Estresse ocupacional em motoristas de transporte escolar: ENFOQUE NA ATUAÇÃO PREVENTIVA DO ENFERMEIRO

Data de postagem: Dec 11, 2017 9:13:31 PM

Iolanda Santos Nogueira

Estresse ocupacional em motoristas de transporte escolar: ENFOQUE NA ATUAÇÃO PREVENTIVA DO ENFERMEIRO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Enfermagem das Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia como requisito final para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.

Orientador: Prof. Diego da Rosa Leal.

Eunápolis, BA

2017

Iolanda Santos Nogueira

Estresse ocupacional em motoristas de transporte escolar: ENFOQUE NA ATUAÇÃO PREVENTIVA DO ENFERMEIRO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Enfermagem das Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia como requisito final para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem

Prof. Esp. Diego da Rosa Leal (Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia)

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Prof. Esp. Johan Paulo Rodrigues da Silva (Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia)

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Prof.ª Mª Renata Soares Passinho (Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia)

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Prof.ª Esp. Maria Cristina Maques

Coordenadora do curso de enfermagem

Eunápolis-BA, 06 de dezembro de 2017

Dedico este trabalho aos meus pais, pelo carinho e compreensão e aos meus irmãos, Irma e Cleber, pelo apoio e incentivo que me deram força para começar e concluir essa jornada.

AGRADECIMENTOS

Gratidão. Essa é a palavra que sintetiza todos os meus sentimentos ao findar essa monografia. Foram muitas dificuldades nesse último ano, principalmente para encontrar a motivação necessária para continuar escrevendo e, em todos esses momentos, senti Deus me acalmando e guiando para que pudesse encontrar forças para continuar.

A confiança que meus pais depositaram em mim foi encantadora. Como ver meu pai se surpreender sobre meu crescimento e acreditar na profissional que seria. Assim como minha mãe, que tantas vezes ficou acordada para garantir que eu não dormisse sem comer e não ficasse acordada até tarde, lembrando que saco vazio não fica em pé. Essa é uma grande verdade.

Ao incentivo e apoio de todas as formas que meus irmãos me deram ao longo da vida, que tornou possível o meu crescimento. Meu irmão, que me ensinou a fazer as contas básicas de matemática ao orgulho de fazer minha matrícula da faculdade. Minha irmã, que sempre comemorava e colaborava em todas as minhas conquistas e até mesmo as datas que não lembrava ela fazia questão de transformar em momentos alegres do meu dia.

As amizades que encontrei e se fazem presentes na minha vida, que ajudaram a fazer esses anos mais leves. Paloma e Franciele, que mesmo morando em outras cidades, acompanharam todos os altos e baixos desses anos e me motivaram. Idalina com seu alto astral, que sempre se aventurava, desde topar ir de carona quando estava aprendendo a pilotar até a ler meus escritos; que junto com Marta, era garantia de risadas. Nossos almoços têm as melhores receitas.

Minha prirmandade, Lucas, Stephani e Irma, vocês são aqueles que acham que sou a pessoa mais inteligente e independente que tem, na resenha; mas são poucos os momentos que vocês não estavam presentes e garantindo que eu tiraria de letra. Minha cunhada, Lany, tem um lugar todo especial durante minha graduação, que chegou aos poucos e me ajudava em tudo, desde aquela carona para o estágio até a escova para as fotos de formatura. Deu um toque de alegria à nossa família.

À Secretária de Assistência Social por proporcionar que tivesse a liberação para o estágio, assim como a equipe do CRAS I, vocês foram essenciais para o meu crescimento profissional durante os últimos dois anos, que se reflete no meu pessoal.

Aos meus colegas de faculdade, em especial aos amigos: Emilly, Márcia, Carla, Gildete e Reginaldo, por fazerem as experiências de estágio momentos ímpares para minha formação. Assim como os professores da Unesulbahia, em especial a Johan Paulo e Samira Soares, por suas orientações essenciais na minha formação como enfermeira. Ao meu orientador, Diego Leal, pela sensibilidade com a produção desse trabalho.

As pessoas e palavras são muitas, mas se tornam essenciais nesse relato, porque apenas o entendimento que o ser humano tem de si mesmo não é suficiente para desempenhar um trabalho de excelência. Sendo através dessas percepções que me encontrei como profissional e compreendi sobre a atuação que desejo desenvolver. Com meu coração em paz encerro essa etapa para abrir as portas para novas oportunidades.

“A maior recompensa pelo nosso trabalho não é o que nos pagam por ele, mas aquilo em que ele nos transforma.”

John Ruskin

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACTH - Hormônio Adrenocorticotrófico

BIREME - Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde

BVS - Biblioteca Virtual em Saúde

CEREST - Centros de Referência em Saúde do Trabalhador

CONTRAN - Conselho Nacional de Trânsito

OMS - Organização Mundial de Saúde

RENAST - Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador

SAE - Sistematização da Assistência de Enfermagem

SCIELO - Scientific Electronic Library Online

SUS - Sistema Único de Saúde

TCI – Terapia Comunitária Integrativa

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RESUMO

O estresse, caracterizado como uma resposta geral do organismo a uma tensão que incapacita o individuo de obter respostas a alguma demanda, tem se tornado um assunto recorrente nos últimos anos por seu impacto na saúde, além de ser um potencial redutor da força de trabalho. Tendo em vista que algumas profissões são propensas ao seu desenvolvimento, como motoristas de transporte escolar; em decorrência de questões de macro e micro locais de trabalho. Portanto, a questão norteadora desse estudo foi: os motoristas de transporte escolar são vulneráveis ao estresse ocupacional? Sendo o objetivo desse estudo, analisar a atividade laboral do motorista de transporte escolar como determinante do estresse ocupacional, através de uma pesquisa de revisão bibliográfica. Sendo que através da discussão, foram evidenciados os resultados dessa pesquisa, de que esses motoristas são vulneráveis ao estresse ocupacional, necessitando de atendimento integral e holístico, que possibilite formas de enfrentamento das fontes estressoras e valorização destes profissionais. Concluindo assim acerca da importância do entendimento da estrutura e qualidade da saúde laboral desses profissionais no atendimento do enfermeiro nos serviços de saúde, por conta do seu papel na prevenção primária e na educação em saúde.

Descritores: estresse ocupacional, trabalhadores, prevenção, enfermagem.

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SUMÁRIO


1 INTRODUÇÃO 10

2 METODOLOGIA 13

3 ESTRESSE 15

3.1 FONTES OU FATORES CAUSADORES DE ESTRESSE 16

3.2 FASES DO ESTRESSE E EFEITOS SOBRE O ORGANISMO 18

4 RELAÇÃO HOMEM X TRABALHO E O ESTRESSE OCUPACIONAL 23

5 ESTRESSE OCUPACIONAL EM MOTORISTAS DE TRANSPORTE ESCOLAR. 28

6 PREVENÇÃO DO ESTRESSE OCUPACIONAL MEDIANTE ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO 33

7 DISCUSSÃO 39

8 CONCLUSÃO 43

REFERÊNCIAS 45

1 introdução

O estresse tem sido muito abordado nos últimos anos pelo seu impacto na saúde mental. Sendo que de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em torno de 90% da população é afetada pelo estresse. Dados que são significativos para o cuidado, em decorrência das manifestações do estresse e sua associação ao desenvolvimento de patologias. Tendo em vista, que além de interferirem no bem-estar, são redutoras da força de trabalho (MONTE et al., 2013).

O estresse no ambiente de trabalho passa a ser prejudicial quando o indivíduo não consegue enfrentá-lo, principalmente em profissões mais propensas ao seu desenvolvimento. Sendo uma dessas a de motorista de transporte escolar, pois inclui questões de macro e micro locais de trabalho. Respectivamente como trânsito e ônibus, pois o trânsito abrange o tráfego e normas próprias e o ônibus possui outras condutas específicas do automóvel, como ato de dirigir e relação com os passageiros. Estes fatores ocasionam desgastes à saúde do trabalhador (BATTISTON; CRUZ; HOFFMANN, 2006; SOUZA, 2013).

Esse panorama se torna relevante para o processo saúde-doença por comprometer a qualidade de vida desses indivíduos, seja no físico, social ou profissional. De forma que torne a prevenção do estresse uma medida relevante a ser investigada na saúde pública. Afinal, o estresse é assunto que reflete também na economia, pois de acordo com a OMS, 30% dos trabalhadores são acometidos por transtornos mentais relacionados ao exercício laboral desgastante e estressante (REIS; FERNANDES; GOMES, 2010; MIRANDA et al., 2009).

