ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM a adolescentes com hipertensão gestacional

Data de postagem: Nov 26, 2014 11:2:18 PM

FACULDADES INTEGRADAS DO EXTREMO SUL DA BAHIAZÉLIA MARIA NEVES DOS SANTOS

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM a adolescentes com hipertensão gestacional

EUNÁPOLIS/BA.

2012

ZÉLIA MARIA NEVES DOS SANTOS

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM a adolescentes com hipertensão gestacional

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Graduação em Enfermagem das Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia como parte dos requisitos para obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem.

Orientador: Diego da Rosa Leal

EUNÁPOLIS/BA.

2012

ZÉLIA MARIA NEVES DOS SANTOS

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM a adolescentes com hipertensão gestacional

Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial à obtenção do Título de Bacharel em enfermagem das faculdades integradas do Extremo sul da Bahia, Eunápolis, BA, pela seguinte banca examinadora:

Prof° Diego Rosa Leal

Prof° Johan Paulo

Prof° Juliana dos Santos Ali

Prof° Juliana dos Santos Ali

Coordenadora do curso de Enfermagem

Eunápolis-BA.

DEDICATÓRIA

Dedico em primeiro lugar a Deus que sempre esteve ao meu lado me fortalecendo e confortando.

A todos que amo, em especial meu pai.

Aos meus colegas de faculdade e amigos que tanto contribuíram para realização deste sonho, a saber: aos colegas Luciene Guerra, Karla Cristiane, Diocélio Herculano, Luzinete Batista, e Silvana.

A

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter dado a oportunidade de chegar até aqui, e abençoado meus esforços me recompensando com a vitória ao fim desta jornada.

A todos os amigos e colegas que aprendi a amar ao longo desta doce caminhada acadêmica.

Aos mestres que transmitiram com sabedoria o seu conhecimento e conseguiram enxergar em cada acadêmico um ser humano.

Em especial ao meu orientador, Prof. Diego da Rosa Leal, que com sua paciência e dedicação me conduziu ao ápice neste momento de conquista.

Posso todas as coisas naquele me fortalece”.

(Paulo, Apóstolo de nosso Senhor)

RESUMO

A pesquisa aborda de forma bastante objetiva a assistência pré-natal em adolescentes grávidas, bem como suas complicações, em especial a hipertensão durante a gestação. Define com bastante clareza quais são os tipos de hipertensão que podem surgir durante a gravidez. Ressalta a hipertensão induzida pela gravidez, ou hipertensão gestacional e as dificuldades de fechar um diagnóstico definitivo da doença, visto que esta só poderá ser feito no período puerperal tardio. Por fim, define a assistência de enfermagem nas consultas de pré-natal e condutas terapêuticas adotadas frente a gestantes que apresente hipertensão durante a gravidez.

Palavras – chave: Gestação; Adolescência; Hipertensão; Pré-natal; Enfermeiros (a).

LISTA DE ABREVIATURAS

ABO/Rh – Grupo Sanguíneo

ACS – Agente Comunitário de Saúde

DHEG – Doença Hipertensiva Específica da Gravidez

DHL - Desidrogenase lática

ECA – Estatuto da Criança e Adolescente

ESF – Estratégia de Saúde da Família

HA – Hipertensão Arterial

HBsAg – Antigeno Austrália Hepatite B

IMC – Índice de Massa Corpórea

OMS – Organização Mundial de Saúde

ONU – Organização das Nações Unidas

PA – Pressão Arterial

PHPN – Programa de Humanização do Pré-natal

TGO – Transaminase Oxalacética

TGP – Transaminase Pirúvica

VDRL – Reação de Wassermann Sorologia para Lues

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 10

2. METODOLOGIA 14

3. RESULTADOS 15

3.1. ACOLHIMENTO NO PRÉ-NATAL 15

3.2. GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA 18

3.3.HIPERTENSÃO: “Inimigo Silencioso” 22

3.3.1 HIPERTENSÃO NA GESTAÇÃO 23

3.3.2 HIPERTENSÃO INDUZIDA PELA GRAVIDEZ 25

3.3.3. FISIOPATOLOGIA DA HIPERTENSÃO GESTACIONAL 28

3.4. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRÉ-NATAL 29

4. DISCUSSÃO 32

5. CONCLUSÃO 33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35

ANEXOS 38

1. INTRODUÇÃO

Hipertensão manifestada na gravidez é um dos maiores problemas de saúde o qual preocupa os profissionais de saúde no decorrer de uma gestação. De acordo Porto, et al (1997) a hipertensão transitória é o advento de hipertensão arterial na gestação ou no do puerpério imediato, em mulheres previamente normotensas, o qual desaparece após dez dias podendo chegar a 12 semanas após o parto.

Brasil (2006) em sua pesquisa diz que se considera quadro de hipertensão arterial um indivíduo que apresenta valores de pressão arterial sistólica maior ou igual a 140mmHg e pressão arterial diastólica maior ou igual a 90mmHg.

A adolescência é a fase da vida humana que compreende a idade dos 12 anos aos 18 anos, e é marcado por diversas situações de conflitos físicos e psicológicos, entre eles, o desenvolvimento e maturidade sexual. De acordo com o Estatuto da Criança e Adolescente- ECA (1990, Art. 2º), considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa que se encontra dentro desta faixa etária, ou seja, (a até doze anos de idade incompletos, e adolescentes aquela entre doze e dezoito anos de idade). (ECA, 1990)

No entanto, Yazlle (2006) contrapõe o autor acima citado dizendo que a adolescência corresponde ao período da vida entre os 10 e 19 anos, período em que ocorrem profundas mudanças na vida do adolescente, caracterizadas principalmente pelo crescimento rápido, surgimento das características sexuais secundárias, conscientização da sexualidade, estruturação da personalidade, adaptação ambiental e integração social.

MINAS GERAIS (2006) define a adolescência como uma fase de evolução, única e particular humana, onde ocorre intensas e profundas mudanças não apenas física ou biológica, fácil de ser observada, mais também mentais e psicossociais e que conduz o adolescente a exibir suas características sexuais.

A gravidez na adolescência caracteriza-se como um amplo problema de saúde pública no Brasil, visto que do ponto de vista fisiológico a gestante adolescente ainda está em desenvolvimento físico e hormonal e seus órgãos ainda não estão inteiramente preparados para uma gestação precoce. No entanto, garantir o acesso à assistência à saúde desta adolescente grávida é dever do Estado. A ECA reitera dizendo que entre seus direitos a saúde está assegurada o direito ao pré-natal quando durante a adolescência vir a incidir uma gestação (ECA 1990, Art. 8).

Yazlle (2006) enfatiza, mostrando através de sua pesquisa, que a gravidez neste grupo populacional especialmente, vem sendo caracterizada, em diversos países como um grande problema de saúde pública, uma vez que essas adolescentes podem vir a apresentar diversos tipos de complicações obstétricas, as quais poderão incluir repercussões para a mãe e por consequência para o recém-nascido, bem como problemas psicossociais e econômicos. Destaca que no Brasil estatisticamente há um aumento exacerbado da incidência de gravidez nessa faixa etária, aumento este que varia de 14 a 22% destas adolescentes. Alguns estudos têm recomendam a necessidade dos governantes instituírem estratégias para a prevenção, através de orientações quanto ao uso de contraceptivos, específicas para grupos de adolescentes, devido às repercussões negativas sobre a saúde das adolescentes como dos seus filhos e principalmente, sobre as perspectivas de vida de ambos.

