RELATORIO DE ESTAGIO SUPERVISIONADO IV NOS CAPS II E CAPS - AD

Data de postagem: Oct 29, 2016 6:26:13 PM

FACULDADES INTEGRADAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA

ELIOMÁRIA REIS DE SOUZA

RELATORIO DE ESTAGIO SUPERVISIONADO IV NOS

CAPS II E CAPS - AD

EUNÁPOLIS-BA

2016

ELIOMÁRIA REIS DE SOUZA

RELATORIO DE ESTAGIO SUPERVISIONADO IV NOS CAPS II e CAPS - AD

Trabalho apresentado ao curso de graduação em Enfermagem das Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia, como requisito para aprovação na disciplina do Estágio Supervisionado IV, orientado pelo Prof° Supervisor, Diego da Rosa Leal.

EUNÁPOLIS-BA

2016

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1.0 INTRODUÇÃO

A reforma psiquiátrica no Brasil foi muito importante para o avanço da humanização, na socialização e a quebra de pré-conceitos com as pessoas portadoras de transtornos mentais, muitas vezes rotuladas de loucas (SANTOS, 2013).

É um movimento histórico de caráter político, social e econômico influenciado pela ideologia de grupos dominantes. Tem como uma das vertentes principais a desinstitucionalização com consequente desconstrução do manicômio e dos paradigmas que o sustentam. A substituição progressiva dos manicômios por outras práticas terapêuticas e a cidadania do doente mental vem sendo objeto de discussão não só entre os profissionais de saúde, mas também em toda a sociedade (GONÇALVES; SENA, 2001)

O objetivo maior da Reforma Psiquiátrica é construir um novo modelo de estatuto social para os portadores de transtornos mentais, mostrando seus direitos como identidade social e cultural e além de retirar totalmente os manicômios (hospício), no qual o nome causa um grande impacto para o doente mental e também para a sociedade e também não há humanização e os pacientes são internados por meses/anos e muitas vezes são esquecidos la dentro. Os CAPS oferecem atendimento à população, desde infanto-juvenil até a terceira idade (SANTOS, 2013).

O SUS tem seu funcionamento organizado pelas Leis 8.080/90 e 8.142/90, editadas com a função de fazer cumprir o mandamento constitucional de dispor legalmente sobre a proteção e a defesa da saúde, dessa forma, torna-se imperativa a necessidade de estruturação e fortalecimento de uma rede de assistência centrada na atenção comunitária associada à rede de serviços de saúde e sociais, que tenha ênfase na reabilitação e reinserção social dos seus usuários, sempre considerando que a oferta de cuidados a pessoas que apresentem problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas deve ser baseada em dispositivos extra-hospitalares de atenção psicossocial especializada, devidamente articulado à rede assistencial em saúde mental e ao restante da rede de saúde (BRASIL, 2003).

2.0 CAPS AD

Iniciei o estagio no CPS AD no dia 11/08 e já senti que seria uma experiência enriquecedora. O espaço físico da unidade é bastante amplo, bem aconchegante e acolhedor. Fomos apresentados aos funcionários do serviço e as funções de cada um. A unidade compõe um médico psiquiátrico, uma enfermeira diretora, uma enfermeira assistencial, uma psicóloga, um farmacêutico, uma nutricionista, uma fisioterapeuta, um técnico de enfermagem, uma recepcionista, um vigilante, duas cozinheiras, e uma auxiliar de serviços gerais. Seu funcionamento é de segunda a sexta das 08:00 as 16:00hr, o serviço oferece café da manhã e almoço aos usuários, sendo este serviço “portas abertas” e cada cliente/paciente frequenta de acordo com o seu Projeto Terapêutico Singular (PTS) formulado pelos técnicos de referências. Nós ficávamos na unidade todas as terças-feiras, onde tínhamos total liberdade para realizar todas as atividades que pudesse vir a beneficiar no tratamento dos usuários. Durante todo o período de estagio observamos os atendimentos, auxiliamos nas atividades desenvolvidas (quando solicitado por algum profissional) realizamos dinâmicas em grupo, onde contávamos com um grande numero de participantes.

Cada terça tinha um líder do dia, responsável por um dos quatorze projetos do movimento Defensores do SUS, onde o mesmo nos passava as tarefas a serem realizadas ao longo do dia, tendo ele como suporte e supervisionado pelo professor Diego. Os usuários gostavam de participar, das dinâmicas, das rodas de conversas, atividades física, terapia de relaxamento corporal, pois segundo eles, o serviço não os oferecia muito que fazer pra eles, e geralmente eles passavam muito tempo desocupados, levando em consideração que a maioria deles tinha um quadro de ansiedade além de outras patologias. E Eram principalmente nesses momentos que a gente colocava nossos projetos em pratica. O meu projeto era o de numero 4(quatro) – Mobilização Social, que consistia em passar tanto para os profissionais, quanto para os pacientes, as pesquisas cientificas mais recentes, usados nos TCC’s relacionados á saúde mental, feita por alunos já formados na UNESULBAHIA, para atualização e aprimoramento do conhecimento, para capacitar e consequentemente a prestação de um atendimento qualificados aos usuários.

Pra mim, foi muito importante à passagem por essa unidade, pois a cada terça de estágio que eu fazia uma abordagem terapêutica individual ou em grupo, era uma historia de vida diferente que eu conhecia. Uma historia triste, de sofrimento, mais também, de força de vontade, de garra, de superação e em muitos depoimentos, de vitória. Relatos que serviam de exemplo pra outras pessoas que também estavam ali buscando um tratamento, uma melhoria na qualidade de vida, o que me dava mais vontade de ajudar, de intervir, de falar, de escutar, ajudando da forma que eu puder, quer seja como profissional, quer seja como voluntario, mais de alguma, forma ajudar!