Assim, tanto o ambiente de trabalho quanto sua organização contribuem para o adoecimento, seja físico ou psíquico, principalmente quando o provocador é o estresse. Sendo que os motoristas de transporte escolar têm como agravante o fato de que a profissão no Brasil está em processo de regulamentação, principalmente pela exposição ao estresse que esses trabalhadores estão sujeitos (MARTINS; LOPES; FARINA, 2014).

Dessa forma, o problema de pesquisa desse estudo foi: por que os motoristas de transporte escolar são vulneráveis ao estresse ocupacional? Para que assim se possa ter um maior embasamento científico para abordar a atuação dos profissionais de saúde na prevenção de agravantes à saúde desses trabalhadores. Uma vez que os mesmos estão expostos a diversas fontes potencialmente estressoras intrínsecas a essa profissão, que pode torna-los vulneráveis ao estresse ocupacional.

Além disso, na sociedade pós-moderna, a palavra estresse é utilizada de forma corriqueira para relatar situações vivencias, sendo importante a compreensão do termo e seu impacto na saúde para ações de prevenção pelos enfermeiros. Tendo em vista que o estresse é fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis, que são redutoras da força de trabalho e potencialmente incapacitantes e dados relevantes para educação em saúde, levando em consideração que os enfermeiros são um dos principais agentes na prevenção primária (GONÇALVES et al., 2014).

Por isso, esse estudo tem como objetivo analisar a atividade laboral do motorista de transporte escolar como determinante para o estresse ocupacional. Considerando a importância para a saúde pública da realização de estudos que verifiquem a existência do estresse no ambiente laboral e como esse se desenvolve. De forma que sejam elaboradas ações de prevenção do estresse e promoção de um ambiente de trabalho saudável, a partir da compreensão dos aspectos trabalhistas.

Os motoristas de transporte escolar estão sujeitos a uma estrutura de trabalho desgastante, por isso, é importante identificar fontes estressoras, assim como as alterações fisiológicas provocadas pelo estresse. O que contribui na elaboração de medidas preventivas de atuação dos profissionais de saúde, em específico os enfermeiros, visto que estes profissionais são gestores das unidades de saúde e responsáveis pelo planejamento de cuidados. Possibilitando assim uma atenção à saúde efetiva com equidade, integralidade e universalidade.

Para tanto, o primeiro capítulo desse estudo abordará sobre o conceito de estresse, as fontes ou fatores causadores do mesmo, assim como as fases do estresse e seus efeitos sobre o organismo. No segundo capítulo é exemplificada a relação do homem e do trabalho com o estresse ocupacional, de forma que no terceiro capítulo seja descrito acerca do estresse ocupacional em motoristas de transporte escolar, tendo como foco a estrutura laboral desses motoristas. O quarto e último capítulo disserta sobre a atuação do enfermeiro referente à saúde do trabalhador nos principais serviços de saúde que atendem a esse público com relação à atuação preventiva do estresse ocupacional.

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2 metodologia

Esse estudo trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica sobre o estresse ocupacional em motoristas de transporte escolar, tendo como enfoque a atuação preventiva do enfermeiro. Sendo que uma pesquisa bibliográfica é descrita por Piana (2009) como a forma como se obtêm os dados necessários para uma pesquisa, mais do que sobre suas características. Tendo em consideração que esse é um procedimento metodológico que tem como base os materiais já elaborados sobre o tema, principalmente em livros e publicações científicas, podendo assim realizar uma ampla cobertura sobre o que já se produziu e registrou sobre o tema. Demonstrando assim o compromisso da qualidade da pesquisa, além de possibilitar o aprofundamento teórico que norteia o estudo.

A pesquisa foi norteada a partir de uma questão principal: os motoristas de transporte escolar são vulneráveis ao estresse ocupacional? Quais seriam os fatores causadores do estresse e qual seria o papel preventivo do enfermeiro frente a esse problema. Para tanto, as etapas para o desenvolvimento da revisão bibliográfica foram: escolha do tema, construção do problema, coleta de dados, descrição dos resultados com posterior discussão dos resultados.

O material para o desenvolvimento desse trabalho foi adquirido através da pesquisa na BIREME (Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde), por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), através de dados disponíveis na Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Com os seguintes descritores: estresse ocupacional, trabalhadores, prevenção e enfermagem. As portarias foram pesquisadas no Portal do Ministério da Saúde, e as monografias de pós-graduação e dissertações de mestrado nas bibliotecas virtuais das respectivas instituições.

Os livros utilizados encontram-se disponíveis na biblioteca da instituição de ensino UNESULBAHIA – Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia, bem como em acervo próprio. Durante essa coleta de dados foram estipulados critérios de inclusão das informações, sendo eles: publicações apenas em português nos últimos 10 anos (com exceção das legislações), publicações científicas relacionadas ao tema, publicações científicas completas e que atendam à pergunta norteadora da pesquisa.

Os critérios de exclusão são: não respondem à questão norteadora da pesquisa, publicações científicas que não continham o texto completo, publicações científicas em outros idiomas e pesquisas com mais de 10 anos. Para proceder com esses critérios foi realizada a leitura criteriosa das publicações científicas e livros, com posterior seleção de acordo com a relevância para o estudo. Após essa leitura e verificação da compatibilidade com os critérios de inclusão da pesquisa, o material desse estudo foi de: seis legislações, trinta e quatro artigos, seis livros, seis monografias de pós-graduação e duas dissertações de mestrado. O Office da Microsoft 2010, com o programa Word, foi utilizado para digitalização.

3 estresse

Na sociedade pós-moderna é cada vez mais presente à prevalência de doenças crônicas não transmissíveis relacionadas com o estilo de vida prático, em detrimento da qualidade de vida. Sendo que dentro desse contexto o termo estresse tem se tornando uma expressão comum para relatar as situações vivenciadas. Entretanto, há muitas dúvidas com relação à etiologia do estresse e como avaliá-lo por conta das diferentes abordagens nos campos de pesquisa (MARRAS; VELOSO, 2012; FRANÇA; RODRIGUES, 2013; SADIR; BIGNOTTO; LIPP, 2010).

Por conta disso, inicialmente é preciso definir que ao relatar que um indivíduo está com estresse, isso não significa uma doença, mas sim uma alteração psicofisiológica. Essa alteração sobrevém da percepção individual sobre tensões do ambiente que incapacitam o indivíduo de obter respostas a essas demandas, o que leva a diferentes formas de adoecimento. Essa concepção advém do estudo de Hans Selye: Stress, a tensão da vida, de 1936, e é utilizada como base para diversas pesquisas sobre estresse. Sendo assim, de acordo com Hans Selye (1936), o estresse pode ser entendido como uma resposta geral do organismo a uma tensão (SELYE, 1936 apud FRANÇA; RODRIGUES, 2013; MARQUES; ABREU, 2009; REIS; FERNANDES; GOMES, 2010).

Essa resposta seria através de uma sequência de fases denominada Síndrome de Adaptação Geral. De forma que o estresse ocorra a partir da necessidade de adaptação às exigências do ambiente. Ou seja, um agente estressor irá motivar uma necessidade de adaptação, podendo o indivíduo ter capacidade de responder ou não. Por isso que o estresse passa a ser considerado como algo inevitável na sociedade pós-moderna, porque grande parte da população não tem conhecimento de como responder aos agentes estressores (TAKAHASHI, 2009; SADIR; BIGNOTTO; LIPP, 2010).

Entretanto, a capacidade de resposta que o indivíduo tem sobre essa situação é o que determina se este será positivo ou negativo. Isso depende não apenas das condições internas do sujeito, como também do ambiente externo e de seu contexto sócio-histórico. Isso desencadeia dois processos do estresse, o eustresse e o distresse. O estresse como processo é a tensão que o indivíduo sofre diante da demanda, que leva a dois estados: o resultado positivo, que é o eustresse; e o estado negativo que é o distresse (FRANÇA; RODRIGUES, 2013; MARQUES; ABREU, 2009; OLIVEIRA et al., 2014).

Sendo assim, o eustresse é caracterizado como uma resposta física e mental capaz de responder à tensão vivenciada, promovendo a resiliência. Já o distresse é quando não se tem a resposta adequada para enfrentar e superar as demandas e tensões vivenciadas. Em virtude disso, o estresse passa a ser considerado algo danoso ao organismo quando se tem a exposição contínua de agentes estressores que incapacitam o indivíduo de ter as respostas adequadas (OLIVEIRA et al., 2014).

Tendo em vista que a exposição contínua a agentes estressores provoca constante tensão no indivíduo, a recorrência pode levá-lo a não ter respostas a essas demandas e ao consequente estado de estresse. Por conseguinte, o estresse pode ser definido como agudo ou crônico e essa definição se dá de acordo com duração dos agentes estressores (NOGUEIRA, 2010; TANNO; MARCONDES, 2002).

