GRAVIDEZ NA PERI MENOPAUSA E SUAS COMPLICAÇÕES PARA A MULHER E O FETO.

Data de postagem: Oct 28, 2016 6:1:0 PM

FACULDADES INTEGRADAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA

LIVIA TATYANA SILVEIRA SALES

GRAVIDEZ NA PERI MENOPAUSA E SUAS COMPLICAÇÕES PARA A MULHER E O FETO.

EUNÁPOLIS, BA

2015

LIVIA TATYANASILVEIRA SALES

GRAVIDEZ NA PERI MENOPAUSA E SUAS COMPLICAÇÕES PARA MULHER E O FETO.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Enfermagem das Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia como parte dos requisitos para a obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem.

Orientadora: Maria Cristina Marques

EUNÁPOLIS, BA

2015

LÍVIA TATYANA SILVEIRA SALES

GRAVIDEZ NA PERI MENOPAUSA E SUAS COMPLICAÇÕES PARA MULHER E AO FETO.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Enfermagem das Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia como parte dos requisitos para a obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem.

Professora Mse. Maria Cristina Marques (Faculdade do Extremo Sul da Bahia)

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Professor(a) (Faculdade do Extremo Sul da Bahia)

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Professor(a) (Faculdade do Extremo Sul da Bahia)

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Professora Maria Cristina Marques, Coordenadora do curso de Enfermagem Eunápolis–Ba

______________________________ DATA: ___/___/___

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente a Deus que iluminou о meu caminho durante esta caminhada.

Aos meus pais, minha irmã, meu noivo e ao meu cunhado que, com muito carinho е apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida.

E aos meus amigos que sempre me acompanharam nessa jornada.

AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente ao meu bom Deus por sempre estar presente em minha vida me iluminando; agradeço pelas pessoas que ele colocou em meu caminho, algumas delas me inspiram, outras me ajudam, me desafiam e me encorajam a ser cada dia uma pessoa melhor. Agradeço por todas as coisas boas e más que me aconteceram, cada uma delas, ao seu modo, me fez crescer e chegar aonde eu cheguei. O Senhor me deu força, fé e saúde para realizar esse meu sonho, passando por obstáculos, dificuldades, tristezas, alegrias e vitórias.

Aos meus pais Ualair e Letícia, por sempre estarem ao meu lado nessa jornada, e sempre lutarem para que esse sonho seja realizado, acreditando em minha capacidade, me dando força em todos os momentos, com paciência e dedicação, sem medir esforços. Mãe, sеυ cuidado е dedicação é que me deram em todos os momentos, а esperança e força para seguir. Pai, sua presença, cuidado e incentivo a buscar meus sonhos, significaram segurança е certeza de que não estou sozinha nessa caminhada.

A meu noivo Diego, que, de forma especial e carinhosa, me deu força e coragem para continuar nessa trajetória. Sou grata pela paciência e compreensão, por todos os momentos vividos, por sempre estar ali para me ajudar, principalmente nessa reta final, me aturando com meus estresses. Obrigada por tornar minha vida cada dia mais feliz ao seu lado, te amo eternamente.

À minha irmã Aline, que de alguma forma sempre esteve ao meu lado, me ajudando e me apoiando nessa longa jornada.

A minha tia Liliam em especial, pela paciência e dedicação em todos os momentos, ela estava ao meu lado para ajudar e me apoiar sempre.

À minhas amigas Lorena, Tatiana e Bárbara, obrigada pela amizade verdadeira, pelo convívio, apoio sempre, a cada semestre lutamos, e compartilhamos vitórias juntas, nunca me esquecerei de vocês, são amizades para levar para toda a vida.

Aos meus amigos de sala que convivi nesses 5 anos, obrigado por essa caminhada e jornada junto.

À minha professora orientadora, Maria Cristina, pelos ensinamentos, dedicação para concretizar esta monografia, pela paciência, incentivo, apoio, amizade e compreensão, sempre disponível para qualquer dúvida e sempre auxiliando de forma exemplar com uma simpatia contagiante.

A todos os professores do curso, que foram tão importantes na minha vida acadêmica e no desenvolvimento desta monografia.

“O amor de mãe por seu filho é diferente de qualquer outra coisa no mundo. Ele não obedece lei ou piedade, ele ousa todas as coisas e extermina sem remorso tudo o que ficar em seu caminho”.

Agatha Christie

RESUMO

É denominada tardia a gravidez a partir dos 35 anos de idade, quando a gestação é considerada de alto risco. A gravidez tardia ocorre numa etapa da vida em que a mulher se sente mais experiente, cheia de sentimentos de satisfação, de realização pessoal, familiar, acadêmica, profissional, com estabilidade financeira e maior segurança em relação ao cônjuge. Portanto a gravidez tardia está relacionada à possibilidade do planejamento que essa mulher possa fazer para ter um filho no momento que ela achasse correto. Este trabalho se baseia em uma pesquisa de campo, um estudo transversal, de cunho descritivo, com abordagem qualitativa. Tal pesquisa se propõe a investigar o nível de conhecimento das gestantes acima de 35 anos, acerca das principais complicações que acometem sua gestação e a participação dos profissionais de enfermagem que tenha atendido casos de gestação tardia relacionado ao esclarecimento para as mulheres sobre a gestação nessa fase da vida. Conclui-se na pesquisa que observou-se no decorrer das entrevistas com as gestantes acima de 35 anos que torna-se evidente a falta de conhecimento em relação aos riscos. Quanto as orientações as enfermeiras disseram realiza-las de forma igual a todas as gestantes de qualquer idade, ficando evidente que na visão dos profissionais as orientações estavam sendo feitas e de forma que todas pudessem compreender, mas as gestantes não se sentiam orientadas, não absorviam ou não chagava ao nível do entendimento delas. Com isso compreende-se que a comunicação entre paciente/profissional não esteja adequada, necessitando rever e mudar métodos, falas, didáticas com as gestantes. Espera-se evidenciar aos profissionais de enfermagem a importância do esclarecimento, em consultas ginecológicas ou no pré-natal, a respeito da gestação nessa fase da vida, e seus possíveis riscos.

Palavras chaves: Gestação, complicações, enfermeiros, pré-natal.

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Distribuição das gestantes por idade

Gráfico 2. Percentual de primeira gestação das entrevistadas

Gráfico 3. Distribuição percentual das gestantes que tiveram problemas para engravidar

Gráfico 4. Distribuição percentual do número de filhos de cada gestante

LISTA DE SIGLAS

PAISM - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher

SUS – Sistema Único de Saúde

PSF - Programa Saúde da Família

UBS – Unidade Básica de Saúde

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER

2.2 GESTAÇÃO

2.3 GESTAÇÃO TARDIA

2.3.1 Medos e anseios das mulheres em idade avançada

2.4 OPÇÕES QUE LEVARAM A UMA GRAVIDEZ TARDIA

2.6 A ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO DE PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO

2.7 COMPLICAÇÕES

2.7.1 Complicações para a mãe

2.7.1.1 Diabetes

2.7.1.2 Hipertensão

2.7.1.3 Pré-Eclâmpsia

2.7.1.4 Eclâmpsia

2.7.1.5 Lúpus Eritematoso Sistêmico

2.7.1.6 Aborto

2.7.1.6.1Abortamento completo

2.7.2 Complicações para o bebê

2.7.2.1 Síndrome de Down

2.7.2.2 Descolamento prematuro de placenta

2.7.2.3 Restrição de crescimento fetal

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO

3.2 CAMPO DE ESTUDO

3.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO

3.4 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS

3.5 ANÁLISE DOS DADOS

3.6 QUESTÕES ÉTICAS

4 RESULTADO E DISCUSSÃO

5 CONCLUSÃO

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

ANEXO I

ANEXO II

ANEXO III

1 INTRODUÇÃO

A gravidez é um momento único e esperado por muitas mulheres, é o momento em que a mulher deixa de ser só filha para também se transformar em mãe. A descoberta da gravidez traz muitas sensações indescritíveis, como a sensação de estar crescendo um novo ser em seu ventre. A cada mês acontecem intensas transformações no corpo e mente da mulher.

O Ministério da Saúde considera gravidez tardia após os 35 anos de idade, muitos a subdividem em grupos entre mulheres de até 40 anos e com mais de 40 anos, o que exige atenção dobrada e especial durante a realização do pré-natal, sendo, assim, considerada gravidez de alto risco (GONÇALVES; MONTEIRO, 2012; SILVA; SURITA, 2009).

A gravidez tardia significa para a mulher uma gravidez com mais experiências, cheia de sentimentos de satisfação, realização pessoal, familiar, formação acadêmica, carreira profissional, melhor estrutura financeira, uma maior segurança com o cônjuge, e mudanças socioculturais, relacionada à possibilidade do planejamento que essa mulher possa fazer para ter um filho no momento que ela achasse correto (OLIVEIRA et al.,2011; GOMES et al.,2008).

Em diversos países tem se analisado um aumento significativo na frequência de gravidez em mulheres acima dos 35 anos. No Brasil mostram um aumento de 7,9% para 9,6% no ano de 2006, e vem crescendo a cada ano (GONÇALVES; MONTEIRO, 2012; SILVA; SURITA, 2009).

As principais complicações que essa gestante com idade avançada possa vir a ter são: maior ganho de peso, podendo ocorrer obesidade, diabetes mellitus, hipertensão arterial crônica, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, aborto, parto prematuro e miomas. Já os problemas fetais e do recém-nascido são: anormalidades cromossômicas, baixo peso ao nascer, restrição do crescimento fetal, sofrimento fetal, parto pré-termo, fetos pequenos para a idade gestacional (SCHUPP, 2006).

Baseado no exposto, a construção desse trabalho torna-se relevante, pois fornecerá subsídios para as mulheres estarem refletindo sobre a melhor idade de se engravidar, trará maiores informações sobre suas complicações e também poderá se avaliar o grau de conhecimento dessas gestantes frente às consequências desta gestação tardia.

Foram diversos os motivos e questões que nortearam tal pesquisa, desde vivências familiares à constatação de que existe certa desinformação da população sobre o assunto. Este estudo destina-se a todos que tenham interesse sobre o assunto e principalmente a mulheres que pretendem engravidar ou estão grávidas a partir dos 35 anos.

Nessa perspectiva, observa-se que a gravidez tardia tem ocorrido no munícipio de Porto Seguro - BA, no entanto, não se sabe até que ponto essas gestantes conhece os riscos e complicações a que estão expostas, bem como a sua incidência.

Conhecer o perfil dessas gestantes de alto risco e fazer um mapeamento através de um cadastro é fundamental para o controle do município. Diante dos dados colhidos na Secretaria de Atenção à Saúde, retirados do programa SISPRENATAL observa-se que o total de gestantes acima de 35 anos cadastradas e acompanhadas são 229 gestantes registradas no ano de 2015.

Diante do exposto, configura-se como objetivo investigar o nível de conhecimento das gestantes acima de 35 anos acerca das principais complicações que acometem sua gestação. Os objetivos específicos seriam, verificar o grau de conhecimento das gestantes quanto aos riscos da gestação após os 35 anos; identificar os principais motivos que levaram a uma gestação tardia; verificar o papel do enfermeiro no esclarecimento quanto à gravidez nesta fase da vida; identificar os principais medos e anseios de gestantes acima de 35 anos.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER

Foi elaborado pelo Ministério da Saúde o programa “Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher” (PAISM) e foi implantado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da explosão demográfica, em 1984, onde a discussão era relacionada prioritariamente ao controle da natalidade, devido ao alto índice de mortalidade dos últimos tempos. Esse acontecimento influenciou o âmbito do Governo Federal, onde o Ministério da Saúde, por sua vez, teve um papel fundamental, pois o governo se posicionou e defendeu o livre arbítrio das pessoas e das famílias brasileiras (BRASIL, 2004).

O Ministério da Saúde elaborou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher, em 1984, com a colaboração de vários representantes de grupos gestores estaduais, feministas e pesquisadores de universidades, marcando, principalmente, uma abertura conceitual com os princípios norteadores da política de saúde das mulheres e os critérios para eleição de prioridades nesse campo da saúde da mulher (BRASIL, 2004).

O programa da saúde da mulher promove vários benefícios à saúde da mulher como atos educativas, ações preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação da paciente, englobando a assistência à mulher em clínica ginecológica, em planejamento familiar, no pré-natal, parto e puerpério, no climatério, câncer de colo de útero e de mama, doenças sexualmente transmissíveis, além de outras necessidades que serão identificadas a partir do perfil populacional das mulheres (BRASIL, 2004).

A PAISM tem como princípio humanizar e qualificar a atenção em saúde e aprender a compartilhar saberes e a reconhecer direitos das mulheres (LEITE; MARTINI; FELLI, 2006).

O PAISM possui algumas diretrizes a serem seguidas que são que o Sistema único de Saúde (SUS) deve estar orientado e capacitado para oferecer a atenção integrada à saúde da mulher em uma perspectiva que contenha a promoção da saúde, todas as necessidades de saúde da população feminina e o controle das patologias predominantes nesse grupo. As propostas de descentralização, hierarquização e regionalização dos serviços de saúde. O atendimento a essa população feminina é integral e deve ser de respeito a todas e quaisquer que sejam as diferenças, sem discriminação de qualquer espécie e sem imposição de valores e crenças pessoais (LEITE; MARTINI; FELLI, 2006).

