaboração, execução e avaliação contínua do programa de controle do tabagismo, participando ativamente do planejamento e organização do mesmo. Estas ações e mais as atividades educativas formam o conjunto de ações inerentes ao profissional enfermeiro no contexto do controle do tabagismo, em nível de unidade de saúde (CRUZ, GONÇALVES, 2009).

Cruz e Gonçalves (2009) sugerem um elenco de atividades que podem compor as rotinas de atuação do enfermeiro no PNCT, englobando questões preventivas, de proteção, cessação e regulação do tabagismo, conforme descrito:

Participação na elaboração de material técnico de apoio ao Programa; participação nos encontros de avaliação e atualização, promovidos pelo INCA/MS; participação na elaboração da programação de ações anuais, a fim de definir metas, para o PNCT em níveis municipal e estadual; realização de treinamento das equipes das Unidades de Saúde que farão parte das unidades da equipe do Programa; participação na capacitação de equipes das Unidades de Saúde, ambientes de trabalho e escolas para implantação do Programa nas suas dependências; apoiar de forma efetiva os fumantes no processo de cessação de fumar na comunidade onde atuam; realizar consultas de enfermagem, enfocando a abordagem cognitivo-comportamental, incluindo-se a avaliação do nível de dependência da nicotina nos pacientes, por meio do teste de Fagerström; utilizar a abordagem mínima do fumante, que consiste em “Perguntar, avaliar, Aconselhar, Preparar e Acompanhar” o fumante para que deixe de fumar; organizar e coordenar sessões de abordagem em grupo; orientar os pacientes quanto aos sintomas da síndrome de abstinência, fissura e ganho de peso; instruir os pacientes sobre a farmacoterapia, informando-lhes sobre seu modo de uso e seus efeitos colaterais; e planejar e participar com toda a equipe das atividades pontuais e contínuas do PNCT.

A participação do enfermeiro na assistência ao paciente tabagista abrange, portanto, todos os passos, desde a discussão de políticas e formulação de estratégias até a implementação de ações voltadas para este contexto, executando-as, e, participando de uma equipe multiprofissional, discutindo e avaliando os resultados obtidos (MOURA et al., 2011).

Assistir ao indivíduo que deseja parar de fumar não é tarefa fácil, conforme pode se observar ao longo deste capítulo. No entanto, é possível alcançar resultados favoráveis neste processo de assistência, sendo importante que toda a equipe de saúde estejam qualificados e capacitados para lidar com as variáveis que a situação possa oferecer e o paciente se sinta a vontade e com vontade de enfrentar as etapas do tratamento.

7 CONCLUSÃO

O presente trabalho permitiu a contextualização das dificuldades encontradas pelo usuário do tabaco durante o tratamento para abandonar o vício do tabagismo. Neste âmbito, pôde-se constatar que o tabagismo é um sério problema de saúde pública que compromete seriamente a vida não só daqueles que utilizam a droga como também aqueles que convivem socialmente com estas pessoas.

Abandonar o hábito do tabagismo não é tarefa fácil, e durante o tratamento, diversos fatores podem contribuir negativamente, favorecendo, ocasionalmente, uma recaída e o retorno ao consumo da droga. Neste contexto os fatores psicológicos se destacam, com o surgimento de quadros de depressão e ansiedade, que, se não bem cuidados, podem comprometer seriamente a terapêutica proposta para o abandono do tabagismo.

É possível destacar, através desta revisão bibliográfica, que mesmo havendo diversos fatores, especialmente de ordem psicológica, que dificultam o abandono do hábito do tabagismo, é possível que este ocorra. No entanto, há a necessidade de uma intervenção efetiva neste indivíduo, que tenha a participação de uma equipe interdisciplinar de saúde além da participação ativa das pessoas que se relacionam diretamente com o indivíduo (familiares e amigos).

O papel do enfermeiro, neste contexto, é essencial, tanto pelo fato de ser o profissional com maior e mais direto contato com o paciente e a família como pelo fato de ter na sua formação profissional assimilado os conceitos de humanização do cuidado. Este papel pode ser bem definido durante as seções com o paciente, sobretudo, a partir do abandono do tabagismo.

Deste modo, compreende-se que a intenção de parar de fumar, apesar de ser uma difícil tarefa, pode ocorrer, e quando bem assistida pelo enfermeiro e pelo restante da equipe de saúde, devidamente qualificada, oferecendo-lhe orientações e acompanhando o passo a passo da terapêutica, pode chegar ao término sem maiores conflitos para com o indivíduo que deseja parar de fumar.

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ANEXO

Teste de Fagerström

Avalie seu grau de dependência:

1- Quanto tempo depois de acordar você fuma o primeiro cigarro?

( ) mais de 60 min ________________ 0

( ) entre 31 e 60 mim _______________ 1

( ) entre 6 e 30 min _________________ 2

( ) menos de 6 min _________________ 3

2- Você tem dificuldade de ficar sem fumar em locais proibidos?

( ) não _________________ 0

( ) sim _________________ 1

3- O primeiro cigarro da manhã é o que traz mais satisfação?

( ) não _ _______________ 0

( ) sim _________ ____ 1

4- Você fuma mais nas primeiras horas da manhã do que no resto do dia?

( ) não _ ________________ 0

( ) sim __________ _____ 1

5- Você fuma mesmo quando acamado por doença?

( ) não ____ ____________0

( ) sim _______________ 1

6- Quantos cigarros você fuma por dia?

( ) menos de 11 _______________ 0

( ) de 11 a 20 _________________ 1

( ) de 21 a 30 _________________ 2

( ) mais de 30 _________________ 3

TOTAL DE PONTOS – ( )

GRAU DE DEPENDÊNCIA

0-2 PONTOS - MUITO BAIXO

3-4 PONTOS - BAIXO

5 PONTOS - MÉDIO

6 – 7 PONTOS - ELEVADO

8-10 PONTOS - MUITO ELEVADO

1 Desejo imperioso de fumar (REICHERT et al., 2008)