HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PARTO NORMAL EM AMBIENTE HOSPITALAR

Data de postagem: Nov 26, 2014 10:38:3 PM

FACULDADES INTEGRADAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA

DANYELLI RONI

HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PARTO NORMAL EM AMBIENTE HOSPITALAR

EUNÁPOLIS, BA

2012

DANYELLI RONI

HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PARTO NORMAL EM AMBIENTE HOSPITALAR

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Enfermagem das Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia como parte dos requisitos para a obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem.

EUNÁPOLIS, BA

2012

DANYELLI RONI

HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PARTO NORMAL EM AMBIENTE HOSPITALAR

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial a obtenção do título de bacharel em Enfermagem pelas Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia, Eunápolis, BA pela seguinte banca examinadora:

Profº Diego da Rosa Leal (Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia)

Assinatura:__________________________________________________________

Profª Vanessa Brito Arruda (Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia)

Assinatura:__________________________________________________________

Profª. Enfª. Juliana Santos Ali (Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia)

Assinatura:__________________________________________________________

Profª. Enfª. Juliana Santos Ali

Coordenadora do curso de Enfermagem

Eunápolis – BA_____________________________________________________

DEDICATÓRIA

Aos enfermeiros que trabalham no hospital, que todos os dias convivem com a realidade nos atendimentos, e que mesmo assim se empenham em prestar o melhor cuidado aos clientes, e que tem sede em aprender cada dia mais e assim aperfeiçoar a assistência de enfermagem.

A Nossa Senhora que, além de ser o amparo aos necessitados, é a norteadora dos princípios da minha vida, e assim me incentiva a viver momentos em minha profissão que venha contribuir com a intensificação da qualidade do cuidado prestado por profissionais da saúde à população.

Aos meus filhos Antonio e Alice, por serem pessoas iluminadas a quem eu devo dedicar todo meu esforço e suor, pela compreensão de minha ausência muitas vezes, pelo empenho a que me esforço em ser mãe, educadora e responsável pelo desenvolvimento de seu caráter, por quem eles se tornarão, pelo brilho de seus olhares e por simplesmente existirem.

Ao meu esposo Rafael, por estar ao meu lado sempre, abraçando meus projetos, me dando força para continuar quando o desânimo se aproximava por ser admirador incondicional do meu amor à profissão que escolhi. Á sua dedicação total a mim e nossos filhos. Por estar sempre apoiando e incentivando meu caminho até alcançar nossos objetivos, por sua cumplicidade, e amor. Enfim pela garra em enfrentar as dificuldades acadêmicas e pessoais sempre junto a mim.

Aos meus pais, essenciais em minha formação enquanto pessoa, por me possibilitarem a realização de um sonho, o amor e as lições que recebi e que hoje me servem como norte na criação de meus filhos, pelo apoio sem medida oferecido para a minha formação acadêmica e pelo que representa na minha vida e da minha família, que quanto a isso não tenho palavras.

AGRADECIMENTOS

A minha orientadora Professora Juliana Santos Ali, a qual conseguiu diante de tantas dificuldades de tempo e de transformar esses momentos através de dedicação e de criar possibilidades para que tudo fosse realizado dentro do tempo previsto.

À Direção de Enfermagem do Hospital Regional de Eunápolis, pelo apoio, dando-me a oportunidade de ser voluntária e assim adquirir experiência na minha formação profissional.

Aos meus colegas e amigos de todas as horas Patrícia Rezende e Ronaldo Alves os quais durante minha jornada acadêmica ajudaram-me muito ao acreditar que somos capazes e principalmente por me darem a oportunidade de trabalhar junto a eles, ensinando-me e fazendo-me acreditar em meu potencial como enfermeira e colega de trabalho.

À minha amiga Elizabeth que durante anos me ajudou ao ficar com minha filha para que eu pudesse estudar em épocas difíceis e para eu conseguir ir para a faculdade à noite, mulher guerreira.

A todos os professores da Instituição que de uma forma ou de outra contribuíram para a minha formação acadêmica e profissional.

Há homens que lutam um dia e são bons.

Há outros que lutam um ano e são melhores.

Há os que lutam muitos anos e são muito bons.

Porém, há os que lutam toda a vida.

Esses são os imprescindíveis."

Bertolt Brecht

RESUMO

O presente trabalho pretende compreender o universo da humanização no Parto Normal em Ambiente Hospitalar, e para isso, foi abordado desde a anatomia feminina até o olhar Holístico da paciente. O interesse pelo tema surgiu a partir da experiência de três anos de trabalho como secretária e instrumentadora de um Obstetra e Ginecologista no município de Eunápolis, BA. Nessa pesquisa serão levantados os diversos sentimentos que a gestante apresenta (angustia, medo, insegurança e coragem) desde o pré-natal até o parto. É notório o crescimento progressivo de pessoas que precisam da assistência gratuita à saúde, elas esperam que haja um atendimento mais humano por parte de toda a equipe de saúde, principalmente do enfermeiro que está a todo o momento junto a elas e um acolhimento digno por parte das instituições. De acordo com os artigos pesquisados e a posição do Ministério da Saúde, é possível sim realizar modificações e transformações no atendimento nas maternidades e instituições hospitalares com o esforço da equipe de saúde em especial o enfermeiro focando na humanização.

