RELATÓRIO CAPS II: USO DA TECNOLOGIA

Data de postagem: Dec 04, 2014 11:2:56 PM

FACULDADES INTEGRADAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA

IANNE COSTA LIMA

MAIARA MEIRA CASCALHO

RELATÓRIO CAPS II: TECNOLOGIA

EUNÁPOLIS, BA

2014

IANNE COSTA LIMA

MAIARA MEIRA CASCALHO

RELATÓRIO CAPS II: TECNOLOGIA

Trabalho apresentado ao curso de graduação em enfermagem das Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia, como requisito para aprovação na disciplina de Estagio Supervisionado IV

Orientação: Diego

EUNÁPOLIS, BA

2014

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

2 OBJETIVO

3 METODOLOGIA

4 REFERENCIAL TEÓRICO

5 CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS

ANEXOS

1 INTRODUÇÃO

Os CAPS, de acordo com Nassere (2007) correspondem a serviços comunitários ambulatoriais e regionalizados, nos quais os pacientes deverão receber consultas médicas, atendimentos terapêuticos individuais e/ou grupais, podendo participar de ateliês abertos, de atividades lúdicas e recreativas promovidas pelos profissionais do serviço. Isto de maneira mais ou menos intensiva e articulada em torno de um projeto terapêutico individualizado, voltado para o tratamento e reabilitação psicossocial, devendo também haver iniciativas extensivas aos familiares e às questões de ordem sociais presentes no cotidiano dos usuários.

As práticas realizadas nos CAPS, de uma forma geral, se caracterizam por ocorrerem em ambiente aberto, acolhedor e inserido no bairro. Os projetos desses serviços muitas vezes ultrapassam a própria estrutura física, em busca da rede de suporte social, potencializadora de suas ações, preocupando-se com o sujeito e sua singularidade, sua história, sua cultura e sua vida quotidiana (Ministério da Saúde, 2004).

A equipe realiza vários tipos de atividades que podem ser definidas através do interesse e/ou necessidade dos usuários, das possibilidades dos técnicos do serviço, tendo em vista a maior integração social e familiar, a manifestação de sentimentos e problemas, o desenvolvimento de habilidades corporais, a realização de atividades produtivas e o exercício coletivo da cidadania (BRASIL, 2004).

Os CAPS vêm oferecendo uma diversidade de atividades aos seus usuários e familiares, essas atividades têm como objetivo o atendimento, o tratamento e acompanhamento dos usuários, visando a sua inclusão social e resgate da cidadania. Dessa forma, a diversificação de programas é essencial para realizar o acolhimento dos usuários de forma integral, já que com ofertas variadas e diversificadas de possibilidades, reduz-se muito a tentação da seleção (ALVES, 2006).

Uma dessas atividades diz respeito da tecnologia, que segundo Oliveira (2001) em uma perspectiva técnico-científica, tecnologia corresponde à forma específica da relação entre o ser humano e a matéria, no processo de trabalho, que envolve o uso de meios de produção para agir sobre a matéria, com base em energia, conhecimento e informação.

A tecnologia permite a interação de várias pessoas, de diferentes lugares, e a divulgação de atividades realizadas no CAPS, além de ajudar os pacientes no seu tratamento. Assim esse relatório objetiva discorrer sobre questões inerentes ao uso da tecnologia no CAPS II, situado na rua Alberto Borges Figueiredo, S/N, Cambolo na cidade de Porto Seguro.A equipe que compõe esta unidade é composta por uma enfermeira que também é coordenadora, duas psicólogas, uma assistente social, uma farmacêutica, uma psiquiatra, duas técnicas de enfermagem, quatro profissionais de serviços gerais, um vigilante e duas no setor administrativo.

2 OBJETIVO

Orientar quanto à importância de oficina de tecnologia como forma de reinserção social e coadjuvante no projeto terapêutico para pessoas com transtorno mental.

3 METODOLOGIA

Através do convívio e permanência no CAPS II se observou uma grande afinidade de alguns pacientes com a tecnologia. Assim, através dessa percepção surgiu-se a necessidade em se criar a oficina de tecnologia para orientá-los quanto ao uso e criação de e-mail e blog para os mesmos, como forma inicial de inclusão digital. Para se alcançar esse objetivo foi necessário, primeiramente, marcar uma reunião com a coordenadora do CAPS II, Milza Barbosa, e após liberação para a realização atividade, marcação de um dia específico para tal.

Foi realizado uma oficina de tecnologia no CAPS II de Porto Seguro, BA. O município de Porto Seguro possui uma estrutura composta por três CAPS: II, álcool e drogas e infantil e adolescência. A população alvo dessa oficina foram os usuários do CAPS II que apresentam maior afinidade por tecnologia.

Para a realização da oficina de tecnologia com usuários do CAPS II de Porto Seguro, BA, foi reservado um tempo e um local para estar orientado e conduzindo os pacientes, após liberação da coordenação. Foram orientados com relação à importância da tecnologia e da informática; de como utilizar adequadamente os programas oferecidos pela rede de internet e as redes sociais. A partir da orientação houve criação de e-mail para todos os que participaram da oficina, como forma de interação e comunicação social.

4 REFERENCIAL TEÓRICO

A assistência em saúde mental passou por transformações por causa da reforma psiquiátrica, que se caracteriza por ações que efetivam a construção de um modelo de assistência integral a saúde das pessoas em sofrimento psíquico. Neste contexto surgem os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) como serviços substitutivos ao modelo hospitalocêntrico.

