IMPORTÂNCIA DO MÉTODO CANGURU NA ATENÇÃO HUMANIZADA AO RECEM-NASCIDO PREMATURO

Data de postagem: Jun 18, 2015 5:2:53 PM

FACULDADES INTEGRADAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA

CURSO DE ENFERMAGEM

IMPORTÂNCIA DO MÉTODO CANGURU NA ATENÇÃO HUMANIZADA AO RECEM-NASCIDO PREMATURO

EUNÁPOLIS, BA

2014

SANDRA MELISSA DO PRADO SHIGETO

IMPORTÂNCIA DO MÉTODO CANGURU NA ATENÇÃO HUMANIZADA AO RECEM-NASCIDO PREMATURO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Enfermagem das Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia como parte dos requisitos parciais para a obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem

Orientadora: Profª Maria Cristina Marques

EUNÁPOLIS, BA

2014

SANDRA MELISSA DO PRADO SHIGETO

IMPORTÂNCIA DO MÉTODO CANGURU NA ATENÇÃO HUMANIZADA AO RECEM-NASCIDO PREMATURO

Trabalho de conclusão de curso apresentada ao curso de Enfermagem das Faculdades Integrada do Extremo Sul da Bahia como parte dos requisitos parciais para a obtenção do Título Bacharel em Enfermagem.

Orientadora: Profª Maria Cristina Marques

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Profª Maria Cristina Marques (Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia)

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Prof° ------------------------------ (Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia)

______________________________________________________________

Profª ---------------------------- (Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia)

Profª. Juliana dos Santos Ali

Coordenadora do Curso de Enfermagem

Eunápolis- BA___________________________________________________

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente a Deus que me permitiu chegar até aqui.

A meu esposo Érico Shigeto por ser inspiração para prosseguir nas tantas lutas acadêmicas.

Aos meus filhos Gabriel Lucas Shigeto e Giuliano Ethan Shigeto os quais amo infinita e incondicionalmente. Vocês foram minha fonte de inspiração e força para chegar até aqui.

Aos meus Pais que sempre me incentivaram a correr atrás de meus objetivos e sonhos, me ensinando a ser forte e batalhadora mediante qualquer circunstância, os quais amo infinitamente e admiro.

A meu sogro Eiji Shigeto e minha sogra Rafaela Shigeto por todo apoio e esforço diário para que esta formação fosse possível.

A Vagna Oliveira B. Santos que conseguiu enxergar minha essência, sendo amiga e companheira de muitas batalhas acadêmicas.

A todos os professores, funcionários e colegas de curso, que durante os últimos anos participaram direta ou indiretamente do meu processo de formação.

E a todos aqueles que contribuíram de alguma maneira para que fosse possível concluir mais essa etapa de minha vida.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter iluminado e direcionado meus passos e caminhos, dando forças suficientes para chegar até aqui, permitindo conquistar mais este sonho.

Aos meus Pais, que me deram toda a estrutura para que me tornasse a pessoa que sou hoje.

A meu esposo Érico Shigeto e aos meus filhos Gabriel Lucas Shigeto e Giuliano Ethan Shigeto, que souberam compreender minha ausência, nesse período acadêmico.

A meu sogro e minha sogra Eiji Shigeto e Rafaela Shigeto por todo apoio.

Ao meu tio Célio Antônio Bittencourt pelo apoio constante.

A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para minha formação.

Aos amigos e colegas, pelo incentivo e pelo apoio constante.

A Profª. Maria Cristina Marques minha orientadora nesta caminhada, por ter demonstrando humildade, disponibilidade, sabedoria e competência.

Às Supervisoras de estágio, pelas orientações, acompanhamento, compreensão, perseverança, otimismo e alegria com que conduziram as atividades dos trabalhos teóricos e da prática hospitalar.

Aos professores do Curso de Enfermagem, que foram tão importantes na minha vida acadêmica, por toda competência, dedicação, e por tudo que agregaram a minha caminhada durante estes cinco anos de curso.

EPÍGRAFE

A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.”

Nélson Mandela

RESUMO

O Método Mãe Canguru é um programa que veio revolucionar a forma de tratar os bebês recém-nascidos de baixo peso e oferecer a essas crianças a possibilidade de crescerem mais saudáveis e com melhor qualidade de vida. Este programa visa diminuir o tempo de permanência do recém-nascido na incubadora e o coloca no colo da mãe, utilizando-se a posição canguru e o controle de seguimento no ambulatório. Um relatório publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, em 2012, mostrava o Brasil com uma elevada taxa de bebês prematuros, colocando o país no mesmo patamar de países de baixa renda, onde a taxa estava situada em 11,8%, em contraste com a média percentual de 9,4% presentes em países de renda média. Atualmente, o programa vem se desenvolvendo em todo o mundo, adaptado às necessidades médicas, sociais e até mesmo culturais de cada país. Este trabalho de conclusão de curso foi realizado através de estudo bibliográfico, pesquisas de Artigos Científicos publicados no Brasil, Monografias e Dissertações de Tese indexados nos bancos de dados SCIELO e BIREME, objetivando abordar a importância do Método Canguru na atenção humanizada ao recém-nascido prematuro, descrevendo as etapas do Método Canguru na recuperação do recém-nascido prematuro, identificando as vantagens do Método Canguru para o recém-nascido e destacando a importância dos cuidados maternos para o melhor desenvolvimento do bebê. Através das pesquisas realizadas para a produção deste trabalho, foi possível trazer à luz que a produção de cuidado humanizado no âmbito da Unidade de Terapia Intensiva neonatal ainda é um desafio, sendo encontradas diversas dificuldades e obstáculos relatados em diversos artigos produzidos. Considerando além das vantagens clinicas apontadas neste trabalho para o recém-nascido, o Método Canguru é uma prática segura e prazerosa para mães e familiares, além de propiciar vantagens sociais e psicoafetivas, tais como: alta hospitalar precoce, aumento da possibilidade de sobrevivência do bebê, diminuição do tempo de separação, consequentemente redução no índice de abandono dos bebês, auxílio do desenvolvimento motor durante o primeiro ano de vida destes bebes.

Palavras chaves: Assistência ao Parto. Método Mãe Canguru. Vivência. Posição Canguru. Recém-nascido prematuro. Recém-Nascido de Baixo Peso.

ABSTRACT

The Kangaroo Mother Care is a program that has revolutionized the way of treating newborn babies with low weight and give these children the opportunity to grow healthier and better quality of life. This program aims to reduce the residence time of the newborn in the incubator and puts on her mother's lap, using the kangaroo position and control of outpatient follow-up. A report published by United Nations Children's Fund in 2012 showed Brazil with a high rate of premature babies, putting the country on par with low-income countries, where the rate was set at 11.8%, in contrast to the average percentage 9.4% present in middle-income countries. Currently, the program has been developed around the world, adapting to the medical, social and even cultural needs of each country. This completion of course work was conducted through literature research, scientific research articles published in Brazil, Monographs and Dissertations Thesis indexed in SCIELO and BIREME databases, aiming to address the importance of Kangaroo Care on humane care to premature newborns describing the stages of recovery Kangaroo premature newborn, identifying the benefits of Kangaroo Care for newborn and highlighting the importance of maternal care for the optimal development of the baby. Through the research conducted for the production of this work, it was possible to bring to light that the production of humanized care within the neonatal intensive care unit is still a challenge, various difficulties and obstacles reported in several articles produced being found. Considering beyond clinical advantages pointed out in this work for the newborn, the Kangaroo Method is a safe and enjoyable practice for mothers and families, as well as providing social benefits and psychoaffective, such as early hospital discharge, increased chance of survival of the infant, decreased separation time, thus reducing the rate of abandonment of babies, aid in motor development during the first year of life of babies.

Key words: Maternity Care. Kangaroo Mother Care. Experience. Kangaroo position. Premature newborns. Infant, Low Birth Weight.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Foto 1: UTIN Hospital das Clinicas de Niterói ...................................................

Figura 1: Famílias e Rede de Apoio .................................................................

Foto 2: Recebendo os pais na UTI Neonatal ...................................................

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LISTA DE SIGLAS

BIREME – Biblioteca Virtual em Saúde

DNV – Declaração de Nascidos Vivo

DNM – Declaração de Nascidos Morto

IMIP – Instituto Materno Infantil de Pernambuco

MC – Método Canguru

MMC – Método Mãe Canguru

OMS – Organização Mundial de Saúde

ONU – Organizações das Nações Unidas

RN – Recém Nascido

SCIELO – Scientific Eletronic Library Online

SINASC - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos

SUDS – Sistema Unificado Descentralizado de Saúde

SUS – Sistema Único de Saúde

UCIN – Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal

UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância

UTIN – Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal

SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO

A gravidez é algo sonhado, desejado, e esperado, a experiência de ter um filho inaugura um momento importante no ciclo vital da mulher e do homem. É uma grande expectativa para com aquele novo ser que está para chegar, para a nova história de vida que esta trinômia viverá. Porém, os casais se preparam apenas para a normalidade de uma gravidez. É um momento de muita ansiedade, expectativa, medo e alegria, é uma mistura de sentimentos para com a nova vida, todavia, nem sempre o ciclo gravídico atinge sua maturidade e o bebê nasce.

Os pais despreparados para aquele momento precoce do ciclo gravídico tem que enfrentar além da prematuridade de seu bebê, as dificuldades que esta prematuridade poderá trazer os cuidados especiais que o bebê terá de passar a receber logo após o momento da concepção. Para que estes cuidados se tornassem mais reais, palpáveis e englobassem aos pais, surge então uma alternativa humanizada de cuidados ao neonato, o Método Mãe Canguru.

O Ministério da Saúde diz que o método canguru é uma assistência neonatal voltada para o atendimento do recém-nascido prematuro, que consiste em colocar o bebê em contato pele a pele com a genitora (BRASIL, 2011).

O número elevado de neonatos de baixo peso ao nascimento (peso inferior a 2.500g, sem considerar a idade gestacional) constitui um importante problema de saúde e representa um alto percentual na morbimortalidade neonatal. Além disso, tem graves consequências médicas e sociais (abandono dos bebês quando a separação é longa e/ou se o custo dos cuidados é alto) (BRASIL, 2011).