É importante que todos os profissionais enfermeiros possuam métodos, além de uma linguagem adequada, para atender as adolescentes grávidas, visto que, o acompanhamento do pré-natal é assistido por este profissional na ESF estratégia saúde da família. O que torna necessário o desenvolvimento de ações que possam detectar e diagnosticar problemas ainda precoces durante o pré-natal. Garcia (2000) enfatiza que o processo de assistir em enfermagem deve ser entendido como uma ferramenta metodológica, a qual possibilita identificar, compreender, descrever e explicar como a cliente responde aos agravos que poderão vir a ocorrer com a gestação e determinar quais aspectos destas respostas irá nortear para uma intervenção do profissional de enfermagem.

As ações de enfermagem no processo de assistir tanto coletivas como as individuais devem ser previamente projetadas e sistematizadas para que o enfermeiro possa ter sucesso em suas ações e atinja o seu objetivo. Segundo Andrade (2005), o enfermeiro deverá exercer todas as atividades de enfermagem em especificamente e exclusivamente, planejar, organizar, coordenar e avaliar os serviços de assistência de enfermagem.

Para Costa (2005) quando o diagnóstico de determinadas patologias for precoce, como é o caso da hipertensão transitória da gestação em adolescentes, o planejamento prévio de ações que possam diminuir os riscos de morte e/ou sequelas graves para a vida das pacientes e/ou de seu filho, é indispensável. Quanto mais precocemente a paciente apresentar hipertensão na gravidez, maior será a probabilidade de na gestação subsequente ocorra novamente, e maior será a possibilidade de que a gestante tenha hipertensão crônica e morbimortalidade materna significativa. Logo se conclui que as ações planejadas ao serem direcionadas ao diagnóstico precoce da hipertensão na gestação podem diminuir os riscos à saúde da gestante até mesmo para próximas gestações.

Neste contexto o estudo tem por objetivo geral apresentar a hipertensão como uma séria complicação na gestação, demonstrar os principais sinais e sintomas da hipertensão alterada pela gravidez, salientar os riscos de uma gestação precoce que podem aumentar seu risco e sensibilizar os profissionais Enfermeiros quanto à importância no processo de assistência.

O desenvolvimento de um estudo sobre assistência de enfermagem na hipertensão gestacional é de grande relevância, visto que, o número de gestantes adolescentes volta a incidir recorrentemente, o que caracteriza um grave problema de saúde pública, pois do ponto de vista fisiológico a adolescente está em fase de maturação dos órgãos sexuais internos e seu corpo ainda não está totalmente preparado para uma gestação. Desta forma complicações como hipertensão adquirida pela gravidez, pré-eclampsia e eclampsia podem ocorrer com maior frequência entre as gestantes adolescentes. A pesquisa faz-se ainda necessária para enriquecer o acervo literário que aborda o planejamento da assistência de enfermagem, em destaque as ações planejadas para gestantes de alto risco com hipertensão gestacional, facilitando diagnóstico da doença e alertando para a importância da investigação e devido acompanhamento desde a primeira consulta de pré-natal.

2. METODOLOGIA

A pesquisa realizada é uma revisão bibliográfica, e tem como base de matéria, artigos científicos, livros, e web sites confiáveis. De acordo Gil (2002), a pesquisa bibliográfica é realizada a partir de material já elaborado de “livros e artigos científicos, e periódicos atualmente disponibilizados na Internet”.

Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica que aborda o seguinte tema em saúde pública: A Importância da Assistência de Enfermagem no Diagnóstico da Hipertensão Induzida pela Gravidez em Gestantes Adolescentes.

O estudo desenvolvido tem como base de dados produções científicas que abordam o tema, existente em revistas indexadas nos bancos de dados da, Revistas de Enfermagem, Revista de Saúde Publica de São Paulo, Scielo, LILACS, produções literárias não indexadas via online como livros e periódicos de saúde, manuais e tratados de enfermagem e do Ministério da Saúde, que abordem a temática dentro de saúde pública sobre gestação na adolescência.

O dado coletado foi devidamente processado e analisado segundo as normas da ABNT – Agencia Brasileira de Normas Técnicas, vigente no Brasil. O softwer de computação utilizado para processar os dados foi o Microsoft Office Word (97/2003).

RESULTADOS

3.1. ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

De acordo Silva (2011) o profissional enfermeiro é o principal responsável pelo acolhimento da gestante na unidade de saúde, o qual realizará o acompanhamento do pré-natal. Sua consulta quando bem realizada é capaz de detectar alguns distúrbios ainda precoces, o que levará o profissional a direcionar a gestante ao melhor tratamento e acompanhamento pré-natal possível, a depender da gravidade até encaminhá-la ao pré-natal de alto risco.

Como já observado a assistência pré-natal é garantida a toda mulher independente da idade em que se encontra grávida, e tem por objetivo acolher a mulher desde o início da gravidez, com a garantia que, ao fim da gestação, a criança nasça de forma saudável o que irá refletir no bem estar materno e do neonato.

Uma atenção pré-natal e/ou puerperal qualificada e humanizada se dá por meio da inclusão de condutas acolhedoras e sem intervenções desnecessárias além do fácil acesso a serviços de saúde pública de qualidade, com ações que integrem todos os níveis da atenção à saúde: promoção, prevenção e assistência à saúde da gestante e do recém-nascido, desde o atendimento ambulatorial básico ao atendimento hospitalar para alto risco (BRASIL, 2006 B).

De acordo Minas Gerais (2006) o acolhimento da gestante na 1ª consulta pré-natal, tem como responsável a equipe de saúde da família, em toda sua área descrita. Está captação deve ser realizada pelos Agentes Comunitários de Saúde ou pela própria mulher quando suspeitar de uma suposta gravidez. Com o resultado de exame comprovando de gravidez, o profissional médico ou enfermeiro faz o cadastramento da gestante no Programa de Humanização do Pré-Natal – PHPN, preenchendo a ficha do SISPRENATAL, o qual proverá um número que será anotado no cartão da gestante. Esse número corresponde a sua identificação no sistema.

Alguns passos iniciais devem ser adotados pelo profissional de saúde, desde a primeira abordagem à gestante, principalmente se está for adolescente, essas medidas transmitem segurança e conforto para futura mãe. Segundo Brasil (2006) as medidas básicas são: vínculo da gestante à maternidade de referência ainda no inicio do pré-natal, deve ser orientada quanto à procura do serviço em casos de emergência e trabalho de parto; o enfermeiro deverá registrar o nome da unidade de saúde de referência no cartão da gestante, e embora não seja comum nas unidades do SUS, a gestante agendar uma visita a esta unidade com antecedência para conhecer o local do seu parto.