Isso ocorre porque o estresse agudo se desenvolve em consequência a estímulos com duração de minutos a até no máximo poucos dias; em situações inesperadas, como no caso de catástrofes naturais e atentados terroristas. Já o estresse crônico se desenvolve em consequência de estímulos que persistem de horas a dias. Essa continuidade dos agentes estressores pode ser de poucas horas diariamente, mas com duração de vários dias. Sendo alguns dos casos o de depressão e tensão no trabalho (NOGUEIRA, 2010; TANNO; MARCONDES, 2002).

3.1 fontes ou fatores causadores de estresse

Para que haja estresse é preciso que tenha um fator que demande mais da capacidade individual do que se tem para responder. Esses fatores estressores irão variar de pessoa para pessoa, por vezes tornando essa avaliação subjetiva e difícil de classificar. Por isso, didaticamente os estressores podem ser abordados com relação aos aspectos físicos, cognitivos e emocionais (TAKAHASHI, 2009).

Os estressores físicos têm a ver com as questões do ambiente, como ruído, frio e calor, os quais ao extremo podem desequilibrar o organismo. Já os estressores cognitivos abrangem a forma como o indivíduo percebe as situações, e os emocionais se referem à conotação afetiva que o fator estressante tem para a pessoa; como por exemplo, quando se enfrenta o luto ou em situações adversas no casamento, dentre outras (MARGIS et al., 2003; TAKAHASHI, 2009).

As fontes de estresse podem também ser divididas em origem interna e externa ao indivíduo devido à necessidade de lidar com estressores com possibilidade de gerar tensões patológicas. Dessa forma, quando se fala de fatores externos se refere a fontes relacionadas à cultura e meio social, ou seja, as cognições (percepções ou memórias), crenças, valores, vulnerabilidade; assim como características pessoais e comportamento (SADIR; BIGNOTTO; LIPP, 2010).

Sendo assim, alguns exemplos de fatores internos seria a forma como a pessoa enfrenta as alterações no trabalho, sejam desfavoráveis ou não a ele. A forma como convive com suas limitações e a vontade de controlar fatores externos além do seu alcance, tudo que possa vir a desestruturar o seu equilíbrio interno. Além disso, o pessimismo, comportamentos de agilidade excessiva, competição e pensamentos disfuncionais podem gerar um estado de tensão interna sem capacidade proporcional de superar, que levam ao início do estresse (SEGANTIN; MAIA, 2007).

Já os fatores externos são aqueles que independem da vontade própria, sendo ocasionados por acontecimentos da vida, como desemprego, questões político-econômicas, morte e acidentes; e por vezes, relacionados ao ambiente ocupacional e ao exercício da profissão. No que se refere à ocupação, as características do trabalho e do seu ambiente têm grande influência, assim como carga horária, as pressões e cobranças, rotina das tarefas e satisfação pessoal (SADIR; BIGNOTTO; LIPP, 2010).

3.2 fases do estresse e efeitos sobre o organismo

De acordo com Hans Selye (1936), o estresse se desenvolveria em três fases: alarme, resistência e exaustão, denominado modelo trifásico. Entretanto, Marilda Lipp (1996), em seus estudos, identificou uma fase entre a resistência e a exaustão que é a quase exaustão, desenvolvendo assim o modelo quadrifásico do estresse. As fases são divididas de acordo com a evolução do estresse, que permite identificar a adaptação do indivíduo ao estresse (COSTA et al., 2015; SELYE, 1936 apud FRANÇA; RODRIGUES, 2013; LIPP, 1996 apud MARQUES; ABREU, 2009).

Porém, é preciso compreender que o indivíduo não precisa passar por todas as fases para ter o estresse, pois fases servem pra indicar os sinais e sintomas evidentes e como o organismo está se adaptando. Diante disso, o estresse surge quando se tem o primeiro contato com o agente estressor, desencadeando a fase de alarme (COSTA et al., 2015; MARQUES; ABREU, 2009).

Na fase de alarme os sintomas físicos são de preparo do corpo e da mente para preservação do equilíbrio do ser, em decorrência da necessidade de força extra para responder à demanda exigida. Nesse contato ocorre o estímulo do hipotálamo (interligado com o sistema nervoso autônomo) que ativa a hipófise (glândula pituitária), liberando o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) (MARRAS; VELOSO, 2012; ROSSETTI et al., 2008; TAKAHASHI, 2009).

O hormônio ACTH, através da corrente sanguínea, ativa as suprarrenais, glândula endócrina responsável pela liberação de glicocorticoides (do córtex da suprarrenal) e a adrenalina (da medula da suprarrenal). Essa liberação desencadeia alguns sinais e sintomas característicos da fase de alarme, sendo eles o de elevação da contração do baço para o aumento da liberação de glóbulos vermelhos (FRANÇA; RODRIGUES, 2013).

Assim como aumento do batimento cardíaco, da pressão arterial e da frequência respiratória com o objetivo de acelerar o fluxo sanguíneo e a distribuição de oxigênio e nutrientes, melhorando o desempenho dos órgãos. Com a redistribuição sanguínea ocorre a diminuição do fluxo para a pele e as vísceras e aumenta o fluxo para o cérebro e os músculos. Além disso, ocorre midríase para ampliação do campo de visão e liberação de glicose armazenada pelo fígado para ser utilizado como energia extra (MARRAS; VELOSO, 2012).

Isso faz com que o individuo relate tensão muscular, diarreia passageira e alterações gastrointestinais; sudorese excessiva, entusiasmo e motivação súbita ou irritabilidade por conta da energia excessiva, assim como insônia. Por conta desses aspectos, em geral, a fase de alarme é caracterizada como uma fase positiva do estresse (FRANÇA; RODRIGUES, 2013).

Estas sintomatologias advêm em decorrência da energia extra, que faz com que se tenha uma sensação de motivação e capacidade para responder à demanda imposta. Entretanto, essa fase dura cerca de um dia e caso a superação ocorra e o indivíduo aprenda a lidar com o fator estressante, o organismo retorna à homeostase desenvolvendo o eustresse (ROSSETTI et al., 2008).

O oposto tende a propiciar a evolução do estresse. Essa fase é denominada de resistência, onde o corpo tenta entrar em homeostase, pois o estimulo estressor ainda não foi superado. Por isso, os sintomas físicos anteriores desaparecem dando, lugar a uma sensação de cansaço e de desgaste. Isso ocorre porque nessa fase o organismo tenta recuperar o equilíbrio perdido anteriormente, o que acarreta em importante gasto de energia (ROSSETTI et al., 2008; TAKAHASHI, 2009).

Essa reação ocasiona uma sensação de desgaste, tontura e leveza, dificuldade com a memória de curto prazo e consequentemente diminuição da produtividade. Juntamente a isso, pode ter sintomas como: formigamento nas extremidades, mudança de apetite, humor e libido, gastrite, hipertensão e problemas dermatológicos (COSTA et al., 2015; COUTO; VIEIRA; LIMA, 2007).

Contudo, o indivíduo pode não perceber que as alterações relatadas são em decorrência da tensão vivenciada. Sendo que a duração da fase de resistência é cerca de um mês e caso o indivíduo não consiga se adequar ou superar a causa do desequilíbrio interno, tem-se a evolução do estresse para a fase de quase exaustão (COSTA et al., 2015; MARQUES; ABREU, 2009).

A quase exaustão é uma terceira fase abordada após estudos clínicos, onde se identificou uma fase intermediária entre a resistência e exaustão. Ocorre, portanto, quando o indivíduo não tem mais forças para resistir ao agente estressor e procura formas de superar, mas ainda não chegou à exaustão. Dessa forma, há oscilações e ele apresenta momentos de equilíbrio, variando com momentos em que se sente desgastado. Nessa fase o organismo fica mais propenso a doenças por conta da fragilidade psicológica e imunológica (JUNIOR et al., 2014; ROSSETTI et al., 2008; SEGANTIN; MAIA, 2007).

O tempo de quase exaustão varia em torno de semanas e caso não chegue a desenvolver o eustresse e o agente estressor persistir, o organismo se exaure e não consegue energia para se adaptar. Nesse ponto o estresse entra na fase de exaustão, na qual ocorre o esgotamento por sobrecarga fisiológica e por não ter tido respostas adequadas. Consequentemente, o desequilíbrio interno torna o organismo suscetível a diversas patologias pelo distresse (JUNIOR et al., 2014; FRANÇA; RODRIGUES, 2013).

A fase de exaustão pode durar em torno de três meses e está relacionada com estresse crônico, por se tratar de manifestações contínuas a mesma exposição do agente estressor. Nessa fase podem reaparecer os sintomas da fase de alerta, além de agravos psicológicos, como ausência de vontade de trabalhar, apatia, vontade de fugir de tudo e irritabilidade contínua. Além disso, na fase de exaustão, tem-se o desenvolvimento de doenças gastrointestinais, respiratórias, depressivas e impotência sexual (MARRAS; VELOSO, 2012).