A separação mãe-filho imposta pelo nascimento prematuro e/ou baixo peso pode acarretar consequências para o bebê como, por exemplo, risco de infecção, desmame precoce, dificuldades na formação dos laços afetivos com seus pais.

A separação também gera problemas do ponto de vista psicoafetivo, já que a mãe, após o parto, quando o bebê é levado para a Unidade de Terapia Intensiva - UTI, vivencia momentos de vazio, solidão e medo, sem o bebê, sem o companheiro e muitas vezes sem notícias, não é raro que pense que estejam lhe escondendo ou negando informações (BRASIL, 2011).

Os constantes avanços que ocorreram na neonatologia possibilitaram um decréscimo importante nos índices de morbimortalidade neonatal. Um dos mais recentes foi o Método Mãe Canguru (MMC), que proporciona uma atenção humanizada ao recém-nascido prematuro e/ou baixo peso, definido basicamente como o contato pele a pele entre a mãe ou mesmo familiares e o bebê, que se inicia o mais precocemente possível e se prolonga por toda a estadia hospitalar, o que permite uma alta hospitalar precoce (FUNDAÇÃO ORSA, 2005, apud OLIVEIRA, 2012, p. 21).

Esse método não veio para substituir as inovações tecnológicas, tem como essência, a recuperação do papel principal que tanto a mãe como a criança podem representar diante das circunstâncias traumáticas por ambos vividos.

O Método Mãe Canguru foi implementado pelo colombiano Edgar Rey Sanabria pela primeira vez em 1978 no Instituto Materno Infantil de Santafé de Bogotá (IMISB) - Colômbia e desenvolvido a partir de 1979 pelos doutores Luís Navarrete Pérez e Héctor Martinez Gomez com a finalidade de suprir a escassez de incubadoras, que muitas vezes abrigavam mais de um recém-nascido (RN) (CALUME, 1999).

Para Oliveira et al. (2008, p.329), o Método Mãe Canguru consiste em uma forma simples, humanizada e natural de cuidar do RN de baixo peso e sua família, baseado noexemplo dos marsupiais, como o canguru, que nascem antes de terminarem a gestação.

Optamos fazer um estudo bibliográfico, pesquisando Artigos Científicos publicados no Brasil, Monografia e Dissertações de Tese onde se pretende relatar, através destes,como estas mães que estão participando do MÉTODO MÃE CANGURU encaram a experiência vivida.

Visando uma melhor qualidade de assistência, priorizando a humanização no atendimento do recém-nascido prematuro e/ou baixo peso, o Método Mãe Canguru vembeneficiar o binômio mãe-filho através do contato pele a pele entre a mãe e seu bebê, favorecendo a estabilidade emocional materna e proporcionando a confiança e acompetência da mãe nos cuidados com o bebê.

Esta pesquisa abordará a importância do Método Canguru (MC) na atenção humanizada ao recém-nascido prematuro, descreverá as etapas do MC, identificará as vantagens do MC, bem como destacará a importância dos cuidados maternos para o melhor desenvolvimento do RN, onde os efeitos da separação precoce e prolongada entre mãe e bebê podem trazer como fator de risco atraso no desenvolvimento e sequelas neurológicas e será citada a humanização e a qualidade da assistência de enfermagem no MC, como também demonstrar que o referido método se configura como estratégia de qualificação do cuidado neonatal.

Este estudo se justifica, pois tudo o que os futuros pais esperam é uma gestação calma, tranquila e sem intercorrências. Porém, nem sempre isso ocorre, pois muitas vezes acontece um parto prematuro, uma gestação de risco, nos quais transtornos inesperados fazem com que o bebê chegue ao mundo antes do tempo previsto. Medo, insegurança, culpa e preocupações, são sentimentos que invadem a vida dos pais neste momento, pois se deparam com um bebê recém-nascido, prematuro, frágil, de baixo peso e ainda incapaz de sobreviver sem cuidados especiais e intensivos (NEVES; RAVELLI; LEMOS, 2010).

2. OBJETIVOS

      1. OBJETIVO GERAL:

Abordar a importância do Método Canguru na atenção humanizada ao recém-nascido prematuro.

      1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

      2. Abordar a história do parto e o processo de humanização do parto;

      3. Discorrer sobre a maternidade prematura;

      4. Apresentar os cuidados com o RN na UTIN;

      5. Descrever o MMC e suas etapas;

      6. Identificar as vantagens do MMC;

      7. Destacar as experiências registradas com o MMC.

3. METODOLOGIA

O presente estudo utilizou-se das abordagens exploratória, descritiva e revisão bibliográfica que especificamente interessa nesse trabalho. As finalidades de uma pesquisa exploratória conforme Andrade (2006) são: Proporcionar maiores informações sobre o assunto; Facilitar a delimitação de um tema; Definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou; Descobrir um novo enfoque para o trabalho que se tem em mente.

Segundo Vergara (2007, p. 47), a pesquisa exploratória, que não deve ser confundida com leitura exploratória, é realizada na área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Por sua natureza de sondagem, não comporta hipóteses que, todavia, poderão surgir durante ou ao final da pesquisa.

A descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis para definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação. A pesquisa de opinião insere-se nessa classificação. É importante destacar ainda que, na pesquisa descritiva, os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira neles, isto é, são estudados, porém não podem jamais ser manipulados pelo pesquisador.

Os critérios utilizados para a seleção da amostra foram: artigos de pesquisas no Brasil, publicados em periódicos nacionais e internacionais; artigos que abordem a temática da utilização do método mãe canguru segundo os objetivos propostos pelo estudo; periódicos indexados nos bancos de dados BIREME e SCIELO usando os seguintes descritores: Método Mãe canguru AND Parto AND Cuidado.

4. HISTÓRIA DO PARTO

Nascer é historicamente um evento natural. Como é indiscutivelmente um acontecimento mobilizador e desde as primeiras civilizações foram agregados a este acontecimento, inúmeros significados culturais que através de gerações sofreram transformações, e ainda comemoram o nascimento como um dos fatos marcantes da vida (BRASIL, 2001).

Antigamente, a humanidade vivia conforme seus “instintos naturais”. A princípio, a mulher se isolava para parir, geralmente sem nenhuma assistência ou cuidado vindo de outras pessoas, apenas seguia o seu instinto. O parto era considerado um fenômeno natural e fisiológico (SANTOS, 2002).

Ainda de acordo com Santos (2002), o registro histórico da assistência ao parto tem início a partir do momento em que as próprias mulheres se auxiliam e iniciam um processo de acumulação de saber sobre a parturição. Dessa forma, começa-se a agregar valores aos conhecimentos acerca do processo de nascimento entre as próprias mulheres, e o parto passa a se tornar um evento mais importante na vida das mulheres que participam do mesmo.

Então uma mulher que a comunidade considerasse como mais experiente era reconhecida como parteira – essa parteira se traduz na figura da mulher que atende partos domiciliares, mas que não tem nenhum saber científico. Seus conhecimentos são embasados na prática e na acumulação de saberes, tradicionalmente passado de geração para geração.

No século XVII ocorreu uma grande transformação na obstetrícia: a introdução dos cirurgiões na assistência ao parto, pois ainda não existia a obstetrícia e a ginecologia como especialidade médica (MACHADO, 1995).

Quando apareciam situações inusitadas ou complicadas e perigosas as parteiras recorriam, na maioria das culturas, ao homem – inicialmente shamans1, padres ou rabinos e mais recentemente os barbeiros-cirurgiões e finalmente os profissionais da saúde. A presença masculina no parto era vivida com inquietude pelos presentes, pois significava que algo ia muito mal. Mais tarde, os profissionais da saúde foram assumindo o controle da assistência ao parto (OSAVA, 1997).

Segundo Santos (2002), em torno de 1880 os profissionais da saúde apresentavam uma melhor aceitação da sociedade e as mulheres de todas as classes sociais começaram a procurar a maternidade para os casos mais complicados e gradualmente considerá-la mais segura do que o domicílio. A transformação marcante ocorrida no modelo de atenção ao parto e ao nascimento só foi possível após uma mudança da forma de pensar tanto dos profissionais da saúde como de suas clientes, que passaram a entender que o parto hospitalar ofereceria maior segurança, tanto para a mulher quanto para o bebê.

O hospital vendia uma imagem de ter conseguido associar o melhor de dois mundos, era um hotel que estaria habilitado a prover serviços de atenção tanto direcionados à mulher quanto ao bebê, com segurança e com a internação durante um período suficiente para a recuperação da mulher.

A partir daí, as mudanças relacionadas ao parto acabariam por caracterizá-lo como evento praticado por profissionais da saúde, cujos significados científicos aparentemente viriam sobrepujar outros aspectos. O parto então deixa de ser privado, íntimo e feminino, e passa a ser vivido de maneira pública, com a presença de outros atores sociais, iniciando assim as atividades de cunho profissional à mulher, bem como a formação de pessoal para a assistência ao parto (BRASIL, 2001).

O estudo da evolução do modelo de atenção ao parto, em particular da institucionalização do mesmo, passa pelo entendimento do próprio processo de urbanização ocorrido na época. Houve uma época em que o parto e os cuidados posteriores com a parturiente e o bebê transcorriam em família, nos dias atuais estes mesmos eventos acontecem em instituições hospitalares onde os vínculos perderam a sua importância e tornaram-se meros contatos superficiais (SANTOS, 2002).

5. A HUMANIZAÇÃO DO PARTO

Na assistência ao parto, o termo humanizar é utilizado há muitas décadas, com sentidos os mais diversos. Fernando Magalhães, o Pai da Obstetrícia Brasileira, o empregou no início do século 20 e o professor Jorge de Rezende, na segunda metade do século (DINIZ, 2005, p. 627).

O termo humanização pode agregar diferentes significados. Ele busca expressar uma mudança na compreensão do parto como experiência humana, gerando interpretações de diversas influencia no campo ideológico-cultural. Os principais sentidos atribuídos ao termo podem ser agrupados em sentidos relacionados aos aspectos de ordem técnica e de ordem ético-política (PEREIRA et al., 2007).

A humanização do parto, quanto à legitimidade da participação da parturiente nas decisões, está pautada no diálogo com a mulher, na inclusão do pai no parto e na presença das doulas, além da busca por melhoria na relação da instituição hospitalar e seus consumidores (DINIZ, 2005).

