O ATENDIMENTO DO PRÉ-NATAL DO ENFERMEIRO À GESTANTE USUÁRIA DE CRACK

Data de postagem: Dec 11, 2017 9:17:33 PM

FACULDADES INTEGRADAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA

ROSEMEIRE SANTOS MATOS

O ATENDIMENTO DO PRÉ-NATAL DO ENFERMEIRO À GESTANTE USUÁRIA DE CRACK

EUNAPOLIS - BA

2017

ROSEMEIRE SANTOS MATOS

O ATENDIMENTO DO PRÉ-NATAL DO ENFERMEIRO À GESTANTE USUÁRIA DE CRACK


Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Enfermagem das Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia como requisito final para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.

Orientador: Profº. Diego Rosa Leal

EUNAPOLIS - BA

2017

ROSEMEIRE SANTOS MATOS

O ATENDIMENTO DO PRÉ-NATAL DO ENFERMEIRO À GESTANTE USUÁRIA DE CRACK

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Enfermagem das Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia como requisito final para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.

Prof. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx (Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia)

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Prof. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx (Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia)

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Prof. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx (Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia)

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Prof.ª Esp. Maria Cristina Marques

Coordenadora do Curso de Enfermagem

Eunápolis- BA _________________________________________

A Deus pela maravilhosa oportunidade de aprendizado e crescimento, por tudo que aconteceu na minha vida, pelas alegrias, tristezas, lutas e conquistas no decorrer da vida acadêmica. Ao meu esposo Neilton e meus filhos, pelo incentivo a não desistir diante das dificuldades e para seguir sempre em frente. Ao meu pai José Cláudio e aos meus irmãos,que confiaram em mim, dando apoio em todos os momentos, mostrando que nada é fácil ,mas que a vitoria é certa para aquele que tem Fé .

Em primeiro lugar quero agradecer a Deus, que me permitiu concretizar esse meu sonho, me deu força e coragem para seguir em frente nessa nova etapa da minha vida. A cada semestre via Deus agindo nas dificuldades que diante dos meus olhos eram impossíveis, mas para Deus tudo era possível.Te agradeço pela Tua graça e infinita generosidade, hoje estou aqui celebrando este grande momento e contemplando o brilho resplandecente da conquista alcançada. À minha família, em especial ao meu amigo, confidente, companheiro e esposo, Neilton Oliveira, que sempre me deu forças e incentivo, acreditando na minha capacidade. À minha filha, Emilly Matos, que também dedicou do seu tempo para abraçar esse sonho como se fosse seu, ao Daniel que participava das madrugadas de longas horas de estudo, a Ana Khezya que muitas vezes foi dormir sem minha presença. Ao meu pai José Cláudio, que mesmo de longe nunca me negou nada, ao contrário sempre estava com as mãos estendidas e orando pra que tudo ocorresse bem comigo.Obrigado aos meus irmãos, Flávio e Consuelo, que acreditaram na minha capacidade, confiando e ajudando sempre. Aos meus amigos, Nathália, Ariane, Laila e Reginaldo, que sempre estiveram comigo em todos os momentos de dificuldades, dividindo os medos, as aflições e responsabilidades. A meu orientador, Diego Leal, pelo profissionalismo na orientação e nas aulas, pela paciência e pelo incentivo na construção desta monografia. Ao meu amigo e professor, Johan, que me ajudou muitas vezes, me mostrando o caminho certo e tirando dúvidas. A todos os professores do curso, que foram muito importante para o meu aprendizado .

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E Jesus disse-lhe: Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê .

A Bíblia. Marcos 9:23

RESUMO

O uso de drogas afeta a saúde das gestantes e favorece o aparecimento de diversas complicações. O número de mulheres que faz uso de drogas também vem aumentando, o que faz com que a distância entre os índices de uso de substâncias por homens e mulheres esteja diminuindo, quando são comparados. A questão da dependência de crack em mulheres, especialmente durante a gestação, requer ruer cuidados específicos. O objetivo geral deste trabalho é : Descrever as principais problemáticas que levam a não adesão da gestante usuária de crack ao pré-natal. A presente pesquisa trata-se de revisão integrativa da literatura, definida como um método de revisão amplo que inclui pesquisas experimentais e não-experimentais, tendo finalidade apresentar as principais problemáticas que levam a não adesão da gestante usuária de crack ao pré-natal, com pesquisas nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE). Assim, ressalta-se a impotância de um bom acompanhamento da enfermagem com um atendimento de qualidade e humanizado. Os resultados encontrados revelam conceitos e valores pautados em representações sociais como pré-conceitos e estigmas refletidos socialmente. Constata-se ainda as dificuldades dos profissionais em lidar com a demanda das gestantes usuárias de crack, bem como dificuldade da captação das mesmas devido a existência do baixo índice na adesão as consultas, onde é neste momento que é oferecido a promoção de espaços para a troca de informações, reflexões e compartilhamento de dúvidas e angústias.

Descritores: Crack and gestação, Assistência do enfermeiro, and Gestantes usuárias de crack.