Portanto, a partir do entendimento das fases do estresse e de como elas se desenvolvem, pode ser compreendido como os indivíduos lidam com as adversidades da vida. Sendo que a relação entre a fonte estressora e o estresse é muito complexa, além das alterações e o impacto sobre as pessoas ocorrerem de forma diferente. De forma que o estresse é constituído como uma tentativa por parte do organismo de se adaptar aos fatores adversos internos ou externos a pessoa (HELMAN, 2009).

Assim sendo, há diversos fatores estressores, e um fator específico pode desencadear uma resposta não específica, ou seja, os sinais e sintomas individuais do estresse não podem ser especificados. Sendo que, assim como descrito anteriormente, o eixo do organismo mais ativo na resposta ao estresse é o hipotálamo-hipófise-adrenal. Deste modo, os mediadores mais significativos do estresse seriam as catecolaminas, da adrenalina e noradrenalina; e os glicocorticoides (TANNO; MARCONDES, 2002).

Desta maneira, em situações de estresse, esses mediadores fazem mudanças no organismo para adaptação das células e tecidos de forma a suportar a tensão a qual estão expostas; criando assim uma proteção do organismo, garantindo a homeostase e sobrevivência por meio de eventos celulares. Posteriormente, levando a desencadear uma resposta negativa ou positiva, tendo relação com as características do agente estressor, bem como das características individuais (RONSEIN et al., 2004; TANNO; MARCONDES, 2002).

Por conseguinte, isso se dá porque o estresse por si só, em muitos estudos, não tem sido comprovado como causador de algumas patologias, mas como contribuinte assim como outros fatores de risco, como sono/repouso inadequados, tabagismo, sedentarismo e etilismo. Principalmente no que se refere às doenças cardiovasculares, por conta da ativação contínua do sistema nervoso simpático, que provocam importantes alterações neuroendócrinas (RONSEIN et al., 2004; SARDINHA; NARDI; ZIN, 2009).

Sendo algumas das alterações como elevação da frequência cardíaca, dos níveis pressóricos, contratilidade do miocárdio e elevação do débito cardíaco. Além disso, sucede um grande impacto no sistema imunológico, por esse ser responsável pela defesa do organismo. De forma que quando é exposto continuamente ao estresse, sofre diminuição das células linfáticas do timo, nos gânglios linfáticos e da circulação sanguínea (COSTA et al., 2015; LOURES et al., 2002; MARQUES; ABREU, 2009)

Esse impacto no organismo proporciona que o mesmo fique mais suscetível a infecções, inclusive pelo fato do estresse ter efeito sobre a alimentação; por em alguns casos levar a mudança de hábitos alimentares e apetite, negligência da dieta e ingestão inadequada dos nutrientes. Fatores esses que são de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (RONSEIN et al., 2004).

Portanto, algumas das patologias que o indivíduo fica suscetível são: a hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo II, hipercolesterolemia, obesidade, e doenças psicossomáticas como ansiedade e depressão. Inclusive, caso não se tenha um acompanhamento das respostas ao estresse adequadamente, pode acontecer o desenvolvimento de doenças cardiovasculares como acidente vascular cerebral e infarto agudo do miocárdio (COSTA et al., 2015; COUTO; VIEIRA; LIMA, 2007; MATOS; FISZMAN, 2003).

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4 relação homem x trabalho e o estresse ocupacional

Um dos aspectos que caracterizam o homem como ser social é o trabalho, através da identificação da sua força produtiva em uma finalidade, assim como das relações desenvolvidas nesse meio social. Entretanto, com a nova configuração da econômica capitalista, o trabalho passa a ter uma nova conotação para o individuo. Em decorrência de que na sociedade pós-moderna o trabalho passa a ser considerado algo vital para subsistência, levando alguns indivíduos a desenvolver uma relação afetiva com o trabalho, enquanto outros possam crer na relação com o trabalho apenas como obrigação (EUFRÁSIO, 2011; LOPES; FAERSTEIN; CHOR, 2003; MARQUES; ABREU, 2009).

Por conseguinte, em decorrência de questões de reestruturação produtiva, inovações tecnológicas e competências para os cargos, tem-se diferentes exigências para os funcionários. Essas exigências dependem das funções, porque a divisão organizacional faz com que algumas parcelas dos colaboradores acumulem mais funções e, consequentemente, que se seja exigido um esforço mental maior. Paralelo a isso, tem-se colaboradores que exercem funções que tenham menos responsabilidades e seja exigido um esforço mental menor (LOPES; FAERSTEIN; CHOR, 2003; MARQUES; ABREU, 2009).

Posto isto, algumas dessas funções não possibilitam autonomia para superação das dificuldades, dentro do trabalho ou fora dele. Podendo não levar em consideração as peculiaridades dos envolvidos como importante nos resultados organizacionais. Em decorrência disso, a competição por resultados, atrelado à instabilidade financeira global, leva à intensificação de cobranças dentro das empresas (REIS; FERNANDES; GOMES, 2010).

Além disso, as cobranças organizacionais em busca de resultados podem levar as empresas a optarem por flexibilizar as condições de trabalho para alcançar metas. Isso faz com que sejam necessários colaboradores capazes de se adaptar às mudanças a fim de atender às demandas que surgem se valendo de criatividade, prontidão e eficiência (COSTA et al., 2015; EUFRÁSIO, 2011; MARQUES; ABREU, 2009).

Entretanto, quando o trabalhador passa a estar submetido a constantes demandas de ritmo e concentração, pode vivenciar grande tensão em seu ambiente ocupacional em decorrência da sobrecarga mental. Essa tensão, dependendo do contexto, pode ser uma forma para o trabalhador desenvolver soluções efetivas e se autorrealizar, adaptando-se a essa tensão. Porém, quando não se tem uma resposta adequada a essas questões, essa adaptação passa a ser negativa ao indivíduo (MARQUES; ABREU, 2009; REIS; FERNANDES; GOMES, 2010).

Portanto, quando o trabalhador está submetido a um fator estressor e não desenvolve resposta equivalente para suportar ou superar, isso o leva ao desenvolvimento do estresse. Sendo esse o estresse ocupacional que desestruturaria o indivíduo atrelado à susceptibilidade individual, trazendo impactos comportamentais, psicológicos, sociais e físicos (MARQUES; ABREU, 2009; REIS; FERNANDES; GOMES, 2010).

Considerando que o estresse pode gerar diversos impactos físicos, mentais e comportamentais, é preciso reconhecê-lo precocemente, especialmente entre trabalhadores. Para que não haja comprometimento na quantidade e na qualidade dos serviços prestados, e, principalmente, que não haja o adoecimento e até o afastamento do trabalhador; seja por conta do esgotamento, que pode levar a casos de depressão e suicídio, ou por conta de doenças crônicas não transmissíveis, que levam à redução da força de trabalho (SADIR; LIPP, 2009).

Sendo assim, é de suma importância à compreensão de como o estresse ocupacional acontece para que se desenvolvam ações preventivas, importantes para a saúde do trabalhador e para a empresa. Para tanto, é preciso entender que o estresse ocupacional se desenvolve de forma subjetiva, pois depende da forma como o individuo percebe as situações no ambiente de trabalho; levando em consideração a demanda e como o corpo responde a ela (MARQUES; ABREU, 2009; MINAYO; SOUZA; CONSTANTINO, 2008).

Isso porque o estresse ocupacional pode ser definido como a percepção que o trabalhador desenvolve sobre sua demanda como excedente à sua capacidade de enfrentamento. Sendo assim, esse estresse seria caracterizado como um estado de tensão contínua em decorrência da percepção individual como incapaz de enfrentar e solucionar as diferentes situações laborais (MARQUES; ABREU, 2009; MINAYO; SOUZA; CONSTANTINO, 2008).

Além disso, se os superiores não promovem uma gestão adequada, e desempenham sua função com autoritarismo ou o trabalhador não sabe lidar com o superior, isso se torna um fator estressante. Outro fator ocupacional seria com relação à sobrecarga de papéis, sejam no trabalho ou na família, por vezes os dois, tornando-se fontes acumulativas de estresse (SADIR; BIGNOTTO; LIPP, 2010; SEGANTIN; MAIA, 2007).

O estresse ocupacional é o estado resultante da interação das condições trabalhistas com os aspectos individuais do trabalhador, e a partir dessa interação que se faz com que as demandas trabalhistas sejam percebidas como excedentes à capacidade do colaborador para gerenciar/efetuar as funções. Em decorrência dessa dinâmica, o estresse ocupacional tem uma variedade de fatores estressores, que levou ao estudo e validação de alguns modelos de estresse ocupacional, a saber: demanda-controle, desequilíbrio esforço-recompensa, ecológico e NIOSH (BENKE; CARVALHO, 2008; SADIR; BIGNOTTO; LIPP, 2010; STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2000).