Há também uma legitimidade política, entre outras que reivindica humanização como defesa dos direitos humanos, almejando combinar direitos sociais e direitos reprodutivos e sexuais com vistas à equidade, liberdade e direito individual. O parto entendido como humanizado não deseja abolir as tecnologias alcançadas para auxiliar a mulher nesse processo, porém elas não devem ser usadas rotineiramente, medicalizando o parto ou tornando-o estritamente cirúrgico (CHECHIN, 2002).

Assim, conforme Chechin, a humanização surge como uma proposta de redefinição das relações humanas na assistência, como revisão do projeto de cuidado, e mesmo da compreensão da condição humana e dos direitos humanos.

6. MATERNIDADE PREMATURA

Abordar o tema sobre prematuridade, enfocando os sentimentos maternos em relação à esperança e medo da morte do bebê, apresenta-se como fundamental, tendo em vista que o parto prematuro no Brasil atinge a taxa de 11,7% em relação a todos os partos realizados. O SINASC, sistema do Ministério da saúde, apontava um discreto aumento no percentual de prematuridade, de 6,8% para 7,2% entre 2000 e 2010. No entanto, o estudo efetuado pela UNICEF corrigiu o valor de 2010 para 11,7% (UNICEF, 2013).

Ainda, conforme o trabalho publicado pela UNICEF, esta taxa de parto com bebes prematuros coloca o país no mesmo patamar de países de baixa renda, onde a taxa está situada em 11,8%, em contraste com a média percentual de 9,4% presentes em países de renda média, conforme publicado no relatório “Born too Soon”, divulgado pela Organização Mundial da Saúde em 2012 (UNICEF, 2013).

Taxas elevadas estão geralmente associadas a condições insatisfatórias de assistência pré-natal, ao parto e ao recém-nascido e por este motivo o método MC é considerado um bom indicador da assistência obstétrica e neonatal, além das condições socioeconômicas que auxiliam a elevação dos cuidados com a assistência pré-natal (BRASIL, 2006).

A definição mais utilizada de prematuridade leva em conta a idade gestacional, sendo considerada prematura a criança nascida antes de 37 semanas de gestação (TINOCO, 2013, p. 39). A prematuridade também é estabelecida por meio de exames médicos e laboratoriais, dados clínicos e pela avaliação anatômica da criança, seu peso e altura.

Além das semanas de gestação, o peso do bebê ao nascer é um marco importante na classificação da prematuridade. Bebês pesando de 1.500 a menos de 2.500 gramas são considerados de baixo peso e pesando menos de 1.500 gramas são considerados bebês de muito baixo peso (ORTIZ e OUSHIRO, 2008, apud TINOCO 2013, p. 39).

As informações sobre o bebê prematuro, tais como o seu peso ao nascer e duração da gestação, bem como a qualidade de assistência que foi prestada durante a gestação e parto são de grande importância para a mensuração do indicador da assistência obstétrica e neonatal, elas fazem parte do DNV (BRASIL 2006).

O nascimento prematuro está relacionado a condições que levaram a impossibilidade do útero para reter o bebê até o final da gravidez e/ou à necessidade de um parto precoce de urgência. As causas mais frequentes se referem à saúde e hábitos maternos, condição socioeconômica e cultural, histórico ginecológico e obstétrico desfavorável, além de intercorrências gestacionais e assistenciais (Brasil, 2004; WHO, 2012 apud TINOCO 2013, p. 39).

Um bebê que nasce antes de seu tempo pode ou não precisar de cuidados especiais e, portanto, as vivências podem variar desde ter alta logo após o parto até ficar meses internado, passando por busca de diagnósticos, cuidados intensivos, cirurgias, risco de sequelas e morte, tudo isso repercutindo também no entorno deste bebê (TINOCO, 2013, p. 40).

Para Levin (1999, p.354), o contato constante mãe-bebê favorece a saúde biológica e psicológica de uma criança no período neonatal tardio (de 7 a 28 dias) e é muito melhor que o contato com a equipe médica que muda frequentemente.

6.1 O LUTO PELO BEBE PREMATURO

O prematuro, além de emergir na vida familiar de maneira inesperada, é percebido por ela como um ser inacabado, e pode até mesmo ser indesejado. Desta forma, a percepção do prematuro, por sua família gera insegurança, ocasionando intensas mudanças e transformações na vida de cada um de seus membros (ARRUDA; MARCON, 2006).

Para Freud (1976, p. 249) “luto é a reação à perda de um ente querido, à perda de alguma abstração que ocupou o lugar de um ente querido, como o país, a liberdade, o ideal de alguém e assim por diante”. O luto materno destaca, no mundo real, as angústias que acompanham uma gestante ou mãe durante toda a gestação de seu bebê, tendendo a ser tornarem paulatinamente dissolvidas no pós-parto, no momento do vínculo físico mãe-filho.

O nascimento de um bebê que necessita de cuidados, que nasceu prematuramente, gera na mãe o sentimento do luto do imaginário, pois na realidade, existe um bebê real e um bebê imaginário, aquele que foi idealizado pela mãe e que pode ou não, ser mantido sempre sob seus olhares (BRASIL, 2002, p. 26). As mães querem ter um bebê saudável, bonito, grande, com peso normal, de 09 meses. E nem sempre ocorre de a mãe ter o bebê que ela sonhou.

Algumas vezes, o bebê nasce com alguma má-formação, prematuro, com baixo peso. Isso representa uma morte do bebê imaginário ao deparar-se com o seu bebê real. “Sendo assim, o nascimento de um filho tanto encarna a realização de um ideal quanto reatualiza a falta estrutural – já que sem ela não haveria desejo de ter um filho.” (JAQUETTI E MARIOTTO, 2004, p. 53).

Freud (1976) acredita que o luto poderá ser elaborado após certo tempo, sem haver uma interferência sobre ele. No luto, podemos encontrar traços como desânimo profundo, perda de interesse no mundo externo, perda da capacidade de amar e inibição de atividades.

Existem cinco fases em um processo de Luto: a negação, a raiva, a barganha, a depressão e finalmente, a aceitação ou a conciliação Estas fases não são experienciadas igualmente por todas as pessoas e também variam consoante o tipo de perda. A duração de cada uma delas é variável, no entanto podes ficar “preso” a uma delas. Em uma entrevista concedida pela psicóloga Estela Noronha e publicada no Site Clinica de Psicologia, ela citou Kluber-Ross, autora de vários livros sobre o tema e entre eles o livro intitulado “Sobre a Morte e o Morrer” (1996), e segundo ela esses estágios não são necessariamente subsequentes um do outro e podem ser vividos ao mesmo tempo.

Arruda (2006) diz que os pais de prematuros são considerados um grupo de risco, pois já ficam debilitados com o sofrimento advindo das complicações da gravidez. Desta forma se veem prejudicados na autoconfiança e, consequentemente, na capacidade de criar esse filho.

De acordo com Winnicott (2001 apud VÉRAS, VIEIRA e MORAIS, 2010, P. 329), a mãe que atende às necessidades do bebê, acentuando o cuidado com o ambiente que o circunda, está colaborando para uma vida cheia de significados e vínculos afetivos satisfatórios. Entretanto, no cotidiano da maternidade, e com os prematuros em especial, essa situação não representa a realidade. Essas mães lidam com uma situação especial: a possibilidade da morte do bebê.

Por esse motivo, verifica-se que muitas delas relatam se sentirem divididas entre voltar para casa sozinha ou continuar morando na maternidade investindo sentimentos num bebê que provavelmente poderá falecer. Assim, é possível refletir acerca da dificuldade de estabelecimentos de vínculo e da criação do apego diante do risco de morte, pois o medo de sofrer, e também do desconhecido, pode gerar reações de abandono e exclusão. Além disso, as questões maternas e a preocupação com crianças deixadas em casa, acaso o prematuro não seja o primeiro filho, tende a favorecer a vontade de ir para o seu lar e ficar com os que estão em casa (VERAS; VIERA; MORAIS, 2010).

Percebe-se, com os relatos, a importância do contanto pele a pele precoce entre mãe, pai, familiares e bebê e de como ela é favorável ao desenvolvimento do mesmo. Além de criar condições de relacionamento, essa aproximação estabelece credibilidade e confiança, diminuindo angústias. O suporte familiar é de fundamental importância para a recuperação do bebê, pois é necessário que a mãe tenha amor, confiança e disponibilidade de tempo para se dedicar integralmente ao bebê e, dia após dia, vivenciar e contribuir para sua evolução (MAIA et al, 2011, p.233).

Este processo de assistência à mãe e a família é muito valorizado, tendendo a ser considerado de muita importância pela equipe de saúde. Assim, esses profissionais desenvolvem ações educativas e assistenciais que substituem as crenças e práticas populares, pois essas são tidas como não científicas e podem causar prejuízo aos cuidados requeridos pela criança. Arivabene e Tyrrell (2010) apud (SILVA, GARCIA e GUARIGLIA 2013, p. 8). Do ponto de vista psicológico, já se observou que a proximidade da mãe e a criança nos primeiros momentos de vida têm uma influência significante sobre o relacionamento da criança no futuro, quanto à afetividade, favorecendo o seu desenvolvimento intelectual e emocional.

Sobre isto Belli (1995, p.194) comenta que:

O vínculo mãe-filho propicia um compromisso emocional com a criança, o qual pode ser a força fundamental que estimule a mãe a cuidar do filho. Uma vez que esta é a pessoa mais significativa e próxima, através deste vínculo, ela absorve todos os problemas que acometem a criança neste momento.

Geralmente, o fato de ser mãe tende a levar a mulher a redobrar-se em atenções, cuidados e até mesmo mudanças em seu estilo de vida para ajustar-se às demandas do filho, que passa a viver fortes emoções e responsabilidades, atuando em seus aspectos psicológicos e sociais (BELLI, 1995).

Segundo Borba (1991, p.11, apud CAMPOS; CABRAL, 2002), quando os pais são atendidos em suas necessidades participam efetivamente nos cuidados do filho hospitalizado desde os pequenos gestos de apoio e carinho ao lado da assistência, beneficiando tanto a família quanto a criança. Os benefícios dessa participação incluem a diminuição do nível de ansiedade, aumento da satisfação, melhor adaptação da criança e de seus familiares à situação hospitalar e, após a alta, capacidade para identificar as necessidades do filho e de tomar decisões mais adequadas para atendê-las, alívio, do sentimento de culpa e suporte ao papel que devem desempenhar, além de restabelecer a fonte de segurança da criança.