LISTA ABREVIATURAS E SIGLAS

DPP - Deslocamento Prematuro de Placenta

DST - Doenças Sexualmente Transmissíveis

HIV - imunodeficiência humana

LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde

MEDLINE - Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

SNC - Sistema Nervoso Central

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1: Fluxograma PRISMA do processo de busca e seleção dos estudos incluídos na revisão integrativa..................................................................................27

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Distribuição da produção científica a respeito do crack e as suas complicações psiquiátricas durante a gestação para o binômio mãe e filho nas bases de dados (2012-2017)................................................................................................28

.SUMÁRIO



1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................12

2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................15

2.1 O CRACK NA GESTAÇÃO.................................................................................15

2.2 COMPLICAÇÕES DO USO DO CRACK............................................................17

3 O PAPEL DA ENFERMAGEM NO ACOMPANHAMENTO DA GESTANTE USUARIA DE CRACK..............................................................................................21

3.1 Pré-natal..............................................................................................................21

4 OBJETIVOS...........................................................................................................24

4.1Objetivo Geral.......................................................................................................24

4.2Objetivos Especificos............................................................................................24

5 METODOLOGIA.....................................................................................................25

Fluxograma PRISMA do processo de busca e seleção dos estudos.......................27

6 RESULTADOS ......................................................................................................28

7 DISCUSSÃO ..........................................................................................................31

8 CONSIDERACOES FINAIS....................................................................................35

REFERÊNCIAS..........................................................................................................37

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1 INTRODUÇÃO

Entre as diversas drogas existentes na contemporaneidade, o crack se destaca porque é considerada por muitos especialistas como uma epidemia dado o poder destrutivo e desestabilizador da droga, que está destruindo inúmeras famílias de todas as classes sociais.

Segundo Maia, Pereira e Menezes (2015), por um período de 9 semanas (no ano de 2014), foram realizadas 1.797 consultas de pré-natal na Unidade de Referência da Atenção Primária à Saúde Drª Cláudia Vitorino no Município de Rio Branco-AC, com mulheres na faixa etária entre 18 e 37 anos, foi identificado que mesmo durante a gravidez cerca de 2,61% das gestantes continuavam fazendo uso do crack. Esses dados evidenciam que o uso das drogas está presente mesmo entre mulheres grávidas e, principalmente, acometem mulheres de grupos sociais específicos, como as negras, pardas, baixa renda e escolaridade.

Devido ao consumo contínuo e espraiado por toda a sociedade, o crack se tornou uma questão de saúde pública, evidenciando-se um problema que tem ser tratado por uma equipe de trabalho multidisciplinar, ou seja, conjunto com vários profissionais da rede de saúde pública desenvolvendo ações articuladas para o tratamento efetivo e acompanhamento adequado para estes dependentes químicos

e de seus familiares (ROSSO;LARA,2015).

A luta contra o consumo generalizado das drogas está sendo considerada um desafio para a sociedade, principalmente nos últimos tempos devido ao aumento do número de usuários, levando os meios de comunicação a relatarem dados que comprovam o aumento do consumo de drogas nas capitais e em diversos municípios, alcançando até as comunidades rurais. Este uso também é observado entre as gestantes, que além de estarem arriscando suas próprias vidas, comprometem também a saúde do recém- nascido (ROSSO; LARA, 2015).

O crack possui um alto poder de dependência, possivelmente fazendo com que o usuário vicie logo na primeira vez do uso. Em seu estudo, (MARQUES, 2012),revela que aproximadamente 15 a 17% dos usuários de crack são mulheres em idade fértil, o que pode aumentar a prevalência do uso dessa droga durante a gestação (MARQUES, 2012).

Como um problema de saúde pública, o uso das drogas depende de ações que sejam efetivas, dependendo de uma disponibilização de recursos e do interesse maior do poder público para que o tratamento oferecido seja adequado e obtenha sucesso para os dependentes. Portanto, a não introdução das medidas necessárias pelo poder público continuará a mostrar nos noticiários o aumento desesperador de usuários de drogas e as imagens avassaladoras sobre o descaso com o impacto da droga na sociedade proporcionado pela falta de estrutura do Estado (ALENCAR;JUNIOR;MATOS, 2016).

O estudo traz a seguinte questão: quais as problemáticas que levam a não adesão da gestante usuária de crack ao pré natal ?

A maioria das gestantes não faz ideia do mal que está causando para a sua saúde e do seu filho, uma vez que diversas pesquisas comprovam que muitas delas não possuem escolaridade completa, foram abandonadas pelos parceiros ou pertencem a uma classe social menos favorecida. A principal questão nesse problema é que essas crianças podem nascer com diversos problemas de saúde tais como respiratório, neurológico, de desenvolvimento físico, entre outros (VICTOR; LIMA, 2013).

O estudo deste tema se justifica-se devido a importância de procurar conhecer as problemáticas que levam a não adesão da gestante usuária de crack ao pré natal e as inúmeras demandas de cuidado no que diz respeito à saúde da mulher que faz uso de drogas. Nos últimos anos, viu-se o aumento do consumo destas substâncias por mulheres principalmente em idade fértil (SILVA; KRUNO, 2014), trazendo a importância de se pensar a respeito do uso de drogas na gestação e que medidas tomar a respeito, em termos de cuidado à saúde materna. Sabe-se que é característica própria das usuárias de drogas, muitas vezes, não conseguir dar sequência ao acompanhamento que inicia, para que tenha um inicio, meio e fim desta assistência.