Palavras-chave: Humanização; Assistência de Enfermagem; Parto Normal.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

Desde que existe a humanidade as mulheres têm seus filhos em meio às mais diversas culturas, mas o vínculo entre mãe e filho é unanime em todas elas, e as prioridades em relação ao cuidar, tornando-se mais humano em relação ao ato de parir veem sendo questionado em sua relação direta com o bem estar e qualidade de vida das gestantes.

Fialho (2008) nos conta que no final do século XX, os profissionais de saúde já se despertaram para a importância da qualidade da assistência que é oferecida à mulher durante seu trabalho de parto, já que antigamente era considerado um processo natural e fisiológico.

A ideia da humanização do parto é fazer com que o ato de a mãe dar a luz, geralmente cheia de medos e tensões, siga sua ordem natural, obedecendo ao seu ritmo e às necessidades específicas de cada corpo e de cada mulher, com os profissionais de saúde interferindo o mínimo possível nesse processo.

O desenvolvimento da sociedade está diretamente relacionado com seus anseios, suas frustações e suas esperanças, sejam elas no campo emocional, espiritual e material.

Isso nos faz pensar que ao conceber uma criança, uma revolução de sentimentos acontece no íntimo de uma mãe, mostrando assim a necessidade de uma atenção especial voltada a esse acontecimento, desde a família que também participa até a parturiente em si.

De acordo com o Manual de orientação de Assistência ao Parto e a Tocurgia da FEBRASGO (Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia) (2002), o objetivo principal da obstetrícia é preservar na sua totalidade a saúde da mãe e ao recém-nascido proporcionando potenciais que o permita desenvolver-se de todas as formas, seja neurológica, psíquica e somática, para que quando crescer se torne um cidadão pleno de seus sentidos e saudável físico e psicologicamente. Assim ele poderá ser feliz e útil à sociedade e aos familiares.

O parto é um momento único, não há descrição emocional para ele, cada um sente e vivencia de uma forma, e mesmo sendo a mãe multípara, cada parto é uma emoção diferente.

Segundo Ziegel; Cranley (2008), o parto é definido como um evento desencadeado desde a descida do feto até sua expulsão compreendendo o trabalho de parto. O útero que está gravídico ele contém o feto, a placenta da qual ele se alimenta, o líquido amniótico e o cordão umbilical que está ligado à placenta diretamente ao feto para assim fornecer nutrientes essenciais à vida, mas isso não se resume em um ato puramente fisiológico, implica em muitas emoções e sentimentos muitas vezes conturbados decorrentes desse momento para a mãe e para o filho.

Na assistência ao parto, o termo “humanizar” é utilizado há muitos anos, com inúmeros significados. Segundo um autor chamado Fernando Magalhães, considerado por muitos o Pai da Obstetrícia Brasileira, empregou esse termo no início do século 20 e o professor Jorge de Rezende, conceituado estudioso, na segunda metade do século. Ambos defendem que os usos da sedação e do fórceps vieram humanizar a assistência aos partos no geral (DINIZ, 2005).

Desde algumas décadas, conforme temos informações através da mídia, a Organização Mundial de Saúde tem trazido contribuições importantes para acrescentar a este debate ao propor o uso de tecnologias para o parto e nascimento apropriados, baseando em evidências científicas que visam rever e analisar as práticas utilizadas pelo modelo de atenção atual (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2001).

Além de programas nacionais realizados pelo governo federal existe muitos outros, um deles é o movimento em prol do parto humanizado, chamado REHUNA (Rede Nacional pela Humanização do parto e do Nascimento) que descreve o Parto Humanizado como parto sendo na forma mais natural, gravidez para o casal como um todo e, por sua vez, o Parto sem Dor (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

Com o passar dos tempos, e a crescente necessidade de mudança na saúde, muitos projetos vêm sendo desenvolvidos, há vários anos, em várias áreas da assistência em geral, inclusive na humanização em relação ao parto e a saúde da criança.

Alguns autores pesquisados para este trabalho explanam sobre o modelo de atenção de algumas categorias profissionais como médicos obstetras e enfermeiros, os possíveis resultados positivos resultantes dessa nova assistência e sobre o inevitável choque dos diferentes métodos e cuidados e enfatizando a importância das práticas hospitalares e da atenção a saúde.

Contudo, objetiva-se com essa pesquisa descrever a importância da assistência humanizada ao parto e da atuação do enfermeiro nesse contexto, assim como suas atribuições, enfatizar a assistência prestada pelos profissionais enfermeiros, em relação direta com a humanização no atendimento hospitalar.

2 METODOLOGIA

Este trabalho é o resultado de uma pesquisa bibliográfica sobre a Humanização da Assistência de Enfermagem ao Parto Normal em Ambiente Hospitalar, partiu de uma construção sistemática com o uso dos indexadores eletrônicos PubMed, LLILACS e SciELLO, visando a identificação de artigos de conteúdo pertinente, para isso foram utilizadas as seguintes palavras-chave: Humanização, Assistência de Enfermagem, Parto Normal. Também foram utilizados livros de escritores de suma importância para a temática. Além desses, soma-se a pesquisa de publicações referentes ao assunto, de naturezas diversas, tais como artigos de revistas.