O PAISM tem como objetivo geral promover melhoria e progresso das condições de vida e de saúde das mulheres, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos pelo programa e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde à mulher. Objetiva-se também contribuir para a redução da mortalidade feminina, principalmente por casos evitáveis, em toda fase da vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação de qualquer espécie ou grupo. Outro objetivo seria a ampliação, qualificação e humanização da atenção integral à saúde da mulher no SUS (LEITE; MARTINI; FELLI, 2006).

Posteriormente a implantação do PAISM, houve um estímulo à participação dos enfermeiros nas ações da saúde da mulher, principalmente na assistência pré-natal, pois o decreto regulamenta a Lei nº 7.498/86 que diz caber ao profissional de enfermagem a realização da consulta e prescrição da assistência de Enfermagem; cabe ao enfermeiro também a prescrição de medicamentos previamente constituídos em programas de saúde pública, a participação em programas ou atividades na saúde individual e de grupos específicos, principalmente daqueles prioritários de gestantes de alto risco, a prestação da assistência à gestante, parturiente, puérpera e ao recém-nascido (BRASIL, 1987).

2.2 GESTAÇÃO

A gravidez é um momento único e esperado por muitas mulheres, é o momento em que a mulher deixa de ser só filha para também se transformar em mãe. A gestação é mais do que possibilitar o crescimento e o desenvolvimento fetal, envolve uma adaptação biológica, corporal e também psíquica, que demanda um acompanhamento contínuo por parte dos profissionais de saúde como médicos e enfermeiros e envolve o apoio dos familiares também (GOMES et al., 2008).

O período gestacional abrange cerca de nove meses, onde a mulher acomodará, protegerá e acolherá dentro do seu corpo outro ser humano, que irá surgir devido à junção de células sexuais femininas e masculinas após o momento da cópula. A partir desta união, o corpo da grávida passará por uma série de alterações que será de extrema importância aos diversos sistemas do corpo humano (ALMEIDA et al., 2005).

A confirmação da gravidez é o primeiro passo que o profissional de enfermagem na assistência de pré-natal deve fazer; o diagnóstico é feito devido às manifestações por sinais e sintomas que são evidenciados devido a alterações endocrinológicas, fisiológicas e anatômicas que acometem o corpo da mulher (ZIEGEL, 2011).

O primeiro sinal para se detectar a gravidez é a amenorréia (cessação da menstruação), que ocorrerá após a fecundação do óvulo. Com o passar dos meses, o útero cresce, fazendo com que as fibras musculares se tornem mais grossas e se alonguem. Por volta de doze semanas, as mesmas aumentam o suficiente para se tornarem um órgão abdominal. Os meses da gestação poderão ser determinados pela altura do útero, que irá consequentemente se elevar até a última semana da gestação, ocorrendo assim pequenas contrações que poderão ser sentidas a partir da 20° semana devido à atividade uterina (PORTER, 2005).

A gravidez tem uma duração em média de 40 semanas a partir do último período menstrual, ou 38 semanas a partir do dia da última ovulação, sendo dividida em três trimestres, que serão períodos de aproximadamente três meses. Com o passar de cada mês, a gestação será marcada por mudanças que irão ocorrer no próprio corpo, devido ao crescimento do feto no útero (COSTANZO, 2007; PORTER, 2005).

Gestação então é denominada como o período de desenvolvimento do feto, onde o espermatozoide fertiliza o óvulo que começa a se multiplicar para formar o feto. Todas as estruturas básicas dos órgãos fetais serão desenvolvidas durante o primeiro trimestre da gravidez. Entretanto, esses órgãos só irão ficar totalmente maduros até o término do período normal da gravidez de nove meses. Chama-se de prematuro a criança que nasce antes do decorrer deste tempo (COSTANZO, 2007; GUYTON; HALL, 1998).

Nestes períodos da gestação, a grávida necessitará da compreensão e ajuda de seus familiares, além de uma equipe multidisciplinar que será de extrema importância para essa experiência de tamanha complexidade (COSTA, 2007).

A gestação é um fenômeno fisiológico de toda e qualquer mulher sem problemas para engravidar, por isso, sua evolução se dá, na maior parte dos casos, sem intercorrências. As observações clínicas e as estatísticas demonstram que cerca de 90% das gestações começam, evoluem e terminam sem complicações, denominadas gestações de baixo risco. Outras, contudo, já se iniciam com problemas ou estes surgem durante o transcorrer da gestação e apresentam maior probabilidade de apresentarem desfechos desfavoráveis, quer para o feto quer para a mãe. Esta parcela é a que constitui um grupo de gestação de alto risco (FREITAS et al., 2006).

Durante a gestação, acontecem algumas alterações no corpo da mulher consideradas normais, mas que podem eventualmente causar sintomas desagradáveis à gestante.

Segundo FREITAS et al., (2006), algumas alterações ocorrem na pele e anexo onde acontece à linha negra que seria a hiperpigmentação cutânea na linha média no abdômen. As estrias que são as rupturas de fibras elásticas da pele.

Já no sistema musculoesquelético, acontecem as dores lombares, que são as mudanças no eixo gravitacional do corpo, e fadiga muscular; dores hipogástricas, resultantes da pressão do útero sobre a musculatura abdominal, pelve, bexiga.

No sistema digestivo: Náuseas e vômitos, são enjoos matinais, não passam do 2º trimestre. Sialorréia é a saliva excessiva e pode ser acompanhada das náuseas no 1º trimestre. Pirose, conhecida também como azia, que é a sensação de ardor ou queimação, pode ser provocada pela compressão gástrica pelo útero, com o aumento do refluxo gastresofágico. Constipação é a situação em que a gestante evacua com pouca frequência e sob grande esforço, devido à redução da motilidade intestinal também pela compressão exercida pelo útero sobre as porções terminais do intestino. Na parte do sistema circulatório: Síncope e tonturas devido a uma hipotensão ou hipoglicemia. Varizes e edemas em membros inferiores devido a compressão venosa pelo útero gravídico, dificultando a passagem e o retorno venoso.

Finalizando ainda com o mesmo autor, no sistema geniturinário: Polaciúria é o aumento do número de micções com diminuição do volume urinário que ocorre pela compressão do útero sobre a bexiga, com a redução da capacidade vesical. Leucorréia que é o aumento da secreção vaginal por ação hormonal (FREITAS et al., 2006).

2.3 GESTAÇÃO TARDIA

Foram definidas em 1958, pelo Conselho da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia, como primigestas idosas as pacientes com 35 anos ou mais. Atualmente as gestações após 35 anos são denominadas gestações tardias ou idade materna avançada (TAKAGI et al., 2010).

Antigamente, o ideal para as mulheres engravidarem do seu primeiro filho era entre 18 e 25 anos, quando o casamento era precoce e as mulheres se tornavam mães mais cedo, pois de fato, à mulher era imposta a finalidade social da ocupação doméstica não remunerada, fazendo com que seus principais objetivos fossem casar e ter filhos. Atualmente com várias mudanças de comportamento e cultura, o que era antes costume hoje não se segue mais; o ideal hoje é que as mulheres sejam mães entre 20 e 29 anos, pois é quando seu sistema reprodutor atinge sua perfeita maturidade; mas também não é isso que acontece, pelo fato de as mulheres hoje estarem buscando seus objetivos profissionais e pessoais primeiramente, assim deixando para engravidar após os 35 anos, que é o período onde acontecem mais riscos para a mãe e o feto. Hoje a nova realidade tem sido um desafio para a medicina e para os profissionais da saúde (PARADA; TONETE, 2009).

Entretanto, acontecem algumas situações que podem implicar em riscos tanto para a mãe quanto para o bebê e há um índice grande de gestantes que, por atributos particulares, apresentam maior possibilidade de evolução desfavorável, são as chamadas “gestantes de alto risco” (BRASIL, 2010 apud CALDEYRO, 1973, p.13).

“Gestação de Alto Risco é “aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido têm maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada [...] ”(BRASIL, 2010 apud CALDEYRO, 1973).

Mulheres com idade superior a 35 anos são classificadas na categoria de “alto risco” pelos profissionais de saúde e até mesmo pelos amigos e pela família. Do ponto de vista médico, a condição de paciente de alto risco significa que essas mulheres fazem mais exames e têm mais informações a decifrar. Do ponto de vista emocional da paciente, significa que elas precisam tomar mais decisões e têm de lidar com mais palpites. (GOETZL & HARFORD, 2006).

Existem diversos tipos de fatores causadores de risco gestacional. Determinados fatores podem estar presentes até mesmo antes da ocorrência da gravidez, como a idade materna. Determinados estudos têm demonstrado associação importante entre idade materna igual ou superior a 35 anos e resultados perinatais adversos, e expõem que o número de mulheres que engravidam nesta faixa etária está aumentando e isso é preocupante, pois representa maior risco de complicações maternas, fetais e no recém-nascido (BRASIL, 2010).

No aspecto idade, ela parece ser responsável pela maior incidência de doença em neonatos cujas mães tenham mais de 35 anos. Acredita-se que isso seja devido ao envelhecimento dos óvulos que, logicamente, se desenvolvem durante a vida embrionária e permanecem armazenados no ovário até a liberação em uma ovulação mensal (ZIEGEL; CRANLEY,2011).

Contudo, é de extrema importância que as mulheres em idade reprodutiva, e principalmente aquelas em situações de vulnerabilidade como mulheres acima de 35 anos, tenham acesso aos serviços de saúde constantemente e oportunidade de estar bem informadas e na melhor condição física e emocional possível antes, durante a após a gravidez (ZIEGEL; CRANLEY,2011; BRASIL, 2010).

A gestação oferece oportunidades a diferentes profissionais para intervir de forma a influenciar positivamente na saúde física e mental de famílias inteiras. Isso acontece especialmente nos casos de gravidez de risco onde as necessidades são variadas. Os profissionais devem ficar atentos à surgimento de sintomas e fatores de risco e devem ser capazes de avaliá-los de maneira a determinar o momento em que essa gestação necessitará de uma assistência especializada, de uma quantidade maior de consultas ou de interconsultas com outros profissionais (ZIEGEL; CRANLEY,2011; BRASIL, 2010).

Se a gestante for encaminhada para um acompanhamento em uma unidade de serviço especializado de pré-natal de alto risco, é importante ressaltar que a gestante seja orientada em todas as fases de sua gestação e também saber da importância de não perder o vínculo com a equipe de atenção básica que esteja fazendo o acompanhamento de sua gestação (ZIEGEL; CRANLEY,2011; BRASIL, 2010).

A equipe de profissionais deve ser mantida informada a respeito do histórico, evolução da gravidez e de tratamentos administrados à gestante. A enfermeira deve também avaliar a atitude da mulher em relação à gravidez, com especial atenção ao próprio estado de desenvolvimento da mulher, bem como ao da sua família. Deve saber se essa foi primeira gravidez, se foi programada para essa etapa de sua vida por causa de um casamento recente, por causa de infertilidade ou devido a prioridades dadas a carreira em época anterior. Cada uma dessas razões, bem como outras possíveis pode afetar a percepção da mulher em relação a ela e ao seu filho de diferentes maneiras (ZIEGEL; CRANLEY,2011).

Essa fase da vida das gestantes merece atenção dos profissionais responsáveis para identificar precocemente sinais e sintomas de complicações e, ao mesmo tempo, poder contar com serviço que garanta a assistência e os exames necessários. Garantindo a maior segurança, diminuindo a possibilidade de complicações gravídicas e resultados desfavoráveis (PARREIRA, 2009).

2.3.1 Medos e anseios das mulheres em idade avançada

Para um melhor funcionamento e acompanhamento no atendimento ao pré-natal de alto risco, há a necessidade de uma equipe multidisciplinar para que ocorra esse atendimento de qualidade, constituída por especialistas de diversas áreas, composta por enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e serviço social, com um trabalho em conjunto e planejado (BRASIL, 2010).

Os medos e anseios dessas gestantes de alto risco quase são esquecidos, por receio de lidar ou desconhecimento dos profissionais. Na parte emocional dessas mulheres entram os fatores psíquicos preexistentes e atuais, a mulher pode apresentar várias respostas fisiológicas como ansiedade, negação, baixa autoestima, culpa, frustração, medo, dificuldades de adaptação, desencadeadas principalmente pelo rotulo que todos lhe dão de “alto risco” (BRASIL, 2010).

Quando a gravidez é diagnosticada como de alto risco, a gestantes, e todos os familiares provavelmente ficarão estressadas com esse diagnóstico, o que poderá afetar a relação parental e com familiares diversos; portanto se a mulher temer pelo seu próprio bem-estar, ela pode não ser capaz de seguir as orientações da enfermagem para o melhor decorrer da gestação. Daí a importância da enfermeira, que pode ajudar não só a paciente como os familiares na reconquista do controle, fornecendo-lhes a eles apoio, incentivo, sempre dando orientações e informações sobre a gravidez (LOEDERMILK et al., 2012).