Este tema possui uma enorme relevância, principalmente porque toca o íntimo do profissional de saúde, levando-o a aprender a manejar esses detalhes e deslizes da vida do ser humano, visto que neste momento a mãe precisa saber da importância do abandono deste vício para favorecer uma saúde digna para o seu filho e, por consequência, não comprometer também a sua própria saúde (MARQUES, 2012).

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O CRACK NA GESTAÇÃO

A planta que dá origem à cocaína é exclusivamente encontrada na América do Sul, a Erythroxylon coca, conhecida como coca ou “epadu” — nome indígena. Conhecida por ser o primeiro anestésico local temporário e reversível, com a função de vasoconstrição, a cocaína teve seu uso suspenso com a descoberta da Lidocaína (FIGUEIRÓ, 2012). Segundo Victor e Lima (2013), o crack é produzido do processamento da cocaína e misturada com bicarbonato de sódio, diluída em água e com adição de diversos produtos tóxicos, como gasolina e querosene. Esta mistura passa por um processo de aquecimento, originando as pedras de crack prontas para serem fumadas.

Para a composição do crack necessita-se de quantidades suficientes de cocaína para a ocorrência do resultado desejado, além disso, pode ocorrer a mistura de outras substâncias tóxicas. A partir dos anos 60, o uso abusivo das drogas passou a ser conhecido como uma preocupação mundial, principalmente nos países industrializados, onde havia alta ocorrência de consumo de drogas e os riscos que acarretavam à saúde se tornaram preocupações de saúde pública (ALVES, 2016).

De acordo com Botelho, Rocha e Melo (2013), o crack surgiu entre 1984 e 1985 nos bairros pobres da periferia de Los Angeles, Nova York e Miami, habitados principalmente por negros ou hispânicos e acometidos por altos índices de desemprego. Segundo os autores, pesquisas na época apontaram que o baixo custo do crack favoreceu a sua expansão nos Estados Unidos (BOTELHO; ROCHA; MELO, 2013).

O consumo de drogas na gravidez faz com que os fatores de risco favoreçam os efeitos novivos das drogas no feto, e está associado a questões sociodemográficas, psicossociais, comportamentais e biológicas. Como exemplo de problemas sociais, a pobreza, a não aceitação ou dificuldade no acesso ao pré-natal, a desnutrição e a presença de doenças sexualmente transmissíveis (DST) fazem parte dos problemas inseridos na sociedade que se relacionam com o número crescente de usuários de drogas na contemporâneidade (ALVES, 2016).

A maioria das crianças de mães usuárias de drogas não são amamentadas no período preconizado de seis meses pelo Ministério da Saúde, muitas são encaminhadas para os serviços de proteção infantil e não permanecem com as suas mães biológicas. O perfil dessas mulheres é de baixo nível sócio-econômico, negras, faixa etária de 25 anos, relacionadas com práticas de prostituição e violência, com relatos de surtos psiquiátricos e comportamento inadequado (KASSADA et al., 2013).

Contudo, os estudos existentes na área mostram que o consumo da cocaína e do crack tem aumentado de forma drástica na população obstétrica, favorecendo diversos problemas maternos e perinatais (SILVA; KRUNO, 2014). O momento ideal para a identificação destes problemas seria o período do pré-natal, porém há uma barreira na oferta de informações, onde a grande maioria das gestantes não assumem que são usuárias e, por isso, o profissional só fica por dentro da situação quando surgem certos agravos e infecções. Dentre eles, pode ocorrer a positividade para uma Hepatite e até mesmo para o vírus da imunodeficiência humana (HIV), sendo que estes são investigados durante os exames realizados nas consultas e uma boa parte está relacionada ao consumo das drogas (KASSADA et al., 2013).

De acordo com Victor e Lima (2013), pesquisas excecutadas em 2 hospitais em estados diferentes evidenciaram que a grande maioria das gestantes usuárias de crack não fazem acompanhamento médico durante a gravidez, não realizam os exames solicitados no pré-natal e só chegam ao hospital no momento do parto, com outras compliações não associadas ao trabalho de parto, mas sim ao consumo de drogas. Umas das consequências do uso do crack nas gestantes é a taquicardia e a hipertensão arterial, podendo ainda ocorrer parto prematuro, deslocamento prematuro de placenta (DPP), abortos espontâneos e falta de apetite (SILVA; KRUNO, 2014).

O principal mecanismo pelo qual o crack modifica o andamento da gestação e o desenvolvimento do feto é sua atuação na circulação. De acordo com Silva e Kruno (2014), o crack atua no sistema nervoso central estimulando o sistema noradrenérgico e a ativação deste sistema, além de outras coisas, aumenta a frequência cardíaca e contrai os vasos sanguíneos, levando à vasoconstricção. A vasoconstricção, por sua vez, reduz a oxigenação e a chegada de nutrientes para a placenta, sendo assim, os neonatos expostos ao crack levam a prejuízos no seu crescimento e no seu desenvolvimento (SILVA; KRUNO, 2014).