O sistema de demanda-controle correlaciona o controle sobre o trabalho, referente à repetitividade, variação de tarefas e autonomia na tomada de decisões. Assim como a influência exercida na equipe e na gestão, até a demanda de trabalho. Dessa forma, a demanda de trabalho se refere à exigência do individuo para desenvolver as atividades, como o nível de concentração, a interrupção das atividades, atribuição de tarefas inesperadas, pressão com relação ao tempo, dentre outras variáveis psíquicas (REIS; FERNANDES; GOMES, 2010; TAKAHASHI, 2009).

Outro modelo é o de desequilíbrio esforço-recompensa, que se refere ao esforço no trabalho como uma troca, seja por dinheiro, estima ou status; e quando esse esforço não é recompensado, pode gerar estresse ocupacional. Por exemplo, nos casos de instabilidade no emprego ou funções mantidas com inconsistência do status pode ocorrer o estresse ocupacional (TAKAHASHI, 2009).

No modelo ecológico tem-se que os estressores ocupacionais acontecem dentro do processo social juntamente aos estímulos psicossociais sobre o trabalhador. Ou seja, quando o ajuste à oportunidade e a exigência demandada a ela não é efetiva ou quando se tem esforço demais para alcança-la o organismo desencadeia o estresse (REIS; FERNANDES; GOMES, 2010).

Já no modelo NIOSH, o estresse ocupacional é definido como consequências físicas e emocionais, que ocorrem devido a exigências desiguais à capacidade individual. Esse processo acontece como resultado das interações das condições trabalhistas; sendo algumas dessas: a estrutura do trabalho, estilo da gestão, relações interpessoais, papéis no trabalho, preocupações com a carreira e condições ambientais (REIS; FERNANDES; GOMES, 2010; TAKAHASHI, 2009).

A partir dessa compreensão, pode-se perceber que existem diferentes modelos de categorização do estresse. Porém, mais importante que a discussão de cada um é o entendimento que a relação entre estresse e trabalho se constrói a partir das condições e cultura da organização, fatores psicossociais inerentes à profissão, assim como o processo de trabalho e articulação das relações interpessoais e de poder da gestão organizacional (REIS; FERNANDES; GOMES, 2010).

Todavia, cada indivíduo responde de forma diferente a um mesmo estressor por conta da susceptibilidade e tolerância individual, associadas ao acúmulo de fontes estressoras. Portanto, para que se tenha o desenvolvimento do estresse organizacional é necessária a presença de estressores organizacionais e a incapacidade de resolutividade pelo trabalhador (MARRAS; VELOSO, 2012; SADIR; BIGNOTTO; LIPP, 2010; STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2000; TAKAHASHI, 2009).

As fontes de estresse organizacional são divididas em seis grupos, de acordo com os estudos de Cooper, Cooper e Eaker (1988). A primeira categoria é relacionada aos fatores intrínsecos ao trabalho, ou seja, condições ou situações que dificultam a execução das atividades; sendo relacionados ao clima, ruídos, ritmo de trabalho, turno, carga horária, assim como questões de risco e perigos inerentes ao exercício laboral (COOPER, COOPER E EAKER, 1988 apud MARRAS; VELOSO, 2012; TAKAHASHI, 2009).

A segunda categoria é a do papel na organização, que se refere à relação entre expectativas e exigências acerca dos comportamentos, como quando os papéis dos funcionários estão mal definidos. Essa definição ambígua pode gerar conflito entre superiores e colaboradores, não pela falta de comunicação, mas pela divisão de funções. Já na terceira categoria é abordado o relacionamento interpessoal, como conflitos, falta de cooperação e confiança e a forma como as funções são atribuídas pelos superiores (TAKAHASHI, 2009).

A carreira e a realização compõem a quarta categoria estressora de fontes estressoras organizacionais, pois diz respeito à falta de segurança ocupacional. Seja por conta do sentimento de não poder progredir na carreira ou a possibilidade de demissão, como anúncio de cortes, processo de aposentadoria e sentimento de inadequação para desenvolvimento de atividades pertinentes ao cargo (MARRAS; VELOSO, 2012; TAKAHASHI, 2009).

No que diz respeito à estrutura e cultura organizacional, como quinta categoria, abrangem aspectos como a falta de participação, a forma como o empregado é tratado pela empresa, costumes, política institucional e clima da empresa. Na sexta e última categoria são abordadas fontes estressoras relacionadas à interface casa-trabalho, referindo-se à demanda exigida por qualquer um desses espaços sociais que pode sobrepor à capacidade de resposta do indivíduo, tornando-se estressora (MARRAS; VELOSO, 2012).

Dessa forma, quando uma dessas interfaces não oferece apoio social, eleva-se a tensão e o possível conflito entre os papéis. Por isso, é preciso estar atento ao fato de que independente da susceptibilidade individual ao estresse, as questões relacionadas ao trabalho e suas constantes mudanças são fontes de tensão organizacionais importantes. Sendo que esses fatores organizacionais estressantes precisam ser avaliados a fim de evitar o adoecimento do trabalhador (SADIR; BIGNOTTO; LIPP, 2010; REIS; FERNANDES; GOMES, 2010).

5 estresse ocupacional em motoristas de transporte escolar

A profissão de motorista profissional de ônibus teve início no período de crescimento das cidades atrelado ao processo de industrialização. Dessa forma, com a expansão da urbanização, os meios de acesso às necessidades básicas, como estudo, trabalho, saúde e lazer aumentaram, assim como a necessidade de deslocamento. Tendo em vista que o acesso passou de domiciliar ou de uma propriedade para outra, para atividades que necessitavam de deslocamento constante (SOUZA, 2013; TAVARES, 2010).

Portanto, no final do século XIX no Brasil, os trilhos por onde os bondes passavam não tinham tanta flexibilidade de acesso. Já os ônibus, que nessa época eram carruagens, podiam adentrar locais mais distantes das cidades, passando assim a se popularizar. Por conta dessa acessibilidade, o ônibus motorizado urbano passou a ser um meio de transporte de um motorista dono de seu próprio negócio (ainda comum em alguns tipos de serviço) para empreendedores que investem na compra e contratação de motoristas e cobradores de passagem (SOUZA, 2013; TAVARES, 2010).

Isso aconteceu devido à questão de ser um serviço coletivo com um bom custo-benefício para o consumidor e para as empresas. Aliado a isso sucedeu o aumento na quantidade de automóveis, crescimento que não foi acompanhado pela expansão viária no país. Consequentemente, ocorreu um problema de tráfego nas vias, fazendo com que o serviço de transporte coletivo se tornasse uma opção mais viável de deslocamento. Posteriormente os transportes coletivos passaram a ser utilizados para segmentos específicos, como o de transporte escolar (OTTANI; CARLOS, 2012; TAVARES, 2010).

Além disso, através da Lei 9.503 de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro, tem-se a regulamentação da condução de veículos por motoristas profissionais. Sendo que o capítulo XII da referida lei dispõe sobre a condução de escolares, relatando tanto sobre requisitos que devem conter o veículo quanto relativos ao condutor (BRASIL, 1997).

Assim sendo, o veículo para condução coletiva de escolares deve ter obrigatoriamente a palavra escolar em letras maiúsculas e cor preta, na lateral e carroçaria, em uma faixa horizontal na cor amarela. Devem ser inspecionados semestralmente e ter registro como veículo de passageiros. É relatado também que o motorista desse tipo de condução deve ter habilitação na categoria D, destinado a transporte de passageiros de veículos com mais de oito pessoas (BRASIL, 1997).

O condutor também deve ter mais de vinte e um anos e não ter multa nos últimos doze meses de nível grave/gravíssima ou reincidente em nível médio. O motorista de escolar também deve ser aprovado em curso de formação específico regulamentado pelo CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito). Essa exigência consta tanto no art. 138 da Lei 9.503/1997, quanto nas resoluções 168/2004 e 285/2008 do CONTRAN. Sendo que a atualização do curso de formação do condutor deve ser feita a cada cinco anos. Entretanto, de acordo com o art. 139 da Lei 9.503/1997, o município tem competência de aplicar suas exigências específicas de seus regulamentos, para condução escolar (BRASIL, 1997; CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO, 2004; CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO, 2008).

Além dessas legislações acerca da condução escolar, tem-se um projeto de lei PL 5383 de 2013, com uma proposta de regulamentação profissional do motorista de veículo escolar. O objetivo é regulamentar a profissão e definir um piso salarial juntamente com aposentadoria com a comprovação de vinte e cinco anos de trabalho. O projeto de lei surgiu a partir da percepção do nível de estresse ocupacional ao qual esses profissionais estão sujeitos (AGÊNCIA CÂMARA NOTÍCIAS, 2013).