Minas Gerais (2006) reitera a ideia do autor acima citado, enfatizando as medidas de enfermagem que visam o cadastramento e abertura de prontuário da gestante com preenchimento correto de cada dado, e a cada consulta o médico ou enfermeiro deverá reavaliar a classificação de risco gestacional a que se encontra a gestante, valendo-se dos dados clínicos e laboratoriais obtidos na consulta. Em comum às consultas, deve ser realizada de forma a promover ações educativas de grupo de gestantes, com objetivo de esclarecer conceitos ou tirar dúvidas, bem como preparar a gestante para o momento do parto e aleitamento materno exclusivo por 06 (seis) meses, além da realização de visitas domiciliares sempre que possível e necessário.

Conforme as orientações de Brasil (2006 B) as demais consultas de rotina pré-natal devem seguir um roteiro bastante simples e objetivo com: revisão da ficha pré-natal; anamnese atual sucinta; verificação do calendário de vacinação, realização de medidas antropométricas, sinais vitais e orientações quanto a alimentação adequada e incentivo a prática de atividades física.

No que se refere aos controles maternos da gestante registrados no cartão pré-natal e prontuário da paciente, é dado grande relevância para os seguintes dados: cálculo da idade gestacional, pesagem, cálculo IMC (Índice de Massa Corpórea), registro no gráfico do cartão, aferição de PA, palpação obstétrica com manobra de Leopold com anotação no gráfico e registro nas mensurações do cartão para que se possa observar a curva decrescimento fetal, realizar pesquisa de edema em região facial, orbital, sacral e MMII membros inferiores e análise dos exames laboratoriais (incluindo o de HIV), adotando conduta de orientação ou encaminhamento de acordo alterações e achados a cada consulta. É importante ressaltar que todos estes dados e mensurações deverão estar devidamente anotados no cartão pré-natal, para que na hora do parto a equipe assistente possa fazer uso destas informações. (MINAS GERAIS,2006).

Segundo Brasil (2006B), os controles fetais são de grande importância para avaliação da gestação e podem nortear condutas de enfermagem ou médica. São procedimentos de rotina do controle fetal durante a gestação: ausculta dos batimentos cardíacos e avaliação dos movimentos percebidos pela mulher e/ou detectados no exame obstétrico.

As condutas adotadas pelos médicos ou enfermeiros durante o pré-natal são norteados segundo achados clínicos ou laboratoriais e exames de imagem, (ultrassonografia), a qual e de grande importância. Deverão ser avaliados e analisados durante o controle materno e fetal, a conduta deve levar em conta: interpretação dos dados de anamnese, exame obstétrico e exames laboratoriais com solicitação de outros, se necessários; tratamento de alterações encontradas; prescrição de suplementação de sulfato ferroso (40 mg /dia) e ácido fólico (5 mg/dia), para prevenção da anemia; orientação alimentar e encaminhamento à nutricionistas caso seja necessário; acompanhamento simultâneo de especialistas e equipe de PSF programa de saúde familiar para gestantes de risco; grupos educativos específicos por faixa etária, ex: os grupos educativos para adolescentes devem ser exclusivos dessa faixa etária, abordando temas de interesse do grupo. Recomenda-se dividir os grupos em faixas de 10-14 anos e de 15-19 anos, para obtenção de melhores resultados; e finalizar com agendamento de consultas subsequentes (BRASIL,2006B; MINAS GERAIS, 2006).

Os exames laboratoriais básicos incluem: ABO/Rh (Grupo Sanguíneo), VDRL (Reação de Wassermann. Sorologia para Lues)., glicemia de jejum, hemograma, urina – 1, Coombs Indireto, toxoplasmose, citomegalovirus, HBsAg (Antigeno Austrália Hepatite B), Anti-HIV (BRASIL, 2006 B). Embora não seja prioritária a ultrassonografia obstétrica pode ser realizada caso o profissional ache necessário (Minas Gerais, 2006).

3.2. GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

A adolescência é a fase do desenvolvimento humano que compreende as idades segundo alguns autores, entre 10 aos 19 anos. O E.C.A. (1990), determina no Artigo 2º, que é considerado adolescente todo individuo que apresenta faixa etária entre 12 e 18 anos de idade.

Segundo WHO (1986, apud Aquino, 2003), a adolescência tem despertado grande interesse, tanto na mídia, quanto no âmbito das políticas públicas. Na área de saúde, a delimitação de necessidades dos jovens tem se apoiado em uma definição de adolescência de base etária (10 aos 19 anos), período que se considera como caracterizado por grandes transformações físicas, psicológicas e sociais.

Durante esta fase de grandes transformações aparecem diversos conflitos psicológicos os quais irão agravar em função das alterações hormonais inerentes à idade. Junto a estes problemas acrescentam-se as D.S.T.s, doenças sexuais transmissíveis gestação precoce, dependência familiares, dentre outros fatores psicossociais. O aparecimento de uma gravidez indesejada ou até mesmo planejada nesta fase implicará em maiores conflitos.

De acordo Yazlle (2006) a análise do perfil de morbidade desta faixa da população tem revelado a presença de doenças crônicas, transtornos psicossociais, fármaco-dependência, doenças sexualmente transmissíveis e problemas relacionados à gravidez, parto e puerpério. Mesmo estes adolescentes não estado preparados para enfrentarem tais dificuldades.

Como é possível observar, são diversos os problemas enfrentados pelos adolescentes no mundo moderno, no entanto, um dos problemas mais preocupantes e conflitantes nesta faixa etária é a gestação principalmente quando esta for indesejada e permeada de dificuldades, o que irá refletir de maneira negativa na vida desta adolescente, bem como de sua família. Uma gravidez nesta fase da vida, acarreta diversos problemas e consequências para o adolescente, a saber, os problemas sociais, pois, contribui para evasão escolar e interfere diretamente na qualificação para o mercado de trabalho ao chegar a idade adulta (CABRAL, 2003).

Segundo Siqueira (1986), desde 1980 tem sido fartamente evidenciado um aumento do número de gestações em adolescentes, com um aumento concomitante de complicações dessas gestações, o que levou, por exemplo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) a caracterizar a gravidez na adolescência com um importante fator de risco para os jovens. Fato este que nos leva a refletir sobre o papel do enfermeiro como educador, já que este agrega as suas funções as de orientar e conscientizar estas adolescentes.

A OMS passou a preocupar-se com a nova realidade do ponto de vista sexual em que se encontravam os adolescentes na década de 1980, visto que o liberalismo sexual nesta década foi bastante intenso.

Segundo Sterra & Medine (2000) uma gravidez precoce pode acarretar varias consequência para á adolescente tanto na vida social quanto em sue processo de escolaridade o que vai interferir em seu mercado de trabalho na idade adulta

A adolescência desperta grande interesse na mídia e nas políticas sociais. Em especial a partir de 1985, quando a ONU (Organização das Nações Unidas) declarou este ano como Ano Internacional da Juventude, sendo iniciado diversas ações em todo mundo voltada para necessidades sociais dos adolescentes que constituiriam a nova geração do terceiro milênio. Esse processou refletiu mudanças sociais na vida dos jovens, no sentido de reservar e priorizar seu tempo para estudos, com objetivo de melhor prepará-lo para o mercado de trabalho (AQUINO, 2003).