Ao decorrer da gestação, determinadas mudanças emocionais podem ser percebidas e compreendidas de acordo com o período gestacional em que a mulher possa estar. No primeiro trimestre a gestante pode apresentar sentimento oposto querer e não querer a gravidez ao mesmo tempo, medo de abortar, oscilações do humor levando a um aumento da irritabilidade, desejos e recusa por determinados alimentos. No segundo trimestre pode acontecer uma reflexão que a pessoa faz de si mesma e passividade por parte da gestante, alteração no desejo e no desempenho sexual, alteração da estrutura corporal. E no terceiro trimestre as ansiedades intensificam-se com a proximidade do parto, manifestam-se mais os temores do parto, como o medo da dor e da morte, principalmente em gestantes de alto risco e aumentam as queixas físicas (BRASIL, 2006).

Esse ambiente emocional vem também da parte da equipe assistencial, pois muitos profissionais são distantes em relação à paciente, frios, mal humorados, agem com falta de profissionalismo, não deixam que a gestante tenha uma abertura para falar de seus medos, suas ansiedades e necessidades. Portanto a equipe multidisciplinar precisa ter conhecimento e sensibilidade para identificar e compreender o processo emocional que rodeia o acompanhamento da gestação de alto risco, podendo contribuir tanto para a redução de estresse e ansiedade da mulher, quanto para uma melhor assistência (BRASIL, 2010).

2.4 OPÇÕES QUE LEVARAM A UMA GRAVIDEZ TARDIA

Ainda que a sociedade pressione para se conceber mais jovem, cada vez mais as mulheres optam e adiam a maternidade. Muitas famílias preferem esperar o momento certo para ter um filho, o momento em que as condições financeiras, profissionais e pessoais estejam perfeitas. No entanto, a qualquer hora podem surgir dificuldades profissionais e financeiras, ou problemas de saúde. Portanto essas mulheres devem repensar se essa espera valeria a pena (GOETZL; HARFORD,2006).

A gravidez tardia significa para a mulher uma gravidez com mais experiências, cheia de sentimentos de satisfação, realização pessoal, familiar, formação acadêmica, carreira profissional, melhor estrutura financeira, uma maior segurança com o cônjuge, e mudanças socioculturais, relacionada à possibilidade do planejamento que essa mulher possa fazer para ter um filho no momento que ela achasse correto, com amplos e diversificados tipos de métodos contraceptivos e problemas de infertilidade (OLIVEIRA et al.,2011; GOMES et al.,2008).

Torna-se mais frequente a gestação em mulheres com idade superior a 35 anos, pois muitas adiam a gestação para investir na formação da carreira profissional, buscando assim uma estabilidade financeira. O adiamento da época do casamento, a constituição de novas uniões, e a disponibilidade de métodos contraceptivos e problemas de infertilidade são outros motivos que levam à gestação tardia (PARREIRA, 2009).

A mulher que optar por engravidar após os 35 anos atualmente necessita conhecer inteiramente os fatores associados aos riscos materno e perinatal, de modo que possa buscar assistência adequada e especializada, e planejar o nascimento (SCHUPP, 2006).

2.6 A ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO DE PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO

O Programa Saúde da Família, chamado também de PSF, foi implantado pelo Ministério da Saúde em 1994, para reorientar o modelo assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir da atenção básica, com a intenção em aumentar o acesso das pessoas ao SUS com o objetivo de melhorar as ações de prevenção, promoção e reorganização os serviços, reorientando as práticas profissionais na atenção básica (BASSANI; MORA; RIBEIRO, 2009).

O acolhimento do pré-natal deve ser organizado e preparado para atender as reais necessidades de toda a população em todas as áreas de atuação por meio da utilização de conhecimentos técnico-científico e recursos adequados e disponíveis. Além disso, deve-se proporcionar facilitando o acesso e a continuidade do acompanhamento do pré-natal (BRASIL, 2006).

É de extrema relevância o trabalho das equipes multidisciplinares do PSF com o mapeamento da população da sua área de abrangência, e com a classificação de risco de cada gestante e a identificação dos equipamentos de saúde responsabilizados para cada atendimento especifico (BRASIL, 2010).

A organização da atenção ginecológica e obstétrica da Unidade Básica de Saúde (UBS) consiste no planejamento e regulação da atenção à gestação, ao parto, ao pós-parto e ao recém-nascido. Para se ter condições de um atendimento efetivo, deve-se promover a humanização da atenção de todos os profissionais, diálogo permanente e eficiente tanto na unidade de saúde quanto nas ações comunitárias referentes à assistência do pré-natal, captação precoce das gestantes para o acompanhamento desde o primeiro trimestre, para que os profissionais possam intervir, seja por promoção, prevenção ou tratamento, e um acompanhamento periódico e contínuo de todas as mulheres (BRASIL, 2006).

Na atualidade, tem sido destacado que mais importante do que a idade da gestante seriam suas condições de vida e saúde, bem como a qualidade da assistência no pré-natal, parto e puerpério. É de grande interesse avaliá-las e acompanhá-las a partir da primeira consulta obstétrica, e analisar a assistência específica voltada para as complicações mais frequentes, com o intuito de prevenir eventuais problemas materno-fetais, detectar precocemente alterações mórbidas e atuar no sentido de atingir o termo da gestação, com a mãe e recém-nascido saudáveis (SCHUPP, 2006).

O objetivo da assistência ao pré-natal é garantir o bom andamento da gestação de baixo risco e, também, identificar adequadamente e precocemente quais pacientes têm mais chance de apresentar evolução desfavorável e serem considerada como gestantes de alto risco. Elas deverão ser tratadas e, se necessário, encaminhadas para uma unidade de referência, que oferece uma assistência mais completa e complexa (FREITAS et al., 2006).

Segundo Vanzin e Nery (1996 apud Freitas, 2006), a consulta de enfermagem:

É a atenção prestada ao indivíduo, à família e à comunidade de modo sistemático e contínuo, realizada pela profissional enfermeira, com a finalidade de promover a saúde mediante o diagnóstico e o tratamento precoces [...]

A primeira consulta de pré-natal é muito importante, pois é o primeiro contato com a gestante, onde o profissional irá realizar um acolhimento à mulher, visualizando sua condição emocional, buscando esclarecer seus medos, angústias, dúvidas ou curiosidades em relação ao novo momento de sua vida (CACHERICK et al., 2003).

A enfermagem segue um roteiro para a consulta de pré-natal, executando-o com suas peculiaridades para cada paciente; primeiramente, a enfermeira confirma a gravidez, baseando-se no teste laboratorial de beta HCG; segundo, a profissional realiza todo um histórico de enfermagem onde ocorre uma entrevista abordando aspectos como a identificação da gestante para o preenchimento do cartão da mesma e do cadastramento no SISPRENATAL, faz o cálculo da idade gestacional, se houve aceitação da gravidez por parte dela, do pai da criança e da família, percepções e expectativa, situação socioeconômica familiar, história da gestação atual, antecedentes gine-obstétricos, antecedentes familiares de alguma patologia, hábitos de vida e saúde; solicita exames de rotina e realiza um exame físico céfalo-caudal, avaliando peso e estado nutricional da paciente; avaliação das mamas, direcionando ao aleitamento materno, já dando algumas orientações; medida da altura uterina, ausculta do BCF(BRASIL, 2005).

Posteriormente, realizar ações complementares, como orientações, prescrição de sulfato ferroso; deve-se orientar a paciente quanto ao calendário de vacina, propor praticas educativas coletivas, fazer referenciamento para suplementação alimentar, encaminhar para atendimento odontológico e, se for o caso para atendimento de maior complexidade. Após a realização do exame físico e da entrevista, já podem ser identificados os problemas de enfermagem; a partir dessa identificação, é elaborado um plano assistencial para a gestante (BRASIL, 2005).

Na primeira consulta de pré-natal, já se determina se a gestante em questão está exposta a fatores de risco que possam influenciar os desfechos pré-natais. A triagem das gestantes com risco pré-natal é realizada na unidade básica de saúde de sua área onde foi inicialmente atendida. A equipe tem que estar atenta a todos os sinais de risco tanto sintomáticos quanto assintomáticos, e procurar sempre pedir e analisar os exames corretamente; com isso, o profissional de enfermagem pode encaminhar a gestante para um centro de referência para atendimento de pré-natal de alto risco, mas continua atendendo essa paciente na UBS (FREITAS et al., 2006).

As orientações durante toda a gestação são de extrema importância. Deve-se orientar sobre o quanto é essencial fazer o pré-natal, assim como o agendamento das consultas que devem ser de no mínimo 6, como preconiza o Ministério da Saúde, recomendar uma consulta no mínimo com a equipe de saúde bucal, orientar sobre mudanças físicas e psicológicas que ocorrem na gestação, incentivar a prática de atividade física moderada, aconselhar a se ter uma boa alimentação durante toda a gravidez, recomendar o não uso de bebidas alcoólicas e drogas, orientar quanto ao parto e tipo de parto a ser realizado. Quanto às orientações para uma gestação tardia, seriam todas essas acima, além de explicar as possíveis complicações que poderiam advir; alertar para sinais e sintomas de algumas doenças frequentes na família; orientar sobre alguns exames (BRASIL, 2011).

A atenção primária deve incluir, na rotina do pré-natal, a formação de grupos de gestantes. Eles favorecem a troca de experiências e conhecimentos entre profissionais e gestantes e entre elas mesmas. Proporcionando, assim, um espaço educativo, onde, além de trocar experiências e ampliar os conhecimentos em relação à própria gestação, elas tirem suas dúvidas, expressem medos e anseios em cada etapa da gestação. É de grande importância que essas atividades educativas sejam voltadas ao autocuidado e abordem todos os assuntos relacionados à gestação, onde as gestantes também possam sugerir temas. Devem ser evitadas atividades como palestras, onde apenas o profissional se expressa; na dinâmica dos grupos de gestantes, o papel do profissional deve ser de mediador das realidades e experiências trazidas pelas próprias gestantes (BRASIL, 2011).

2.7 COMPLICAÇÕES

Nas gestantes de 35 anos, estão acontecendo algumas complicações para o bebê e no próprio corpo. No bebê, as principais complicações são maior risco de mortalidade perinatal, baixa vitalidade do recém-nascido, baixo peso ao nascer, fetos pequenos para idade gestacional, índice de Apgar menor que sete, anomalia cromossômica e macrossomia (PARREIRA, 2009).

Para a mãe, podem ocorrer síndrome hipertensiva, maior ganho de peso, presença de obesidade, miomas, diabetes, eclâmpsia, pré-eclâmpsia, parto pré-termo, aborto e cesárea. As gestantes nulíparas idosas, segundo estudo, apresentam maiores índices de massa corpórea e ganho de peso na gestação, com aumento da frequência de diabetes gestacional, hipertensão arterial crônica e induzida, parto prematuro, hemorragia do terceiro trimestre e infecção puerperal, com indicação mais frequente de ocitocina no trabalho de parto, aumento na taxa de cesárea e recém-nascidos pequenos para idade gestacional (PARREIRA, 2009).

2.7.1 Complicações para a mãe

2.7.1.1 Diabetes

Se a mulher já tiver diabetes ou se este for detectado na gestação, ela vai precisar de cuidados especiais durante a gravidez e antes dela, para manter a taxa de glicose sob controle. O objetivo é que a taxa seja inferior a 99 mg/dl em jejum e inferior a 140 mg/dl duas horas após as refeições. Desde que a gestante seja bastante rígida nesse controle, possui boas chances de ter uma gravidez tranquila e um bebê saudável. Se seu diabetes for muito antigo, ela tem mais probabilidade de desenvolver determinadas complicações na gravidez, particularmente a pré-eclâmpsia. Problemas de visão decorrentes do diabetes também podem piorar. É importante manter a taxa de glicose sob controle no momento da concepção, pois, se ela estiver alta, o desenvolvimento do bebê pode ser prejudicado. A probabilidade de aborto espontâneo, anomalia no tubo neural e doenças cardíacas congênitas é maior. Taxa de glicose alta durante a gestação retarda o desenvolvimento dos pulmões e pode causar problemas respiratórios no nascimento. É importante verificar o estado do tubo neural do bebê no início da gravidez, seja por exame de sangue ou por ultrassom. Se a paciente toma comprimidos para diabetes, é melhor trocá-los por insulina antes de engravidar, pois a insulina não atravessa a placenta (GOETZL & HARFORD, 2006).

2.7.1.2 Hipertensão

A hipertensão é uma das mais sérias e mais comuns complicações da gravidez, ocorrendo em cerca de 7% de todas as gestações, sendo também responsável por 15 a 20% da mortalidade materna (ZIEGEL; CRANLEY, 2011).

O Serviço de Ginecologia e Obstetrícia adotou uma classificação realizada pelo grupo de trabalho em hipertensão do Programa Nacional de Educação em Hipertensão Arterial do Ministério da Saúde dos Estados Unidos no ano 2000. Segundo esse grupo, a hipertensão se manifesta como pré-eclâmpsia, hipertensão crônica e hipertensão gestacional (FREITAS et al., 2006).

Algumas pacientes apresentam complicações que podem colocar a gestação em risco, bem como a doença cardíaca hipertensiva ou isquêmica, insuficiência renal, acidente vascular cerebral prévio, acarreta em obesidade, e risco aumentado de pré-eclâmpsia (LEVENO, 2014).