Esse estresse ocupacional seria desenvolvido por conta do desgaste emocional e da responsabilidade do transporte de estudantes. Desgaste esse que também envolve questões relacionadas ao micro local de trabalho, que é a cabine do motorista e o confinamento diário junto aos estudantes em um espaço relativamente pequeno. Juntamente à tensão do macro local de trabalho, que é o trânsito (AGÊNCIA CÂMARA NOTÍCIAS, 2013; BATTISTON; CRUZ; HOFFMANN, 2006).

Portanto, em horário de pico se tem o desgaste de congestionamentos em decorrência do tráfego. Deste modo, evidencia-se que a profissão de motorista de ônibus escolar envolve os fatores do trânsito, das vias, dos pedestres, dos passageiros e do veículo, além das normas da empresa (AGÊNCIA CÂMARA NOTÍCIAS, 2013; BATTISTON; CRUZ; HOFFMANN, 2006).

Dessa forma, o exercício ocupacional se dá através da execução de diferentes comandos para cumprir o objetivo de dirigir, sendo algumas delas a passagem de marcha, sinalização, freio e embreagem. Para tanto, é preciso atenção constante. Todavia, a cabine, por ser um espaço restrito e o assento não possuir conforto, pode ser uma fonte de desgaste e desatenção. Portanto, além das pressões externas, os motoristas sofrem também com as pressões internas (SOUZA, 2013).

Quando se fala das pressões vivenciadas pelos motoristas de transporte coletivo, deve-se ressaltar que distintos ramos possuem diferentes pressões ou fontes estressoras. Assim sendo, é importante diferenciar as pressões internas e externas e quais podem ser modificadas para prevenção do estresse. Isso porque as pressões internas são difíceis de serem modificadas, uma vez que abrangem questões da ergonomia do veículo, ruídos e vibrações do automóvel; assim como comportamento dos passageiros (BATTISTON; CRUZ; HOFFMANN, 2006; SOUZA, 2013).

Deste modo, as pressões internas abrangem o micro local de trabalho relacionada ao ônibus e ao ato de dirigir. Sendo o espaço da cabine e o assento os aspectos que contribuem para uma postura forçada, sentada. Posição essa que restringe a movimentação e sobrecarrega alguns músculos e tendões dos membros superiores, isso ocasiona uma alteração ergonômica, uma vez que o foco fica sobre o tronco (por ficar sentado), os braços (para utilizar o volante) e as pernas (para os comandos de aceleração, embreagem e freio) (BATTISTON; CRUZ; HOFFMANN, 2006; IGNÁCIO; OLIVEIRA, 2011).

Esses movimentos padronizados da condução e da mudança de marcha, atrelados a carga horária, além de forçar a uma postura, levam à fadiga muscular e a dor e possibilidade de lesões, uma vez que são movimentos repetitivos e que sobrecarregam os mesmos membros. Outro fator é a localização do motor, pois muitos ônibus possuem motor dianteiro, que fica ao lado do condutor. O que, além de aumentar a temperatura, é fonte de ruído e de vibrações, que juntamente aos sons do tráfego e dos passageiros são fontes de estresse (IGNÁCIO; OLIVEIRA, 2011).

As vibrações e ruídos podem ser intensificados pelas condições mecânicas e situação das vias. Sendo que um adequado ambiente micro de trabalho também sofre influência do tempo e da ventilação interna do ônibus, uma vez que a temperatura dentro do ônibus pode ser muito elevada, principalmente quando se tem superlotação, o que dificulta a ventilação e aumenta a sensação de calor. Associado a isso se tem o clima externo, que altera a visibilidade, principalmente no turno noturno (BATTISTON; CRUZ; HOFFMANN, 2006; SOUZA, 2013).

Além disso, a exposição aos gases tóxicos, como o monóxido de carbono, provenientes da exaustão de combustível e ao pó de asfalto estão dentro das pressões internas ocupacionais, assim como o relacionamento com os passageiros e seu embarque e desembarque, uma vez que os comportamentos são diversos e são potenciais fontes estressoras. Além da quantidade de paradas e da necessidade de cumprimento de horário, também há o risco de assalto a depender da localização e horário (IGNÁCIO; OLIVEIRA, 2011; TAVARES, 2010).

Já as pressões externas são as que abrangem o macro local de trabalho, ou seja, o trânsito. Sendo que para transitar nesse espaço é preciso seguir as normas convencionadas. Entretanto, por conta do sistema viário não acompanhar o crescimento da quantidade de veículos, os condutores estão sujeitos a situações complicadas, além de carregarem a responsabilidade por infrações e multas no exercício profissional (BATTISTON; CRUZ; HOFFMANN, 2006; IGNÁCIO; OLIVEIRA, 2011).

Portanto, os condutores estão sujeitos à imprudência de outros veículos e de engarrafamentos que atrapalham o horário da jornada de trabalho. Atrelado a isso estão às condições das vias, que dificultam o ato de dirigir e do cumprimento de horário, podendo assim ultrapassar o limite de velocidade. Além disso, o relacionamento interpessoal com os superiores e os colegas motoristas podem ser consideradas pressões externas (BATTISTON; CRUZ; HOFFMANN, 2006).

Os motoristas também estão sujeitos à mudança de hábitos alimentares e de sono e repouso por conta das escalas de trabalho. Isso pode levar alguns profissionais a terem uma alimentação inadequada e terem noites mal dormidas ou alterações no sono. Além disso, o profissional noturno tem alteração do convívio social, por trabalhar no horário em que os outros trabalhadores estão descansando (IGNÁCIO; OLIVEIRA, 2011; TAVARES, 2010).

Dessa forma, é imprescindível que os profissionais de saúde estejam atentos para os fatores estressantes inerentes à ocupação e rotina do profissional para que se faça o planejamento dos cuidados necessários e a prevenção do adoecimento patológico advindo do estresse de forma adequada. Pelo fato de que patologias que tem o estresse como uns dos fatores de risco a curto ou longo prazo podem ser incapacitantes ou redutoras da força produtiva de trabalho, se tornando um fator preocupante para a saúde pública (COSTA et al., 2015; MATOS; FISZMAN, 2003; MARQUES; ABREU, 2009).

Deve-se ter em vista que a saúde do trabalhador compreende um aspecto da atenção integral à saúde pública; além de que os fatores que podem ocasionar o estresse nessa categoria profissional possibilitam um importante espaço de atuação do enfermeiro, na prevenção e na promoção da saúde física e mental. E isso se dá por conta dos relevantes impactos e possíveis consequências que o estresse desenvolve na saúde dos condutores de transporte escolar (SADIR; BIGNOTTO; LIPP, 2010).

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6 prevenção do estresse ocupacional mediante atuação do enfermeiro

Em decorrência de o estresse ocupacional ser um fator de risco para adoecimento do trabalhador, é importante a elaboração de ações que promovam a saúde física e mental com enfoque em sua prevenção. O enfermeiro pode desenvolver essas ações tanto nas unidades de Saúde da Família, quanto nos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) e nas empresas, tendo em vista o estado de saúde do trabalhador e a manutenção da produção organizacional (BRASIL, 2009; SADIR; BIGNOTTO; LIPP, 2010).

As ações voltadas à saúde do trabalhador, na saúde pública, fazem parte de uma política do Sistema Único de Saúde (SUS) que promove ações contínuas, integradas e intersetoriais aos agravos resultantes do processo de trabalho; estabelecendo a participação de todos os envolvidos na promoção da saúde e redução de morbidade dos trabalhadores. Portanto, as ações de saúde devem ser desenvolvidas através da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) (BRASIL, 2005; BRASIL, 2009).

Dessa forma, a RENAST é implementada por meio das estruturas da rede com CEREST, vigilância em saúde do trabalhador, Rede de Serviços Sentinela em Saúde do Trabalhador e Municípios Sentinela em Saúde do Trabalhador. Sendo outro tópico da implementação dessa rede a inclusão das ações voltadas à saúde do trabalhador na atenção básica. Tendo em vista a promoção de uma atenção integral à saúde da família, através do estabelecimento das condutas de cuidado por meio de protocolos próprios (BRASIL, 2009).

A partir dessa compreensão, é fundamental que os profissionais de saúde da atenção primária entendam sua contribuição à saúde do trabalhador. Contribuição que advém do planejamento de ações prioritárias referentes aos problemas de saúde com maior incidência e vulnerabilidade de sua área adstrita; assim como a assistência aos trabalhadores vítimas de acidente de trabalho e encaminhamento de acordo com a complexidade, promoção à saúde do trabalhador e ações de vigilância (SOUZA; VIRGENS, 2013).