Por essa razão, trata-se de uma metodologia que buscou descrever as teorias e os conceitos publicados em obras congêneres, a partir dos quais estão sendo levantados e discutidos conhecimentos disponíveis na área, identificando, analisando e avaliando sua contribuição para auxiliar e compreender o objeto de investigação: a humanização na assistência ao parto.

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. ANATOMIA DO APARELHO REPRODUTOR FEMININO

De acordo com a figura (1) abaixo temos a descrição de alguns órgãos do aparelho reprodutor feminino, suas estruturas e onde são inseridas, ao longo do trabalho serão explicadas as modificações fisiológicas feitas nesse aparelho durante a gestação e o parto.

O útero é o órgão que segundo Zieguel & Cranley (2008) compreende todo o processo da concepção ao parto, é ele que comporta a menstruação e de onde o feto é extraído após o período de gestação, esse órgão é uma estrutura composta de músculos revestida por uma mucosa, localizado entre a bexiga e o reto.

Fig.1. Orgãos externos, períneo e orgãos internos.

Fonte: http://www.fotosantesedepois.com/2009/10/16/perineoplastia/

O períneo é um conjunto de partes moles, que fecha, digamos assim a bacia da mulher estreitamente ligada ao ânus, que no parto normal frequentemente é cortado, muitas vezes sem necessidade e depois suturado, perineorrafia.

3.1.1 Anatomia e alterações do aparelho reprodutor feminino na gestação

Compreende-se de acordo com Tomita (2005) que o processo todo desde a fecundação do óvulo elo espermatozoide até o momento da expulsão do feto no parto que é denominado gestação ou gravidez, leva em média 280 dias ou nove meses, no desenvolvimento total, logo depois se da à dilatação do colo uterino e as contrações do útero finalmente a bolsa amniótica é rompida e há a expulsão do feto, o útero após esse processo volta lentamente ao seu estado anterior.

Fig.2. Anatomia na gravidez.

Fonte: http://www.clinimater.com.br/anatomia.htm

A figura anterior (2) nos mostra as modificações nos órgãos reprodutores e outros órgãos internos da gestante, sobre essas modificações Ziegel; Cranley (2008) nos diz que há inúmeras alterações significativas, o útero com o passar dos meses vai tomando um grande espaço na cavidade abdominal, empurrando os outros órgãos para cima e para os lados, sendo uma das caudas de lombalgia. A cévix se torna muito vascularizada e edemaciada, o canal vaginal é tamponado com um muco, a vagina também aumenta sua vascularização e sua secreção.

As pesquisas ainda nos mostra que existem alterações em outras partes e funções do corpo, como as mamas que aumentam de tamanho, se tornam mais sensíveis e vascularizadas, aparecem estrias gravídicas, pois o aumento do tamanho do abdômen faz com que os músculos não suportem o peso, há ainda alterações nas glândulas endócrinas, no sistema cardiovascular, no sistema respiratório, no sistema urinário e em todo o corpo (ZIEGEL; CRANLEY, 2008).

3.1.2 Alterações psicológicas

Esse momento da gravidez até o parto é vivido pelas mulheres em sua totalidade, há um turbilhão de emoções e sentimentos dos mais variados, cabe a nós profissionais torna-lo o mais tranquilo possível, com a prestação da assistência completa e direcionada a mulher e ao bebê, fazendo com que se sinta calma e certa da grandiosidade do seu papel.

Ao se tornar de certa forma vulnerável, a mulher entra em estado de depressão, o sentimento de não corresponder às expectativas dos familiares e principalmente dela mesma, de não saber se está colaborando ou não, se está fazendo a coisa certa, a dor que ela sente para ela é uma forma de demonstrar que é capaz, de não decepcionar quem quer que seja (GRIBOSKI; GUILHEM, 2006).

Desde o momento que a mulher fica grávida, iniciam-se processos de transformações das mais diversas origens, sejam orgânicas ou físicas, mas as mais expressivas e aparentes são as psíquicas e emocionais, levando-a a se sentir menos feminina, menos fisicamente atraente. Porque ao mesmo tempo em que ela se encontra num momento divino de sua vida ela se vê infeliz por não se sentir “mulher”. (BALLONE, 2002)

Conforme nos diz Dias (2006) o momento de mais ansiedade e de expectativas da mulher é o pós-parto, aonde vêm as dúvidas, será que posso amamentar? Será que serei uma boa mãe? As dores sejam da episiotomia ou da cesariana, e ai que o profissional tem de se dedicar e ajuda-la de forma a se sentir um pouco mais tranquila.

Os conflitos em decorrência de dúvidas durante a gravidez faz com que a mulher se divida entre o amor do filho que está por vir e o da família, em especial do parceiro, ela se preocupa e ser aceita, fica insegura em relação às modificações ocorridas em seu corpo por sentir que isso pode interferir na relação com o seu companheiro. Por alguns desses motivos emocionais a mulher pode começar a afastar seu companheiro dessa relação mãe-filho e consequentemente os conflitos aumentam quando o homem se vê numa disputa de atenção e de carinho. Nem todos os pais vivenciam essa perspectiva dos fatos, mas que é intensificado os sentimentos de acordo com cada caso.