Jesus (2000) conclui que a estrutura familiar é caracterizada como o grande e fundamental diferencial para o bom desenvolvimento mental e físico do adolescente, pois, constatou que os jovens passam a sentir-se excluídos ainda no seio familiar, o que deixa um vazio. Os pais na sua maioria não sabem instruir de maneira adequada seus filhos, muitas vezes pelo nível cultural e responder sobre seus anseios e dúvidas o que suscita um vazio e induz o adolescente empreender atitudes inconsequentes, inclusive a pratica sexual precoce.

A atenção ao pré-natal é direito de toda mulher independente de sua faixa etária, no entanto, quando se trata de adolescente, o ECA (1990) no Art. 7, assegura o direito ao pré-natal na adolescência, uma vez que estas gestantes deverão ter uma assistência diferenciada, onde o enfermeiro deverá dar uma atenção maior a estas gestantes, devido aos riscos que está gestação implicará pelo fato desta ser apenas uma adolescente.

Segundo Brasil (2006 B) o principal objetivo da atenção pré-natal e puerperal é acolher a mulher desde o início da gravidez, assegurando, ao fim da gestação, o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem-estar materno e neonatal.

Apesar de ser considerado um grave problema de saúde pública e despertar interesse da OMS, a gravidez na adolescência é bastante comum no contexto histórico e social, não apenas do Brasil, mas do mundo. Conforme Aquino (2003) a gravidez na adolescência não é um fenômeno recente, e historicamente, as mulheres vêm tendo filhos nessa etapa da vida, no entanto, encerram sua vida reprodutiva mais cedo através da laqueadura tubária.

Ademais, do ponto de vista cultural o que difere a gravidez na adolescência nos dias de hoje, da gravidez na adolescência na década de 60 são os meios e os motivos pelo qual ela ocorre. Segundo HEILBORN (1998) a sexualidade e o modo como ela têm sido caracterizados possui uma dimensão relevante para os sujeitos na modernidade, é clássico desse modo distintivo de ser, presente nos grupos populares, o que contradiz com os adolescentes da década de 60 onde a sexualidade era algo proibido para as mulheres.

Um conjunto de experiências marca a vida do adolescente, tais como: o desenvolvimento do autoconhecimento, que dá origem aos sentimentos de autoestima e de questionamento dos valores dos pais e dos adultos em geral; os impulsos sexuais ganham uma expressão mais efetiva em virtude da maturação física; e a percepção do início da potencialidade de procriação. Entretanto, esse processo se dá de forma diferenciada de acordo com a história de vida de cada adolescente e do grupo sócio-econômico no qual está inserido (ARCANJO, 2007). Fica claro que com uma maior exposição e liberalidade da sexualidade feminina, os riscos para gestação na adolescência são bem maiores e apresentam problemas socioculturais bem diferentes do que nos meados do século XX.

Um fator a ser destacado na gestação em adolescentes é que na maioria das vezes a gestação não foi desejada ou programada. Segundo Aquino (2003) A primeira gravidez na adolescência, a ampla maioria dos jovens entrevistados (85,6% dos homens e 70,3% das mulheres) não estavam pretendendo engravidar, ou sequer pensava no assunto; porém, somente 36,3% dos rapazes e 31,4% das moças declararam estar em uso de contracepção por essa ocasião. O que denota, falta de conscientização e de orientação familiar.

Segundo Cabral (2003), os dados epidemiológicos revelam queda nas taxas de fecundidade entre 15 e 19 anos, sendo maior entre as mulheres de 20 a 24 anos. Porém, durante os anos 80 foi observado um aumento nas taxas de fecundidade no grupo das mulheres entre 15 e 19 anos e decréscimo nas taxas entre 20 e 24 anos.

Segundo Gama (2001) a gravidez na adolescência tem sido alvo de preocupação para os profissionais de saúde e governantes, não só em países pobres, mas também nos desenvolvidos. Nos Estados Unidos, o problema da gravidez precoce tomou tamanha proporção que, em 1996, foi considerada epidêmica.

De acordo Yazlle (2003) reitera a pesquisa do autor acima citado ao dizer que os Estados Unidos já se preocupavam com o problema na década de 80 do século passado, aonde seus índices de gestantes e adolescentes grávidas chegavam a 8,8% em 1980 para 9,6% em 1990, na população de 15 a 19 anos e, de 7,4% em 1980 para 8,4% em 1990, na população com menos de 15 anos. No Brasil tem sido referido um aumento da incidência da gravidez nesta faixa etária, com cifras que vão de 14 a 22%.

Segundo Minas Gerais (2006) entre os fatores de risco para gestação o risco etário compreende um dos mais importantes para as mulheres em idade fértil abaixo de 17 anos (adolescentes) e acima de 35 anos. Fica claro que a gestação na adolescência é um risco para saúde da adolescente e por consequência para o feto. Porem, a realidade é que a equipe multidisciplinar tem que aprender a conviver com esta realidade e continuar intensificando as ações de educação em saúde e planejamento familiar. É provável que com o programa de saúde na escola abordando a sexualidade, a incidência de adolescentes grávidas possa diminuir em alguns anos.

3.3. HIPERTENSÃO: “Um inimigo Silencioso”

De acordo Brasil (2006 A) deverá ser caracterizado como portador da Hipertensão Arterial (HA) qualquer individuo que apresente pressão sistólica persistente com valores de pressão sistólica igual ou maior que 140mmHg, e diastólica igual ou maior que 90mmHg.

A hipertensão pode ocorrer por diversas causas, e os fatores contribuintes podem ser: sedentarismo, alimentação rica em sódio e gorduras, estresse, e doenças de base como nefropatias, distúrbios circulatórios, e obesidade, fatores genéticos, entre outros. (BRASIL, 2006 A).

A HA é uma enfermidade de origem multicausal e multifatorial, decorrente da influência de vários fatores que surgiram com a evolução da humanidade. A grande prevalência de HA e de seus fatores de risco multiplicam os riscos de problemas cardiovasculares, contribuindo para incrementar as taxas de morbimortalidade e os custos sócios econômicos (CONVERSO, 2005).

Um dos principais fatores de risco para complicações cardiovasculares é a hipertensão arterial, pois está atua diretamente na parede das artérias, podendo produzir lesões. Daí a importância do tratamento anti-hipertensivo na redução da morbidade e mortalidade cardiovasculares, principalmente na prevenção de acidentes vasculares, insuficiência cardíaca e renal. Quando ocorre na gestação a hipertensão é fator de grande relevância e preocupação para as gestantes e profissionais de saúde que acompanham o seu pré-natal. (PESSUTO, 1998).

