RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO II: CAPS 2 e CAPS AD - IOLANDA SANTOS NOGUEIRA

Data de postagem: May 02, 2018 1:19:51 AM

FACULDADES INTEGRADAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA

IOLANDA SANTOS NOGUEIRA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO II: CAPS 2 e CAPS AD

EUNÁPOLIS, BA

2017

IOLANDA SANTOS NOGUEIRA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO II: CAPS 2 e CAPS AD

Trabalho cientifico apresentado às Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia, do 10º período do curso de Enfermagem, como requisito parcial de avaliação na disciplina Estágio Supervisionado II, sob orientação do Professor Diego da Rosa Leal.

EUNÁPOLIS, BA

2017

SUMÁRIO


1 INTRODUÇÃO 4

2 METODOLOGIA 5

2.1 CAMPO E CENÁRIO 5

2.2 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS 5

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 8

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 9



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1 INTRODUÇÃO

Após a reforma psiquiátrica, na década de 70, o modelo de assistência em saúde mental tem passado por várias transformações no cuidado ao paciente com transtorno mental. Mudando o foco desse cuidado de internações hospitalares e manicomiais para o atendimento integral através dos Centros de Atenção Psicossociais (CAPs), que tem o suporte de sua assistência na Rede Atenção Psicossocial (RAPS) (LEITE; SEMINOTTI, 2013).

Essa mudança proporcionou um atendimento integral, individual e que possibilita o fortalecimento da autonomia do indivíduo, além da valorização de sua subjetividade como algo intrínseco do paciente e que faz parte do cuidado. Esse novo paradigma de cuidado é importante, no contexto da sociedade pós-moderna, com o surgimento da tendência de questionamento existencial que afeta o bem estar e qualidade de vida (OLIVEIRA; JUNGES, 2012).

Portanto, no Estágio Supervisionado II, os estagiários de enfermagem realizaram atividades dentro dessa nova concepção do atendimento em saúde mental. Tendo em vista a importância dos enfermeiros aprenderem na graduação a desenvolverem uma assistência que promova a autonomia dos pacientes, assim como a desmistificação do usuário portador de transtornos mentais e dependentes químicos.

Atividades essas que devem ser realizadas com os usuários, a comunidade e os profissionais que fazem parte da rede socioassistencial. Em decorrência das barreiras que ainda imperam com relação à saúde mental. Portanto, faz se necessário que a experiência em estágio dê meios para que os futuros enfermeiros tenha competência de aliar a teoria na prática, mas também promover uma assistência integral, holística e humanizada.


2 METODOLOGIA

2.1 CAMPO E CENÁRIO

O Estágio Supervisionado II em saúde mental foi realizado no CAPS 2 e CAPS AD da cidade de Porto Seguro, no estado da Bahia. Inicialmente teve uma divisão entre as turmas e cada uma permanecer fixo em um CAPS, entretanto, com a resistência de alguns profissionais do CAPS 2 para as atividades do campo de estágio a turma deu continuidade as atividades apenas no CAPS AD. Além disso, objetivou-se realizar alguns projetos dos Defensores do SUS durante o estágio, sendo um deles a educação continuada.

Esse projeto faz se necessário por conta das constantes mudanças de conhecimento e saberes tecnológicos e da necessidade de conhecimentos específicos associados à prática. Dessa forma, será realizada educação continuada com a equipe do CAPS AD junto a alguns dos profissionais da Unidade Básica de Saúde do Cambolo, a qual o CAPS é adstrito. Para tanto, realizamos a junção de dois projetos, o de educação continuada e matriciamento.

2.2 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS

A execução das atividades em saúde mental pode apresentar resistência até mesmo pelos próprios funcionários, por isso é fundamental no planejamento que seja idealizado formas de ampliar a aceitação dos usuários, além da aceitação de novas práticas em cuidado. Um exemplo disso foi o início do estágio n CAPS 2, no qual teve a execução de uma terapia comunitária com o grupo de estágio, promovendo a cultura de paz. Em seguida foi executada a prática Reiki em uma paciente.

Após esse momento tivemos uma roda de conversa sobre o estágio e conhecemos a unidade, assim como os pacientes. Prática que se estendeu durante os outros dias de estágio e demonstrou ser muito produtiva para o grupo. Sendo que enquanto estávamos no CAPS 2, realizamos atividades de descontração, alongamento, dinâmicas em grupo, assim como escolha de um paciente para desenvolver o Projeto Terapêutico Singular.

Nesse momento escolhi um paciente com depressão F-32.0 para execução do projeto, em uso de carbamazepina e risperidona, que se mostrou retraído e pouco sociável nas atividades que desenvolvemos. Após esses momentos, as outras atividades foram desenvolvidas no CAPS AD, no qual tivemos contato com técnicas de relaxamento, terapia comunitária integrativa, toque terapêutico com os usuários, roda de conversa, dentre outras atividades.

Já no CAPS 2, após algumas atividades realizei o projeto terapêutico singular com uma usuária alcoolista que frequenta o CAPS 2 todos os dias. A mesma relata uma grande melhora do estado que estava antes de se mudar para Porto Seguro e desde que conheceu o seu marido. Apesar de em seus relatos ela afirmar que deixou de usar drogas ilícitas e que o marido a ajudou nesse processo, em sua fala deixa subentendido que o marido, que também é usuário do CAPS 2, por vezes a incentiva a beber.