7. CUIDADOS COM O BEBÊ RECÉM-NASCIDO

Recém-nascidos, especialmente os recém-nascidos pré-termo, têm grande risco de desenvolver deficiências nutricionais que podem afetar adversamente sua saúde e crescimento pós-natais (BRASIL; 2011).

A tendência dos recém-nascidos pré-termo ao desenvolvimento de deficiências tais como: sequelas de anoxia, hemorragias, síndromes, meningites e outras deficiências resultam de sua rápida velocidade de crescimento e da imaturidade metabólica que afeta todos os seus sistemas orgânicos. Tanto a velocidade de ganho de peso como o crescimento longitudinal atinge os seus valores máximos por volta da 32ª semana de gestação, valores que não serão atingidos em nenhum outro período da vida (CALAZANS; NASCIMENTO; CABRAL, 2009).

Este é um período crítico de crescimento e desenvolvimento na espécie humana, no qual uma oferta nutricional inadequada resulta em alterações funcionais e estruturais dos diversos órgãos do sistema, cujas consequências se fazem sentir nos períodos fetal e neonatal imediato, mas também na infância e na vida adulta (ALVES et al., 2004 apud CALAZANS; NASCIMENTO: CABRAL, 2009).

A prematuridade é a principal causa de morbidade e mortalidade neonatais. Não se trata apenas de um problema de ordem médica, mas educativo e social, o que o torna mais complexo, justificando os cuidados com o bebê e a sua permanência no berçário (PIZZANI; LOPES; MARTINEZ, 2012).

Atualmente, vários autores, partindo de uma análise crítica da área, têm apontado lacunas tanto no embasamento teórico como no grau de evidência das diferentes modalidades de intervenção neonatal. (FELDMAN; 1998 apud CANOTILHO, 2005, p. 19), em recente artigo de revisão, afirma que, apesar das evidências da efetividade do papel da intervenção neonatal sobre o desenvolvimento, ainda não há consenso sobre quais modalidades de intervenção são mais adequadas a bebês com diferentes pesos, idades gestacionais e condições de saúde, sobre o modo como cada uma delas atua nestas diferentes populações, bem como sobre quais características do processo de desenvolvimento podem ser modificadas por cada modalidade.

Já Goldson (1999), por sua vez, afirma que a maioria dos programas de intervenção apresenta teorias contrastantes ou mesmo “ausência de embasamento teórico para sua realização”, inviabilizando a discussão dos seus efeitos a curto e a longo prazo.

A classificação do recém-nascido é de grande importância, ela possibilita a sua codificação e posteriormente a sua avalição quanto ao risco de morbimortalidade e leva o profissional de saúde a realizar uma assistência adequada e este recém-nascido (LOPES e Campos JÚNIOR, 2007).

Simões (2002) classifica os recém-nascidos quanto ao seu peso ao nascer:

Extremo baixo peso ao nascer quando o bebê tem menos que 1000g, Muito Baixo Peso ao nascer quando o bebê tem menos que 1500g; Baixo Peso quando tem menos que 2500g; Peso Insuficiente quando tem peso entre 2500 e 2999 g; Peso Adequado quando o peso está entre 3000 e 3800 g e Macrossômico quando o peso é superior a 3800 g.

Já Kenner (2001) classifica o recém-nascido quanto à sua idade gestacional:

Recém-nascido pré-termo ou prematuro: é o que tem idade gestacional inferior a 37 semanas. A prematuridade é fator de risco para síndromes asfíxicas, imaturidade pulmonar, hemorragia intraventricular, encefalopatia bilirrubínica, infecções, distúrbios metabólicos e nutricionais, retinopatia, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor e outros.

Recém-nascido a termo: é o que têm idade gestacional entre 37 semanas e 41 semanas e 06 dias.

Recém-nascido pós-termo: é o que tem 42 semanas ou mais de idade gestacional, ou seja, 10 meses. Em cerca de 20-25% dos casos de gravidez prolongada a nutrição e o crescimento fetal são mantidos e o peso fetal excede 4.000g ao nascimento. Os pós-termo geralmente apresentam características especificas como: perda da gordura subcutânea, pele macerada impregnada de mecônio, tende a ser compridos, em relação à média de neonatos normais e magros.

Ainda conforme Kenner (2001), o recém-nascido pode ser classificado quanto à relação peso e idade gestacional, onde para cada época da gestação existe uma variação de peso considerada normal, entre o percentil 10 e 90 para uma dada população. O recém-nascido pode ser classificado em:

Pequeno para a Idade Gestacional (PIG). O Neonato PIG é aquele cujo peso está abaixo do 10º percentil para a idade gestacional. O estado PIG resulta de retardo no crescimento intra-útero, um processo anormal no qual o desenvolvimento e a maturação do feto estão retardados ou comprometidos. Após a prematuridade, o retardo no crescimento intra-uterino é a principal causa de morte durante o período perinatal.

Apropriado para a Idade Gestacional (AIG). O Neonato AIG é aquele cujo peso está entre o percentil 10º e 90º para a idade gestacional.

Grande para a Idade Gestacional (GIG). O Neonato GIG é aquele cujo peso ao nascer excede o 90º percentil para a idade gestacional. Um neonato nascido a termo é considerado GIG quando o peso ao nascer excede 4.000g. A principal causa de estado GIG é a diabetes materna.

8. O BEBÊ NO BERCÁRIO

A assistência neonatal vem passando por muitas transformações e o advento de novas tecnologias trouxe um universo mais amplo ao cuidado aos recém-nascidos (RN). Durante décadas, os avanços nos cuidados intensivos têm possibilitado maior sobrevida aos RNs prematuros extremos, aquele nascido entre 24 e 30 semanas de idade gestacional. Nos últimos anos, grandes mudanças vêm ocorrendo no ambiente das unidades neonatais no Brasil, de certa forma acompanhando a tendência mundial (MOREIRA; LOPES; CARVALHO, 2004).

As unidades de terapia intensiva neonatal (UTIN) representam uma das áreas de saúde de maior desenvolvimento tecnológico. Esse desenvolvimento se faz necessário não somente para aumentar a taxa de sobrevida do recém-nascido, mas também, tem o intuito de prestar cuidado baseado no desenvolvimento, principalmente do prematuro de extremo baixo peso. Embora todos os avanços tem sido acompanhados por complicações, iatrogenias nos cuidados intensivos, no atraso no desenvolvimento dos neonatos sobreviventes, e dos efeitos da dor a longo prazo (BRASIL, 2000).

O nascimento de um novo ser e todas as expectativas que o envolvem, compreendendo-se em várias questões, entre elas o processo de internação deste recém-nascido em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Conclui que a utilização de tecnologias duras2 neste cenário é inerente, mas sugere que não deve ser passível da desvinculação de tecnologias leves3, que valorizam o relacional, as vivências e necessidades primordiais de afetividade, diálogo e compreensão, beneficiando à saúde do recém-nascido (RN). A assistência ao RN nas unidades intensivistas perpassam pela utilização de máquinas e equipamentos denominadas tecnologias duras. A necessidade de manter o RN em uma incubadora evidencia o equipamento em detrimento do ser humano, correndo o risco deste ser apenas um detalhe, um componente do processo, para os olhos de alguns (CLAUDIA et al., 2010).

Ainda, conforme Claudia et al. (2010), o excesso de tecnologia remete a reflexões sobre a adequação de seu uso, a importância que possui no salvar vidas e no processo de cuidado em enfermagem neonatal. Ao mesmo tempo, esta percepção pode gerar um falso empoderamento do profissional representada por uma força que desumaniza e despersonaliza as formas de cuidar.

Neste sentido, para Neto e Rodrigues (2010), as ações humanizadoras imprimem o caráter relacional do cuidado em saúde, no qual a expressão das subjetividades é exclusiva dos seres humanos. A equipe de saúde que trabalha na UTIN é confrontada diariamente com questões relacionada à morte, utilizando muitas vezes de mecanismos de defesa para evitar o confronto com a angústia, gerada pela participação do sofrimento do paciente, podendo causar, se não trabalhado adequadamente, o estresse, o sofrimento psíquico.

Nesse processo, o sofrimento pode ser potencializado pela forma como está organizado o trabalho, a saber, jornadas prolongadas, ritmo acelerado, falta de descanso ao longo do dia, ou até mesmo a jornada dupla de serviço, intensa responsabilidade na realização de tarefas para um paciente que não expressa suas angústias, irritações e medos. A vivência cotidiana com essa realidade pode levar a sentimento de frustração, raiva, falta de confiança em si próprio, diminuição da satisfação com o trabalho, podendo, inclusive, desencadear sintomas de depressão (OLIVEIRA et al., 2006). Para que o trabalho não se torne mecanizado e desumano, é necessário que os profissionais estejam instrumentalizados para lidar as situações do cotidiano, recebendo auxílio psicológico e aprendendo a administrar sentimentos vivenciados na prática assistencial.

Apesar da importância da UTIN, contraditoriamente, essa unidade que deveria zelar pelo bem-estar da criança em todos os seus aspectos, é por excelência um ambiente nervoso, impessoal e até temeroso para aqueles que não estão adaptados às suas rotinas. Tal ambiente é repleto de luzes fortes e constantes, barulho, mudanças de temperatura, interrupção do ciclo do sono, visto que são necessárias repetidas avaliações e procedimentos, acarretando, muitas vezes, desconforto e dor, assim deve-se enfatizar a importância da mãe e da equipe de enfermagem na assistência ao binômio mãe-filho (REICHERT; LINS; COLLET, 2007).

Ainda, conforme Reichert, Lins e Collet (2007), é continuo o movimento de admissões e intervenções no setor. No meio destas atividades encontra-se o bebê, o qual necessita de cuidados especiais, a exemplo de incubadoras para mantê-lo aquecido, de oxigênio para evitar asfixia, de sondas ou cateteres para alimentá-lo. Este, ambiente, mesmo assim, torna-se um local de medo para os pais do recém-nascido pois eles tem consciência por saber dos riscos aos quais seus filhos estão expostos, mas também é um ambiente de esperança pois é o local melhor preparado para o atendimento das necessidades de seus filhos, aumentando assim, a chance de sobrevida.