A hipertensão arterial pode ser detectada durante o exame físico do paciente e diagnosticada após monitoramento diário com valores frequentes a partir de 140 X 90 mmhg. Durante o exame físico deve-se dar atenção também a frequência cardíaca e ritmo do pulso apical e periférico, pois um histórico completo fornece informações valiosas sobre a gravidade da hipertensão e possíveis sistemas afetados por ela. É importante ressaltar que a hipertensão influenciará também nos hábitos sociais diários do indivíduo (SMELTZER, et al, 2005)

De acordo Minas Gerais (2006) é muito importantes detectar o estado hipertenso precocemente com o intuito de evitar e/ou prevenir maiores riscos maternos e neonatais.

3.4. HIPERTENSÃO NA GESTAÇÃO

De acordo Ziegel e Cranley (1985) a hipertensão é uma das complicações séria e mais comum da gravidez, ocorrendo em aproximadamente 7% de todas as gestações, e é responsável por 15 a 20% da mortalidade materna, assim como contribui significativamente para a morbidez e para mortalidade perinatal.

Segundo Minas gerais (2006) são determinados como quadros hipertensivos ou crise hipertensiva gestacional, alterações sistólicas e diastólicas a partir de 20 (vinte) mmHg para mais. Neste caso pode-se presumir que, uma gestante que inicie seu pré-natal com PA de 100x60 mmHg, e a partir da 24ª ou 25ª semana de gestação passe a apresentar PA de 120x80 mmHg, pode estar apresentando quadro hipertensivo significativo, e deve ser acompanhada mais de perto como gravidez de risco, porém de acompanhamento em PSF, alternando em consultas médicas e de enfermagem.

No entanto, parâmetros adotados na Austrália e Estados Unidos, são apenas os valores absolutos de PA igual ou maior que 140x90 mmHg, pois segundo seus estudos, aproximadamente 75% das gestantes normotensas apresentam alterações de até 30mmHg na PA (VALÉRIO, 2005).

Conforme Costa et al (2005) as doenças cardiovasculares são as causas mais frequente de mortalidade materna indireta, ou seja, devido a enfermidades não obstétricas. Os distúrbios hipertensivos da gestaçãoincidem em 7,5% das gestantes brasileiras, e considera-se como hipertensão arterial na gravidez a constatação de uma pressão arterial sistólica (PAS) > 140 mmHg e/ou pressão arterial diastólica (PAD) > 90 mm Hg, medida em paciente após um período em repouso.

Cordovil (2003) afirma que a hipertensão arterial sistêmica é a mais frequente complicação e a principal causa de morbi-mortalidade na gestação. Durante o período gestacional cinco formas de hipertensão arterial são mais expressivas: Hipertensão Arterial Crônica, Hipertensão Gestacional ou Induzida pela Gravidez, Pré-eclampsia, Pré-eclampsia Superimposta e Eclampsia.

De acordo Costa, et al (2005), na gestação, os objetivos terapêuticos incluem a sobrevida fetal e materna, além de manutenção do peso fetal adequado ao nascimento, baixa incidência de complicações e prevenção de eclampsia. O principal fator determinante de um bom prognóstico perinatal para as gestantes com HAS é o início precoce e uma atenção diferenciada no pré-natal. A determinação correta da idade gestacional e do comprometimento sistêmico da HAS, mediante fundos copia ocular, eletrocardiograma, prova de função renal e rastreamento do diabete, são extremamente fundamentais. Além disso, é importante estar atento para o crescimento fetal e sinais de surgimento da pré-eclâmpsia.

As síndromes hipertensivas são classificadas como hipertensão induzida pela gravidez opôs 20 semanas de gestação, sem presença de proteinúria. Pré-eclampsia é diagnosticada 20 semanas após a gestação com presença de proteinúria > 300mg/24 horas. Hipertensão arterial crônica é a pressão arterial > 140x90mmhgantes da gestação e persiste após as 12 semanas do parto (OLIVEIRA, et al 2006)

Para se classificar estas categorias, muitas vezes haverá necessidade de um diagnóstico, pois a diferenciação dessas situações é difícil e as características podem variar de acordo com uma determinada população obstétrica a ser atendida (REIMBERG, 2002).

3.5. HIPERTENSÃO INDUZIDA PELA GRAVIDEZ

A elevação da pressão arterial concebe um problema de saúde comum com consequências generalizadas e algumas vezes devastadoras, quase sempre permanece assintomática até uma fase tardia de sua evolução. (REIMBERG, 2002).

Freire; Tedoldi (2009) conceitua hipertensão gestacional como sendo o aumento da PA que surge após as 20 semanas de gestação sem proteinúria que retorna ao normal após 12 semanas do parto. Pode representar ou preceder uma pré-eclampsia que não teve tempo de desenvolver proteinúria, ou ainda uma hipertensão crônica se a pressão arterial persistir elevada.

Segundo Valério (2005) a hipertensão transitória da gestação caracteriza-se pelo aumento da PA a partir da 20ª semana de gestação perdurando até a 12ª semana após a gestação, quando a pressão volta a apresentar níveis normais de antes da gravidez.

No entanto, para Ziegel e Cranley (1985) a hipertensão induzida pela gravidez é uma doença da última metade da gestação que se caracteriza por hipertensão, edema e proteinúria. Sua causa é de origem desconhecida, mas sabe-se que mulheres com mola hidatiforme também podem apresentar os sinais e sintomas. O estudo da etiologia da doença é dificultado em função da falta de animais para pesquisa, visto que a raça humana é a única suscetível à doença.

A hipertensão gestacional é a elevação da pressão arterial em consequência da gravidez, surgindo após a 20º semana de gestação é caracterizada pela presença da pressão sistólica acima de 150mmHg e pressão diastólica maior ou igual 90mmHg. Neste estágio não há a presença de proteinúria, quando associado pode evoluir para uma pré-eclâmpsia (SANTOS, 2009).

A eclampsia caracteriza-se por espasmo vascular extremo em todo corpo, convulsões clônicas, seguidas algumas vezes por coma, acentuada redução do débito renal, disfunção hepática, hipertensão frequentemente extrema e condição tóxica generalizada do corpo. Em geral, ocorre antes do nascimento da criança. Sem tratamento alta porcentagem de mães com eclampsia morre. Todavia, com o uso adequado e imediato de agentes vasodilatadores de ação rápida para reduzir a pressão arterial até seu valor normal, seguido da interrupção imediata da gravidez por cesariana se necessário (GUYTON E HALL, 2002).

Para Wannmacher (2004) a hipertensão gestacional ocorre em cerca de 10% da gravidez em primíparas normotensas. Consiste em pressão arterial elevada que aparece após a vigésima semana da gravidez e costuma desaparecer até dez dias após o parto (hipertensão transitória). Não se acompanha de proteinúria e, em geral, tem bom prognóstico, mas pode progredir para pré-eclâmpsia ou eclampsia (uma em cada quatro gestantes com esse tipo de hipertensão).

Quanto ao tratamento, Wannmacher (2004) recomendada durante a gestação o não uso de medicamentos, com monitorização de sinais de pré-eclâmpsia. Caso seja necessário, a droga mais recomendada é o metildopa, sulfato de magnésio e o metoprolol. De acordo estudos, não houve alterações significativas quanto ao apgar ou interferências na idade gestacional, no entanto, o metoprolol e o metildopa são mais bem tolerados.