Na gestação, considera-se hipertensão arterial os valores de sistólica >140mmHg e diastólica > 90mmHg, em pacientes com mais de 20 semanas de gestação. A pressão arterial deve ser avaliada com a gestante sentada para a mensuração correta, o braço deve estar apoiado sobre uma superfície firme e no mesmo nível do coração. Se o braço for consistentemente mais elevada, pode-se ter alterações na mensuração (FREITAS et al., 2006).

2.7.1.3 Pré-Eclâmpsia

Em relação a condições patológicas maternas, alguns conceitos, como a pré-eclâmpsia e o diabetes gestacional, devem ser questionados. Pré-eclâmpsia é definida como o aumento da pressão arterial com a presença de proteinúria com instalação após a 20 ª semana de gravidez, e desaparece até 12 semanas após o parto; é responsável pelas taxas elevadas de morbidade e mortalidade materna e perinatal. A elevação dos valores da pressão é um marcador importante da intensidade do vasoespasmo nos vários órgãos, que causa dano endotelial resultando em nutrição deficiente, hipóxia, deslocamento de placenta, prematuridade, retardo no crescimento intrauterino, morte materno-fetal, edema pulmonar e cerebral (BRASIL, 2012).

2.7.1.4 Eclâmpsia

Os episódios de convulsões em gestantes já com pré-eclâmpsia caracteriza o quadro de eclâmpsia, é definida como a manifestação de uma ou mais crises convulsivas generalizadas, podem ocorrer durante a gestação, no momento do parto e no puerpério. O procedimento clínica que o profissional deve fazer é visar o tratamento das convulsões, a hipertensão, além de cuidados e controles gerais (BRASIL, 2012).

Os sinais e sintomas mais encontrados são, distúrbios do sistema nervoso central como a cefaleia forte na região frontal/occipital, sentimento de mal-estar, perturbação da consciência e alterações do comportamento, nas questões visuais aparecem a escotomas, fosfenas, visão embaçada e até amaurose e as gástricas, náuseas, vômitos e dor no hipocôndrio direito ou no epigástrio (RUDGE et al, 2011).

Alguns cuidados gerais a serem tomados é manter o ambiente bem tranquilo, deixar o mesmo o mais silencioso possível, elevar a maca 30º e face lateralizada, colocar cateter nasal com oxigênio (5l/min), punção de veia central ou periférica calibrosa e cateter vesical contínuo. O procedimento obstétrico visa o equilíbrio do quadro da gestante, à avaliação das condições de saúde e do bem-estar da mulher e do feto e à antecipação do parto, em qualquer idade gestacional. Após a estabilização do quadro da paciente, iniciar os preparativos para interrupção da gestação e preparar parto (BRASIL, 2012).

2.7.1.5 Lúpus Eritematoso Sistêmico

O lúpus é uma doença de etiologia ainda desconhecida, evidenciado pela produção de autoanticorpos e pela formação de imunocomplexos. O índice em mulheres em idade reprodutiva é de cerca de 1 em 500. O lúpus melhora em um terço das mulheres durante a gestação, permanece inalterada em um terço e se agrava em um terço, por isso a importância de se ter um pré-natal de qualidade (LEVENO,2014).

Os portadores de lúpus podem ter uma gestação tranquila, mas é melhor que a gravidez aconteça quando a doença estiver controlada. A maior parte dos remédios contra o lúpus são seguros durante a gestação, a doença é muito mais perigosa para o bebê do que as drogas utilizadas em seu tratamento. Quem tem lúpus sofre um risco maior de aborto espontâneo e de dar à luz a bebês pequenos. Cerca de 1 em cada 80 bebês nasce com problemas no coração. Devem-se fazer exames de sangue para detectar a síndrome do anticorpo antifosfolipídio. Essa moléstia aumenta o risco de surgirem coágulos sanguíneos e causa danos ao bebê. Em torno da 32º semana, o médico deverá monitorar a paciente mais de perto, com ultrassom para verificar o desenvolvimento do bebê (GOETZL; HARFORD, 2006).

2.7.1.6 Aborto

É a interrupção da gravidez, de uma forma espontânea ou intencional, antes das 20 semanas; mais de 80% dos abortos ocorrem nas primeiras 12 semanas de gestação. O risco de se ter um aborto espontâneo aumenta em decorrência da idade; para mulheres abaixo de 20 anos são 12% de chances e em mulheres acima de 40 anos é de 26% o índice de aborto (LEVENO, 2014).

2.7.1.6.1Abortamento completo

Comumente, ocorre em gestações abaixo de oito semanas, e acontece a eliminação total do conteúdo uterino. A perda sanguínea e as dores suavizam ou cessam após a expulsão de todo o material ovular. No exame de ultrassonografia, depara-se com a cavidade euterina vazia ou com imagens indicativas de coágulos.A conduta é de observação da gestante com atenção em sangramentos ou à infecção uterina, e prescrição de analgésicos, se necessário (BRASIL, 2010).

2.7.2 Complicações para o bebê

2.7.2.1 Síndrome de Down

As mães com mais de 35 anos parecem ser responsáveis pela maior incidência de doença genética em neonatos. A síndrome de Down é um exemplo desse risco causada por trissomia livre do cromossomo 21(ZIEGEL; CRANLEY,2011).

A síndrome é caracterizada por um atraso no desenvolvimento motor e mental, e está integrada com outros fenótipos severos e bem típicos desta síndrome, e a expectativa de vida dos portadores da síndrome é de viver até os quarenta anos ou mais, mas viver bem e com saúde (NAKADONARI; SOARES, 2006).

A síndrome de Down tem sido muito relacionada à idade materna tardia, mães com idade maior que 35 anos correm um risco maior em ter filhos com síndrome de Down. Há incidência de 1 em cada 600 ou 700 nascimentos para 1 em 100, após a mãe alcançar os 35 anos, e de cerca de 1 para 50 após os 40 anos. Entende-se que isso seja devido ao envelhecimento dos óvulos que se desenvolvem durante toda a vida embrionária e permanecem armazenados no ovário até a liberação em uma ovulação mensal (ZIEGEL; CRANLEY,2011).

2.7.2.2 Descolamento prematuro de placenta

O deslocamento prematuro de placenta mais conhecido como (DPP), é determinado pela separação da placenta da parede uterina antes do parto. Essa separação da placenta pode ser parcial ou total e pode ser classificads em 3 graus diferentes, dentro dos achados clínicos e laboratoriais. O grau 1 é o sangramento genital discreto sem hipertonia uterina significativa. No grau 2, é o sangramento genital moderado e contrações tetânicas. E já o grau 3 é o sangramento genital importante com hipertonia uterina, ocorrendo como consequência, o óbito fetal (BRASIL, 2012).

Ainda que a causa principal seja desconhecida, existem alguns fatores associados, como idade e paridade elevada, que é o enfoque do trabalho, pré-eclâmpsia e hipertensão, dentre outros. O fator de risco hipertensão é evidente em metade dos casos de descolamento de placenta suficientemente grave para provocar morte fetal (LEVENO, 2014).

Classificado como a principal causa de óbitos perinatais, o DPP é uma das piores complicações perinatais, podendo provocar também a prematuridade, restrição de crescimento fetal, sofrimento fetal, baixo peso ao nascer (BRASIL, 2012).

O diagnóstico é óbvio só em casos graves; para a identificação de formas mais leves e comuns, é muito difícil e, na maioria das vezes, esse diagnóstico é feito por exclusão. Tem-se afirmado que os sangramentos uterinos dolorosos são causados pelo deslocamento de placenta, enquanto o sangramento indolor significa a presença de placenta prévia (LEVENO, 2014).

2.7.2.3 Restrição de crescimento fetal

Os bebês que nascem pequenos para a idade gestacional são bastante confundidos com recém-nascidos que sofrem de restrição ao crescimento fetal. Considera-se restrição do crescimento quando há uma limitação do feto em atingir o seu potencial de crescimento, o peso ao nascer estiver abaixo do percentil 10º da curva de peso neonatal. No entanto nem todos esses recém-nascidos com peso ao nascer abaixo do percentil 10º apresenta essa patologia, pois em alguns, isso decorre por fatores constitucionais (LEVENO, 2014).

A assistência de um pré-natal adequada pode ser capaz de detectar precocemente as gestações comprometidas com fetos com baixo peso e adotar medidas visando à diminuição dos agravos. Se for por privação social, a restrição de crescimento fetal estará relacionada ao estilo de vida da gestante se é tabagista, alcoólatra, se abusa de outras drogas ou à má alimentação e nutrição; outro fator são as infecções maternas e fetais que são variadas, como as infecções virais, bactérias, protozoários, espiroqueta, rubéola, hepatite A e B, sífilis, tuberculose e malária congênita; outro fator não menos importante é a complicação médica materna, a pré-eclâmpsia é uma das doenças que pode causar deficiência no crescimento fetal (BRASIL, 2012).

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO

Foi desenvolvida uma pesquisa de campo, transversal, de cunho descritivo, com abordagem qualitativa. A coleta dos dados foi feita através de uma entrevista estruturada, ou formalizada, qualitativa e se desenvolve a partir de uma relação fixa de perguntas, cuja ordem e redação permanecem invariáveis para todos os entrevistados. Ocorreu por intermédio de dois questionário aos enfermeiros e gestantes das Unidades Básicas de Saúde e Policlínica da cidade de Porto Seguro.

3.2 CAMPO DE ESTUDO

O município de Porto Seguro está localizado no Extremo Sul da Bahia, às margens da BR-367, distante da capital cerca de 730 km/h; segundo o IBGE (2014), sua população é de 143.282 habitantes.

A cidade conta hoje com trinta e cinco (35) unidades básicas de saúde, sendo vinte e sete (27) estruturas físicas, uma policlínica, dois hospitais, sendo um hospital municipal e um hospital regional, dois postos de Pronto Atendimento.

3.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO

O estudo foi realizado em três unidades básicas de saúde, nos bairros Centro, Campinho e Fontana e uma policlínica no Centro de Porto Seguro. Foram selecionadas como população de estudo pacientes grávidas acima de 35 anos, e profissionais de enfermagem nas Unidades Básicas de Saúde e policlínica de Porto Seguro, Bahia. Essa escolha foi feita em uma reunião junto da coordenação com os profissionais de enfermagem do município que ocorre trimestralmente, foi perguntado quais poderiam ajudar nessa pesquisa e quais tinham mais casos de gestação tardia e tais postos citados acima foram escolhidos.

Foram utilizadas como critérios de inclusão as pacientes acima de 35 anos de idade, grávidas, vinculadas ao pré-natal nos estabelecimentos citados, que aceitem fazer entrevista voluntariamente, assim como assinar o termo de consentimento livre e esclarecido e responder as questões. Foram utilizados os critérios de inclusão para os profissionais, que estejam trabalhando dentro das Unidades Básicas de Saúde citadas, atendam gestantes acima de 35 anos de idade, que aceitem fazer entrevista voluntariamente, assim como assinar o termo de consentimento livre e esclarecido e responder as questões.

Foram utilizadas como critérios de exclusão pacientes que estejam abaixo de 35 anos, que não estejam grávidas, ou vinculadas ao pré-natal nos estabelecimentos citados, e que não aceitem a fazer a entrevista voluntariamente ou assinar o termo de consentimento livre e esclarecido. Foram utilizados os critérios de exclusão para os profissionais, que não atendam em Unidades Básicas de Saúde, e que não aceitem a fazer a entrevista voluntariamente ou assinar o termo de consentimento livre e esclarecido.

3.4 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS

Primeiramente foi solicitada autorização da Secretaria de Saúde de Porto Seguro, para coleta de dados nas Unidades Básica de Saúde e Policlínica. Após a liberação da Secretaria de Saúde, foi agendado uma reunião com a coordenação da Atenção Básica com o intuído de esclarecer os objetivos da pesquisa para a realização da coleta dos dados, onde ela me passou os lugares com maiores índice de gestação tardia. Em seguida, portando a autorização para a realização das entrevistas, me dirigi às unidades básicas de saúde, adotando como critério a proximidade geográfica a partir da sede de secretária municipal de saúde e onde possui os maiores índices. Passo seguinte, foram realizadas as entrevistas de acordo com a disponibilidade das enfermeiras e com as gestantes foram realizados seguindo informações dos enfermeiros, se haveria a presença de gestantes acima de 35 anos de idade. Após isso, foi iniciada a análise dos dados.

As participantes da pesquisa foram orientadas a assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO I). Foi construído um roteiro de entrevista para nortear a obtenção dos dados. Tal roteiro é composto por onze perguntas (ANEXO III) relacionadas ao nível de conhecimento dessas gestantes a respeito das complicações de uma gravidez tardia. Foi utilizado um gravador da marca Samsung, e posteriormente foram transcritos os dados para análise, a fim de que nada do que foi dito se perca com o passar do tempo, ou seja, para qualquer dúvida, o recurso à gravação poderá ser utilizada.

Um segundo instrumento foi elaborado, outro roteiro de entrevista com oito perguntas (ANEXO III), para os enfermeiros das unidades públicas, a fim de verificar o papel do enfermeiro no esclarecimento quanto à gravidez nessa fase da vida. As participantes da pesquisa foram orientadas a assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO II). Foi utilizado um gravador da marca Samsung, e posteriormente foram transcritos os dados para análise dos dados, a fim de que nada que foi dito seja perdido com o passar do tempo, ou seja, para qualquer dúvida o recurso à gravação poderá ser utilizada.