A humanização do cuidado Neonatal, segundo o Ministério da Saúde preconiza várias ações, as quais estão voltadas para o respeito às individualidades, à garantia da tecnologia que permita a segurança do recém-nascido e o acolhimento ao bebê e sua família, com ênfase no cuidado voltado para o desenvolvimento e psiquismo, buscando facilitar o vínculo pais-bebê durante sua permanência no hospital e após a alta. A equipe de enfermagem que atua em UTIN deve buscar a utilização de medidas que minimizem o sofrimento do bebê e sua família, que sofrem e tem dificuldade de aceitar a separação e a condição de seu filho (REICHERT, LINS E COLLET, 2007).

Os pais sonham com um bebê imaginário saudável, perfeito e lindo e acabam tendo dificuldades em reconhecer o bebê que está na UTIN como seu. Assim, existe um contraste enorme no reconhecimento do bebê que se encontra na UTIN e o bebê que eles idealizavam. (FERRAZ apud REICHERT, LINS E COLLET, 2007). A equipe de enfermagem deve proporcionar aos pais ou a outros familiares, a oportunidade de visualizar e tocar a criança é extremamente útil ao desenvolvimento do apego e do vínculo afetivo após o nascimento.

Em entrevista durante o XVII Congresso Brasileiro de Perinatologia ocorrido em Florianópolis, SC no período de 10 a 14 de novembro de 2001 a Doutora Shanhnaz Duara da Universidade de Miami, Flórida disse que:

Se não é possível evitar o parto prematuro, então é muito importante tentar otimizar a sobrevida do recém-nascido (RN). O uso da tecnologia para melhorar a sobrevida dos RN extremamente prematuros tem levantado questões muito polêmicas de bioética. O importante é oferecer um tratamento que beneficie a criança a longo prazo principalmente quanto ao desenvolvimento neuropsicomotor. O desafio atual para o neonatologista é o uso destas tecnologias com muito bom senso, discernindo entre prolongar a vida de um paciente e oferecer um tratamento que o beneficie a longo prazo.

Portanto, conforme a Doutora Duara o protocolo de toque mínimo é muito importante para os prematuros, por causa da imaturidade neuropsicomotora. Eles não são capazes de discernir entre um toque que cause prazer e outro que cause desprazer, portanto reagem como se cada toque causasse desprazer e estresse (BRASIL, 2011).

Quando o bebê nascido pré termo é levado para a UTI Neonatal tradicional encontra um ambiente extremamente diferente daquele em que se encontrava no útero. O nível sonoro é alto e as luzes são fortes e contínuas. O meio ambiente nem sempre permite flexão ou limites adequados e a ação da gravidade impede muitos de seus movimentos como, por exemplo, levar o dedo à boca para sugar e se organizar. O bebê passa a ser excessivamente manuseado, tanto para cuidados de rotina quanto para procedimentos intrusivos e até dolorosos, muitas vezes sem cuidados adequados para a diminuição do estresse e da dor (BRASIL, 2011).

Foto 1: UTIN Hospital das clinicas de Niterói.

Fonte: Folha de São Paulo 2011, Reportagem – No Rio, mini rede ajuda a recuperação de bebês em UTI.

Esse manuseio geralmente é imprevisível e variado, pois são muitos os cuidadores, podendo ocorrer a qualquer hora, de acordo com as necessidades da equipe de saúde. Quase sempre não é contingente, isto é, não é originado ou modificado pelos sinais do bebê. Geralmente existe uma separação das modalidades sensoriais: quem cuida pode estar falando com outra pessoa, desatento aos sinais emitidos pelo bebê, sem tentativas de consolo ou diminuição do alerta. Após os procedimentos, o bebê continua reagindo por vários minutos, até aquietar se por estar completamente exausto. O RN pré termo reage em face desse ambiente com grande “gasto energético”, o que pode se refletir negativamente, em termos fisiológicos, no desenvolvimento do Sistema Nervoso Central – SNC, e até na interação mãe bebê (BRASIL, 2011, p. 115).

Diversos estudos realizados apontaram que a presença contínua da mãe junto do bebê, além de garantir calor e leite materno, trazia inúmeras outras vantagens dentre as quais a promoção do vínculo mãe-bebê, condição indispensável para a qualidade de vida e sobrevivência do recém-nascido após a alta da Unidade Neonatal. Ao longo das três últimas décadas o Método Canguru vem despertando grande interesse dentre os profissionais envolvidos na assistência neonatal em todo o mundo, sendo cada vez mais utilizado, sem que exista, entretanto, uma diretriz única. São diversas as formas utilizadas em sua aplicação no que diz respeito à abrangência, ao tempo de início e ao tempo de permanência na posição canguru (LAMY et al. 2005).

A atuação começa numa fase previa ao nascimento de um bebe de gestação de alto-risco e/ou de baixo peso, com a identificação das gestantes com risco desse acontecimento. Nessa situação, a futura mãe e sua família recebem orientações e cuidados específicos. O suporte psicológico e prontamente oferecido (BRASIL;2011, p. 32)

Com o nascimento do bebe e havendo necessidade de permanência na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e/ou Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal (UCIN), especial atenção e dada no sentido de estimular a entrada dos pais nesses locais e de estabelecer contato pele a pele com o bebe, de forma gradual e crescente, de maneira segura e agradável para ambos. Trabalha se o estimulo a lactação e a participação dos pais nos cuidados com o bebe. A posição canguru e proposta sempre que possível e é desejada (BRASIL, 2011).

A segunda etapa do Método exige estabilidade clínica da criança, ganho de peso regular, segurança materna, interesse e disponibilidade da mãe em permanecer com a criança o maior tempo desejado e possível.

A terceira etapa se inicia com a alta hospitalar, e exige acompanhamento ambulatorial criterioso do bebe e de sua família, dando continuidade à abordagem biopsicossocial. O Método Canguru, desde a primeira fase, e realizado por uma equipe multidisciplinar, capacitada na metodologia de atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso (BRASIL, 2011).

    1. METODO CANGURU

Em todo o mundo, nascem anualmente 20 milhões de crianças prematuras e com baixo peso. Destas, um terço morre antes de completar um ano de vida. No Brasil a primeira causa de mortalidade infantil são as afecções perinatais, que compreendem os problemas respiratórios, a asfixia ao nascer e as infecções, mais comuns em crianças prematuras e de baixo peso (BRASIL, 2011, p. 12).

O nosso país, hoje, vem trabalhando com um novo olhar à atenção ao parto, que é o olhar da atenção humanizada à criança e à família, respeitando-as em suas características e individualidades. Esta atenção ao recém-nascido deverá se caracterizar pela segurança técnica da atuação dos profissionais em saúde e pelas condições hospitalares adequadas, aliadas a suavidade no toque humano durante a execução de todos os cuidados prestados (BRASIL, 2011).

Nessa linha de pensamento, desde o início dos anos 80, após experiência pioneira realizada na Colômbia, vários pediatras têm atribuído importância especial, no aspecto psicológico, ao contato pele a pele entre a mãe e o bebê. Assim, espera-se que haja um vínculo mãe-filho muito maior, que auxilie o desenvolvimento psicomotor dos recém-nascidos, notadamente os de baixo peso, e promova o aleitamento materno. Conhecido como Método Mãe Canguru, tal forma de atendimento tem sido utilizada nas unidades de saúde que atendem a gestantes conveniadas pelo Sistema Único de Saúde - SUS (BRASIL, 2002).

Segundo o Ministério da Saúde (2002),

Método Canguru é um tipo de assistência neonatal que implica contato pele a pele precoce entre a mãe e o recém-nascido de baixo peso, de forma crescente e pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso e suficiente, permitindo uma maior participação dos pais no cuidado a seu recém-nascido e o envolvimento da família.

O Programa, no Brasil, não tem como objetivo a substituição de incubadora ou de qualquer outra tecnologia ou recursos humanos e sim a promoção de uma mudança institucional na busca de atenção à saúde, centrada na humanização da assistência e no princípio de cidadania da família (BRASIL, 2009).

      1. ORIGEM DO MÉTODO CANGURU

O MMC foi implementado no Instituto Materno Infantil de Santafé de Bogotá (Colômbia), em 1978, pelo Dr. Edgar Rey Sanabria, Professor Assistente da Faculdade de Medicina da Universidade Nacional da Colômbia e Diretor do I.M.I.S.B. Desenvolvido a partir de 1979 pelos doutores Héctor Martinez e Luís Navarrete, pediatras colombianos, com a finalidade de suprir a escassez de incubadoras, que, muitas vezes, abrigavam mais de um recém-nascido, ocasionando infecção cruzada, ou seja, a transmissão de micro-organismo de um paciente para outro, além de abandono materno e maus tratos com estes bebês, por parte de seus pais (CALAZANS; NASCIMENTO; CABRAL, 2009).

Essas condições precárias de atendimento aos recém-nascidos de baixo peso e pré-termo sensibilizaram os doutores Edgar Rey Sanabria, Héctor Martinez e Luiz Navarreto a criarem o programa Mãe Canguru, proporcionando cuidados e qualidade de vida para essas crianças. Desde então, o Método Mãe Canguru vem sendo difundido em vários países desenvolvidos e em desenvolvimento, recebendo o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que divulgou o método para todo o mundo, cuja estrutura permite que os pais possam receber informações sobre o programa, para aplicá-los adequadamente, sendo feita uma seleção das crianças para ingressarem no Programa (OLIVEIRA et al., 2008 apud CALAZANS, NASCIMENTO E CABRAL, 2009, P. 22).

9.2 O MÉTODO MÃE CANGURU NO BRASIL

No Brasil o método mãe canguru teve como pioneiro o Hospital Guilherme Álvaro dos Santos em São Paulo, já em Recife o Primeiro hospital que adotou esse método foi o Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira (IMIP), que foi um dos finalistas do concurso de projetos sociais “Gestão Pública e Cidadania” realizado pela Fundação Ford e Fundação Getúlio Vargas com apoio do BNDES (BRASIL, 2009, p. 12).

O método canguru adotado aqui no Brasil, foi oficialmente implantada no país em 1999, com o objetivo de humanizar os cuidados prestados a recém-nascidos de baixo peso, além de incentivar o aleitamento materno e contribuir para a diminuição da mortalidade neonatal. Esse método acompanha desde o pré-natal de alto risco, o nascimento e a internação do bebê. Nele, o bebê fica em contato direto com a mãe, aconchegado em seu peito (BRASIL, 2011).