3.2 PARTO - DEFINIÇÃO

A definição do dicionário de saúde nos diz que: “Parto é um conjunto de fenômenos mecânicos e fisiológicos que tem como consequência a expulsão do feto e de seus anexos para fora do organismo materno” (DA SILVA, CARLOS ROBERTO; ROBERTO CARLOS, 2007).

3.2.1 Tipos de Parto

Segundo Oliveira et al.(2002) no Brasil, a prática do parto em ambiente hospitalar espalhou-se de forma progressiva, depois da segunda guerra, no momento de difusão de conhecimentos a cerca de cirurgias, anestesias, assepsias, hemoterapias e antibioticoterapias foram aderidos pelos médicos métodos esses que reduziram, de forma considerável, a morbidade e também a mortalidade materna nos procedimentos realizados.

Oliveira et al.(2002) ainda diz que, embora tenha se levado o parto para realização em instituições hospitalares e os avanços em tecnologias tenham proporcionado melhor controle dos riscos, houve nesse momento a incorporação de um grande número de intervenções consideradas posteriormente desnecessárias. Além do que, o parto hospitalar subtrai a mulher de seu ambiente, colocando-a em local desconhecido e, nem um pouco acolhedor, tornando a experiência a que se destina frustrante e desanimadora.

Parto normal consiste em três estágios de desenvolvimento: dilatação do colo uterino, quando as contrações se alargam regularmente a abertura do canal para que o bebê possa passar; descida gradativa do bebê do útero pela vagina até deixar o corpo da mãe; o útero se contrai e expele a placenta. (DA SILVA, CARLOS ROBERTO; ROBERTO CARLOS, 2007).

A figura a seguir (3), nos mostra todas as etapas do trabalho de parto, ilustrando toda sua evolução e culminando na expulsão do feto e da placenta.

Fig.3. Parto normal

Fonte: http://dafertilidadeamaternidade.blogspot.com.br/2009/10/sintomas-e-fases-do-trabalho-de-parto.html

Alguns dias antes do parto o feto se insinua frente à pelve, quando o trabalho de parto começa, ele se empurra em direção ao colo e a bolsa se rompe de acordo com o ritmo das contrações que se tornam regulares, o bebê faz uma rotação e se posiciona, surge então a cabeça, é nesse momento que o médico obstetra avalia a necessidade da episiotomia, logo depois é liberado os ombros e pronto, o bebê nasce, o útero ainda continua se contraindo até a expulsão da placenta

Além do parto normal, existem ainda outros tipos, o parto cesárea que será explicado, o parto natural, esse é dado sem a participação de ninguém além da mãe e do bebê, os outros subtipos digamos assim, o parto de cócoras, parto na água e outros não serão abordados nesse trabalho.

Os estudos descritos no Manual de orientação de Assistência ao Parto e a Tocurgia da FEBRASGO (2002) define operação cesariana, a cirurgia de extração do feto por meio de dupla incisão, sejam elas abdominais (laparatomia) e uterinas (histerotomia) como ilustra de forma sucinta a figura(4) abaixo. Esse tipo de parto, por ser muito invasivo no ponto de vista fisiológico acarreta inúmeras intercorrências como infecções, etc. Ao decorrer dos tempos, o aperfeiçoamento da técnica cirúrgica, a melhoria doas métodos de anestesia e dos próprios anestésicos, bem como o uso de antibióticos reduziram o risco desse procedimento.

Fig.4. Parto cesáreo

Fonte: http://www.cpdt.com.br/sys/interna.asp?id_secao.

O parto cesáreo é indicado quando não há de forma alguma uma possibilidade de se fazer um parto normal, e que também não haja sofrimento tanto materno quanto fetal, pela ótica de análise médica.

3.2.2 O processo do Parto Normal

No momento do nascimento da criança, tanto o corpo da genitora quanto o corpo do bebê passam por pontuais situações que exigem grande quantidade de energia. Pensando a respeito desse esforço materno no parto, voltamos ao trabalho de todos os músculos utilizados no processo. Além do trabalho muscular deve ser levado em conta todo o movimento que é realizado nos ossos da bacia para a saída do bebê. (ZVEITER; PROGIANTI; VARGENS, 2005).

Ziegel; Cranley (2008), afirmam ainda que o trabalho de parto pode ser visto como uma combinação de reações, destacando-se o controle fetal, alterações hormonais, a produção de prostaglandinas, a estimulação da ocitocina que afeta diretamente a expulsão, e as alterações musculares do útero. Esses fatores são individuais e ao mesmo tempo se unem num conjunto harmônico para o grande desfecho.

O processo do trabalho de parto é dividido em três períodos ou etapas:

Primeira etapa ou etapa de dilatação – começa com o início das contrações regulares e termina com a dilatação completa da cervix.

Segunda etapa, ou etapa de expulsão – começa com a dilatação completa da cervix e termina com a saída completa do feto.

Terceira etapa, ou etapa placentária – começa imediatamente após a criança nascer e termina quando a placenta é liberada. (ZIEGEL; CRANLEY, 2008).