Para tanto, é através da Estratégia de Saúde da Família, a principal estrutura da atenção básica, que se tem o acompanhamento de uma população adstrita de uma delimitação geográfica. Acompanhamento que se torna possível por conta de uma equipe multiprofissional que tem como gestor o enfermeiro, sendo uma das principais atividades utilizadas para promoção da saúde pela equipe as práticas educativas, fundamentais para a conscientização na saúde do trabalhador (BATTISTON; CRUZ; HOFFMANN, 2006).

Portanto, o enfermeiro junto à equipe da unidade, necessita identificar as vulnerabilidades e riscos aos qual sua área está exposta. Sendo que, através da territorialização e da assistência de enfermagem, com auxilio de questionários estruturados e testes, pode-se estar identificando fatores estressantes ocupacionais que conduzem ao adoecimento, para então estar realizando ações de promoção à saúde física e mental e a prevenção do estresse (SOUZA; VIRGENS, 2013).

Levando em consideração que o trabalho tem uma grande importância para o ser humano, contextos profissionais que conduzem ao estresse necessitam ser adaptados em prol da saúde trabalhista. Entretanto, existem casos em que essas adaptações se tornam restritas, como no caso dos motoristas de transporte escolar, com relação a questões do micro local de trabalho e de tráfego. Por isso o trabalho deve ser averiguado em sua totalidade (ZANELATO; OLIVEIRA, 2004).

Ao averiguar o trabalho em sua totalidade, o enfermeiro pode elaborar alternativas de abordagem dos fatores estressantes, uma dessas seria o programa de educação para o trânsito, que pode ser aplicado na comunidade para o público dos motoristas profissionais e aos demais. Dessa forma, enfermeiro está propiciando uma interação entre os participantes do meio viário e oferecendo a orientação sobre as condutas e sinalizações adequadas, promovendo um tráfego consciente e evitando transtornos (ZANELATO; OLIVEIRA, 2004).

Outra abordagem seria por meio da prática educativa para conscientização dos motoristas acerca da importância de técnicas de alongamento e autocorreção postural durante os intervalos de sua jornada de trabalho. Isso promoveria a redução de danos musculoesqueléticos por conta da posição sentada que o profissional exerce durante a jornada trabalhista; além dos problemas relacionados aos movimentos constantes dos membros inferiores para os comandos de acelerar, embreagem e freio e dos superiores para utilizar o volante e mudança de marcha (BATTISTON; CRUZ; HOFFMANN, 2006).

As técnicas citadas acima auxiliam na promoção de conforto, reduzindo o impacto de um estressor físico. Dessa forma, é importante que o enfermeiro compreenda o impacto da educação em saúde, principalmente no que se refere à prevenção, por conta de ser um meio para apropriação de informação, que possibilita a conscientização sobre os fatores causadores de estresse e contribui para execução de ações práticas de hábitos saudáveis (MATOS; FISZMAN, 2003).

Sendo que hábitos saudáveis, como alimentação, atividade física, sono e repouso, lazer, ocupação profissional que possibilite realização pessoal e grupo de apoio social são determinantes no estilo de vida e consequentemente na qualidade de vida no trabalho. Portanto, ações de enfermagem no que se refere a esses fatores podem ser desenvolvidas em qualquer espaço de atuação, seja nas unidades de saúde, CEREST ou nas empresas, dentro do contexto da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) (BRASIL, 2009; OTTANI; CARLOS, 2012).

Deste modo, ao que se refere à alimentação saudável, por conta do ritmo acelerado do cotidiano, podem ser desenvolvidos hábitos indesejáveis como a ingestão excessiva de sódio e deficiente em nutrientes, prejudiciais para o bom funcionamento do organismo, por conta de não conterem os nutrientes e calorias necessárias para o desempenho das atividades ocupacionais estressantes. Por conta disso, faz-se necessário que o trabalhador que convive em seu ambiente laboral com constantes estressores a incorporação de uma dieta adequada (FRANÇA; RODRIGUES, 2013).

Dessa forma, algumas das orientações necessárias a esse trabalhador incluem o aumento da ingestão de fibras (para auxiliar no funcionamento intestinal), diminuição da ingestão de sal e açúcar, preferência por alimentos naturais no lugar de refrigerantes e industrializados. Além disso, é importante manter uma dieta pobre em gordura e com variedade de frutas e legumes (MATOS; FISZMAN, 2003).

Já ao que se refere à atividade física regular, é fundamental a orientação voltada para um bom condicionamento físico, mas que deve ser evitado o exagero, pois só acrescenta o estresse físico. Além disso, também é indicada a manutenção do sono/repouso e de técnicas de relaxamento, pois auxiliam no controle do estresse através do descanso físico e mental, e leva à melhora do desempenho das atividades diurnas (FRANÇA; RODRIGUES, 2013).

Da mesma forma, espaços de lazer e momentos de diversão promovem um descanso físico e mental, e deve ser orientada aos usuários a importância de participação ativa em uma atividade que lhe induza a sensação de bem-estar. Do mesmo modo que participação de grupos sociais que possibilitem uma rede de apoio e incentivo à superação do estresse. Além de contribuir também com espaços de diálogo e reflexão para compreensão de conflitos (MARRAS; VELOSO, 2012).

Essas ações quando compreendidas e desenvolvidas pelo trabalhador auxiliam na tomada de decisões e percepções acerca de sua atividade laboral, tendo em vista que a ocupação profissional contém estressores intrínsecos em sua estrutura. De forma que algumas técnicas de relaxamento podem ser instruídas para gerenciar o estresse (MATOS; FISZMAN, 2003).

Portanto, o enfermeiro deve desenvolver ações de identificação dos estressores como de seu monitoramento através de entrevistas e observações do público alvo, para prevenir as ameaças reais à saúde que também estão relacionadas à suscetibilidade individual ao estresse. Por isso, é importante o monitoramento da condição física e mental, pois indivíduos que não estão em seu completo bem-estar físico, mental e social têm o sistema imunológico debilitado e podem sofrer um impacto maior quando em contato com as fontes de estresse (SADIR; BIGNOTTO; LIPP, 2010).

Deste modo, ações que promovem hábitos e comportamentos saudáveis auxiliam na redução da suscetibilidade individual ao estresse. Além disso, ações que promovem assistência para os trabalhadores lidarem com os fatores estressantes são necessárias. Dispondo como exemplo as ações que abrangem programas de reeducação alimentar, campanhas de antitabagismo e conscientização do consumo de bebidas alcoólicas e espaço para feedback das ações e desempenho laboral (MARRAS; VELOSO, 2012).

Posto isso, o feedback deve ser uma intervenção que abre espaço para um momento de aprendizado, que dê meios para que o indivíduo possa enfrentar os estressores e superar, sem que conduza ao adoecimento. Condutas essas que podem estar sendo realizadas tanto na atenção básica quanto no CEREST e nas empresas. Entretanto, para que o enfermeiro possa atuar nesses dois últimos espaços, é recomendado ter especialização em saúde do trabalho (BRASIL, 2009).

Sendo que pelo fato dos enfermeiros trabalharem com pacientes que vivenciam o estresse em todos os serviços de saúde, esse pode instruir técnicas de relaxamento através do processo de enfermagem. Podendo assim auxiliar os pacientes a reconhecer os estressores e identificar técnicas de relaxamento que melhor se ajustem ao seu cotidiano para controlar o estresse (TOWNSEND, 2002).

Constituem algumas dessas técnicas de relaxamento o exercício de respiração profunda, o relaxamento progressivo, o relaxamento progressivo modificado (ou passivo), imagens mentais e exercícios físicos. Sendo que, pelo fato das técnicas de relaxamento auxiliar no combate a alguns dos sinais e sintomas do estresse, como redução da frequência cardíaca em até 24 batimentos por minuto, diminuição da tensão muscular, contração da pupila, dentre outros aspectos; se tornam importantes para implementação das ações de enfermagem (TOWNSEND, 2002).

Por conseguinte, é importante que o enfermeiro se proponha a realizar em seus espaços de atuação a conscientização e a compreensão do estresse e seus estressores; seja por meio de palestras, folhetos informativos ou outras ações educativas. De forma que no desenvolvimento do processo de enfermagem possa analisar em conjunto com o trabalhador possíveis intervenções, promovendo assim a saúde física e mental com a prevenção do estresse ocupacional (MARRAS; VELOSO, 2012).

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7 discussão

Os resultados encontrados no presente estudo evidenciam que o estrese ocupacional vem sendo percebido como importante no processo saúde-doença na última década. Além de que, apesar da conceituação mais dissipada ser a de Hans Selye por meio das fases da Síndrome de Adaptação Geral, existem definições divergentes ou complementares a de Selye, mas que vão de encontro às crenças populares (CASTIEL, 2005).