Os CAPS se utilizam de diversos recursos como às atividades de suporte terapêutico, buscando a reabilitação psicossocial do usuário, objetivando reinserir o indivíduo na sociedade junto à família e comunidade. As Atividades como suportes terapêuticos consistem nas visitas domiciliares, as oficinas terapêuticas, atendimentos individuais, atividades físicas e esportivas, festas, lazer e grupos. Tais recursos são fundamentais no atendimento do portador de transtorno mental, considerando que este necessita de cuidados terapêuticos que vão além da doença e que englobam as relações interpessoais na comunidade e território em que está inserido (KANTORSKI, 2011).

A atual Política Nacional de Saúde Mental baseada nos ideais de uma sociedade equânime e humana, busca a reinserção social dos excluídos, na luta por uma sociedade livre da opressão, preconceito e discriminação. Uma das formas de intervenção inclui oficinas terapêuticas desenvolvidas nos serviços de saúde mental. Estas têm sido recriadas incorporando a utilização e apropriação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) em suas atividades, tanto como um meio de inclusão na chamada “era digital” quanto como possibilitadoras da habilitação psicossocial (BITTENCOURT, 2011).

As formas de inclusão digital aos sujeitos em sofrimento psíquico podem ser modalidades alternativas de expressões e de acordo com Francisco (2010) constituem um recurso a mais para a intervenção em saúde mental, com perspectivas de mudanças na organização subjetiva e social dos sujeitos. Propiciar outras formas de vivência, tanto na sociedade quanto na internet é uma forma de produzir saúde mental para pessoas em sofrimento psíquico tão excluídas da vida social.

Um projeto de extensão da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) de Santo Ângelo, Rio Grande do Sul, foi desenvolvido no laboratório de informática dessa universidade com usuários de um CAPS local, no período de 2004 a 2008. Verificou-se que a cultura digital aos poucos foi se conectando com a vida cotidiana dos participantes, na medida em que conheceram pessoas e trocaram informações, representando uma forma de inclusão social através da informática (CAPELLA, 2008).

Outro estudo foi realizado em um centro de atenção psicossocial (caps) localizado no município de Maceió-AL, no período de agosto a dezembro de 2011, totalizando 12 oficinas. Através das oficinas de blog, os usuários obtiveram conhecimento sobre essa ferramenta e suas formas de manuseio, além da aprendizagem dos recursos informatizados (BITTENCOURT, 2011).

Arza (2011) apud Bittencourt (2011) afirma a necessidade da utilização das tecnologias da informação e comunicação nas atividades diárias em saúde mental. Oportunizar a autoria em blog no campo da saúde mental, através da implantação de oficinas tecnológicas nos serviços de atenção ao sofrimento psíquico, possibilita aos sujeitos um importante espaço de expressão, comunicação e construção do conhecimento. Permite produções significativas para a sua vida, reflexões, escrever em nome próprio e falar do seu percurso. As construções podem ser amplamente divulgadas e compartilhadas, proporcionando o reconhecimento e valorização desses sujeitos tão incompreendidos, excluídos e discriminados pela sociedade.

5 CONCLUSÃO

Sabe-se que a tecnologia é um produto da ciência e da engenharia que envolve um conjunto de instrumentos, métodos e técnicas que visam a resolução de problemas. Essa prática é aplicada em diversas áreas de pesquisa onde o conhecimento técnico e científico é utilizado na transformação no uso de ferramentas, processos e materiais criados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento.

Dentre os grandes benefícios da tecnologia está a promoção do desenvolvimento de habilidades e da autonomia dos usuários do CAPS, aumentando a qualidade de vida, prevenção, promoção, redução de danos, reabilitação, reinserção social, apoio, transformações no processo de vida diário daqueles que compõem esse cenário, de modo a adotar tecnologias como coadjuvante no processo terapêutico de forma que respondam ao objetivo da equipe.

Compreendemos as oficinas de tecnologias em saúde mental como instrumentos relevantes no trabalho terapêutico, para a assistência na lógica da atenção psicossocial, pois se constituem meios potencialmente privilegiados pelos quais é possível implementar a reinserção social dos sujeitos, bem como o desenvolvimento da autonomia e o resgate da cidadania, princípios fundantes da atenção psicossocial difundidos pela Reforma Psiquiátrica.

REFERÊNCIAS

ALVES DS. Integralidade nas políticas de saúde mental. In: Pinheiro R, Mattos RA. Os sentidos da integralidade na atenção e no cuidado à saúde. 6 ed. Rio de Janeiro: ABRASCO, 2006.

BITTENCOURT, Ivanise Gomes de Souza;FRANCISCO, Deise Juliana. O processo de construção de um blog por pessoas em sofrimento psíquico: efeitos do exercício de autoria.Revista Edapeci, artigo n°8 v. 8, agosto de 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde mental no SUS: Os centros de atenção de psicossocial. 2004.

CAPELLA, Nithiane; et al. Tecnologias digitais e jovens usuários de serviço de saúde mental. Informática na Educação: teoria & prática. Porto Alegre, v.11, n.1, jan./jun, 2008.

FRANCISCO, Deise J.; RENZ, Juliana P. Relação homem-máquina: pessoas em sofrimento psíquico e recursos digitais. Scientia Plena, v. 6, n. 11, 2010.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde Mental no SUS: Os Centros de Atenção Psicossocial. Brasília, 2004.

NASSERE, Najla. Da Desconstrução do Aparato Manicomial à Implementação da“Política Pública” de Saúde Mental CAPS – O Caso de Santa Cruz Do Sul/RS. Santa Cruz do Sul, junho de 2007.

OLIVEIRA, Maria Rita Neto Sales.Do mito da tecnologia ao paradigma tecnológico: a mediação tecnológica nas práticas didático-pedagógicas.Revista Brasileira de Educação, São Paulo, pp. 101-107, n. 18, Set/Dez 2001.

ANEXOS