Ao entrar na maternidade a gestante passa por alguns procedimentos de rotina de acordo com normas de cada instituição. Existe certa contradição com o que é necessário e o que a ciência preconiza na verdade. Esta irracionalidade vem intrigando inclusive os antropólogos (BRÜGGEMANN; PARPINELLI; OSIS, 2005).

Durante o parto o bebê faz movimentos suaves e intensos como se fosse uma dança, forçando sua passagem e sua saída. Na compreensão humanizada esse momento deve ser prazeroso para a mãe e menos traumático para o bebê. (ZVEITER; PROGIANTI; VARGENS, 2005).

Atualmente, a episiotomia é um dos procedimentos mais comuns em obstetrícia, sendo superado apenas pelo corte e pinçamento do cordão umbilical. A episiotomia foi sugerida para auxiliar os partos vaginais complicados. No entanto, começou a ser recomendada sistematicamente por dois eminentes ginecologistas, sendo o primeiro deles Pomeroy, que em 1918 escreveu um artigo intitulado “Deveríamos cortar e reparar o períneo de todas as primíparas?” (OLIVEIRA; MIQUILINI, 2005).

De acordo com Who (2005), è sabido de todos que o alívio da dor é usado e é necessário em todo e qualquer procedimento cirúrgico. Esses métodos para aliviar a dor são discutidos e incluem os fármacos usados em analgesia e o apoio durante o trabalho de parto, a anestesia e analgesia pós-operatória. Porém existem os barbitúricos que não devem ser priorizados no trabalho de parto.

“Os métodos gerais de atendimento e de apoio durante o trabalho de parto são muito úteis para auxiliar a mulher a tolerar as dores do trabalho de parto.” (WHO, 2005).

3.3 HUMANIZAÇÃO

De acordo com Deslandes (2005), as bases do atendimento humanizado vão desde uma doação de caridade, de apoio, de dedicação até hoje como parte do atendimento, depois dos anos 90 a pratica da humanização teve um enfoque um pouco político. Como não é possível às vezes identificar e caracterizar um atendimento como sendo humanizado, a maioria das pessoas procuram ver o que é desumanizante.

Ainda analisando os estudos de Deslandes (2005), esse nos diz que os indícios de desumanização eram identificados pelas péssimas condições de trabalho dos profissionais que acabavam por desencadear grandes esperas e um péssimo atendimento as pessoas, ainda temos a vertente do modelo biomédico, de que o que realmente importa é a patologia e não a pessoa; e não podemos esquecer a revolução industrial, que desencadeou a mecanização do trabalho em substituição ao trabalho humano.

A hospitalização chega a ser um ato puramente mecânico, as pessoas não se preocupam tanto com o estar perto, o fazer, o acompanhar o paciente em sua passagem pela instituição, e sim se importam em que será o mais breve possível essa estadia.

3.3.1 História da Humanização

Segundo Diniz (2005), a humanização da assistência, muda totalmente o contexto da assistência à mulher na hora de parir. Nesse caso é o sofrimento do outro que está em pauta, na antiguidade os membros da igreja católica instituíam que o sofrimento era necessário para que pudessem se redimir do pecado, que isso era um tipo de provação divina, e que todas as formas de amenizar tal sofrimento eram abolidas de pronto.

Com a evolução ao longo da história começaram a se preocupar com os desígnios da criança e da mãe, como poderiam de alguma forma alterar esse momento para que fosse mais ameno. Na década de 1980, houve inúmeras discussões a respeito dos modelos de assistência, entre eles o biomédico, o holístico, o humanista. O atendimento centrado na mulher vem de encontro com as ideias científicas e de evidências. O modelo de atenção voltado para humanização tem se multiplicado e vem avançando continuamente no país. (NAGAHAMA; SANTIAGO, 2008)

Segundo Oliveira et al (2002), no Brasil, o parto em ambiente hospitalar foi amplamente discutido e difundido bem como as habilidades nos campos da cirurgia, anestesia, assepsia, hemoterapia e antibioticoterapia, e isso fez com que diminuísse drasticamente a morbimortalidade puerperal e neonatal. Apesar da institucionalização do parto ter levado a uma segurança maior em relação a infecções, houve um aumento de práticas desnecessárias no parto. Até por que o parto no hospital tira a mãe de um ambiente em que ela está segura, em sua casa para um ambiente desconhecido, totalmente distante de sua realidade.

3.3.2 Humanização no Parto

A humanização do parto veio englobar a mãe, o pai, seu filho e toda a família como um todo, um contexto único. A “opção” pela maternidade alternativa começou a ser visto como algo muito confortável em outras camadas da sociedade. Nota-se a valorização da infância, do desenvolvimento biopsicossocial do indivíduo desde seu nascimento desenvolvendo o chamado Parto Humanizado. (TORNQUIST, 2007)

Estimular a mulher a ter apoio personalizado de uma pessoa escolhida por ela durante o trabalho de parto e o parto:

    • Encorajar o apoio do acompanhante escolhido;

    • Providenciar assento para o acompanhante próximo à mulher;

    • Estimular o acompanhante a dar apoio adequado para a mulher durante o trabalho de parto (esfregar as costas, passar uma compressa úmida na testa, auxiliá-la a movimentar-se). (WHO, 2005)

O direito que as mulheres têm de serem tratadas com mais cuidado e atenção esta cada vez mais fazendo valer, o direito ao acompanhante que era antes um tabu, hoje já é visto como uma conquista.