Segundo Lavinha (2002); Borges & Costa (2006), a hipertensão transitória na gestação tem como fatores de risco a dieta e os estilos de vida, além da obesidade. Entre outros fatores contribuintes tem-se: baixo nível de atividade física; elevado consumo de sódio; baixo consumo de potássio. E caso o excesso de gordura seja distribuído a nível central, há uma relação direta entre a obesidade e o aumento da tensão arterial, sendo importante a perda de peso para a redução da pressão.

Reimberg e Tocci (2002) afirmam que a hipertensão transitória da gravidez apresentam possíveis causas ou contribuintes, fatores hormonais, nutricionais, imunológicos e genéticos.

Os sinais e sintomas mais comuns e de grande importância para suspeita diagnóstica são: edema facial e das mãos, aumento súbito do peso com ganho superior a 500g por semana, proteinúria (após os outros sintomas), (ZIEGEL & CRANLEY, 1985).

Durante a abordagem pré-natal, o enfermeiro que realiza o acompanhamento deve também realizar orientações nutricionais e estar atento às alterações de peso que possam levar a complicações graves durante a gestação (BRASIL, 2006b). A suspeita diagnóstica diferencial da hipertensão gestacional pode ser investigada mediante exames laboratoriais de glicose, uréia, creatinina, acido úrico, hemoglobina, plaquetas e urina tipo 1. A evolução clínica da gestante vai definir a necessidade de mais exames que determinem também função hepática como TGO (transaminase oxalacética), TGP (transaminase pirúvica), DHL (desidrogenase lática), bilirrubina, proteínas totais e frações. Porém, o diagnóstico de hipertensão induzida pela gravidez só poderá ser fechado após 12 semanas do parto.

De acordo Ziegel e Cranley (1985) a cura para hipertensão induzida pela gestação é o parto, porém, durante o parto e no pós-parto, alguns procedimentos são de grande valia durante a assistência de enfermagem, entre eles, o repouso no leito em decúbito lateral esquerdo durante o trabalho de parto, no período de contração no pré-parto, que promove um melhor retorno venoso, diurese e maior aporte sanguíneo uterino.

Acrescenta-se aos cuidados, a terapia medicamentosa com as drogas: metildopa, dose mínima 750 mg e máxima 2,0 mg; hidralazina com dose mínima de 30 mg e máxima 300 mg; nifedipina, sendo a dose mínima de 20 mg e máxima 60 mg. Todas as medicações sob prescrição médica (BRASIL, 2000).

De acordo Reimberg e Tocci (2002) a prevenção da hipertensão gestacional passa pela dieta que deve ser rica em cálcio (combate o vaso espasmo arteriolar), normossódica, hiperprotéica, hipolipídica, hipoglicemia e rica em vitaminas e sais minerais, repouso.

3.6. FISIOPATOLOGIA DA HIPERTENSÃO GESTACIONAL

As síndromes hipertensivas da gravidez, nos países desenvolvidos, ocorrem entre dois e 8% das gestações, podendo, no Brasil, chegar a 10% ou mais, representando a terceira causa de morte materna no mundo e a principal causa de morte materna no Brasil (SOUZA, et al 2009).

Em países em desenvolvimento como o Brasil, as causas de mortalidade materna mais comuns são a hipertensão arterial, hemorragias e infecções, no entanto, em países já desenvolvidos, essas mesmas causas não são mais comuns quando se trata de morte materna (PARPINELLI, 2005).

Segundo Souza, et al (2009), as síndromes hipertensivas representam uma das alterações que ocorrem com maior freqüência na gravidez, encontrando-se entre as principais causas de morte materna e com elevada taxa de morbimortalidade perinatal no mundo.

As consultas de hipertensão na gravidez têm vindo a ter em número crescente de mulheres com obesidade e hipertensão crônica, cujo quadro pode agravar durante

a gravidez, complicando-se também de diabetes gestacional (CAMPOS, 2002).

Os avanços no conhecimento da fisiopatologia da hipertensão arterial nos últimos anos têm proporcionado uma melhor compreensão dos mecanismos que desencadeiam e agravam a hipertensão na gravidez, embora ainda se desconheça sua etiologia. Esta melhor interpretação fisiopatogênica tem permitido bases terapêuticas mais eficazes (PASCOAL, 2002).

Quanto à etiologia da hipertensão na gestação Peraçoli e Parpineli (2005) afirmam de forma semelhante que: “Apesar da sua importância em saúde pública, à etiologia da hipertensão que se manifesta na gestação (pré-eclâmpsia e hipertensão gestacional) permanece desconhecida”.

Campos (2002) descreve a fisiopatologia da hipertensão na gestação ao afirmar que a origem da doença reside na placenta existindo uma deficiente capacidade de invasão do lúmen das arteríolas espiraladas pelo citotrofoblasto extra-vilositário; assim, as arteríolas espiraladas, ao contrário do que sucede na gravidez normal, tornam-se vasos de alta resistência, reduzindo o fluxo de sangue ao espaço inter-viloso. A baixa perfusão e a hipoxia placentar originam stress oxidativo e disfunção endotelial com vaso-espasmo e repercussão na circulação sistêmica com lesão de múltiplos órgãos. Em todas as situações, a disfunção do endotélio origina isquemia multi-orgânica e agregação plaquetária com trombocitopenia.

Um dos sinais dessa síndrome é a hipertensão na gestação. De acordo Campos (2002), a vigilância no pós-parto imediato é importante, porque pode haver agravamento de alguns quadros neste período. A monitorização da tensão arterial deve fazer-se até as 12 semanas pós-parto, avaliando-se as situações em que a tensão arterial persiste após esse período.

3.7. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRÉ-NATAL

Segundo Amante (2009) para que se tenha uma assistência de enfermagem adequada e individualizada, é necessária a aplicação de uma sistematização de assistência de enfermagem baseada em uma teoria específica que seja do conhecimento de todos os profissionais da instituição que realizem o atendimento.

No que diz respeito ao planejamento da assistência de enfermagem, Andrade (2005) afirma que o enfermeiro ao planejar a assistência de enfermagem, garante sua responsabilidade junto ao cliente assistido, uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades do cliente, garante a prescrição adequada dos cuidados, além de orientar à supervisão do desempenho do pessoal, a avaliação dos resultados e da qualidade da assistência, pois norteia as ações. A sua aplicabilidade no processo de enfermagem, proporciona ao enfermeiro a possibilidade da prestação de cuidados individualizados, centrada nas necessidades humanas básicas, e serve de norteador para tomadas de decisões em diversas situações vivenciadas pelo enfermeiro enquanto gerenciador da equipe de enfermagem.