2.2 COMPLICAÇÕES DO USO DO CRACK

A ação do crack no Sistema Nervoso Central (SNC) atinge diretamente a sua estrutura e também o seu funcionamento. Segundo Silva e Kruno (2014), as substâncias que estimulam o SNC podem bloquear ou inibir a excitação neuronal e como consequência favorecer o aumento da atividade cerebral . As principais alterações neurológicas intra-uterinas associadas à cocaína, segundo Alencar et al., (2016), são microcefalia, agenesia de corpo caloso, agenesia de septo pelúcido, displasia de septo óptico, esquizencefalia, lisencefalia, paquigiria, heterotipias neuronais e mielomeningocele.

Para o neonato estes efeitos podem durar além do período fetal, com a redução da atenção e falta de interação com o meio, sendo que alguns recém-nascidos possuem alterações quando realizado eletroencefalograma. De acordo com um estudo realizado por Alencar;Junior;Matos (2016) há um índice de 15% de óbitos em recém-nascidos no leito hospitalar devido as mães serem usuárias de drogas, todos devido problemas voltados para à desregulação dos centros respiratórios (ALENCAR;JUNIOR;MATOS, 2016).

O uso do crack, além de afetar o desenvolvimento fetal, pode acarretar efeitos raros conhecidos por teratogênicos que, segundo Camargo e Martins (2013), até o momento não se tem conhecimento sobre o mecanismo que causa este efeito. O que não se pode descartar é que as isquemias e as anoxias podem também favorecer a teratogenia, principalmente no terceiro trimestre de gestação devido aos vasos fetais estarem mais susceptíveis à contração (CAMARGO; MARTINS, 2013).

A ansiedade deve ser encarada com certa cautela pela equipe de profissionais da saúde, merecendo ações baseadas nos princípios da ciência do comportamento. A ansiedade não poderia ser considerada como causa de comportamentos, visto que o termo se refere a um comportamento sob controle de certas circunstâncias (BOTELHO et al.,2013). Nesse sentido, de acordo com o que o autor relata é que a ansiedade necessita de um estímulo para provocar uma resposta que irá provocar mudanças significativas no comportamento e bem-estar do ser humano. Nesse sentido, defende que: ''A ansiedade deveria ser entendida, portanto, como o grupo de respostas que o corpo reflete sob certas operações de estímulo''. Entende-se por esse grupo de resposta que não devemos generalizar as situações, pois é normal o organismo responder de alguma forma o que lhe é estranho (BOTELHO et al.,2013).

Portela et al. (2013) definem a ansiedade como uma repercussão orgânica ou a partir da excitação de fatores externos, que podem ser desencadeados por diversos sintomas, como déficit de atenção, de comunicação, dificuldades na tomada de decisões, distúrbios de humor e do comportamento, além de vários sintomas somáticos e psíquicos, como o medo do futuro e da própria morte. Portanto, a ansiedade toca no íntimo do ser humano, a pessoa passa a não se importar consigo mesma, a ter medos, as angústias fazem parte do seu cotidiano e as expectativas para uma melhora são praticamente mínimas porque a ansiedade está totalmente ligada ao psicológico, que uma vez abalado por fatores estressantes e pelo uso excessivo das drogas, é necessária o mais rápido possível a busca pelo tratamento adequado (PORTELA et al., 2013 ).

Ficar atento aos sintomas ajuda e muito para o sucesso do tratamento, os autores completam algumas das manifestações que fazem parte do quadro clínico dos usuários de drogas, são elas: tensão, opressão, preocupações exageradas, insônia, insegurança, irritabilidade, desconcentração. A ansiedade é ordenada a princípio em dois grupos: a ansiedade permanente (generalizada) e abrupta, que se continuar de um modo repetitivo passa a ser conhecida como transtorno de pânico. Na ansiedade generalizada, segundo Rosa e Lara (2015), ocorrem sintomas ansiosos excessivos na maior parte dos dias por pelo menos seis meses (ROSO; LARA, 2015).

A síndrome mista da ansiedade com a depressão pode ocorrer quando nenhuma das duas é grave o suficiente para concluir um diagnóstico. Na depressão a pessoa se perde em seus sentimentos confusos ora em tristeza ora em alegria, num misto de sensações. O vazio interior (tristeza) deixa a pessoa a cada dia que passa mais desmotivada, se sentindo incapaz para voltar à sua rotina. Aqueles acometidos por esses problemas preferem ficar totalmente isolados, pois não têm mais o prazer de buscar o novo, perdendo o interesse por praticamente tudo. O que se pode observar com a depressão e a ansiedade, que são citadas por diversos autores como patologias desencadeadas pelo consumo excessivo da cocaína e do crack, é que as suas complicações interferem diretamente na vida da mãe e do seu filho uma vez que o não tratar destas doenças geram péssimos prognósticos e infelizmente torna-se bastante possível o abandono da criança pelo fato da desmotivação, do desinteresse pela vida e pelas interferências no sistema psicológico, tais como as atitudes de comportamento. Estes e outros sintomas são males que não somente as mães, mas todo usuário pode sofrer e que prejudicam bastante as suas vidas (DALGALARRONDO, 2008).