3.5 ANÁLISE DOS DADOS

Foi utilizado um gravador da marca Samsung, e posteriormente foram transcritos os dados para análise dos dados, a fim de que nada que foi dito seja perdido com o passar do tempo, ou seja, para qualquer dúvida o recurso à gravação poderá ser utilizada.

Os dados colhidos foram codificados e armazenados em banco de dados usando o Programa Excel Office versão 2007.

3.6 QUESTÕES ÉTICAS

Este estudo foi desenvolvido respaldando-se na resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, regulamentadora das pesquisas com seres humanos, considerando a observância da beneficência, não maleficência, ausência de riscos e prejuízos, com garantia do anonimato aos sujeitos do estudo.

4 RESULTADO E DISCUSSÃO

Conforme levantamento do (IBGE), entre os anos de 2003 e 2012 o número de mulheres que engravidou entre 35 e 44 anos passou de 53.016 para 62.371 no Brasil. O aumento é referente a 17,6% (IBGE, 2012).

Diante dos dados coletados na Secretaria de Atenção à Saúde, e retirados do programa SISPRENATAL observa-se que o total de gestantes no ano de 2014 no período de 01/01/2014 à 30/12/2014 foram 2911 de gestantes cadastradas e acompanhadas, já no ano de 2015 no período de 01/01/105 à 04/11/2015 foram 2474 gestantes cadastradas e acompanhadas. E considerando esses dados nota-se a diminuição de 15% do total de gestantes entre o ano de 2014 e 2015.

Devido à importância no controle de gestantes acima de 35 anos, os dados obtidos consistem em; no ano de 2014 tiveram 320 ou 11% das gestantes com idade superior a 35 anos de idade registradas e acompanhadas nos períodos de 01/01/2014 à 30/12/2014, no ano de 2015 foram 229 ou 9,26% das gestantes com idade superior a 35 anos de idade registradas e acompanhadas nos períodos de 01/01/2015 à 04/11/2015.

Considerando esses dados, compreendemos que o percentual de gestante acima de 35 anos no município de Porto Seguro é baixa relacionado ao valor total de gestantes na cidade e no Brasil. Portando nota-se que a cidade não tem uma população alta de gestantes acima de 35 anos.

Para a coleta de dados da pesquisa, foram entrevistadas cinco enfermeiras e cinco gestantes com 35 anos de idade ou mais. As profissionais entrevistadas eram, portanto, todas do sexo feminino, com uma média de 37 anos de idade; quanto ao estado civil, duas eram solteiras, duas casadas e uma morava junto; a média de tempo de atuação na UBS era de sete anos. As entrevistas foram realizadas dentro da UBS, em que cada enfermeira trabalha. O período de seleção e entrevistas ocorreu entre as datas 23/07/2015 e 12/08/2015, nas Unidades Básicas de Saúde dos bairros do Centro, Campinho e Fontana.

Foi seguida uma codificação que identifica as entrevistadas de acordo com a ordem cronológica das entrevistas: Enfermeira (A), Enfermeira (B), Enfermeira (C), Enfermeira (D) e Enfermeira (E) para as profissionais; já para as pacientes, a codificação foi Paciente (A), Paciente (B), Paciente (C), Paciente (D) e Paciente (E), sempre com a preocupação de manter o anonimato das participantes, de acordo com o que preconiza a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Com o intuito de enriquecer a pesquisa e oferecer uma melhor visualização deste estudo, optamos por transcrever alguns trechos das falas das entrevistadas.

As primeiras questões da entrevista dos profissionais, como está exposto acima, se referiram ao sexo, idade, estado civil e tempo de atuação na Unidade Básica de Saúde. As demais questões seguem abaixo:

a) Enquanto enfermeiro, sabe avaliar as complicações de uma gravidez tardia?

Os profissionais de enfermagem que prestam assistência e cuidados a gestantes devem estar muito atentos à existência de todo e qualquer fator de risco que vier a ocorrer e devem ser capazes de avaliá-los, de modo a definir o momento em que a gestante necessitará de uma assistência especializada ou de consultas junto a outros profissionais (BRASIL, 2012).

Foi perguntando aos enfermeiros se eles sabem avaliar as possíveis complicações de uma gravidez tardia. Diante disso, as respostas encontradas foram:

Enfermeira (A) “Sei sim”.

Enfermeira (B) “Eu creio que sim, você fala a questão da idade, sei sim”.

Enfermeira (C) “Sim”.

Enfermeira (D) “Sim”.

Enfermeira(E) “Sim”.

Nas suas respostas a essa pergunta, todas as entrevistadas afirmaram saber avaliar as possíveis complicações da gravidez tardia, mas, nas respostas seguintes, fica patente que não sabem ao certo quais são as que acometem mais esse tipo de gestação.

A assistência de pré-natal implica na avaliação ativa das situações de risco e presteza para identificar problemas de forma a poder atuar, o mais precocemente possível de maneira a impedir um resultado desfavorável. A ausência do controle do pré-natal pode aumentar o risco para a gestante ou o recém-nascido ter alguma complicação e não ser descoberta precocemente. É de extrema importância informar a gestante sobre sua evolução e como está transcorrendo sua gestação, há necessidade de o enfermeiro reclassificar o risco a cada consulta de pré-natal, pois as intervenções precisam ser precoces para evitar maiores agravos (BRASIL, 2012).

Os fatores de risco que podem ocorrer na gestação podem ser identificados no decorrer de cada consulta de pré-natal, na assistência do enfermeiro, desde que o mesmo esteja preparado para atender tais pacientes e atento a todas as etapas da anamnese, exame físico e exame gineco-obstétrico e que possa até mesmo ser identificado por ocasião da visita domiciliar, razão pela qual é importante a coesão da equipe (BRASIL, 2012).

b) Quais as possíveis complicações para este tipo de gravidez?

Embora tenha vários fatores que levam a uma gravidez tardia, a mesma ainda é associada a acontecimentos obstétricos adversos. Com maiores riscos para com­plicações relacionadas à gravidez, ao feto e ao parto, que podem ser atribuídos ao aumento da frequência de doenças crônicas e pior condição física (GONÇALVES; MONTEIRO, 2012).

Foi perguntando aos enfermeiros quais as possíveis complicações da gravidez tardia. As respostas encontradas foram:

Enfermeira (A)“...Porque por exemplo Hipertensão, Diabetes, Descolamento de placenta, pode dar em qualquer faixa etária, não só acima dos 35 anos....”.

Enfermeira (B) “Hipertensão que é a DHEG, Diabetes, aborto, parto prematuro...”.

Enfermeira (C) “...mas assim uma pressão alta, depende se tiver alguma patologia, porque tem umas que não têm nada, porque depende da saúde se é fumante, se não é, tem mulher que não fuma, que não bebe, então tem uma saúde boa.... algumas já têm algumas complicações, há algumas complicações de partos anteriores, ou são hipertensas, eu tenho uma que tem mioma...”.

Enfermeira (D) “Algumas síndromes que podem acontecer não só na gravidez tardia após os 35 anos, como também doenças pré-existentes como hipertensão, diabetes que já é uma tendência natural da idade mais avançada”.

Enfermeira (E) “Pré-eclâmpsia, eclâmpsia, anomalias, síndromes, e doenças pré-existentes antes da gestação”.

Segundo as respostas, todas mostraram conhecer algumas das complicações que as gestantes possam vir a ter, mas algumas das entrevistadas ainda consideram que a gestação tardia é como qualquer outra, e que essas complicações podem ocorrer tanto em adolescentes quanto nas gestantes acima de 35 anos, mas só de ser acima de 35 anos de idade a gestante já é predisposta a ter muitas complicações e tem que receber uma atenção maior e um cuidado diferenciado.

Segundo BRASIL (2010), essas complicações estão sim relacionadas a essas gestantes de alto risco. As complicações para a mãe que podem ocorrer são síndrome hipertensiva, maior ganho de peso, podendo ocorrer obesidade, lúpus eritematoso sistêmico, miomas, diabetes, eclâmpsia, pré-eclâmpsia, parto pré-termo, aborto e cesárea e nos bebês podem ocorrer síndromes, descolamento de placenta e restrição do crescimento fetal.

É de fundamental importância o conhecimento dos profissionais das repercussões da gravidez sobre as condições clínicas da gestante e para isso é essencial um amplo conhecimento sobre a fisiologia da gravidez e as complicações possíveis para essa gestação, pois desconhecendo essas complicações, não há como avaliar as repercussões sobre as gestantes, principalmente na vigência de algum agravo (BRASIL, 2010).

c) Como o enfermeiro deve atuar frente a tais complicações?

Segundo BRASIL (2010), na UBS, os profissionais de enfermagem fazem o encaminhamento para acompanhamento na unidade de referência de pré-natal de alto risco do município, é de extrema importância que as gestantes sejam orientadas a não perder o vínculo com a equipe da UBS, onde ela iniciou o seu acompanhamento. A equipe da UBS deve ser mantida informada a respeito da evolução da gravidez e tratamentos administrados à gestante que estejam sendo feitos, por meio de contrarreferência e de busca ativa das gestantes em seu território de atuação, por meio da visita domiciliar.

A comunicação entre os serviços é importante, pois a gestante tem maior facilidade de acesso aos dois serviços a UBS e a unidade de referência, até mesmo pela proximidade ao seu domicilio, permitindo que as equipes possam contribuir a essas gestantes com orientações, acolhimento, cuidados necessários, apoio, por meio da identificação e ativação do suporte familiar e social , o profissional deve participação em atividades educativas individuais e em grupo de gestantes, induzir para frequência nas consultas especializadas e maior aderência aos tratamentos estipulados (BRASIL, 2010).

Ao serem questionados como o enfermeiro deve atuar frente a tais complicações, as respostas encontradas foram:

Enfermeira (A) “Tem que ver, encaminhar para um clínico geral da unidade ou para um ambulatório de alto risco”.

Enfermeira (B) “Primeiramente a gente faz toda uma avaliação, geralmente a gente diagnóstica, muitas vezes eu acabo vendo a possibilidade na primeira consulta, a gente encaminha para especialidade, mas ao mesmo tempo que ela está lá com a referência do alto risco, ela tem que ir pro alto risco, ela é acompanhada aqui por mim e pela médica, entendeu, então ela tem todo um acompanhamento né, tem os exames também que a gente acaba solicitando que a gente tem que é o hormonal, tem como observar o diabetes, a gente tem a referência do endócrino que faz um acompanhamento. Tanto que eu tô com uma de 43 anos que tem história de pré-eclâmpsia na outra gestação, uma de 36 diabética então têm que ter todo esse cuidado. Dependendo, diminui o tempo de uma consulta pra outra, não deixa pra 30 dias, diminui um pouquinho, mas a gente além de ter um acompanhamento aqui, elas tem a referência do alto risco, têm umas que fazem 13, 14, 15 consultas de pré-natal no mês”.

Enfermeira (C) “Aqui a gente funciona dessa forma, mesmo indo pro pré-natal de alto risco, eu ainda continuo acompanhando para não perder o paciente de vista e não quer dizer que ela não é minha paciente também, mas aqui no posto a gente encaminha pro pré-natal de alto risco, pro ginecologista obstetra que acompanha essas pacientes, mas mesmo assim ela continua passando aqui por mim e pela médica”.

Enfermeira (D) “Eu acredito que o enfermeiro deve atuar de forma igual para qualquer idade da pessoa, de forma a estar atento aos sinais e sintomas precoces do tipo, direcionando pra um pré-natal de alto risco para não ser acompanhado só na unidade básica, mas também na unidade de referência com o ginecologista, um obstetra e estar atento aos sinais de hipertensão, diabetes, edema, também outros sinais e sintomas que poderiam trazer complicação em qualquer idade faixa etária como infecções ginecológicas, corrimentos, estar atento a isso, pode ser um fato complicante pra bolsa rota prematura, sinais de proteinuria, acho que é isso, acho que só os sinais e sintomas que a gente tem que esta atento em qualquer faixa etária”.

Enfermeira(E) “Exames laboratoriais, encaminhamento para unidade de referência de alto risco, acompanhamento e orientação”.

Conforme foi colocado pelos entrevistados, o que podemos verificar é que todas as enfermeiras encaminham para unidade de referência e mesmo encaminhando-as, as mantêm nas unidades básicas de saúde para não perder o vínculo e continuar atendendo-as nas unidades de saúde também.

d) Você faz alguma orientação em relação aos cuidados a serem tomados nessa gestação?

As orientações durante toda a gestação são de extrema importância. Deve-se orientar sobre o quanto é essencial fazer o pré-natal, assim como o agendamento das consultas que devem ser de no mínimo 6, como preconiza o Ministério da Saúde, recomendar uma consulta no mínimo com a equipe de saúde bucal, orientar sobre mudanças físicas e psicológicas que ocorrem na gestação, incentivar a prática de atividade física moderada, aconselhar a se ter uma boa alimentação durante toda a gravidez, informar sobre o não uso de bebidas alcoólicas e drogas, orientar quanto ao parto e tipo de parto a ser realizado. Quanto às orientações de uma gestação tardia seriam todas essas acima além de explicar as possíveis complicações que as pacientes poderiam vir a ter, ensinar sinais e sintomas de algumas doenças que elas já possam ter na família para ficar em alerta, orientar quanto a alguns exames (BRASIL, 2011).