O Ministério da Saúde (2002) instituiu o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento através da Portaria/GM nº 569, de 1/6/2000, com o intuito de diminuir as taxas de mortalidade materno infantis, através do acompanhamento do pós parto também. O país hoje comporta muitos programas que visam melhorar as condições de atendimento das gestantes, um deles é o das parteiras, o incentivo aos estudos e subsídios para que isso se espalhe e ganhe dimensões proporcionais as que o governo quer atingir com a saúde.

O Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento fundamentam-se nos preceitos de que a humanização da Assistência Obstétrica e Neonatal é condição primeira para o adequado acompanhamento do parto e do puerpério. A humanização compreende pelo menos dois aspectos fundamentais. O primeiro diz respeito à convicção de que é dever das unidades de saúde receber com dignidade a mulher, seus familiares e o recém-nascido. Isto requer atitude ética e solidária por parte dos profissionais de saúde e a organização da instituição de modo a criar um ambiente acolhedor e a instituir rotinas hospitalares que rompam com o tradicional isolamento imposto à mulher. O outro se refere à adoção de medidas e procedimentos sabidamente benéficos para o acompanhamento do parto e do nascimento, evitando práticas intervencionistas desnecessárias, que embora tradicionalmente realizadas não beneficiem a mulher nem o recém-nascido, e que com frequência acarretam maiores riscos para ambos. (MINISTERIO DA SAÙDE, 2002).

Nos estudos de Machado; Praça (2004) considera-se que a paciente não deve ser tratada exclusivamente através de técnicas preestabelecidas e normas de instituições previamente descritas, e sim com uma visão holística levando em conta todas as suas características específicas, como seu caráter, sua personalidade, seus sentimentos, opiniões, suas crenças, seus desejos, aspirações, seus valores próprios, dignidade e senso de justiça, que fazem dela um ser humano único e assim deva ser tratada. Além da parturiente existe uma família que a acompanha, uma vida pregressa, enfim, sua história.

Deve, ainda, de acordo com Machado; Praça (2004) tentarmos identificar os sentimentos e as entrelinhas do que querem dizer as pacientes. No processo de cuidar não devem ser esquecidas as necessidades básicas da paciente, tudo deve ser levado em conta.

Dias; Domingues (2005), nos fala sobre o conceito de humanização da assistência ao parto. Alguns conceitos estão diretamente relacionados à mudança na cultura hospitalar, voltada para as pacientes de uma forma ampla. Modificando até as estruturas físicas, proporcionando um ambiente muito mais agradável.

A humanização vem de encontro com antigos paradigmas da assistência, coisas antes usuais e comumente aplicadas, hoje não são consideradas imprescindíveis dentro da instituição.

Ainda nos estudo de Dias; Domingues (2005) existem ainda aspectos que vão além da paciente, como o direito a um acompanhante, o direito do pai ou algum membro da família participar desse momento, e mais do que isso, de ser informada e orientada sobre todos os procedimentos a que será submetida, tendo o direito de concordar ou não.

Resumindo podemos afirmar que o modelo assistencial esta mudando a cada dia uma das propostas da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 1985, é o incentivo ao parto normal (vaginal), ao aleitamento materno exclusivo e no pós-parto imediato, ao direito da mãe estar com seu filho desde o parto em um só quarto/enfermaria, à presença do acompanhante durante todo processo do parto, à atuação de enfermeiras especializadas em obstetrícia no auxilio ao parto normal, e também ao incentivo à assistência das parteiras aonde não há como ter o atendimento hospitalar. (TORNQUIST, 2002)

3.3.3 Procedimentos realizados no Parto Normal

“A analgesia do parto vaginal deve ser instituída sempre que possível, para minimizar a reação de estresse em resposta à dor e à ansiedade materna e suas consequências fetais.” (ZUGAIB; BITTAR, 1999).

Fig.5. Anestesia em parto vaginal

Fonte: http://bebegravidez.com/a-anestesia-peridural/

Conforme podemos observar na figura (5) anterior, e de acordo com o Manual de Orientação ao parto e a Tocurgia (2002) a analgesia feita por bloqueio, seja ele pudendo, ou paracervical, é realizado pelo médico obstetra e só alivia parcialmente a dor, podem ser feitas também a raquianestesia ou anestesia subaracnóidea pelo médico anestesista, no final do primeiro período e durante o segundo período do trabalho de parto.

A anestesia no parto normal serve para aliviar a passagem do bebê, acredita-se que isso seja uma forma de humanizar, mas não deixa de ser uma intervenção pouco eficaz e não natural. Além do que ainda revendo o Manual de Orientação ao parto e a Tocurgia (2002), a analgesia provocada pelo anestésico local pode retardar o processo do parto normal, fazendo com que prolongue a expulsão do feto pela dificuldade de rotação da cabeça fetal ocasionado pelo relaxamento precoce do períneo.