Para Maques et al. (2012), a predominância de transtornos mentais é maior entre usuários de crack correlacionando-se com a idade, dias de uso da droga no mês , número de anos em uso regularmente e gravidade da total dependência. Esses dados estão relacionados com a gravidade da dependência da droga e aos fatores psicossociais relacionados. Para o usuário de crack portador de um transtorno mental primário a sua vulnerabilidade é bem maior e a correlação a outras comorbidades estão presentes na grande maioria dos casos. Em relação à associação do consumo de drogas de diferentes tipagens, Marques et al. (2012) afirma:

O usuário de crack utiliza o álcool de modo menos frequente e pesado que o usuário de cocaína inalada. O consumo de álcool é um preditor de gravidade e mau prognóstico para o usuário de qualquer substância, inclusive para o crack. No seguimento de quatro anos, observou-se maior chance de dependência de álcool em usuários de crack e álcool (67,9%) do que em usuários pesados de álcool (13,6%), para homens e de 7,0 para mulheres. O poliuso de substâncias é comum entre usuários de crack. A maconha é utilizada com o intuito de reduzir a inquietação e a fissura decorrentes do uso de crack. Há, também, um grupo de usuários que utiliza tanto o crack quanto a cocaína inalada (MARQUES et al., 2012).

O surgimento dos transtornos de personalidade são comuns nestes casos, atingindo estes dependentes e representa uma situação bastante comum para os usuários de crack. Quanto maior a gravidade do transtorno, pior o prognóstico e, por consequência, diminuiem-se as chances de adesão e sucesso ao tratamento adequado (ROSSO; LARA, 2015).

O PAPEL DA ENFERMAGEM NO ACOMPANHAMENTO DA GESTANTE USUARIA DE CRACK

3.1 Pré-natal

Ao tocar no papel da enfermagem para o acompanhamento destas gestantes, o que primeiramente vem em mente é a assistência ao pré-natal, tendo em vista que essas mulheres acometidas pelo vício do crack infelizmente são localizadas na metade ou praticamente no final da gestação (NICOLLI et al., 2015). Para uma atenção obstétrica e neonatal mais precisa devem estar presentes duas características primordiais: a qualidade e a humanização.

Segundo Nicolli et al. (2015):

Entende-se por humanização: a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde – usuários(as), trabalhadores(as) e gestores(as); fomento da autonomia e protagonismo desses sujeitos; a co-responsabilidade entre eles; o estabelecimento de vínculos solidários e de participação coletiva no processo de gestão; identificação das necessidades sociais de saúde; mudança nos modelos de atenção e gestão; compromisso com a ambiência, melhoria das condições de trabalho e de atendimento (NICOLLI et al., 2015).

Nesse sentido, para que ocorra a qualidade e a humanização no atendimento não depende somente dos profissionais, mas sim de toda uma disponibilização de material e de recursos para que sustente a organização e as rotinas das atividades, garantindo um serviço de extrema qualidade passando segurança para a mulher e toda sua família. Segundo Figueiró (2012), os profissionais responsáveis por essa assistência necessitam de buscar especializações atualizadas voltadas ao cuidado e à prescrição de medicamentos eficazes para intervir e agir sempre com o objetivo de favorecer o conforto e a melhora do bem-estar da gestante. Além disso, sabe-se que quanto mais precocemente esta mulher for captada, favorece-se a oferta de exames de rotina e a garantia de tratamento oportuno e adequado, estas entre muitas são estratégias para organização do serviço, melhoria da qualidade e seguimento efetivo dos casos (NICOLLI et al., 2015).

A enfermagem possui um papel essencial para os cuidados. A equipe fica responsável por reconhecer os riscos o quanto antes possível a fim de elaborar a assistência necessária interrompendo o agravamento da situação. A avaliação do paciente é realizada por meio de uma entrevista, juntamente com uma observação cuidadosa do mesmo e, para a concretização desta entrevista, conta-se com a arte de toda técnica profissional, facilitando obter informações valiosas para a realização de uma intervenção e de um tratamento eficaz (DALGALARRONDO, 2008).

O profissional deve extrair informações relevantes neste momento, agindo de forma útil e criativa, buscando sempre fortalecer o vínculo com o paciente. O mesmo deve se encontrar em condições de acolher esta gestante e o seu sofrimento, ouvi-la cuidadosamente, identificando suas principais dificuldades, pois as vezes durante uma entrevista necessita-se que o profissional fale pouco, e outras exigem totalmente o contrário (DALGALARRONDO, 2008). Assim, portanto, é fundamental que o profissional esteja capacitado e pronto para realizar o atendimento de modo apropriado à realidade e ao contexto de cada paciente.

A atenção pré-natal e puerperal deve ser baseada em ações que garantam a promoção e a prevenção da saúde dos pacientes e, ainda, o diagnóstico e o tratamento que podem ocorrer durante este processo. Dessa forma, uma atenção humanizada é essencial para o bem estar materno e neonatal. Durante a assistência pré-natal, conforme o Programa Nacional de Humanização do Pré-Natal e Nascimento, a identificação precoce das gestantes portadoras de sífilis e o seu pronto tratamento são as principais medidas na prevenção da transmissão vertical (NICOLLI et al., 2015).