Ao serem questionadas sobre se elas dariam orientações em relação aos cuidados a serem tomados nessa gestação. As respostas foram

Enfermeira (A) “Em todas as gestações independentemente da faixa etária, a gente orienta sempre, porque pré-natal, né a pessoa tem que fazer direitinho independentemente da faixa etária”.

Enfermeira (B) “Sim, a gente orienta principalmente referente à alimentação, a questão da prática da atividade física, à importância a partir do 3ºmês, caso não haja uma contra indicação médica, elas têm que estar tomando esses cuidados, fazer o preventivo[...] Dependendo, a gente encaminha para psicóloga, nutricionista que eles também fazem esse acompanhamento junto com a gente aqui na equipe”.

Enfermeira (C) “Faço, faz parte da consulta de pré-natal, a gente orienta, além de solicitar os exames que são preconizados pelo ministério da saúde, a gente orienta normalmente como orienta a que não é considerada de alto risco; além de orientar, a gente encaminha pra um nutricionista se for preciso, se tiver acima do peso, psicólogo se tiver passando por algum problema também”.

Enfermeira (D) “Sim, como em qualquer outra gestação, volto a afirmar cuidados com o corpo, exercícios físicos moderados, alimentação fracionada e saudável, muitas frutas, verduras, sucos naturais, evitar refrigerante, e os cuidados relacionados de acordo com o que vier acontecendo, se tiver um nível pressórico mais alto, a gente vai reduzir o sal, se tiver um edema, a gente vai diminuir o sal, então de acordo com o transcorrer da gestação”.

Enfermeira (E) Sim, todas as orientações devidas.

Conforme foi colocado pelas entrevistadas, todas disseram que fazem orientações às gestantes, mas que as orientam como em quaisquer outras gravidezes, não dando a devida orientação em relação à gestação de alto risco que se deve dar, pois podem acontecer algumas complicações que devidamente orientadas poderiam identificar rapidamente e procurar um médico para solucionar o problema.

Dessa forma, a consulta de enfermagem adequa as orientação de medidas favoráveis que visam à abordagem apropriada às necessidades peculiares das mulheres com quem tem interação em consultas no pré-natal, nas unidades básicas de saúde que principalmente são as gestantes tardias. É importante ressaltar e lembrar que os contatos frequentes nas consultas entre enfermeiros e gestantes permitem melhor monitoramento do bem-estar da gestante, ela pode tirar suas dúvidas que vão surgindo com o tempo, devido a seu corpo estar sempre em mudança, o desenvolvimento do feto e a detecção precoce de quaisquer problemas que virem a surgir será mais fácil. (BRASIL, 2012).

e) Relate sua experiência a respeito da gestação tardia. Como o enfermeiro deve estar preparado para atender tais pacientes?

A enfermagem está pautada numa ampla estrutura teórica. Assim sendo, a utilização do processo de enfermagem, o centro da profissão, é importante na assistência ao paciente, para nortear a prática da enfermagem. Necessário é que este processo seja embasado numa teoria de enfermagem, para que possibilite não apenas nortear a sua prática, bem como viabilizar e tornar concretos os resultados dessa assistência. Na execução do processo de enfermagem deve se traçar uma linha objetiva de forma a incentivar, estimular a paciente a compromissar-se ao pré-natal e a também participar ativamente das atividades propostas pela unidade responsável do pré-natal (FARIAS; NÓBREGA, 2000).

Enfermeira (A) “Geralmente a paciente acima de 35, quando elas veem com 36, 37, 40 anos que não engravida, aí engravida, elas, é mais o psicológico, elas são muito preocupadas, entendeu, aí têm medo de perder e precisa de uma assistência muito mais psicológica na maioria das vezes do que muitas vezes o organismo da pessoa está tudo bem, os exames todos, entendeu, ela vem fazer exame aqui e está certo, os exames laboratoriais também, é mais psicológico assim que a pessoa fica insegura, que ela é uma mulher, que tá muito velha, entendeu, e que não tem filho, é assim”.

Enfermeira (B) “Olha, a experiência que eu tenho são as questões das complicações, então assim esses dias nós tivemos uma que teve que tirar, porque ela desenvolveu DHEG, tô com outra também que tá com isso, então provavelmente não dá para esperar até o final da gravidez, muitas das vezes tem que tirar o bebê antes. O principal é a escuta principalmente na primeira consulta, então você tem que escutar o paciente, você tem que saber acolher, olhar no olho, entender o que está falando, porque na primeira consulta você pega tudo, então o enfermeiro, além de ele ter que ter o conhecimento, ele tem que estudar, ele tem que ter esse conhecimento, ele tem que saber escutar pra poder avaliar, então minhas primeiras consultas são demoradas tanto que eu peço pra não marcar muito porque são demoradas, leva 40 minutos você tem que saber pegar, fazer uma anamnese, pega o histórico, tem que fazer o exame físico da ponta da cabeça até o pé, então isso aí eu acho importante, então eu acho que o enfermeiro tem que estudar, tem que se qualificar, tem que se capacitar para isso, porque, querendo ou não, a gente faz pré-natal, e o pré-natal são duas vidas e é uma caixinha de supressa, hoje tá bom amanhã não tá, então a gente tem que aprender a escutar um pouco a paciente porque ela é protagonista, e muitos profissionais acham que ela é passiva, e ela não é passiva ela é a protagonista. Então a principal coisa é a escuta, é o acolhimento e você saber escutar, entender os anseios. Eu tive essa semana 2 gestantes, uma de 43 anos muito ansiosa e eu não entendia quase nada porque ela não é daqui do Brasil ela é Europeia, o marido estava junto, então assim ela não sabia falar muito bem, mas o marido conversava bastante e ele ansioso falando que eu poderia tá achando que ele estava fazendo muita pergunta, eu falei não, eu quero você fale, que você pergunte, porque é importante, aí eu fui descobrir por que que eles estavam tão ansiosos assim, porque eles já tinham perdido um bebê, já tinham tido complicações, ela já era hipertensa, mas não fazia uso da medicação, então é assim todo um processo, se eu não parar e fazer todo esse processo aí como eu iria saber, ela tinha 43 anos então assim já é gravidez de alto risco, já encaminhei pra alto risco, já conversei, orientei, acolhi, já saiu daqui da sala com o retorno agendado, convidei para o grupo de gestante, então assim a gente tenta fazer o máximo possível da humanização, principalmente dessas mulheres que já têm uma idade avançada, a primeira neném deles foi em vitro por inseminação, então, se eu não conversasse, como eu iria saber”.

Enfermeira (C) “Eu não tenho muito esse preconceito contra a gravidez tardia, mas ontem mesmo eu vi uma reportagem do Doutor Drauzio Varella, falando sobre isso, né, uma complicação que é a síndrome de down, é claro que a gente sabe que aumenta as chances de ter uma criança com síndrome de down, mas não quer dizer que todas vão ter uma criança assim, eu já tive experiências com mulheres acima de 40 anos que teve filho com síndrome de down, não como enfermeira dela, como amiga, mas já tive pacientes novas de 20 anos que tiveram filhos com síndrome de down, por isso que eu não considero que nem todas as mulheres acima de 35 anos vai ter, porque vejo vários casos que a criança nasce normal. Deve tá preparado para atender todos os pacientes, tem que estudar o assunto, fazer cursos que a gente sempre faz, tem muita capacitação aqui pra gente, o próprio médico da unidade de alto risco faz capacitação com a gente. E as dúvidas que a gente tenha a agente tira com os amigos de profissão, ou com a coordenadora de saúde da mulher”.

Enfermeira (D) “A gente deve estar orientando a gestante para possíveis complicações que possam vir a acontecer como eu já citei, o aparecimento de algumas síndromes, como síndrome de down tem até um tri teste, que é um teste realizado em mulheres que engravidam acima de 35 anos, que sugestionam algumas síndromes, não necessariamente pode acontecer, podem de fato esses fetos serem portadores, eu tive experiência de testes positivos para as mulheres em idade avançada, mas quando o bebê nascer, ele nascer perfeito, sem síndrome nenhuma, então eu acho que é mais um suporte emocional, e tranquilizar, eu acho que é mais um suporte emocional mesmo, de tranquilidade, porque uma vez grávida, o feto tá ali, o bebê tá crescendo, então você não pode também tá apavorando a mãe o fato de ser uma gravidez tardia, então eu acho que já vêm outros complicadores se você fica batendo nessa tecla de que a idade é avançada, então eu acho que e mais um suporte emocional mesmo, e as orientações normais como qualquer outra gestação”.

Enfermeira(E) “Eu já atendi umas 3 ou 4 gestantes tardias, não tenho muita experiência, e eu acho que, quanto ao enfermeiro, é orientar aos exames mesmo, morfológica, translucencianucal, e encaminhar pra unidade de alto risco”.

Entrevista com as gestantes

Para a coleta de dados da pesquisa, foram entrevistadas cinco gestantes com 35 anos de idade ou mais. As pacientes entrevistadas eram, como não poderiam deixar de ser, do sexo feminino, com média de 39 anos de idade. As entrevistas foram realizadas dentro da UBS, em que cada paciente é atendida. O período de seleção e entrevistas ocorreu entre as datas 23/07/2015 e 12/08/2015, nas Unidades Básicas de Saúde dos bairros do Centro, Campinho e Fontana.

Observa-se que a distribuição de gestante por idade na cidade Porto Seguro, Bahia está acima dos 35 anos de idade conforme o gráfico 1.

Gráfico 1. Distribuição das gestantes por idade

Fonte: Dados coletados pelo pesquisador.

Nesta primeira abordagem no gráfico 1, pode-se notar que todas as entrevistadas, sem exceção, estão dentro da faixa etária acima de 35 anos, dos critérios de inclusão usados no trabalho, obtendo-se uma média de 39 anos de todas as entrevistadas.

De acordo com o Manual Técnico de Gestação de Alto Risco do Ministério da Saúde do ano de 2012, é considerado a gravidez de alto risco, as mulheres com idade superior a 35 anos de idade. Nessa faixa etária, a gestação de alto risco exige dos profissionais de saúde maior atenção, dada a possibilidade de complicações para a mulher, para o feto e, posteriormente, para o recém-nascido (BRASIL, 2012).

Durante a entrevista muitas gestantes declararam que já tiveram filhos antes dos 35 anos de idade, que é uma característica importante dos profissionais terem conhecimento referente à primeira gestação, conforme detalhado no gráfico 2.

Gráfico 2. Percentual de primeira gestação das entrevistadas

Fonte: Dados coletados pelo pesquisador.

Nota-se no gráfico 2, que 80% das entrevistadas já tiveram filhos antes, essa é uma característica importante da amostra, pois se sabe que essas mães tiveram filhos antes dos 35, mas as informações relacionadas ao cuidado com a gestação são diferentes e as possíveis complicações também, então não se pode considerar que essas mulheres já tenham conhecimento só porque elas já tiveram filhos antes, pois cada gestação é diferente e, principalmente após os 35 anos, requer um cuidado maior e orientações diferentes.

Partindo-se da análise mais ampla referente a fertilidade e infertilidade na cidade de Porto Seguro – Bahia, o gráfico 3, mostra a distribuição percentual das gestantes que tiveram problemas para engravidar.

Gráfico 3. Distribuição percentual das gestantes que tiveram problemas para engravidar

Fonte: Dados coletados pelo pesquisador.

Segundo os resultados do gráfico 3, 80% disseram que não ocorreu nenhum problema para engravidar e nunca tiveram infertilidade, e 20% disseram que demorou muito para engravidar, pois tinham ovário policístico, e os médicos diziam que não poderiam engravidar mais.

A infertilidade provém principalmente pela predisposição de as mulheres adiarem a gestação por causa da carreira profissional dentre outros fatores. Com o avançar da idade, a mulher tenta recuperar o tempo perdido na tentativa de engravidar logo com urgência. Contudo o equilíbrio hormonal e a regularidade da ovulação são rompidos em função da ansiedade e de conflitos importantes em relação à maternidade, gerando inibição da ovulação e até mesmo espasmos das trompas (BANKOWSKI et al., 2006).

Se tratando de mulheres que tiveram filhos antes dessa gravidez tardia, o gráfico 4 mostra a distribuição percentual do número de filhos de cada gestante, onde as experiências e gestação são diferentes.

Gráfico 4. Distribuição percentual do número de filhos de cada gestante

Fonte: Dados coletados pelo pesquisador.

Observa-se no gráfico 4 que 20% das entrevistadas tiveram de um a dois filhos, 80% tiveram de três a quatro filhos. Percebe-se que todas têm uma experiência relacionada às gestações anteriores, mas, como cada gestação é diferente, os profissionais não podem levar isso em conta, e sim fazer uma consulta completa com todas as orientações devidas e cuidados necessários.

6 Quais motivos a levaram a uma gestação tardia?

Ainda que a sociedade pressione para se conceber mais jovem, cada vez mais as mulheres optam e adiam a maternidade. Muitas famílias preferem esperar o momento certo para ter um filho, o momento em que as condições financeiras, profissionais e pessoais estejam perfeitas. No entanto, a qualquer hora podem surgir dificuldades profissionais e financeiras, ou problemas de saúde. Portanto essas mulheres devem repensar se essa espera valeria à pena (GOETZL; HARFORD,2006).