O Método Mãe Canguru, recentemente, passou a fazer parte das diretrizes políticas de atenção à saúde dos bebês de baixo peso ao nascer e prematuros, estando incluído no Programa de Atenção do Pré-Natal e Nascimento. Assim, com a portaria nº 693, de 05 de Julho de 2000, o Ministério da Saúde normatiza a implantação do Método Mãe Canguru, definido como assistência neonatal que implica no contato pele a pele precoce entre o binômio mãe-filho (recém-nascido prematuro e/ou baixo peso), de forma crescente, permitindo, dessa forma, maior participação dos pais no cuidados com seu filho (FURLAN et al., 2003).

Segundo a portaria citada os avanços tecnológicos para diagnóstico e manuseio de recém-nascidos enfermos, notadamente os de baixo peso, melhoraram de forma extraordinária as chances de vida desse grupo etário e que o desenvolvimento adequado dessas crianças é determinado pelo equilíbrio entre o atendimento das necessidades biológicas, ambientais e familiares; cumpre estabelecer uma contínua adaptação tanto da abordagem técnica quanto de posturas que resultem em mudanças ambientais e comportamentais capazes de promover a humanização do atendimento.

Portanto a adoção da estratégia do Método Mãe Canguru pode ser essencial na busca da atenção à saúde centrada na humanização da assistência e no princípio da cidadania da família (MARBA; MEZZACAPPA, 2009).

Este Método consiste em manter o recém-nascido de baixo peso em contato pele a pele com o peito de um adulto, assim como fazem os marsupiais, como o canguru, cujas ninhadas nascem antes do término da gestação. A vantagem é que, quando os únicos problemas do bebê são aqueles relacionados com a sua termorregulação e alimentação, a incubadora pode ser substituída por uma fonte humana de calor direto e de alimento (CALUME et al., 1999).

Esse método deve ser usado quando não houver riscos para a criança e/ou para os pais, devendo haver o envolvimento psicológico dos mesmos. Impor um contato pele a pele, a uma mãe que não deseja, não traria nenhum benefício, sendo necessária a aceitação pela mãe e familiares (OLIVEIRA et al., 2008).

O método mãe canguru tem como objetivo auxiliar na termorregulação do Recém-nascido, estimular o aleitamento materno, promover o estímulo sensorial do Recém-nascido, fortalecer o vínculo mãe-filho, diminuir a estadia hospitalar e consequentemente o índice de infecção hospitalar (OLIVEIRA et al., 2008). A visão brasileira sobre o Método Canguru implica uma mudança de paradigma na atenção perinatal em que as questões pertinentes a atenção humanizada não se dissociam, mas se complementam com os avanços tecnológicos clássicos.

A prática do MMC inicia-se dentro do hospital, continua em casa e vem trazendo inúmeros benefícios para saúde do bebê, destacando a regulação térmica, melhoria do padrão respiratório, ganho de peso e redução da estadia no hospital, impacto positivo no desenvolvimento motor e cognitivo, além da promoção do vínculo mãe-bebê e encorajamento da mãe, prolongando o período de amamentação, maior produção de leite, prevenindo o refluxo gastresofágico, permitindo sentimentos positivos de satisfação e alegria, e estimulando assim o bem-estar psico-espiritual da mãe (CRUVINEL; MACEDO, 2007).

No início da utilização do método Mãe Canguru preconizado na época, haveria alta hospitalar precoce e o acompanhamento ambulatorial se tornaria um dos pilares fundamentais no atendimento dessas crianças, que no domicilio deveriam continuar sendo mantidas em contato pele a pele com a mãe na posição canguru. A posição canguru consiste em manter o recém-nascido de baixo peso, em contato pele a pele, na posição vertical junto ao peito dos pais ou de outros familiares. Deve ser realizada de maneira orientada, segura e acompanhada de suporte assistencial por uma equipe de saúde adequadamente treinada (BRASIL, 2011).

A posição canguru é realizada pelo período que ambos considerarem seguro e agradável, ou seja, não se estipula a obrigatoriedade de tempo em posição canguru. Esta situação deve ser entendida como um fato que ocorre com base na segurança do manuseio da criança, no prazer e na satisfação da criança e da mãe, devendo ser estimulada a presença do pai e de outros familiares na colocação da criança na posição canguru (BRASIL, 2011, p. 21).

A partir de então, o ato de carregar o recém-nascido pré termo contra o tórax materno ganhou o mundo, recebendo adeptos e opositores, como é natural em todo o processo de aplicação de novas tecnologias. Entre os adeptos, podíamos observar aqueles cuja bandeira inicial era contrapor, com a nova proposta, o chamado tecnicismo desenvolvido para o cuidado do recém-nascido pré termo, substituindo dessa forma a “máquina e o especialista” pelo “humano e familiar”. A crônica dificuldade de se obter recursos adequados para a saúde pareceu acenar com uma “metodologia salvadora e de baixo custo” (BRASIL, 2011, p. 13).

No entanto, essa postura radical fechava os olhos para as necessidades essenciais que o recém-nascido pré termo apresenta para superar as dificuldades biológicas inerentes ao seu grau de imaturidade e colocava esse segmento infantil sob uma pratica de risco. Esse aspecto fez com que, por muito tempo, a questão fosse rotulada como uma alternativa encontrada pelos países ditos de terceiro mundo, para baratear o custeio do cuidado neonatal. Aos críticos do método, no entanto, escapava a sensibilidade e o reconhecimento de que a precoce aproximação da mãe ao seu recém-nascido estaria estimulando e fortalecendo, entre outros fatores, um forte laco psico-afetivo, termo esse tão pouco conhecido e aplicado nesse meio, muito embora já fosse enfatizado nos idos de 1900 pela escola francesa de Tarnier e Budin (BRASIL, 2011).

Para compreendermos a trajetória do Método Canguru como Política Nacional de Saúde, no Brasil, é necessário destacar que a humanização no ambiente da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é uma questão de importância crescente na qualidade da atenção ao recém-nascido. Portanto, humanização e qualidade da assistência não podem ser vistas como fenômenos dissociados (LAMY et al., 2005, p. 660).

Essa ampliação do olhar sobre o método foi de fundamental importância para a sua disseminação no Brasil. Entretanto, outros dois fenômenos também estão inseridos nesse contexto. Primeiro, o crescente reconhecimento, por parte das equipes de neonatologia, da importância dos cuidados maternos para a recuperação dos bebês e, em segundo lugar, o momento atual no qual a humanização da assistência tem sido apresentada como política nacional do Ministério da Saúde (LAMY, 2005).

Segundo Boff (1999, apud LAMY et al, 2005, p. 664), cuidado “representa uma atitude de ocupação, de envolvimento e de responsabilização com o outro”. A partir desta ótica, a humanização proposta no tratamento ao RN abrange atenção individualizada ao bebê e sua família, adequação do ambiente, cuidados com o cuidador. Técnicas de manuseio, vigilância quanto aos sinais de risco, estimulação sensorial positiva através do contato pele a pele e o acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento dessas crianças.

A Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso – Método Canguru é, portanto, uma estratégia de qualificação do cuidado pautada na atitude dos profissionais de saúde diante do bebê e de sua família a partir de um conceito de assistência que não se limita ao conhecimento técnico específico. Sob essa perspectiva, ao proporcionar mais contato entre o bebê e sua mãe, seu pai, irmãos e avós, busca construir uma rede social de apoio para a mãe e contribuir para a diminuição dos efeitos negativos da internação neonatal (DESLANDES, 2005).

9.3. ETAPAS DO MÉTODO CANGURU NA RECUPERAÇÃO DO RECÉM-NASCIDO PREMATURO

A mudança na forma do cuidado neonatal proposta pelo Método Mãe Canguru está fundamentada em quatro pontos básicos: acolhimento do bebê e sua família; respeito às individualidades; promoção do contato pele a pele o mais precoce possível; e envolvimento da mãe nos cuidados do bebê (GEOVANINI, 2010).

A internação de um bebê em uma Unidade Neonatal representa, para ele e sua família, uma situação de crise. Reconhece se atualmente a importância vital de uma relação estável e permanente durante os primeiros anos de vida, pois as relações iniciais entre o bebe e seus pais são consideradas o protótipo de todas as relações sociais futuras (BRASIL, 2011, p. 40). Isso repercute, de maneira especial, na interação entre pais e seus bebês, podendo interferir na formação e no estabelecimento dos futuros vínculos afetivos familiares.

Figura 1: Famílias e Rede de Apoio.

Fonte: Atenção Humanizada ao Recém-nascido de Baixo Peso: Método Canguru.

Assim, o acolhimento, tão importante ao bebê durante sua permanência no hospital, deve ser estendido aos seus pais e sua família, que, nessa situação tão particular e diferente, necessita de apoio. O objetivo maior do colhimento é fazer com que as experiências emocionais que ocorrem nesse período sejam bem entendidas e elaboradas. A característica fundamental desse trabalho com a família na UTI Neonatal refere se a uma ação profilática quanto ao desenvolvimento das relações desse grupo familiar, além de minimizar o sofrimento daqueles que têm um bebê internado (BRASIL, 2011).

9.3.1 Recebendo os pais na UTI neonatal – 1°etapa

Os diferentes integrantes da família experimentam situações muito diversas quando da internação de um bebê. Sabe se que o somatório desses momentos pode determinar dificuldades futuras ou possibilitar a elaboração adequada das vivências ocorridas nesse período. É importante lembrar que, no nascimento a termo, a mãe apresenta o filho para a família. Na situação de internação do bebê, ocorre uma mudança significativa nas tarefas que lhe cabe, assim como nas formas tradicionais da família se conduzir quando da chegada do novo membro (BRASIL, 2002).

Foto 2: Recebendo os pais na UTI Neonatal.

Fonte: Instituição HUUFSC, Fotografia de Clarice Bissani.

Assim:

    1. O pai, em geral, é o primeiro a entrar na Unidade e a ter contato com a equipe médica e com o filho. Ele é quem será o portador das primeiras informações para os demais integrantes do grupo familiar. Isto, efetivamente, o coloca num papel especial nesse momento. Seus afazeres se multiplicam pelas cobranças impostas por outros membros da família, pelas solicitações da equipe de saúde e pela necessidade de suporte a sua mulher.