A usuária V.N.S, dá a entender que tem um histórico de violência física do ex-marido e super valoriza o relacionamento atual por conta dele não ter atitudes físicas agressivas para com ela. Entretanto, pode se perceber que ela é suscetível às atitudes dele quanto aos vícios, por falar que quando ele sai para beber trás um “gole” de bebida, o que a incentiva a ter recaídas. Por isso, ao longo de nossas conversas tentei trabalhar com a usuária sobre a questão de superação pessoal, para focar nas coisas que a interessam, como aprender a escrever o próprio nome e vários outros passos para fortalecer sua autoestima e independência.

Paralelo ao projeto terapêutico singular, planejamos o desenvolvimento da educação continuada, que será através do treinamento permanente por meio de uma breve palestra interativa. Será utilizado esse processo por conta de ser um meio de expor determinado tema a um grupo de pessoas, seja de forma oral e/ou audiovisual, que depois procede a um debate. Um dos enfoques a serem ressaltados pela palestra é a ação educativa, por meio da transmissão de informações de forma a promover e enfatizar o conhecimento apresentado (BELO HORIZONTE, 2007).

Para avaliação do desenvolvimento dos colaboradores e da eficácia da educação continuada será aplicado um pré-teste e um pós-teste, que consiste em aplicar um questionário com algumas perguntas referentes ao conteúdo programático do treinamento. Esse teste é aplicado antes do treinamento para avaliar a base do conhecimento e após para verificar o quanto ele apreendeu. Dessa forma é possível avaliar o desempenho dos colaboradores em específico a esses treinamentos e em longo prazo (CECCIM, 2005).

Além disso, é importante para o desenvolvimento da educação continuada o tempo e local para seu desenvolvimento, que deve ser sucinto e dentro da rotina da equipe, sem ocasionar transtornos no desenvolvimento das atividades. Principalmente por conta da abordagem que pretendemos realizar, que é a inclusão da atenção primária junto às atividades em saúde mental através do matriciamento (COIMBRA; CASSIANI, 2001).

Para tanto, realizamos dois contatos com a enfermeira da Unidade Básica de Saúde do Cambolo, uma no dia 19 de outubro e outra no dia 09 de novembro, para viabilizar essa educação continuada. Em todos esses contatos a mesma demonstrou-se disponível e interessada sobre o que propomos, assim como os funcionários do CAPS AD. De forma que marcamos a execução da mesma para o dia 16 de novembro.

Entretanto não foi possível viabilizar a execução nessa data por conta da ausência dos funcionários da atenção primária e das atividades em execução no CAPS 2 que impossibilitavam o deslocamento dos presentes. Tendo em vista o quadro de funcionários reduzidos, as atividades programadas e intercorrências que aconteceram. Contudo, esse é um projeto essencial de ser implementado, mesmo com os entraves apresentados. Necessitando dessa forma uma investigação para poder perpassar pelas barreiras de sua execução.


3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio supervisionado II foi fundamental para essa reta final do curso. Tendo em vista o momento de conflito que estávamos passando enquanto turma, individualmente e como classe profissional. Demonstrando para nós nova perspectiva sobre a atenção em saúde mental, diferente do que vimos na prática assistida. Além disso, solidificou minha percepção sobre a importância que tem da enfermagem em saúde mental e como a atuação dos enfermeiros é fundamental para desmistificar os transtornos mentais e a dependência química,

Através desses momentos demonstrou-se a importância dos profissionais entenderem e se identificarem com o que estão realizando. Em decorrência de uma assistência em saúde mental não ser efetiva sozinha. É preciso que toda a rede socioassistencial entenda seu papel e esteja apto para fazer esse atendimento, não apenas um encaminhamento rotina. Além disso, é preciso trabalhar junto à comunidade sobre o significado do CAPS e saúde mental.

Para que a rede em saúde mental seja fortalecida é preciso que nós enquanto profissionais e comunidade, tenhamos a compreensão que a saúde mental não é apenas os transtornos mentais graves. O alcoolismo ele não se apresenta de forma exacerbada de um dia para outro, ele é aceito pela sociedade em pequenas medidas. A violência contra a mulher é silenciada enquanto ele não agride fisicamente. E é através desses pequenos tabus que grande parte da sociedade desenvolve alguns transtornos leves.

Portanto, é fundamental que seja fortalecida a atuação em saúde mental junto às unidades de saúde da família. De forma que seja trabalhada dia a dia a superação de alguns estigmas sociais e seja incentivada a importância do cuidado do físico, mental e social.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CECCIM, Ricardo Burg. Educação Permanente em Saúde: desafio ambicioso e necessário. Comunic, Saúde, Educ, v.9, n.16, p.161-77, 2005

COIMBRA, Jorséli Angela Henriques; CASSIANI, Silvia Helena De Bortoli. Responsabilidade da enfermagem na administração de medicamentos: algumas reflexões para uma prática segura com qualidade de assistência. Rev Latino-am Enfermagem, 2001

BELO HORIZONTE. Metodologia de Trabalho Social com Família na Assistência Social. Editora Prefeitura Belo Horizonte: Belo Horizonte, 2007

LEITE, Imelidiane Silva; SEMINOTTI, Elisa Pinto. A influência da espiritualidade na prática clínica em saúde mental: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Ciências da Saúde. V. 17, n. 2, p. 189-196, 2013.

OLIVEIRA, Márcia Regina de; JUNGES, José Roque. Saúde mental e espiritualidade/religiosidade: a visão de psicólogos. Estud. psicol. (Natal), Natal , v. 17, n. 3, p. 469-476, Dec. 2012.