Paciente (A) “Aconteceu, não foi planejada”.

Paciente (B) “Foi planejada, eu e meu marido queríamos mais um filho e agora temos mais condições para ter outro”.

Paciente (C) “Porque na realidade eu planejei a diferença de idade de cada um, né, ai eu planejei o meu 3º encerrar nos 35 anos.

Paciente (D) “Aguardei por um momento dito o mais certo”.

Paciente (E) “Nenhum, foi um acidente”.

Conforme foi colocado pelas entrevistadas, duas pacientes disseram que foi acidente, uma gravidez não planejada, e três disseram que foi programada, por um momento dito o mais certo na vida delas, onde elas estavam com melhores condições em suas vidas. Percebemos que as mulheres estão preferindo engravidar tardiamente para primeiro criar sua estabilidade financeira, profissional e pessoal.

O IBGE expõem que o número de mães com mais de 40 anos no Brasil cresceu 27%, entre 1991 e 2000. Aquelas mulheres que tiveram filho pela primeira vez com idade entre 40 e 49 anos fazem parte de um amostra populacional com alta escolaridade. E ainda reforçam que uma das razões para que muitas mulheres adiem o sonho da maternidade é a carreira profissional (IBGE, 2005).

7 Você conhece os riscos de uma gravidez tardia, e quais são eles riscos?

Conforme foi perguntado às gestantes se elas conheciam os riscos e quais eram esses riscos de uma gravidez tardia, as respostas foram as seguintes.

Paciente (A) “Não”.

Paciente (B) “Sim, a criança pode nascer com algum tipo de deformação, e uma gestação mais complicada, né, tem que ter mais cuidado, e pode ter também uma eclampsia né, os riscos são bem maiores depois de certa idade.”

Paciente (C) “Não, já ouvi falar mas não sei”.

Paciente (D) “Pesquisei pouco referente isso, foquei mais no que dispõe para evitar os riscos. Hipertensão, diabetes gestacional, má formação de feto, etc”.

Paciente (E) “Não, achei que uma gravidez tardia era após os 40 anos a 45 anos”.

Diante das respostas podemos verificar que três delas não sabem quais são os ricos e duas apontaram e deram alguns exemplos.

O que podemos verificar diante das respostas das gestantes é que uma delas disse que conhece os riscos, outra referiu que focou mais nas prevenções e três relataram que não conhecem nenhuma dos riscos que podem acometer a gestação tardia. Essa falta de conhecimento pode refletir negativamente no seguimento da gestação.

Segundo BRASIL (2010), essas complicações que algumas das entrevistadas relataram estão sim relacionadas a essas gestantes de alto risco. Onde para a mãe podem ocorrer síndrome hipertensiva, maior ganho de peso, podendo ocorrer obesidade, lúpus eritematoso sistêmico, miomas, diabetes, eclampsia, pré-eclampsia, parto pré-termo, aborto e cesárea e nos bebês podem ocorrer síndromes, descolamento de placenta e restrição do crescimento fetal.

8 Você sabe os cuidados que tem que ter com sua gestação?

Conforme foi perguntado se às gestantes sabem os cuidados a serem tomados nesse tipo de gravidez, as respostas foram as seguintes.

Paciente (A) “Algumas coisas, sim”.

Paciente (B) “Os cuidados que eu sei é ficar de repouso, não pegar peso, não fazer muito esforço”.

Paciente (C) “Sim”.

Paciente (D) “Sim”.

Paciente (E) “Não”.

Conforme foi colocado pelas entrevistadas, quatro disseram que conhecem os cuidados e uma disse que não conhecia, mas apenas uma descreveu alguns cuidados que ela sabia, as outras entrevistadas só citaram que sim, sabiam. Percebemos pelas respostas obtidas que muitas não são totalmente esclarecidas quanto às orientações em relação aos cuidados que deveriam ter nessa gestação tardia; os profissionais de saúde ainda têm muito a orientar essas gestantes.

As orientações durante toda a gestação são de extrema importância. Deve-se orientar sobre o quanto é essencial fazer o pré-natal, orientar sobre mudanças físicas e psicológicas que ocorrem na gestação, alguns cuidados básicos, incentiva a prática de atividade física moderada, aconselhar a se ter uma boa alimentação durante toda a gravidez, orientar quanto ao parto e tipo de parto a ser realizado. Quanto às orientações de uma gestação tardia seriam todas essas acima. Além de explicar as possíveis complicações que as pacientes poderiam vir a ter, ensinar sinais e sintomas de algumas doenças que elas já possam ter na família para ficar em alerta, orientar quanto a alguns exames (BRASIL, 2011).

9 Quais são os seus medos e anseios em relação a sua gestação?

Os medos e anseios dessas gestantes de alto risco quase são esquecidos, por receio de lidar ou desconhecimento dos profissionais. Na parte emocional dessas mulheres entram fatores psíquicos preexistentes e atuais, a mulher pode apresentar várias respostas fisiológicas como ansiedade, uma negação, baixa autoestima, culpa, frustração, medo, dificuldades de adaptação, e principalmente ao rótulo que todos lhe dão de “alto risco” (BRASIL, 2010).

Foi perguntando às gestantes quanto aos medos e anseios em relação a sua gestação. As respostas encontradas foram:

Paciente (A) “Não tenho medo não”.

Paciente (B) “Não tenho”.

Paciente (C) “Meu medo foi não chegar até os nove meses com a saúde plena até o parto do bebê”.

Paciente (D) “São os medos e anseios comum de qualquer gestação. Penso bastante na formação e no desenvolvimento do bebê”.

Paciente (E) “Não tive medo nem anseio na minha gestação, sempre me mantive tranquila, em relação à gestação e ao parto, até porque nunca fui informada por nenhum profissional de saúde de que minha gravidez se tratava de uma gestação de risco”.

Conforme foi colocado pelas entrevistadas três disseram não ter nenhum medo, até porque algumas não foram informadas de que sua gestação era de alto risco e duas disseram que sim, possuem medo em relação a não chegar ao final da gravidez com sua saúde plena, pensam bastante na formação e no desenvolvimento do bebê. A gestação engloba muitas emoções e vivências diferentes, são ansiedades, medos que as gestantes podem ter em qualquer fase de sua gestação, e precisam do apoio tanto familiar quanto dos profissionais que as assistem, pois algumas dessas ansiedades ou medo podem ser provocadas por dúvidas que não foram esclarecidas e são fáceis de ser descartadas, permitindo uma gestação tranquila.

10 Como foi a assistência prestada pela equipe de enfermagem na descoberta da gestação?

Paciente (A) “Razoável, não muito boa”.

Paciente (B) “Ela foi bem atenciosa, mas a consulta não demorou muito, não tive muitos esclarecimentos sobre minha gestação tardia, ela tratou como uma gestação normal”.

Paciente (C) “Desde o primeiro mês que eu descobri, fui logo fazer a consulta, e em questão de atendimento foi a melhor dos 3 filhos, tive um atendimento vip”.

Paciente (D) “Tive um acompanhamento excelente e tranqüilo durante toda a gestação”.

Paciente (E) “Foi muito precária, o enfermeiro que me atendeu, apenas confirmou a gestação, e em nenhuma consulta de pré-natal me avisou que seria uma gravidez de risco, nunca tive nenhuma orientação”.

Percebe-se que duas gestantes disseram ter tido um excelente atendimento do enfermeiro em sua consulta de pré-natal, e três disseram que o atendimento foi precário, não muito bom, o que significa um desempenho insatisfatório da enfermagem em relação à assistência e educação para a saúde da mulher.

Para a solução dessas falhas no atendimento da enfermagem devem ser propostas mudanças para melhorar a assistência à saúde. O profissional deve estar atento para reconhecer as situações saúde/doença, prescrever e programar medidas de enfermagem que contribuam para a promoção, prevenção, proteção da saúde (BRASIL, 1993).

Durante o acompanhamento do pré-natal, o enfermeiro deve realizar intervenções preventivas, educativas e terapêuticas, tais como exame físico completo e obstétrico, vacinação e solicitação de exames de rotina (FARIAS; NÓBREGA, 2000).

11 Você recebeu alguma orientação do enfermeiro em relação a essas possíveis complicações?

Paciente (A) “Mais ou menos, não tive uma orientação muito boa, nunca soube que minha gestação era de alto risco”.

Paciente (B) “Recebi sim, ela me explicou as coisas muito bem que podem acontecer.

Paciente (C) “Recebi, e através da enfermeira eu tive a oportunidade de ter a gestação até os nove meses, porque passei pela nutricionista, mudei todo a minha alimentação, que me ajudou muito, né, a perder peso, porque eu estava muito acima do peso, engordei muito com a gravidez. Minha pressão estava alta, e conforme todo o processo que foi passado, consegui manter minha pressão controlada até os nove meses e ter chegado até os nove meses com a gravidez acima dos 35, mas bem, pois nessa gestação tive uma assistência melhor”.

Paciente (D) “Minha médica foi muito precavida fez o acompanhamento pautado em muitos exames, ultrassom, o que me deixou muito tranquila e confiante, a enfermeira me orientou pouco”.

Paciente (E) “Não. Nunca imaginei que estaria passando por riscos e nem que o meu filho nasceria com síndrome de Down. O enfermeiro nunca me orientou em nada, nem me disse que eu poderia ter um filho especial”.

No que diz a respeito às orientações fornecidas às gestantes pela equipe de saúde, verifica-se que duas disseram que receberam sim alguma orientação sobre o processo gestacional e/ou sobre sua condição de saúde.E três disseram não receber uma boa orientação dos profissionais de enfermagem. Considera-se um percentual insatisfatório, dada a importância que o processo educativo representa na construção e manutenção de hábitos de vida mais saudáveis. A educação para a saúde da mulher gestante é fundamental no sentido de prevenir e controlar complicações durante a gravidez, o parto e o puerpério.

Nessa perspectiva, acredita-se que o momento da consulta de enfermagem torna-se oportuno para discutir as repercussões de cada doença sobre o organismo materno, fetal e do recém-nascido, esclarecer dúvidas, revisar e reforçar orientações, informar resultados de exames e o próprio prognóstico da gestação. Enfim, esse momento deve despertar na gestante seu senso crítico em relação a sua saúde e ao seu autocuidado (LUCIANO; SILVA; CECCHETTO, 2011).

5 CONCLUSÃO

A gestação em mulheres com idade superior a 35 anos, está crescendo mundialmente. Portanto por se tratar de um fator de risco gestacional preexistente, solicita uma atenção específica e especial quanto a todos os períodos da gestação tardia, visando tornar mínimos os episódios obstétricos adversos e o risco de mortalidade materna e do bebê.

Essas gestantes precisam ser orientadas quanto às possíveis intercorrências e aos cuidados necessários para essa gestação, além de ter seus medos, anseios e muitas dúvidas a serem minimizados pela adequada atenção dos profissionais de saúde.

As complicações que mais acometem as mães nessa faixa etária são: hipertensão, diabete, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, lúpus eritematoso sistêmico e abortos; já as complicações que podem afetar o bebê são a síndrome de down, descolamento prematuro de placenta e restrição de crescimento fetal.

Devido às alterações decorrentes da maior inserção da mulher no mercado de trabalho na atualidade e maior tempo de formação profissional, essa tendência deve continuar se mantendo nos próximos anos e os profissionais de saúde devem estar preparados, dispostos e organizados para prestar assistência adequada a esse grupo de gestantes, possibilitando tornar viável o sonho da maternidade.

Observou-se no decorrer das entrevistas com as gestantes acima de 35 anos que torna-se evidente a falta de conhecimento delas em relação aos riscos supracitados; quanto ao termo “gestação tardia”, que muitas delas não sabiam que eram enquadradas nesse grupo de risco, seus medos e anseios foram identificadas em algumas e em outros não, podendo ser devido à falta de algumas informações como as possíveis complicações; as assistência dadas a elas também foram precária tanto de informação e orientações quanto de atenção. Com isso compreende-se que a comunicação entre paciente/profissional não esteja adequada, necessitando rever e mudar métodos, falas, didáticas com as gestantes.

A presente pesquisa mostrou que todas as enfermeiras entrevistadas que atuam nas UBS do Município de Porto Seguro – BA, demostram saber avaliar e conhece os tipos de complicações e que todas elas encaminham para unidade de referência e mesmo encaminhando-as, as mantêm nas unidades básicas de saúde para não perder o vínculo e continuar atendendo-as nas unidades de saúde também, isso traz uma segurança as gestantes ao saber que ela não será desvinculada a sua UBS. Quanto as orientações todos disseram realiza-las de forma igual a todas as gestantes de qualquer idade, ficando evidente que na visão dos profissionais as orientações estavam sendo feitas e de forma que todas pudessem compreender, mas as gestantes não se sentiam orientadas, não absorviam ou não chagava ao nível do entendimento delas.

Diante dos resultados da pesquisa nota-se que o objetivo foi alcançado e sugere-se uma melhora nos métodos de orientação, usando outros estratégicas que mais se aproximam do entendimento das gestantes, como introduzir informações não somente dentro dos postos de saúde, mas em mídias, redes sociais e a criação de uma cartilha sobre a gestação tardia, envolvendo riscos, cuidados, desenhos de modo simples que possa ser entendido por qualquer população.