    2. A mãe, após o parto, quando o bebê é levado para a UTI, vivencia momentos de vazio, solidão e medo. Sem o bebê, sem o companheiro e muitas vezes sem notícias, não é raro que pense que estejam lhe escondendo ou negando informações.

Surge aqui a necessidade da existência de um elo entre ela e seu filho. A visita de um membro da equipe para lhe trazer informações sobre os cuidados que ele vem recebendo inicia sua aproximação com o bebê, com a equipe e com o espaço do qual ela brevemente fará parte. É nesse momento que se dá o primeiro passo para o estabelecimento de relações que culminarão com a utilização do Método Canguru. Por isso é fundamental que, já na primeira visita da mãe à UTI Neonatal, ela esteja acompanhada por um profissional de saúde (LAMY; GOMES, MACHADO, 1997).

Nesta etapa deve ser trabalhada a estimulação à lactação e a participação dos pais e familiares nos cuidados com o bebê e a posição canguru deve ser proposta sempre que possível e desejada (BORK; SANTOS, 2010).

9.3.2 Recebendo os pais na UTI neonatal – 2°etapa

A segunda etapa ainda é hospitalar. A mãe é convidada a retornar ao hospital para permanecer de forma contínua ao lado do filho. Receber a mãe neste momento significa oferecer um espaço físico, uma acomodação tanto para seu repouso como para sua permanência com o bebê colocado em posição canguru. Esta etapa é parte essencial do método, pois finaliza e otimiza a primeira etapa e prepara para a alta hospitalar e terceira etapa (BRASIL, 2011, p. 109)

Nesta etapa o bebê encontra-se com condições clínica estável, nutrição enteral plena, ganho de peso regular diário maior que 15 gramas por pelo menos três dias e um peso superior a 1250 gramas (BORK; SANTOS, 2010, p. 762).

A equipe deve avaliar as necessidades de cada díade antes de participação na segunda etapa. Algumas mães podem não estar preparadas, ou podem não ter disponibilidade para permanecer no hospital naquele momento. Nesses casos, o bebê deverá receber cuidados tradicionais enquanto a família se organiza. Dependendo da situação, pode se negociar, por exemplo, que a mãe fique à noite enquanto o pai está em casa, e saia pela manhã; ou algum outro arranjo que atenda às necessidades individuais. Nesse esquema alternativo, a mãe permanece apenas uma parte do dia com o seu bebê. Entretanto, independentemente do tempo de permanência, a sua presença deve ser em tempo integral nos dias que antecedem a alta hospitalar.

Nesta 2ª etapa o bebê permanece em contato pele a pele com a mãe, que circula pelas dependências da Unidade Neonatal. Para dormir, a mãe é orientada a permanecer com a cabeceira elevada.

As orientações quanto à postura antirrefluxo e aos sinais de alerta para pausas respiratórias e apneias do bebê são reforçadas pelas equipes médica e de enfermagem. As características individuais do bebê são ressaltadas, permitindo à mãe conhecer melhor o seu bebê e reforçando as suas competências. O RN costuma permanecer em posição canguru até próximo à idade gestacional corrigida de termo (40 semanas) (BRASIL, 2011, p. 109).

É preciso que, por suas inquietações e pelo próprio cansaço por estar disponível, num ambiente não familiar, receba por parte da equipe apoio e atenção. Da mesma maneira, uma escuta atenta, compreensiva, em relação aos sentimentos que brotam a partir desse contato tão íntimo com o bebê, oferece a ela a experiência de estar sendo amparada pela equipe, o que poderá servir de modelo na interação com sua criança. A partir do momento em que a mãe se sentir segura, a equipe deve abrir mais espaço, deixando paulatinamente os cuidados que vinha desenvolvendo até então e funcionando basicamente como suporte e orientação (BRASIL, 2011).

9.3.3 Seguimento ambulatorial – 3°etapa

Segundo BRASIL, 2011. A terceira etapa do Método Canguru dá continuidade à assistência ao recém-nascido de baixo peso após a alta hospitalar. Nesse período o bebê estará em cuidados domiciliares. Por motivo de segurança é necessário reforçar com a família a necessidade de manter o bebê em posição canguru por tempo integral. A rede sociofamiliar de apoio que foi estabelecida enquanto a mãe estava acompanhando o bebê no hospital deve ser fortalecida.

Nesta etapa a alta hospitalar com acompanhamento ambulatorial, só pode ocorrer se a criança estiver com um peso mínimo de 1500 gramas, clinicamente estável e ganhando peso nos três dias que antecederem a alta, em aleitamento materno exclusivo (BOCK; SANTOS, 2010).

A participação do pai e de outros familiares deve ser estimulada e reforçada. A organização estrutural dessa etapa é mais simples já que as consultas podem pode ser realizadas em consultório ou em qualquer outro espaço que possa ser disponibilizado pelo hospital. No entanto exige da equipe observação cuidadosa e global do bebê e da adaptação de sua família à nova situação. Situações de risco devem ser reconhecidas (bebê família) para que uma adequada intervenção possa ser estabelecida. Um grande desafio nessa fase é a manutenção do aleitamento materno.

Assim, a equipe deve estar adequadamente preparada para lidar com as dificuldades que podem surgir:

    1. Ter agenda aberta;

    2. Garantir a continuidade da assistência ao bebê e a sua família após a alta hospitalar;

    3. Incentivar a realização do método nesse período;

    4. Avaliar, incentivar e apoiar o aleitamento materno;

    5. Acompanhar o ganho de peso, comprimento e perímetro cefálico;

    6. Avaliar o contexto afetivo do bebê e de sua família;

    7. Detectar situações de risco e intervir quando necessário;

    8. Observar a administração dos medicamentos prescritos;

    9. Orientar e acompanhar tratamentos especializados;

    10. Orientar esquema adequado de imunização.

Quanto menor o peso ao nascer, maiores as possibilidades de alterações no desenvolvimento. O estudo de Whitfield (2003) com bebes nascidos com menos de 800g, avaliados na idade escolar, demonstrou: 14% severamente afetados, 60% com desvantagens no funcionamento de todas as áreas requeridas para um desempenho adequado no sistema escolar e apenas 26% não apresentavam nenhuma anormalidade (BRASIL, 2011, p. 152).

O estudo do desenvolvimento das capacidades e competências do feto durante uma gestação normal serve de base para que se possa avaliar o grau de descompasso que o bebe pré termo pode enfrentar quando se encontra recebendo cuidados no ambiente da UTIN.

10. EXPERIÊNCIAS COM O MÉTODO CANGURU

No Brasil, os primeiros hospitais que trabalharam com a posição canguru foram os hospitais Guilherme Álvaro, em Santos desde 1991 onde eles destinaram uma pequena enfermaria para alojamento mãe-bebê, e o Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP), na Cidade do Recife. A partir de então, alguns hospitais brasileiros começaram a realizar a "Posição Canguru", isto é, a colocação do recém-nascido em contato pele a pele sobre o peito da mãe (CARVALHO; PROCHNICK; 2001).

De 27 a 29 de janeiro de 1999 o IMIP sediou o 1º Encontro Nacional Mãe Canguru, no qual participaram representantes dos hospitais que já realizavam a metodologia, como Cesar Calls (Fortaleza), Frei Damião (Paraíba), Alexandre Fleming (Rio de Janeiro), Sofia Feldman (Minas Gerais) e Guilherme Álvaro (São Paulo) e componentes da Área Técnica de Saúde da Criança do Ministério da Saúde. A partir desses marcos, alguns hospitais brasileiros, notadamente no eixo norte-nordeste, passaram a estabelecer práticas de utilização da posição canguru para a população de “mães e bebês pré-termo”. Isso motivou o Ministério da Saúde, por intermédio da Área Técnica de Saúde da Criança, a observar e analisar essa nova prática instituída na atenção ao recém-nascido brasileiro (CARVALHO; PROCHNICK; 2001).

Em 5 de julho de 2000, foi publicada a Portaria 693/GM que estabeleceu a Norma de Orientação para a Implantação do Método Canguru, tornando o Método Mãe Canguru uma política pública. O MS, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e da Fundação ORSA lançaram o Programa de Humanização no Atendimento do Recém-Nascido de Baixo Peso ­ Método Mãe Canguru e disponibilizaram um treinamento padrão para equipes hospitalares multidisciplinares de cinco profissionais, em centros de capacitação desenvolvidos por esse convênio (CARVALHO; PROCHNICK; 2001).

O Estado de São Paulo regulamentou o Método Mãe Canguru em 05 de junho de 2001 como Resolução SS-62 Normas de Atenção Humanizada ao Recém-nascido de Baixo Peso (Método Canguru) no Estado de São Paulo. No final de 2002, em São Paulo, haviam sido treinados 44 hospitais e uma instituição de pesquisa (COLAMEO; REA, 2006).

No estado da Bahia segundo Silva, Thomé e Abreu (2011), existem sete hospitais/ maternidade públicos em Salvador, onde quatro utilizam o método MC, destes hospitais podemos citar: Hospital Geral Roberto Santos e a Maternidade Tsylla Balbino.

A UNICEF foi a grande avalista internacional do método Mãe-Canguru no seu início, apoiando moral e financeiramente a implementação desta tecnologia na Colômbia e em outros países. Atualmente, o programa vem se desenvolvendo em todo o mundo, adaptado às necessidades médicas, sociais e até mesmo culturais de cada país. As formas de se aplicar o método Mãe-Canguru podem ser classificadas em três grandes modalidades, de acordo com o desenvolvimento socioeconômico do país (CHARPAK; CALUME e HAMEL, 1999).

Na sua expansão pelo mundo, o método foi adquirindo novas terminologias de acordo com a língua nativa e o enfoque a ele dado. Temos então nos EUA o Kangaroo Care, na França Le Mamme Canguro, e ainda, no Brasil, Método Mãe Canguru, Unidade Mãe canguru, Sistema Mãe Canguru, Cuidado Mãe Canguru e Manejo Mãe Canguru (Charpak,1999, p. 8).

Nos EUA, o Kangaroo Care é feito de modo intermitente, já na Colômbia o Madre Canguro é contínuo e obrigatório. No Brasil, podemos encontrar nas maternidades que implementam o manejo tanto o canguru intermitente quanto o contínuo, variando de instituição para instituição, além do que cabe à mãe a decisão final de optar, ou não, pela prática do mesmo (CAMPOS; CABRAL, 2002).