Sendo algumas dessas definições como a de Groen e Bastiaans (1975 apud MARRAS; VELOSO, 2012), que relata o estresse como uma incapacidade de planejar o futuro, o que pode estar enquadrado em um agente estressor. A definição de Ruff e Korchin (1967 apud MARRAS; VELOSO, 2012) compreende o estresse como empenho demasiado para manutenção das atividades fisiológicas dentro dos padrões necessários ao funcionamento do organismo. Dessa forma, percebe-se que a depender da abordagem do estudo, seja ela biológica, psicológica ou social, as definições de estresse podem ter enfoques diferentes.

Esses enfoques contribuem para a investigação do tema, tendo em vista que estresse é uma palavra que permeia os diálogos diários e é utilizada popularmente para definir sofrimento individual ou coletivo. Como na investigação do estresse ocupacional em motoristas de transporte escolar, por ter fatores estressantes intrínsecos à profissão e que são comuns a todo o coletivo dessa categoria. Sendo que, por mais que as percepções individuais sobre o mesmo estressor sejam variadas, não os isenta de estarem vulneráveis ao estresse (BENVEGNÚ et al., 2008).

Alquimim et al. (2012) e Alcantara et al. (2016), relatam que apesar de uma parcela dos motoristas apresentarem um estilo de vida saudável, muitos desses profissionais não têm hábitos saudáveis referentes ao sono/repouso, alimentação, atividade física e percepção positiva sobre sua ocupação. Sendo que a maioria estende sua jornada de trabalho para mais de um turno, com intervalos pequenos entre eles.

Jorge e Martins (2013) enfatiza a necessidade da regulamentação profissional do motorista de veículo escolar pela forma como isso amplia a vulnerabilidade desse trabalhador. Considerando que essa profissão não tem um piso salarial estabelecido, carga horária definida, assim como quantidade de turno, intervalo entre os mesmo e local adequado para esse intervalo; assim como a não disponibilidade do consumo de água durante a jornada de trabalho.

Além desses fatores, tem-se a inadequação de alguns veículos para o transporte escolar, somado ao despreparo e comportamento inadequado por parte do condutor. Fazendo-se necessárias ações conjuntas dos órgãos responsáveis pela gestão desse transporte no que concerne à regulamentação do exercício profissional e à adequação do veículo para a prestação do serviço com qualidade para população e para os profissionais (JORGE; MARTINS, 2013).

Benvegnú et al. (2008) e Alquimim et al. (2012) relatam mais uma evidência do aumento da vulnerabilidade gerado por uma alimentação rica em gordura, carboidratos simples, açúcar refinado, além do aumento da ingestão de lanches após o inicio da profissão de motorista desses veículos. Principalmente por conta de alguns desses profissionais serem autônomos e desenvolverem outras profissões junto à de motorista.

Com relação aos fatores intrínsecos da profissão, outros estudos corroboram com os resultados dessa pesquisa, sendo que as linhas que mais tinham paradas de embarque e desembarques são considerados as mais desgastantes. Além disso, os motoristas que se sentem incomodados com o ruído justificam pela localização do motor (SILVA, 2014).

Já com relação aos aspectos de engarrafamento, condições da pista, trânsito, associado ao barulho dos estudantes, o que se evidenciou foi o medo de causar um acidente, aumentando a chance de estresse do profissional em comparação com aqueles que não têm essa preocupação. Demonstrando assim que esses motoristas são vulneráveis ao estresse e à necessidade do atendimento integral e holístico que possibilite a adesão de formas de enfrentamento das fontes estressantes e a valorização por partes desses profissionais (ALCANTARA et al., 2016).

Tendo em vista que apesar dos 20 anos de abordagem da saúde do trabalhador no SUS, foi só em 2002 que foi criada a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador. Rede articulada entre o Ministério da Saúde, as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com o envolvimento de órgãos desses setores, as empresas e trabalhadores (MACHADO et al., 2013).

Contudo, apesar de quinze anos da implementação da RENAST, ainda se têm aspectos importantes a serem alcançados, no que se refere ao financiamento, programas e investimentos relacionados às condições laborais e qualidade da saúde do trabalhador. Sendo que, no que concerne aos motoristas de veículo escolar, com a educação da comunidade com relação ao trânsito e formas de enfrentamento do estresse e identificação de suas fontes. Além da necessidade de promover educação popular em saúde (MACHADO et al., 2013).

Em decorrência de que a saúde dos motoristas de transporte coletivo, assim como a estrutura dos veículos escolares, são fatores de dimensionamento da qualidade de vida urbana. Por conta de fatores ambientais e sociais para o aumento do estresse, serem aspectos que têm impacto no desempenho laboral, seja para as empresas ou no processo de adoecimento individual (BENVEGNÚ et al., 2008).

Por conta disso, Gonçalves et al. (2014) aponta sobre a importância de um papel mais ativo dos profissionais de saúde, sobretudo os enfermeiros, no que concerne a educação em saúde. Pelo fato dos enfermeiros assumirem uma postura ativa na prevenção primária, principalmente com grupos específicos, como caso de usuários portadores de doenças crônicas e profissionais vulneráveis a determinadas enfermidades.

Atuação essa que, de acordo com Silva e Salles (2016) e Rocha et al. (2013), propicia o controle de fatores de risco que tornam esses motoristas vulneráveis ao estresse ocupacional. Ela deve se dar através da identificação das fontes estressantes e o encaminhamento desses profissionais vulneráveis a tratamentos alternativos, além das condutas de rotina dos enfermeiros dentro dos serviços de saúde. Em virtude de que abordagens complementares, como acupuntura, musicoterapia e atividade física, são condutas menos invasivas e com resultados de redução dos sintomas de estresse.

Além disso, recentemente a Terapia Comunitária Integrativa (TCI) vem sendo abordada como uma estratégia em saúde mental que promove formas de enfrentamento aos conflitos psicossociais e que leva à promoção de resiliência. Uma vez que ocorre como um espaço de escuta, através de acolhida para partilha de conflitos e sabedorias. De forma que em conjunto estabeleçam soluções para os conflitos, mostrando-se como uma tecnologia de cuidado interessante para que os enfermeiros trabalhem com a prevenção do estresse, pois propõe o reconhecimento de fontes estressantes e formas de enfrentamento/controle dos mesmos (ROCHA et al, 2013).

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8 conclusão

Em decorrência de a palavra estresse ser utilizada de forma corriqueira para expressar diferentes percepções acerca das tensões diárias, esse estudo mostrou-se importante para o esclarecimento acerca do estresse ocupacional. Além da percepção de algumas profissões, como os motoristas de transporte escolar, estarem mais vulneráveis a esse estresse. Tendo em vista as fontes estressoras intrínsecas a essa profissão.

Frente a isso, o entendimento da estrutura e qualidade em saúde laboral desses profissionais é um fator importante no atendimento do enfermeiro nos serviços de saúde. Por conta do seu papel na prevenção primária e na educação em saúde. Estes são aspectos que dão autonomia para executar uma Sistematização da Assistência de Enfermagem, feita através do processo de enfermagem, que englobe o físico, mental e social, que se enquadre na rotina desses motoristas.

Por conseguinte, a compreensão das manifestações do estresse e da relevância do mesmo como fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis e psicossomáticas é necessária para inclusão de condutas dentro do processo de enfermagem. De forma que as ações propostas deem aos indivíduos mecanismos de controle e enfrentamento do estresse ocupacional. Prevenindo, assim, a sua ocorrência e diminuindo as possibilidades de agravos à saúde do trabalhador, assim como a redução de sua força de trabalho.

Sendo assim, é fundamental a educação em saúde com esses profissionais acerca das fontes estressoras intrínsecas e não modificáveis da profissão, para o controle do impacto em sua saúde física e mental. Propiciado pelas condutas de enfrentamento para que, caso o estresse se manifeste, seja conduzido ao eustresse, promovendo sua resiliência. Essa prática é importante no equilíbrio da saúde mental desses trabalhadores.

Dessa forma, a atuação preventiva do enfermeiro com relação ao estresse ocupacional dos motoristas de transporte escolar pode se desenvolver não apenas em demonstrar sobre seu significado e impacto, mas também em propor condutas que possam estar assimilando dentro do seu cotidiano. Pode-se ofertar condutas complementares, que além de controlar as fontes estressoras e prevenir o distresse, promovem hábitos saudáveis.

Além disso, com essa pesquisa, mostrou-se a necessidade de estudos da área de enfermagem que abordem essa temática para contribuir para os processos em saúde. Isto porque o trabalho compõe, historicamente, uma das atividades mais básicas e necessárias da sociedade e reafirma-se que um ambiente laboral saudável torna-se fundamental para os trabalhadores e empresas. Tendo em vista sua importância social, econômica e no que tange à discussão mundial sobre a qualidade de vida.

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