Conclui-se que, este trabalho contribuiu para a revelar importância do conhecimento tanto das gestantes de alto risco como os enfermeiro na atuação do pré-natal.

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GOMES, A. G.; DONELLI, T. M.; PICCININI, C. A.; LOPES, R. D; Maternidade em Idade Avançada: Aspectos Teóricos e Empíricos. Curitiba: Universidade Federal do Rio Grande do Sul,2008.

GONÇALVES, Z. R.; MONTEIRO, D. L.; Complicações maternas em gestantes com idade avançada. Teresópolis: Feminina, 2012.

GUYTON; HALL. Fisiologia Humana e Mecanismos das Doenças. ed.6º. editora Guanabara Koogan, 1998. cap. 55-56.

IBGE: Perfil Socioeconômico da Maternidade nos Extremos do período reprodutivo. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2005.

IBGE: Perfil Socioeconômico da Maternidade nos Extremos do período reprodutivo. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2012.

LEITE, M. M.; MARTINI, J. G.; FELLI, V. E; Programa de Atualização em Enfermagem: Saúde do Adulto (PROENF). Porto Alegre: Artmed/Panamericana, 2006.

LEVENO, K. J; Manual de Obstetrícia de Williams: Complicações na gestação. Porto Alegre: Artmed, 2014.

LOEDERMILK, D. L; PERRY, S. E; CASHION, K; ALDEN, K. R; Saúde da Mulher e Enfermagem Obstétrica. Rio de Janeiro: Elsevier,2012.

LUCIANO, M. P; SILVA, E. F; CECCHETTO, F. H;Orientações de Enfermagem na Gestação de Alto Risco: Percepções e perfil de gestantes. Pernambuco: Revista de Enfermagem UFPE, 2011.

NAKADONARI, E. K; SOARES, A. A; Síndrome de Down: Considerações gerais sobre a influência da idade materna avançada. Maringá: Arquivo Mudi, 2006.

OLIVEIRA, R. B.; GALDINO, D. D.; CUNHA, C. V.; PAULINO, E. D. Gravidez após 35: Uma visão de mulheres que viveram essa experiência. Curitiba: Centro Universitário Augusto Motta, 2011.

PARADA, C.; TONETE, V: Experiência da gravidez após os 35 anos de mulheres com baixa renda. Revista Escola Anna Nery, 2009.

PARREIRA, M. F. Gestação tardia e riscos perinatais.Goiás: Universade Católica de Goiás, 2009.

PORTER, S. Fisioterapia de TIDY. ed.13º: Rio de janeiro. Elsevier LTDA. cap.7, p. 160-181. 2005.

RUDGE, M. V; CALDERON, I. D; PEREIRA, B; REA, R; MILANEZ, H.M: Manual de Gestação de Alto Risco. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, 2011.

SILVA, J. L.; SURITA, F. G.; Idade materna:resultados perinatais e via de parto. Campinas. Faculdade de Ciência Médica da Universidade Estadual de Campinas, 2009.

SCHUPP, T. R.; Gravidez após os 40 anos de idade: análise dos fatores prognósticos para resultados maternos e perinatais adversos. São Paulo: Faculdades de Medicina da Universidade de São Paulo, 2006.

TAKAGI, M. M.; JORGE, S. R.; RODRIGUES, L D.; YAMANO, L. M.; PIATO, S.; AOKI, T. T.; Resultados perinatais em gestantes acima de 35 anos. São Paulo: Hospital Faculdade de Ciências Médicas de Santa Casa de São Paulo, 2010.

ZIEGEL, E. E.; CRANLEY, M. S.; Enfermagem Obstétrica.Rio de janeiro:Guanabara Koogan, 2011.

ANEXO I

FACULDADES INTEGRADAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA -

UNIÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA -

BR 367, KM 14, 14 - ZONA RURAL - CEP:45825000 / EUNÁPOLIS-BA

FONE / FAX: 73 32814342

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

RESOLUÇÃO Nº 466, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2012

Convidamos a prezada Senhora, a participar da pesquisa a ser desenvolvida por mim Lívia Tatyana Silveira Sales juntamente com Maria Cristina Marques, intitulada: “Gravidez na perimenopausa e suas complicações a mulher e ao feto”. Esta pesquisa tem como principal objetivo investigar o nível de conhecimento das gestantes acima de 35 anos, acerca das principais complicações que acometem sua gestação, no município de Porto Seguro. Caso à senhora aceite a participar do estudo precisará responder a uma entrevista simples e rápida composta por onze questões, que não cansa e nem leva muito tempo para responder.

A sua participação no estudo será voluntária, anônima e confidencial, suas respostas não produzirão prejuízo pessoal, pois não será identificado o seu nome nos questionários. No estudo pode ocorrer certo desconforto durante a resposta das questões por se tratar de algo particular, mas todas as mulheres que estiverem lá estão passando pela mesma situação. De forma alguma o que a senhora responder será exposto para equipe de saúde que lhe atende. A senhora pode interromper ou finalizar a entrevista quando quiser, nós te daremos toda a ajuda necessária para diminuir qualquer desconforto. Deixamos claro que os danos aqui expostos são muito pequenos quando comparados aos resultados que esta pesquisa pode trazer, pois pretendemos contribuir para algo fundamental que é demonstrar para as gestantes as complicações que podem ser causadas em uma gravidez tardia.

A senhora está livre para recusar a participar do estudo ou para desistir a qualquer momento, sem que isto lhe traga qualquer prejuízo pessoal. Não haverá remuneração e, portanto, sua participação é voluntária. A sua decisão em participar ou não, desta pesquisa, não ocasionará em nenhuma discriminação ou mal estar por parte dos pesquisadores. A qualquer momento a senhora poderá pedir esclarecimentos a respeito da pesquisa, no que será prontamente atendida, mesmo que a resposta afete sua vontade de continuar participando do estudo. Caso aceite participar da pesquisa, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido precisará ser assinado em duas vias, sendo que uma das vias ficará com a senhora e a outra será arquivada pelos pesquisadores por cinco anos.

Consentimento para participação: Eu estou de acordo com a participação no estudo descrito acima. Eu fui devidamente esclarecida quanto os objetivos da pesquisa, aos procedimentos aos quais serei submetida e os possíveis riscos envolvidos na minha participação. O pesquisador me garantiu disponibilizar qualquer esclarecimento adicional que eu venha solicitar durante o curso da pesquisa e o direito de desistir da participação em qualquer momento, sem que a minha desistência implique em qualquer prejuízo à minha pessoa ou à minha família, sendo garantido anonimato e o sigilo dos dados referentes a minha identificação, bem como de que a minha participação neste estudo não me trará nenhum benefício econômico.

Eu, ______________________________________________________________, aceito livremente participar do estudo intitulado “Gravidez na perimenopausa e suas complicações a mulher e ao feto” desenvolvido pela acadêmica Lívia Tatyana Silveira Sales, sob a responsabilidade da Professora orientadora Maria Cristina Marquesdas Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia.

Nome da Participante_________________________________________

COMPROMISSO DO PESQUISADOR

Eu discuti as questões acima apresentadas com cada participante do estudo. É minha opinião que cada indivíduo entenda os riscos, benefícios e obrigações relacionadas a esta pesquisa.

________________________________________Eunápolis, Data: __/__/__ Assinatura do Pesquisador

Para maiores informações, pode entrar em contato com:

® Maria Cristina Marques. Fone: (73) 8802-4741 Rua Areia Branca, 31, Cambolo. Porto Seguro-BA. E-mail: cristina@unece.br

® Lívia Tatyana Silveira Sales:.Fone: (73) 9807-6112 Rua das Araras, 37, Centro. Porto Seguro-BA. E-mail: livia.la@hotmail.com

ANEXO II

FACULDADES INTEGRADAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA -

UNIÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA -

BR 367, KM 14, 14 - ZONA RURAL - CEP:45825000 / EUNÁPOLIS-BA

FONE / FAX: 73 32814342

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

RESOLUÇÃO Nº 466, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2012

Convidamos a prezada Senhora, a participar da pesquisa a ser desenvolvida por mim Lívia Tatyana Silveira Sales juntamente com Maria Cristina Marques, intitulada: “Gravidez na perimenopausa e suas complicações a mulher e ao feto”. Esta pesquisa tem como principal objetivo investigar o nível de conhecimento das gestantes acima de 35 anos, acerca das principais complicações que acometem sua gestação, no município de Porto Seguro. Caso à senhora aceite a participar do estudo precisará responder a uma entrevista simples e rápida composta por oito questões, que não cansa e nem leva muito tempo para responder.

A sua participação no estudo será voluntária, anônima e confidencial, suas respostas não produzirão prejuízo pessoal, pois não será identificado o seu nome nos questionários. No estudo pode ocorrer certo desconforto durante a resposta das questões por se tratar de um assunto profissional individual. De forma alguma o que a senhora responder será exposto para equipe de saúde que trabalha. A senhora pode interromper ou finalizar a entrevista quando quiser, nós te daremos toda a ajuda necessária para diminuir qualquer desconforto. Deixamos claro que os danos aqui expostos são muito pequenos quando comparados aos resultados que esta pesquisa pode trazer, pois pretendemos contribuir para algo fundamental que é demonstrar para as gestantes as complicações que podem ser causadas em uma gravidez tardia.

A senhora está livre para recusar a participar do estudo ou para desistir a qualquer momento, sem que isto lhe traga qualquer prejuízo pessoal. Não haverá remuneração e, portanto, sua participação é voluntária. A sua decisão em participar ou não, desta pesquisa, não ocasionará em nenhuma discriminação ou mal estar por parte dos pesquisadores. A qualquer momento a senhora poderá pedir esclarecimentos a respeito da pesquisa, no que será prontamente atendida, mesmo que a resposta afete sua vontade de continuar participando do estudo. Caso aceite participar da pesquisa, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido precisará ser assinado em duas vias, sendo que uma das vias ficará com a senhora e a outra será arquivada pelos pesquisadores por cinco anos.

Consentimento para participação: Eu estou de acordo com a participação no estudo descrito acima. Eu fui devidamente esclarecida quanto os objetivos da pesquisa, aos procedimentos aos quais serei submetida e os possíveis riscos envolvidos na minha participação. O pesquisador me garantiu disponibilizar qualquer esclarecimento adicional que eu venha solicitar durante o curso da pesquisa e o direito de desistir da participação em qualquer momento, sem que a minha desistência implique em qualquer prejuízo à minha pessoa ou à minha família, sendo garantido anonimato e o sigilo dos dados referentes a minha identificação, bem como de que a minha participação neste estudo não me trará nenhum benefício econômico.

Eu, ______________________________________________________________, aceito livremente participar do estudo intitulado “Gravidez na perimenopausa e suas complicações a mulher e ao feto” desenvolvido pela acadêmica Lívia Tatyana Silveira Sales, sob a responsabilidade da Professora orientadora Maria Cristina Marquesdas Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia.

Nome da Participante_________________________________________

COMPROMISSO DO PESQUISADOR

Eu discuti as questões acima apresentadas com cada participante do estudo. É minha opinião que cada indivíduo entenda os riscos, benefícios e obrigações relacionadas a esta pesquisa.

________________________________________Eunápolis, Data: __/__/__ Assinatura do Pesquisador

Para maiores informações, pode entrar em contato com:

® Maria Cristina Marques. Fone: (73) 8802-4741 Rua Areia Branca, 31, Cambolo. Porto Seguro-BA. E-mail: cristina@unece.br

® Lívia Tatyana Silveira Sales:.Fone: (73) 9807-6112 Rua das Araras, 37, Centro. Porto Seguro-BA. E-mail: livia.la@hotmail.com

ANEXO III

Questionário auto aplicável, direcionado as gestantes atendidas nas Unidades Básicas de Saúde dos bairros Centro, Campinho e Fontana I em Porto Seguro, BA.

1. Nome (SIGLA)

2. Qual sua idade?

3. É sua primeira gestação?

4. Já teve algum problema para engravidar?

5. Quantos filhos você tem?

6. Quais motivos a levaram a uma gestação tardia?

7. Você conhece os riscos de uma gravidez tardia, e quais são eles riscos?

8. Você sabe os cuidados que tem que ter com sua gestação?

9. Quais são os seus medos e anseios em relação a sua gestação?

10. Como foi a assistência prestada pela equipe de enfermagem na descoberta da gestação?

11. Você recebeu alguma orientação do enfermeiro em relação a essas possíveis complicações?

Questionário auto aplicável, direcionado aos profissionais de enfermagem atuantes nas Unidades Básicas de Saúde dos bairros Centro, Campinho e Fontana I em Porto Seguro, BA.

1) Qual seu nome? (SIGLA)

2) Qual sua idade, sexo e seu estado civil?

3) Há quantos anos trabalha nesse setor?

4) Você enquanto enfermeiro sabe avaliar as complicações de uma gravidez tardia?

5) Quais as possíveis complicações para este tipo de gravidez?

6) Como o enfermeiro deve atuar frente a tais complicações?

7) Você faz alguma orientação em relação aos cuidados a serem tomados nessa gestação?

8) Relate sua experiência a respeito da gestação tardia. Como o enfermeiro deve estar preparado para atender tais pacientes?