Tentei desempenhar o meu papel de estagiaria da melhor forma possível, buscando fazer um acolhimento humanizado, para prestar um atendimento de qualidade e satisfatório para o paciente que passasse por mim. Dei o meu melhor ao realizar as atividades e sai de lá com a sensação de dever cumprido.

3.0 CAPS II

O CAPS II atende prioritariamente pessoas em intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida

A passagem pelo CAPS II também foi de grande aprendizado por vários motivos e situações. O espaço físico da unidade é ainda maior do que o CAPS AD, contendo além da piscina, um campo de futebol para serem desenvolvidas atividades com os pacientes. A equipe é composta pelos mesmos profissionais que contem no CAPS AD, porém a demanda é muito maior e requer muito mais dos funcionários. Foi acordada que os dias em que estaríamos na instituição sera nas quintas-feiras. Iniciamos no dia 16/08, a diretora e enfermeira Milza fez reunião com a gente e nos mostrou o funcionamento da unidade através de slides, onde a mesma nos passou as principais dificuldades como funcionária e gestora do serviço por conta da quantidade de funcionário com relação à demanda de pacientes. No mesmo dia ela conheceu os 14 projetos apresentados por nós e mostrou muito interesse, em especial pelo projeto de numero 2- Rede De Atenção Psicossocial (RAPS).

Em uma desses quintas, eu fui a líder e foi um dia de muito aprendizado, entre outras coisas, fiquei responsável por pegar os prontuários dos pacientes passados por Milza, a diretora. Estudamos os prontuários para conhecer o histórico do paciente, e consequentemente realizarmos algumas intervenções cabíveis dentro das nossas possibilidades, com a intenção de melhorar a qualidade de vida do paciente. Nesse período em que estivemos nessa instituição, não tivemos muito oportunidade de ter contato com alguns profissionais para acompanharmos o desenvolvimento de suas funções dentro da unidade, alguns muito ocupados e outros pouco acessíveis. Mais isso não foi motivo para não interagirmos com o maior numero de pacientes possíveis. Através de rodas de conversas, dinâmicas, oficinas, abordagem terapêutica individual e em grupo. Ressaltando que foi uma experiência grandiosa poder colocar em pratica todo conteúdo que tive na teoria de forma tão fiel.

Durante esse período de estágio tivemos a oportunidades de conhecer três lugares incríveis que desenvolvem um trabalho humanitário grandioso buscando o bem estar do próximo, usando as ferramentas que possuem pra realizarem tal feito. Um desses lugares é a associação Ciranda da Vida que serve de suporte para pessoas que está ou esteve com câncer e serve de apoio também para seus familiares. Na visita eu fui convidada pelo professor para apresentar os nossos projetos para a coordenadora psicóloga Vera, também fizemos a apresentação do prontuário eletrônico e da consulta de enfermagem sistematizada com demonstração de massagem terapêutica.

Outro lugar que visitamos no período do estagio foi o CAPS de Cabrália, onde também conhecemos o funcionamento da unidade, os principais casos e as potencialidades de vários dos usuários, e pude comparar os pontos mais fracos e os fortes nos diferentes locais de serviços de saúde relacionados a saúde mental. No mesmo dia eu apresentei para os Agentes Comunitários de Saúde os 14 projetos, com uma grande interação de todos eles. E ainda antes de encerrar o dia, fomos ate coroa Vermelha visitar o posto indígena e conhecer as ocas indígenas onde é realizada a massoterapia. Conhecemos vários projetos do professor Uburacy e também apresentamos os nossos pra ele e para os ACS ali presentes. Foi um dia muito produtivo de muito conhecimento.

4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante todo o tempo que passei nas unidades de saúde mental fazendo esse estágio, eu vivenciei experiências incríveis e descobrir que posso ajudar as pessoas muito mais do que eu imaginava. Aprendi na pratica todo o conteúdo ministrado na teoria convivendo com os usuários, e também percebi que um tratamento vai muito além de tomar medicação na hora certa, aprendi que a escuta, a palavra certa na hora certa pode diminuir a ansiedade, o medo, melhorar a expectativa de vida e entender que todos passam por problemas, mais , se tiver força de vontade e quiser, podem se livrar de tal situação. E dessa maneira, adquiri um conhecimento que será muito importante pra minha profissão e que eu levarei pra toda a vida. Vivenciei na pratica, as funções de um enfermeiro da saúde mental, realizando intervenções, implementações, cuidados com usuários, escuta ativa, oficinas, triagens, anotações e registro de evoluções. A partir desse estágio, eu descobrir a profissional, a líder, que existe dentro de mim e não vejo a hora de poder explorar de maneira mais ampla após a minha formação.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva Coordenação Nacional de DST e AIDS. A política do Ministério da Saúde para a atenção integral a usuários de Álcool e outras Drogas. Brasília. 2003.

BRASIL. Ministério da Saúde. Reforma Psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Brasília, novembro de 2005.

GONÇALVES, Alda Martins; SENA, Roseni Rosângela de. A REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL: CONTEXTUALIZAÇÃO E REFLEXOS SOBRE O CUIDADO COM O DOENTE MENTAL NA FAMÍLIA. Ribeirão Preto. 2005.

SANTOS, Felipe. Reforma Psiquiátrica no Brasil. Artigos Saúde Mental. 2013