São várias as condutas por parte do profissional, como: anotação correta do cartão de gestante, busca ativa para que esta gestante se sinta acolhida e efetive o tratamento com êxito, tratamento humanizado, orientações pertinentes, inserção em grupos de apoio, entre outros. A fixação da mulher no serviço de saúde pela captação precoce, oferta de rotina de exames, registros apropriados e garantia de tratamento oportuno e adequado, são estratégias para organização do serviço, melhoria da qualidade e seguimento efetivo dos casos (NICOLLI et al., 2015).

Essas interveçoes são de suma importância, pois o profissional irá cooperar com sua paciente a fim de estabelecer metas realistas, estabelecer critérios que favoreçam uma desintoxicação segura, mudança do comportamento e no estilo de vida que favoreça o aumento sua interação social. O profissional deve se encontrar seguro para garantir e conquistar a confiaça da sua paciente, demostrando seu conhecimento sobre os malefícios do uso abusivo das drogas e apresentar mecanismos eficazes para lidar com as crises de ansiedade (ISAACS, 1998).

4 OBJETIVOS

4.1 Objetivo geral: Descrever as principais problemáticas que levam a não adesão da gestante usuária de crack ao pré-natal.

4.2 Objetivos específicos:

    • Identificar os agravos relacionados ao uso do crack na gestação;

    • Relatar o papel do enfermeiro no pré-natal da usuária de crack;

    • Compreender o papel da enfermagem no acompanhamento da gestante usuária de crack.

5 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de revisão integrativa da literatura realizada a partir de seis etapas: 1) identificação do tema e seleção da questão norteadora da pesquisa; 2) estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos; 3) definição do atendimento do pré-natal do enfermeiro à gestante usuária de crack a serem extraídos dos resultados dos artigos originais; 4) avaliação dos artigos selecionados na revisão integrativa; 5) interpretação dos resultados; e 6) apresentação do conhecimento evidenciado pela revisão integrativa.

A revisão integrativa da literatura pode ser definida como um método de revisão amplo que inclui pesquisas experimentais e não-experimentais, objetivando o melhor entendimento a respeito de um fenômeno e permitindo o resumo do estado do conhecimento a respeito de um assunto específico, sinalizando, dessa forma, as lacunas científicas que necessitam ser preenchidas com a execução de novas pesquisas (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008; ALMEIDA et al., 2011).

A finalidade dessa revisão foi o atendimento do pré-natal do enfermeiro à gestante usuária de crack sendo direcionada pela seguinte questão norteadora: quais as principais problemáticas que levam a não adesão da gestante usuária de crack ao pré-natal?

Foi realizada uma busca entre agosto de 2017 e setembro de 2017 nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) com os descritores: crack and gestação e Assistência do enfermeiro and gestantes usuárias de crack; cruzados dois a dois, no idioma português. O recorte temporal utilizado foi a seleção de artigos científicos extraídos dessas bases de dados no período de 2012 a 2017 . Os critérios para a inclusão dos artigos foram: serem artigos originais, apresentarem em seus resultados as principais problemáticas que levam a não adesão da gestante usuária de crack ao pré-natal e possuírem resumos disponíveis nas bases de dados. Como critérios de exclusão se estabeleceram: trabalhos apresentados em congressos, dissertações, monografias, teses, cartas ao editor, estudos de reflexão, artigos sobre outros temas e artigos sem resumo disponível.

As buscas foram realizadas, de forma independente, pela pesquisadora Rosemeire Matos. A seleção dos estudos foi feita a partir da análise dos títulos, resumos e textos completos das publicações. Os artigos incluídos na revisão que não estavam disponíveis inicialmente nas bases de dados foram obtidos no formato de texto completo no portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Foram encontrados 36 artigos na LILACS e 18 na MEDLINE. Desse total de 36+ 18 artigos, 12 foram excluídos por estarem sem o resumo disponível, assim, 42 artigos foram selecionados para leitura dos resumos. Dos 42 artigos, 12 foram excluídos por serem repetidos, restando 30 artigos. Destes, 6 foram excluídos por não atenderem aos critérios de inclusão, ficando 24 artigos elegíveis para a leitura na íntegra. Após essa etapa, 10 foram excluídos, aplicando-se os critérios de exclusão. Por fim, 14 artigos foram incluídos nessa revisão integrativa (10 com desenho qualitativo e 4 com quantitativo) (Figura 1).

Figura 1: Fluxograma PRISMA do processo de busca e seleção dos estudos incluídos na revisão integrativa.