De uma forma bastante pontual, Brasil (2006 b) determina que a assistência pré-natal deva ser sistematizada, para melhor qualidade de atendimento às necessidades da gestante. Desta forma segue-se o seguinte roteiro de consulta e assistência pré-natal:

Na primeira consulta de pré-natal, deve ser realizada: Anamnese, abordando aspectos epidemiológicos, além dos antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos e obstétricos e a situação da gravidez atual. O exame físico completo, constando avaliação de cabeça e pescoço, tórax, abdômen, membros e inspeção de pele e mucosas. Exame ginecológico e obstétrico e nas consultas seguintes, a anamnese deverá ser sucinta, abordando aspectos do bem-estar materno e fetal. Deverão ser ouvidas dúvidas e ansiedades da mulher, além de perguntas sobre alimentação, hábito intestinal e urinário, movimentação fetal e curva uterina, além de interrogatória sobre a presença de corrimentos ou outras perdas vaginais (MINAS GERAIS, 2006).

As anotações deverão ser realizadas tanto no prontuário da unidade quanto no cartão da gestante. Em cada consulta, deve-se reavaliar o risco obstétrico e perinatal. Para auxiliar nesse objetivo, deve-se observar a discriminação dos fatores de risco no cartão de pré-natal, identificados pela cor amarela. A presença dessas anotações deverá ser interpretada pelo profissional de saúde como sinal de alerta (BRASIL, 2006b). Segue em anexo o roteiro das consultas de pré-natal preconizada pelo Ministério da Saúde.

De acordo Carpenito (2009), as intervenções de enfermagem nos casos de hipertenção gestacional devem conter: monitoramento da pressão arterial, peso diário e nível de edema, analise dos exames laboratoriais com ênfase aos níveis de proteinúria. Deve-se de forma simultânea atentar para distúrbios visuais, dispneia, diminuição do volume urinário, cefaleia, visão turva, náusea e vômito, alteração do nível de consciência e dor epigástrica. Esses indicadores podem indicar edema cerebral, pulmonar, deficiência gastrointestinal, renal e hepática.

Além dos cuidados hospitalares nestes casos e os cuidados de acompanhamento no pré-natal, é de grande importância a educação em saúde aos clientes e familiares de gestantes hipertensas, para prevenção de edemas e proteinúria. Pode-se orientar: repouso, aumento da ingestão de proteínas e medição com registro da ingestão de líquidos, eliminações e peso diário. A analise dessas informações durante um pré-natal é de grande relevância ao traçar ações que visem minimizar e controlar a hipertensão (CARPENITO, 2009).

4. DISCUSSÃO

Para Amante (2009) faz-se necessário assistência de enfermagem adequada e individualizada, assim como a aplicação de uma Sistematização de Assistência de Enfermagem (SAE), baseada em uma teoria específica que seja do conhecimento de todos os profissionais da instituição que realizem o atendimento.

A SAE é considerada um instrumento em que o enfermeiro deverá ter em mão para que possa nortear a assistência de enfermagem, tanto no pré-natal como no puerpério, de forma holística e individualizada a essas clientes. Ou seja, reafirma a idéia do autor acima citado, pois o profissional enfermeiro que sistematiza suas ações conseguirá sempre atuar de forma eficaz e responsável durante a consulta de pré-natal e/ ou puerperal, detectará prováveis distúrbios gestacionais, entre eles, a hipertensão gestacional transitória e poderá prescrever individualmente cada cliente respeitando sua individualidade e nível cultural.

Andrade, (2005) afirma que a assistência realizada através de ações planejadas e organizadas de promoção à saúde, prevenção de doenças e agravos é de responsabilidade do profissional enfermeiro (a), assim como o planejamento familiar e as ações educativas.

Através da pesquisa realizada pelo autor acima citado pode-se afirmar que é importante o profissional enfermeiro (a) entender quanto à importância de seu papel como educador e orientador conscientizando as clientes no planejamento familiar quanto ao uso de contraceptivos e preservativos, no pré-natal enfatizando os riscos a que essas gestantes estão expostas e como evitá-los no puerpério. A partir daí enfatizamos a realização da assistência de enfermagem, o que irá permitir um atendimento individualizado a estas gestantes de risco.

5. CONCLUSÃO

Entre os diversos distúrbios que podem ocorrer durante a gestação de uma adolescente, está a hipertensão transitória gestacional, além da hipertensão crônica, pré-eclampsia e eclampsia. A linha que diferencia uma da outra é muito tênue, o que torna necessário a assistência de enfermagem. Durante o estudo concluiu-se que gestantes adolescentes são mais suscetíveis a desenvolver distúrbios hipertensivos durante a gestação, isto ocorre, porque seu corpo ainda não está totalmente desenvolvido do ponto de vista biológico para uma gestação totalmente saudável. Entre os distúrbios hipertensivos a que se expõe uma gestante adolescente, a hipertensão transitória é a de mais difícil diagnóstico, porque pode aparecer após a 20ª semana de gestação e seguir até a 12ª semana de puerpério, sendo mais comum em mulheres normotensas, no entanto, seu diagnóstico diferencial só pode ser conclusivo após o puerpério tardio, servindo de base diagnóstica e direcionando a assistência para futuras gestações.

Concluiu-se que o autocuidado deve constituir um dos objetivos da assistência de enfermagem, por possibilitar a participação ativa do paciente no seu tratamento, dividindo com o profissional de enfermagem a responsabilidade na implementação da assistência e nos resultados. A sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é um dos meios que o enfermeiro dispõe para aplicar seus conhecimentos técnico-científicos e humanos na prática assistencial favorecendo o cuidado e a organização das condições necessárias para que sejam realizados.

Espera-se que o planejamento das ações da assistência de enfermagem deva considerar a participação da enfermeira na assistência à gestante no nível primário onde se deve enfatizar a realização do pré-natal de baixo risco e a identificar situações de agravos à saúde. Nesta conjuntura, sobressai-se o papel fundamental da enfermagem através da sistematização da assistência de enfermagem uma vez que este instrumento é utilizado com o intuito de garantir a identificação da clientela atendida o que possibilitará delinear o perfil epidemiológico da população assistida, ao mesmo tempo em que permite a preparação do plano assistencial para cada caso individualmente.

Os resultados descobertos apontam para a importância do preenchimento correto e completo dos diversos dados do prontuário, o que facilitará a realização da avaliação da qualidade da assistência prestada, a identificação dos indicadores de saúde, o perfil epidemiológico assim como a realização de pesquisas, que se apresentam como ferramentas preciosas para o progresso da qualidade da assistência à saúde da população, em particular, no que diz respeito à saúde da gestante, buscando a meta de obter melhores indicadores de saúde gestacional.

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ANEXO: ROTEIRO DAS CONSULTAS DE PRÉ-NATAL PRECONIZADA PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE.

ROTEIRO DA PRIMEIRA CONSULTA

História clínica (observar cartão da gestante)

• Identificação:

– nome;

– número do SISPRENATAL;

– idade;

– cor;

– naturalidade;

– procedência;

– endereço atual;

– unidade de referência.

