Será que existe esperança para a recuperação das águas do rio Paraopeba?

Após o rompimento da barragem B1, o rio Paraopeba ficou contaminado com altas taxas de metais pesados. Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Centro Universitário de Volta Redonda buscou resolver esse problema com carvão ativado. Será que há uma solução?

O ato de minerar gera medo e desconforto na população, porque é responsável por diversos impactos negativos na sociedade e no meio ambiente, tanto no processo de extração dos minérios, quanto na utilização de técnicas ultrapassadas de armazenamento dos rejeitos, como as barragens.

Após o rompimento da barragem B1 da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, corpos hídricos foram contaminados pelos rejeitos, alterando a qualidade das águas. Os rejeitos elevaram em grande escala a quantidade de alguns metais nas águas do rio Paraopeba, trazendo risco à saúde da população, que, em grande parte, depende única e exclusivamente do rio Paraopeba para viver.

Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Centro Universitário de Volta Redonda testou uma solução para a contaminação das águas destinadas para consumo humano que foram afetadas pelos rejeitos da barragem B1. O estudo usou carvão ativado, resina catiônica e zeólita para controlar alguns metais presentes na água do rio Paraopeba (esses que estão acima do que o CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente - determina).

Fonte: CYRNE et. al (2019)

O carvão ativado possui um material de carbono que possui bastante porosidade, sendo também, utilizado em alguns filtros domésticos para filtrar contaminantes prejudiciais à saúde das pessoas; a resina catiônica age com a liberação de sódio e hidrogênio, sendo capaz de separar alguns sais da água; a zeólita é um mineral originado das cinzas vulcânicas em contato com o mar, e é responsável por filtrar e desintoxicar a água de determinados metais.

A pesquisa foi feita a partir da coleta de amostras de água do rio Paraopeba, em maio de 2019, na cidade de São Joaquim de Bicas, que se localiza aproximadamente 20km rio abaixo de Brumadinho. A avaliação da água foi feita pela concentração dos seguintes parâmetros: Alumínio dissolvido, Ferro dissolvido, Manganês e Níquel total.


O resultado obtido no estudo foi bastante satisfatório, porque os pesquisadores conseguiram uma redução expressiva dos metais analisados, deixando suas concentrações na água dentro dos limites recomendados pelos órgãos de saúde e ambientais. Isso significa que, utilizando-se filtros compostos de carvão ativado, resina catiônica e zeólita, é possível filtrar as águas que chegam até as casas dos atingidos, para que eles não consumam uma água com alto teor de rejeitos de mineração.

É de suma importância deter o controle dos metais nas águas, porque essas águas são utilizadas para abastecimento doméstico e industrial, irrigação, mineração, dessedentação de animais, pesca e piscicultura. Todas essas atividades interferem na vida humana de alguma forma, se a água não for tratada, pode trazer grandes problemas à saúde das pessoas.

Este estudo é de grande relevância acadêmica e social, pois apresenta uma possível solução para a despoluição da água para o consumo das pessoas, mas poucos estudos aprofundados, relacionados a essa temática, vêm sendo feitos. Cabe agora viabilizar que essa tecnologia seja disponibilizada para a população que não pode arcar com os custos do tratamento.