6 RESULTADOS

A organização dos artigos encontrados na revisão integrativa de literatura foi realizada através da elaboração de um instrumento estruturado contendo a base de dados; ano; nome da revista; o tipo de estudo; amostra do estudo; o país no qual esse foi realizado; e o nível de evidência. O processo de análise dos 14 artigos selecionados se deu por meio da leitura exploratória e crítica dos títulos, resumos e dos resultados das pesquisas, onde se buscou resposta às principais complicações do uso do crack durante a gestação. Quanto às evidências dos estudos, classificou-se considerando a hierarquia de evidências para estudos de intervenção (MELNYK; FINEOUT-OVERHOLT, 2005): Nível I – revisão sistemática ou metanálise; Nível II – estudos controlados e aleatórios; Nível III – estudos controlados sem radomização; Nível IV – estudos caso-controle ou de coorte; Nível V – revisão sistemática de estudos qualitativos ou descritivos; Nível VI – estudos qualitativos ou descritivos; e Nível VII – opiniões ou consensos. Considerando-se a análise dos artigos originais e excluindo-se as revisões integrativas ou sistemáticas de literatura, assim como artigos de opiniões de especialistas, conforme mencionado nos critérios de inclusão e exclusão, só serão selecionados artigos com níveis de evidência IV ou VI.

Quadro 1: Distribuição da produção científica a respeito das principais complicações do uso do crack durante a gestação nas bases de dados (2012-2017).

7 DISCUSSÃO

Há evidências de que a assistência pré-natal reduz de forma consistente os efeitos negativos da utilização de substâncias ilícitas durante a gestação. A integração entre os programas de tratamento do abuso e a assistência pré-natal tem-se mostrado ainda mais efetiva na redução das complicações maternas e dos custos nelas envolvidos (ALENCAR;JUNIOR;MATOS,2016).

As gestantes com dependência química têm menor adesão à assistência pré-natal, têm menor participação em grupos de gestantes e apresentam maior risco de intercorrências obstétricas, devido muitas vezes à falta de informação, à baixa escolaridade dessas mulheres, ao medo do julgamento moral e social e o receio de acabar na prisão (NICOLLI et al., 2015).

No manejo destas usuárias é fundamental que a equipe de saúde seja flexível e esteja aberta a debater questões relacionadas às faltas nas consultas previamente agendadas, assim como a falta de aderência ao tratamento. Para minimizar a primeira questão tem-se ocorrido a existência de agendamentos integrado, em que diversos profissionais são envolvidos no mesmo atendimento. Uma única ida ao serviço reduz o tempo de espera da paciente e facilita os agendamentos (ALVES,2016).

A flexibilidade nos horários, disponibilização de consultas não agendadas previamente e lembrança a paciente sobre sua consulta também se constituem em estratégias importantes quando se trata de pacientes com histórico de baixa frequência nos agendamentos. Outros aspectos importantes para aumentar a aderência ao tratamento são privacidade, localização do serviço, utilização do tempo livre (transformando a sala de espera em momento criativo e informativo), a informalidade e a avaliação,ou seja se a assistencia está de acordo com a paciente (BOTELHO;ROCHA;MELO, 2013).

O tratamento através do pré-natal é visto como um fator de proteção para a saúde da mulher, porém a maioria das gestantes usuárias não faz o acompanhamento do pré-natal e nem procura informações e orientações com os profissionais durante a gestação, devido à rotina nas ruas, sem compromisso e preocupação com a própria saúde. Quando chegam a maternidade, como vimos, é na hora do parto, dificultando a sua identificação e o conhecimento da quantidade de crianças nascidas nessa triste situação (CAMARGO; MARTINS, 2014).

Para gestantes usuárias de drogas em situação de rua, surge como importante intervenção, não apenas na prevenção, com distribuição de seringas para usuários de drogas injetáveis ou de camisinhas para a prevenção do HIV/AIDS. As equipes multiprofissionais dos consultórios de rua, vêm oferecendo cuidados no próprio espaço da rua, buscando o fortalecimento de vínculo social e o estabelecimento de uma ponte de informações e acesso a serviços de saúde (COSTA et al.,2013).

O hábito de usar estas substâncias na gestação, sendo elas lícitas ou ilícitas, pode ser subdiagnosticado devido ao “sentimento de culpa” das gestantes, que prevendo uma possível repreensão e desaprovação pelo profissional de saúde, pode negar ou relatar um consumo menor da substância. O uso de drogas por gestantes é um grave problema social e de saúde pública (KASSADA et al., 2013).

Além disso, a maioria destas mães abandona os filhos ou pode ser considerada pela justiça incapaz para os cuidados do filho. É conhecida como uma gestação de alto risco em razão não somente do uso destas substâncias durante o período de desenvolvimento do feto, mas também da condição de risco social e emocional dessas mulheres. Por isso, torna-se importante a implantação de serviços especializados para o acompanhamento dessas pacientes em situação tão delicada (MARQUES, 2012).

A pesquisa sobre o uso de drogas ilícitas pelas gestantes deve ser realizada ativamente, independentemente de nível socioeconômico, idade ou etnia. As altas taxas de não identificação das grávidas usuárias estão relacionadas a uma série de fatores, como a falta de investigação pelos profissionais de saúde e o potencial de negação ou omissão das pacientes. Esse comportamento das gestantes é motivado por preocupações com a sociedade, as possíveis consequências legais e, até mesmo, a perda de custódia da sua prole (MAIA;PEREIRA;MENEZES,2015).