• Dados socioeconômicos;

• Grau de instrução;

• Profissão/ocupação;

• Estado civil/união;

• Número e idade de dependentes (avaliar sobrecarga de trabalho doméstico);

• Renda familiar;

• Pessoas da família com renda;

• Condições de moradia (tipo, nº de cômodos);

• Condições de saneamento (água, esgoto, coleta de lixo);

• Distância da residência até a unidade de saúde;

• Antecedentes familiares:

– hipertensão arterial;

– diabetes mellitus;

– doenças congênitas;

– gemelaridade;

– câncer de mama e/ou do colo uterino;

– hanseníase;

– tuberculose e outros contatos domiciliares (anotar a doença e o grau

de parentesco);

– doença de Chagas;

– parceiro sexual portador de infecção pelo HIV.

• Antecedentes pessoais:

– hipertensão arterial crônica;

– cardiopatias, inclusive doença de Chagas;

– diabetes mellitus;

– doenças renais crônicas;

– anemias e deficiências de nutrientes específicos;

– desvios nutricionais (baixo peso, desnutrição, sobrepeso, obesidade);

– epilepsia;

– doenças da tireóide e outras endocrinopatias;

– malária;

– viroses (rubéola, hepatite);

– alergias;

– hanseníase, tuberculose ou outras doenças infecciosas;

– portadora de infecção pelo HIV (em uso de retrovirais? quais?);

– infecção do trato urinário;

– doenças neurológicas e psiquiátricas;

– cirurgia (tipo e data);

– transfusões de sangue.

• Antecedentes ginecológicos:

– ciclos menstruais (duração, intervalo e regularidade);

– uso de métodos anticoncepcionais prévios (quais, por quanto tempo e

motivo do abandono);

– infertilidade e esterilidade (tratamento);

– doenças sexualmente transmissíveis (tratamentos realizados, inclusive

pelo parceiro);

– doença inflamatória pélvica;

– cirurgias ginecológicas (idade e motivo);

– mamas (alteração e tratamento);

– última colpocitologia oncótica (papanicolau ou “preventivo”, data e resultado).

• Sexualidade:

– início da atividade sexual (idade da primeira relação);

– dispareunia (dor ou desconforto durante o ato sexual);

– prática sexual nessa gestação ou em gestações anteriores;

– número de parceiros da gestante e de seu parceiro, em época recente ou pregressa;

– uso de preservativos masculino ou feminino (uso correto? uso habitual?).

• Antecedentes obstétricos:

– número de gestações (incluindo abortamentos, gravidez ectópica, mola

hidatiforme);

– número de partos (domiciliares, hospitalares, vaginais espontâneos,

fórceps, cesáreas – indicações);

– número de abortamentos (espontâneos, provocados, causados por DST,

complicados por infecções, curetagem pós-abortamento);

– número de filhos vivos;

– idade na primeira gestação;

– intervalo entre as gestações (em meses);

– isoimunização Rh;

– número de recém-nascidos: pré-termo (antes da 37ª semana de gestação), pós-termo (igual ou mais de 42 semanas de gestação);

– número de recém-nascidos de baixo peso (menos de 2.500 g) e com mais de 4.000 g;

– mortes neonatais precoces: até sete dias de vida (número e motivo dos óbitos);

– mortes neonatais tardias: entre sete e 28 dias de vida (número e motivo dos óbitos);

– natimortos (morte fetal intra-útero e idade gestacional em que ocorreu);

– recém-nascidos com icterícia, transfusão, hipoglicemia, ex-sangüíneotransfusões;

– intercorrências ou complicações em gestações anteriores (especificar);

– complicações nos puerpérios (descrever);

– história de aleitamentos anteriores (duração e motivo do desmame).

• Gestação atual:

– data do primeiro dia/mês/ano da última menstruação – DUM (anotar certeza ou dúvida);

– peso prévio e altura;

– sinais e sintomas na gestação em curso;

– hábitos alimentares;

– medicamentos usados na gestação;

– internação durante essa gestação;

– hábitos: fumo (número de cigarros/dia), álcool e drogas ilícitas;

– ocupação habitual (esforço físico intenso, exposição a agentes químicos e físicos potencialmente nocivos, estresse);

– aceitação ou não da gravidez pela mulher, pelo parceiro e pela família, principalmente se for adolescente;

– identificar gestantes com fraca rede de suporte social.

II. Exame físico

• Geral:

– determinação do peso e da altura;

– medida da pressão arterial (técnica no item 8.3);

– inspeção da pele e das mucosas;

– palpação da tireóide e de todo o pescoço, região cervical e axilar (pesquisa de nódulos ou outras anormalidades);

– ausculta cardiopulmonar;

– exame do abdômen;

– exame dos membros inferiores;

– pesquisa de edema (face, tronco, membros).

• Específico (gineco-obstétrico):

– exame clínico das mamas (ECM). Durante a gestação e amamentação, também podem ser identificadas alterações, que devem seguir conduta específica, segundo as recomendações do INCA. Realizar orientações para o aleitamento materno em diferentes momentos educativos, principalmente se for adolescente. Nos casos em que a amamentação estiver contra-indicada – portadoras de HIV/HTLV –, orientar a mulher quanto à inibição da lactação (mecânica e/ou química) e para a aquisição de fórmula infantil;

– palpação obstétrica e, principalmente no terceiro trimestre, identificação da situação e apresentação fetal;

– medida da altura uterina;

– ausculta dos batimentos cardíacos fetais (com sonar, após 12 semanas, e com estetoscópio de Pinard, após 20 semanas);

– inspeção dos genitais externos;

– exame especular e toque vaginal de acordo com a necessidade, orientados pela história e queixas da paciente, e quando for realizada coleta de material para exame colpocitológico;

– o exame físico das adolescentes deverá seguir as orientações do Manual de Organização de Serviços para a Saúde dos Adolescentes.

III. Exames complementares

Na primeira consulta, solicitar:

– dosagem de hemoglobina e hematócrito (Hb/Ht);

– grupo sangüíneo e fator Rh;

– sorologia para sífilis (VDRL): repetir próximo à 30ª semana;

– glicemia em jejum: repetir próximo à 30ª semana;

– exame sumário de urina (Tipo I): repetir próximo à 30ª semana;

– sorologia anti-HIV, com consentimento da mulher após o “aconselhamento

pré-teste”. Repetir próximo à 30ª semana, sempre que possível;

– sorologia para hepatite B (HBsAg), de preferência próximo à 30ª semana de gestação, onde houver disponibilidade para realização;

– sorologia para toxoplasmose, onde houver disponibilidade.

Outros exames podem ser acrescidos a essa rotina mínima:

protoparasitológico: solicitado na primeira consulta;

colpocitologia oncótica: muitas mulheres freqüentam os serviços de saúde apenas para o pré-natal. Assim, é imprescindível que, nessa oportunidade, seja realizado esse exame, que pode ser feito em qualquer trimestre, embora sem a coleta endocervical, seguindo as recomendações vigentes;

bacterioscopia da secreção vaginal: em torno da 30ª semana de gestação, particularmente nas mulheres com antecedente de prematuridade;

sorologia para rubéola: quando houver sintomas sugestivos;

urocultura para o diagnóstico de bacteriúria assintomática;

eletroforese de hemoglobina: quando houver suspeita clínica de anemia falciforme;

ultra-sonografia obstétrica: onde houver disponibilidade.