Na experiência de Israel os bebês ficam em pele a pele com suas mães durante uma hora por dia, no mínimo. Os estudos publicados apontaram o cuidado canguru como uma intervenção que facilita o desenvolvimento sensorial do recém-nascido promovendo o vínculo com a mãe (FELDMAN et al., 2002, apud LAMY, 2005).

Na Índia, em estudos relacionando ganho de peso, aleitamento materno, tempo de internação e cuidado canguru, o tempo de permanência em posição canguru é de cerca de quatro horas, e os resultados demonstram que o aleitamento e o ganho ponderal são melhores nos bebês que permanecem em posição canguru (RAMANATHAN et al., 2001, apud LAMY, 2005).

Na Escandinávia, onde o índice de desenvolvimento humano é alto, o cuidado canguru também é utilizado nas unidades neonatais, com duração de uma hora por dia. As publicações analisam parâmetros fisiológicos – temperatura e alterações metabólicas (CHRISTENSSON et al., 1992, apud LAMY, 2005).

Uma experiência publicada na África destaca, além dos benefícios na amamentação, vantagens também quanto à estabilidade fisiológica, diminuição da infecção e aumento do vínculo nas crianças que estão sob o cuidado canguru (KIRSTEN et al., 2001, apud LAMY, 2005).

É também utilizado em muitos países desenvolvidos como Itália, Alemanha, Reino Unido, Espanha, Noruega e Suécia, apresentando experiências visando o aumento dovínculo mãe- filho devolvendo maior segurança da família e estimulando o aleitamento materno. Na Europa o cuidado Canguru está nas Unidades Neonatais e não sãoencontradas descrições de práticas domiciliares (LAMY et al. 2005).

    1. DISCUSSÃO

Existem numerosos estudos que abordam o uso do Método Canguru - MC na área de enfermagem, esta metodologia foi implantada no Brasil durante a década de 90 do século passado, com o objetivo de diminuir a mortalidade neonatal, trazendo benefícios para o recém-nascido e para os pais como, por exemplo, a conscientização e o incentivo ao aleitamento materno, maior proteção e nutrição a criança, respostas motoras e neuro-sensoriais positivas, redução do stress, da duração do choro e do tempo de internação.

O Método Canguru é um tipo de assistência neonatal que coloca o bebê em contato pele a pele, entre a mãe e o recém-nascido de baixo peso, de forma crescente e pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso e suficiente, possibilitando, assim, que os pais participem mais ativamente do cuidado ao bebê. Este método é reconhecido pelo Ministério da Saúde como política fundamental de atenção ao recém-nascido prematuro.

O MC foi idealizado na Colômbia em 1979, pelos doutores Reys Sanabria e Hector Martinez que tinham como proposta a melhoria dos cuidados ao recém-nascido pré-termo. Os cuidados consistem em manter o recém-nascido de baixo peso na posição vertical contra o peito do adulto buscando um maior vínculo afetivo, maior estabilidade térmica e melhor desenvolvimento do bebe, o método permite que os pais participem mais ativamente do cuidado ao bebê.

São muitas as vantagens que, ao longo dos anos, vêm sendo atribuídas ao Método Canguru. Segundo o manual técnico do Ministério da Saúde destacam-se: redução do tempo de separação pai-mãe-filho; aumento do vínculo pai-mãe-filho; estímulo ao aleitamento materno, permitindo maior frequência, precocidade e duração; aumento da competência e confiança dos pais no cuidado do filho, inclusive após a alta hospitalar; adequado controle térmico; melhor relacionamento da família com a equipe de saúde; estímulo sensorial adequado; redução de infecção hospitalar; redução do estresse e da dor dos RN, e melhoria na qualidade do desenvolvimento neurocomportamental e psicoafetivo dos RN de baixo peso (BRASIL, 2011, p. 20).

Para os pais, a UTIN é um ambiente de esperança e de medo, esperança por saber que este é o melhor local para o seu filho, que depende dos cuidados da UTIN para aumentar as chances de sobrevida. Medo, por saberem dos riscos inerentes aos seus filhos e ainda, sentimento de frustração, por não estarem preparados para esta separação.

Para poder trabalhar com o medo dos pais, a equipe de enfermagem deve ir além da informatização e da instrumentalização tecnológica (uso das tecnologias leves e duras), impedindo que ocorra a supressão dos aspectos éticos e humanos, utilizando-se da humanização da saúde.

A humanização representa um conjunto de iniciativas que visa à produção de cuidados em saúde, capaz de conciliar a melhor tecnologia disponível com promoção de acolhimento e respeito ético e cultural ao paciente, de espaços de trabalho favoráveis ao bom exercício de saúde e de seus usuários.

O método Canguru vem aproximar a mãe do RN prematuro, favorecendo o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê, reduzindo o tempo de permanência deste RN na UTIN, o método não veio para substituir as inovações tecnológicas, tendo como essência a recuperação do papel principal que tanto a mãe como a criança pode representar diante das circunstancias traumática por ambas vividas, pois consiste em uma forma simples, humanizada e natural de cuidar do RN de baixo peso e sua família.

    1. CONCLUSÃO

Falar sobre saúde principalmente, sobre as práticas destinadas ao cuidado com o RN prematuro é um assunto delicado, embora fascinante, nos conduzindo a outros olhares e subsídios para realizar novas reflexões sobre a saúde e a dinamicidade necessária para se exercer estes cuidados.

Ao abordar este tema, nos vemos envolvidos em questões culturais, econômicas e sociais e em especial as ações que são destinadas às gestantes de risco, onde elas podem ter seus bebes nascendo prematuramente.

Através das pesquisas realizadas para a produção deste trabalho, foi possível trazer à luz que a produção de cuidado humanizado no âmbito da UTI neonatal ainda é um desafio, sendo encontradas diversas dificuldades e obstáculos relatados em diversos artigos produzidos.

Reunindo dados de diversos trabalhos científicos, as expectativas e significados existentes nas gestantes e seus familiares, em relação à maternidade durante a gestação foram:

    1. Expectativa de um parto perfeito.

    2. Maternidade como realização de um sonho.

    3. Expectativa positiva em relação a si mesma enquanto mãe.

    4. Amor e cuidado associados entre si e ao papel materno.

    5. Cuidados com o bebê nascido saudável.

    6. Expectativa em relação ao filho nascido prematuramente, e;

    7. Cuidados recebidos quando da necessidade do bebê ser internado na UTIN.

As expectativas acima citadas são as exposições sobre o assunto “maternidade e gestação” e presentes nos trabalhos científicos já apontados, um delineamento do MC. Existem questões que podem e devem ser aprofundadas pela comunidade acadêmica. Pontos a serem subdivididos, pois não há um esgotamento sobre essas questões, principalmente a condição do RN pré-maturo que desencadeia a frustração com relação às expectativas, tais como: o luto pelo bebe prematuro, o medo e a insegurança deste ser tão fragilizado por causa da prematuridade de seu parto.

O método tem sido aceito por mães e por profissionais de saúde em culturas e circunstâncias distintas e favorece o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê, conforme foi explanado no tópico que abordou a origem do MC. Por todas essas razões, o programa está sendo recomendado em diversos países e em vários níveis de assistência.

Das três etapas do MC a primeira etapa do método mostra a importância da atuação dos pais na recuperação do bebê, permitindo a entrada dos mesmos na unidade neonatal e estabelecendo o contato pele a pele com a criança, desde que as condições clínicas estejam estáveis. Considerando além das vantagens clinicas apontadas neste trabalho para o RN, o MC é uma prática segura e prazerosa para mães e familiares, além de propiciar vantagens sociais e psicoafetivas.

Assim, a principal conclusão deste trabalho foi a de que o MC pode ser considerado um modelo de intervenção neonatal humanizado e humanizador relevante para bebês pré-termo, pois o mesmo se baseia na triologia calor, amor e leite materno, oferecendo vantagens como: alta hospitalar precoce, aumento da possibilidade de sobrevivência do bebê, diminuição do tempo de separação, consequentemente redução no índice de abandono dos bebês, auxílio do desenvolvimento motor durante o primeiro ano de vida destes bebes, humanização do pessoal de saúde, diminuição de infecções hospitalares, diminuição de custos hospitalares, aumento do estimulo a produção de leite, aumento da prevalência do aleitamento materno, vínculo afetivo mãe-filho adequado e após a alta a mãe já sabe cuidar do bebê, proporcionando maior competência e ampliando a confiança dos pais no manuseio do seu filho de baixo peso mesmo após a alta hospitalar. Também favorece o maior controle térmico, reduz o número de RN em UTIN pela maior rotatividade de leitos, propicia melhor relacionamento da família com a equipe de saúde.

Por outro lado, analisando o conjunto de aspectos aqui abordados, baseando-se nos diversos artigos, monografias e dissertações, nota-se a necessidade da indicação de trabalhos futuros relacionados ao tema, dentre os quais destacam-se:

    1. Estudos a serem realizados nos Hospitais e Maternidades existentes no Estado da Bahia, sobre as diferentes formas de implementação do MC, visando analisar as vantagens e desvantagens relacionadas ao bem-estar da família.

    2. Estudos sobre os efeitos do MC em bebês pré-termo que avaliem as dimensões de desenvolvimento cognitivo, motor e social, de tal forma que possam permitir conclusões mais abrangentes sobre a especificidade do MC.

Os estudos propostos neste trabalho servem para contribuir com a transformação do saber/fazer em saúde destinado ao cuidado com o RN pré-termo, implicando na reflexão da produção cotidiana dessas práticas e os contextos que organizam a vida em sociedade.

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1 Seus praticantes afirmam a capacidade de diagnosticar e curar o sofrimento humano e, em algumas sociedades, a capacidade de causar sofrimento. Este é acreditado para ser realizado por atravessar o axis mundi e formando uma relação especial com, ou ganhar o controle sobre, espíritos.

2 Tecnologias duras seriam os equipamentos, as máquinas, e que encerram trabalho morto, fruto de outros momentos de produção.

3 Tecnologias leves são as produzidas no trabalho vivo em ato, condensam em si as relações de interação e subjetividade, possibilitando produzir acolhimento, vínculo, responsabilização e autonomização.