Recomenda-se também a revisão de práticas como a episiotomia, aonde se corta o períneo, com a intenção de facilitar a saída do bebê, amniotomia que consiste na ruptura intencional da bolsa amniótica, enema, tricotomia e, principalmente a necessidade do parto cesáreo. A intenção não e extinguir tais técnicas e sim avaliar profundamente sua eficácia e relevância no trabalho de parto. As medidas propostas de humanização visam diminuir com a medicalização e atentar-se para práticas mecânicas de apoio ao nascimento. (TORNQUIST, 2002).

Fig.6. Episiotomia

Fonte:http://www.google.com.br/imgres?q=perineo&start=http://toqueginecologico.blogspot.com/2011/05.

A episiotomia como mostra a figura (6) é extremamente incomoda sua recuperação, a paciente muitas vezes não precisa ser submetida a tal procedimento, desde que o bebê seja a termo, com peso suficiente para a passagem e a mãe tenha uma boa dilatação, mesmo sem esses precedentes ainda é questionada a realização e a eficácia de tal procedimento.

Oliveira; Miquilini (2005) diz que atualmente, a episiotomia é um procedimento considerado um dos mais comuns em obstetrícia, sendo apenas ultrapassado pelo corte e clampeamento do cordão umbilical. Ela foi preconizada em partos difíceis e antigamente considerada como prática humanizada.

3.4 BENEFÍCIOS DA HUMANIZAÇÃO

Dias; Domingues (2005) nos apresenta em pesquisa que desmistificando os procedimentos, desatando os nós do atendimento humanizado e reafirmando o vínculo mãe-bebê através da assistência devida, outros aspectos devem ser levados em consideração, a vontade e autonomia da mulher em relação aos procedimentos, com realização de um plano de cuidados que possa ser aplicado por toda a equipe; assim consequentemente tera seus direitos de cidadã respeitados.

Segundo BrüggemannI; OsisII; Parpinelli,( 2007) seus trabalhos mostram que, quando recebem a atenção devida, as parturientes precisam de menos analgesia, menos intercorrências acontecem e o processo natural do parto acontece mais rapidamente e com sucesso.

4 DISCUSSÃO

De acordo com Mamede, Fabiana V.; Mamede Marli V.; Dotto, (2007) A partir do momento em que a mulher é transferida de seu ambiente natural, sua casa, seu lar, ela é colocada em um lugar desconhecido, frio e pouco acolhedor. Quando se tem a intervenção maciça dos profissionais, a atenção maior se volta para a criança e a mãe se torna uma mera coadjuvante na cena do nascimento. Acaba por se transformar em um processo mecânico e pouco voltado para as necessidades humanas básicas.

Apesar da gravidez não ser considerada uma doença, e nem deve ser tratada como tal, as pacientes são levadas e tratadas como se possuíssem moléstias que devem ser curadas imediatamente. Frequentemente estão envoltas a aparelhos, pessoas, que só se aproximam para ofertar medicações e são referenciadas com um numero de leito ou de quarto e nunca com seu nome. Ela se afasta do aconchego da família e é rodeada por pessoas estranhas as quais nunca viu antes. (MAMEDE, FABIANA V.; MAMEDE MARLI V.; DOTTO, 2007).

De acordo com Diniz (2005) antigamente, as mulheres eram tratadas no momento do parto como merecedoras do castigo da dor e do sofrimento, a igreja faziam-nas acreditar que aquele momento era por desígnio divino e qualquer que fosse a ajuda oferecida era ilegal.

Já conforme Reis e Patrício (2005) a assistência à mulher deve ser feita levando-se em conta todas as considerações a cerca de seus sentimentos, desde o pré-natal, acoplando os saberes científicos ao cotidiano dessas mulheres, de acordo com suas possibilidades psicológicas, culturais e afetivas.

O ato de parir é ao mesmo tempo complexo e simples de se entender, se formos levar em conta a cultura e os saberes antigos muito além de nossos avós, veríamos que esse era um mistério envolto por muitas lendas e certezas da providência divina, e ao mesmo tempo se formos de encontro ao entendimento psicofisiológico da mulher, hoje o cuidado no processo do parto ao ser humanizado, não estamos olhando a mulher como uma máquina em linha de montagem e sim como um ser frágil e forte ao mesmo tempo, e que precisa de apoio e compreensão.

Os tempos foram se modificando, tudo ficou mais prático mas ficou mais frio também, as pessoas não tem tempo, vivem correndo para fazer tudo ao mesmo tempo, isso faz com que a proximidade das pessoas, o lado humano seja reprimido, esteja por traz da mecanização da tecnologia, e na área de saúde não é diferente, tudo tem que ser muito rápido, muitas vezes não chamamos o paciente pelo nome, nos referimos a ele como o numero do seu leito ou do seu quarto.

A humanização da assistência ao parto, os programas a ela referidos, nos faz pensar e analisar o relacionamento entre pessoas, o atendimento as gestantes, nos faz questionar se o modelo antigo e tradicional de técnicas e intervenções é realmente imprescindível, ou podemos melhorar, partir do princípio de que perdemos o lado humano do cuidar e temos a obrigação de resgatar, aplicando no dia a dia, no lidar com as parturientes e saber que desse cuidado depende a felicidade e a paz a que elas tanto procuram nesse momento.