Sendo assim, esses diversos fatores contribuem para o aumento do número de gestantes usuárias e, por consequência, o número de crianças aumenta também. Nota-se no Brasil uma carência referente a estudos e pesquisas que relatam sobre o consumo de drogas entre as mulheres, principalmente as gestantes. Este tema tão importante não pode continuar passando despercebido pelos profissionais da área da saúde, nem somente como instrumento da mídia, onde muitas vezes são passadas informações inadequadas à população, proporcionando o aumento da exclusão e o afastamento dessas mulheres do meio social (MORAES et al.,2012).

Devido ao baixo número de estudos e pesquisas realizadas, encontra-se uma dificuldade para se obter mais dados epidemiológicos referentes à associação entre a gestação e o uso de drogas, um tema que deveria chamar a atenção, visto que este hábito ocasiona modificações no comportamento da gestante bem como em sua estrutura física. (PORTELA, 2013).

O acompanhamento às gestantes usuárias de crack, vivencia uma abordagem diferente, difícil, desafiadora e, algumas vezes, perigosa para o profissional de saúde, pois o contexto em que essas gestantes estão inseridas é sempre uma surpresa, que se revela depois dos contatos estabelecidos. Antes disso, as situações encontradas são muito diferentes, e o profissional tem de estar preparado para enfrentar cada um dos casos. No período de observação, há troca de conhecimentos entre os profissionais de saúde que acompanham estas gestantes, apresentando, além das práticas assistenciais, reflexões e discussões sobre as situações vivenciadas (ROSSO et al.,2015).

A persistência e a compreensão são essenciais para a assistência desse público, pois muitas gestante faltam as consultas por terem passado noite fora, usando drogas, ou resistem à presença do profissional que estava a sua espera para à consulta do pré- natal. Entretanto, mesmo o profissional não obtendo sucesso neste dia, o acreditar em um momento oportuno faz a diferença e renova as expectativas. Desse modo é possível aumentar o número de consultas de pré-natal, manter o calendário de vacinas da gestante em dia e garantir acompanhamento na assistência (VICTOR;LIMA, 2013).

Assim, portanto, o enfermeiro é um profissional essencial na atenção primária para a realização e/ou o acompanhamento da gestante durante o pré-natal, principalmente nos casos de mães usuárias de drogas. Nesse senitdo, é necessário que os profissionais que realizam o pré-natal estejam aptos para a detecção do uso dessas substâncias e saibam assistir adequadamente essas gestantes, apoiando-as na busca de suporte para cessar o vício e orientando sobre as implicações do uso de drogas para a mulher e para o feto (SILVA; KRUNO, 2014). E, além disso, é preciso que o enfermeiro esteja devidamente capacitado, principalmente pelo poder público, de agir e atender de forma eficiente para minimizar os efeitos nocivos das drogas.

.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O crack se tornou um problema de saúde pública no Brasil, onde estudos estão sendo incentivados para se discutir o futuro dos pacientes acometidos por este vício, o que tem deixado diversos profissionais da área da saúde preocupados e, devido a isso, fazendo-os buscar alternativas que tragam soluções para tal situação.

O crack tem invadido os meios familiares e de socialização de muitos brasileiros, principalmente porque o que antes era associado a um público em estado de mendicância, hoje já se pode encontrar muitas mulheres envolvidas e o pior de tudo, gestantes que estão expondo suas vidas e a vida dos seus filhos a diversos problemas de saúde que o uso de drogas pode proporcionar.

É através da atenção no pré-natal de qualidade que o profissional de saúde poderá avaliar a gestação, oferecendo ações de promoção da saúde para a redução dos agravos. A prevenção dos riscos relacionados ao uso das drogas na população feminina em idade fértil pode ser feita, sobretudo, pela informação sobre os males que acarretam tanto à mãe como ao feto.

É no pré-natal que a mulher precisa receber orientações quanto aos cuidados e ricos na gestação, parto e puerpério, além do apoio psicológico, necessários para levar adiante uma gravidez saudável.

As mães correm muito risco durante a gestação, onde diversos sintomas como a ansiedade e depressão, entre outras que podem acometer as mesmas. O contato do profissional de enfermagem com a sua gestante garante, na grande maioria das vezes, o fortalecimento do vínculo e gera a confiança necessária para que esta paciente se sinta segura para relatar suas experiências diárias e suas dúvidas mais frequentes, favorecendo a busca por tratamento adequado que possibilite à mãe se livrar do consumo de drogas.

Sendo assim, fica claro que o diálogo favorece a prevenção e mostra ao profissional que este não é somente um problema da gestante, onde ele também fica responsável por buscar meios que ajudem a solucionar esta situação, com uma preocupação sempre em mente, que esta não é uma questão simples e que ela pode acarretar destruição e desestruturação familiar e ser responsável por um percentual elevado de óbitos maternos e perinatais.

A enfermagem, através da elaboração de diagnósticos com o olhar da sensibilidade, deve busca tocar este público alvo de forma humana e íntegra, desenvolvendo ações pertinentes e eficazes para o resgate dessas mulheres, trazendo-as de volta para a sociedade com saúde e disposição para viver e cuidar dos seus filhos.

REFERENCIAS

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