De acordo com Wolff; Waldow (2008) com certeza a decisão do que realmente acontece durante o trabalho de parto é do obstetra, porém todas as informações do que está acontecendo e do que irá acontecer é obrigação da equipe estar informando à paciente e respeitar sua vontade. Na visão do profissional de saúde é uma relação de poder que o coloca em posição favorável em relação ao conhecimento científico, restringindo a autonomia da paciente.

A questão da humanização e dessa conscientização do cuidado através de inúmeras pesquisas e programas do governo vem por assim dizer, implantar o que já está no papel, tornando a assistência ao parto mais humanizado beneficiando as gestantes e seus familiares.

“A enfermagem praticada em hospitais promove o encontro profundo e permanente entre a pessoa com problemas de saúde e a equipe de enfermagem.” (LIMA, 2005).

Não significa que a simples assistência dada pela enfermeira obstetra em substituição ao médico vá de alguma forma resolver ou reverter o problema, Mas acredita-se que de alguma forma a assistência irá mudar aos poucos e se transformar. (DIAS; DOMINGUES, 2005).

Em outros estudos sobre o tema, os profissionais de saúde ainda demonstram certa rejeição, e resistência em modificar o modelo tradicional de assistência. Principalmente os enfermeiros sentem certo medo em relação ao enfrentamento da família, seus acompanhantes, criam uma barreira ao se relacionar com tais pessoas. (BRÜGGEMANNI; OSISII; PARPINELLI, 2007).

Dias; Domingues (2005) falam da implantação do parto realizado por enfermeiras e que esses já que se encontram inseridos na questão da humanização do parto e nascimento. Existe também em contrapartida a aceitação por parte da classe médica em deixar que o enfermeiro atue diretamente no parto e tenha autonomia, dificultando assim a humanização.

De acordo com Mouta; Progianti, (2009) o modelo de parto voltado para assistência humanizada foi inspirado na maternidade francesa de Pithiviers, idealizada pelo médico Michel Odent. De início houve a idealização de um ambiente extremamente parecido com o ambiente da casa da paciente, ou próximo disso, que fosse calmo, acolhedor, com cores propositais relacionadas com terapias alternativas, chuveiros no pré-parto, banheira para terapias e para o parto dentro d’água e a opção do parto vertical; permitia-se também a presença de um acompanhante; finalmente preconizaria o tempo fisiológico do parto, suas etapas de acordo com a vontade do bebê, ele usando das contrações saberia a hora certa de sair. Isso envolveria a questão do desenvolvimento dessa criança desde a parte respiratória, além do recebimento desse recém-nascido ser acolhedor e diferenciado, preservando todas as suas experiências;

“O reconhecimento da enfermeira na implantação das práticas obstétricas humanizadas gerou uma luta simbólica deste grupo para ocupar o campo de atuação na assistência ao parto e nascimento” (MOUTA; PROGIANTI, 2009).

Moura et al (2007), diz ainda que o é importantíssimo o apoio do acompanhante, a mulher se sente mais segura e livre de tensões e ansiedades. Mas nesse sentido é também pertinente afirmar que o apoio do profissional de saúde ao acompanhante é de fundamental importância na facilitação do processo. O simples fato de estar ali, dando informações do que está acontecendo e procurando tranquilizar esse acompanhante já é de grande valia.

Por fim, é pertinente dizer que os Programas de Humanização do Pré-Natal e Nascimento foram planejados e discutidos como uma forma de política nacional em atenção aos direitos de todas as mulheres, efetivando uma ação em que a prioridade é a redução da morbimortalidade materna e infantil. (SERRUYA; LAGO; CECATTI, 2004).

5 CONCLUSÃO

A participação do enfermeiro no contexto do trabalho de parto e no parto, desde a entrada da paciente na unidade, todo o acompanhamento das contrações e expulsão do feto, é de fundamental importância na vida dessa parturiente e de seu filho, envolvendo na totalidade a família.

O momento em que estamos passando no país, em relação a politicas voltadas para a saúde, bem como para humanização da assistência como um todo, revela-nos uma maior preocupação com a parte da obstetrícia, porque esta de certa forma encontra-se ligada diretamente com a melhoria das condições de vida da população, levando em conta os princípios da interação da população como um todo.

Assim, o enfermeiro deve estar ciente da situação em que se encontra a paciente, seus anseios e dificuldades, para que possa interpretar seus sentimentos e estabelecer estratégias de cuidado especificas para resolver o problema.

Temos que promover e nos atentar às Iniciativas do governo e de várias instituições, realizando uma grande transformação, essa proposta de humanização do parto é contraditória ao modelo vigente de organização, mas a mudança tem de vir de dentro, da classe de enfermeiros para que se espalhe a conscientização às instituições, a relação entre seres humanos é composta de erros, mas procuramos acertar também.

Levar em conta todos esses pontos, nos predispor a fazer a diferença, e a educação continuada que é o papel da enfermagem, essa é a chave para que possamos alcançar o sistema que almejamos.

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