Sublimação e Espiritismo

“Enquanto alguns aguardam sublimação para se disporem ao auxílio, ajuda tu.”

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Sublimação Psicanalítica: 4.1. Pulsão; 4.2. Capacidade de Sublimação; 4.3. Mecanismo da Sublimação. 5. Sublimação no Espiritismo: 5.1. Concepção Espírita de Sublimação; 5.2. Energia Sexual; 5.3. O instinto Sexual. 6. Recomendações Espíritas para a Sublimação: 6.1. Purifiquemo-nos, Lição 78 de “Vinha de Luz”; 6.2. Avancemos Além, Lição 83 de “Fonte Viva”; 6.3. Em Constante Renovação, Lição 90 de “Palavras de Vida Eterna”. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.  

1. INTRODUÇÃO  

O que é sublimação? Como entender a sublimação psicanalítica? Qual a posição espírita? Qual a importância da energia sexual no estudo da sublimação?   

2. CONCEITO  

Sublimação. É um fenômeno físico-químico que consiste na passagem direta de uma substância do estado sólido para o estado gasoso e vice-versa, sem passar pelo estado líquido. Figuradamente, exaltação, engrandecimento, purificação. Na psicanálise, termo introduzido por Sigmund Freud para designar a "defesa do eu", ocasião em que determinados impulsos inconscientes são integrados na personalidade e propiciam atitudes positivas na sociedade.  

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O sublime, do latim sublimis, significa elevado, superior.  

Kant admite que sublime e belo são duas espécies coordenadas de um mesmo gênero: o belo é finito; o sublime, infinito.  

Esta discussão é mais acadêmica. Na prática, todos olham o sublime ou sublimação como uma elevação da alma, uma purificação do sujeito cognoscente. 

Em nota de rodapé, do capítulo 23 “Da Obsessão”, de O Livro dos Médiuns, quando se discutia o afastamento dos obsessores, há os seguintes dizeres: “A ‘conversão’ se assemelha bastante aos processos de ‘sublimação’ psicanalítica, ao ‘caminho da cura’ de Jung, à busca da ‘ressonância’ de Kunkel e assim por diante”.  

4. SUBLIMAÇÃO PSICANALÍTICA

4.1. PULSÃO 

A pulsão, que é a pressão exercida pelo somático no psíquico, é a base da sublimação psicanalítica. Freud acha que as atividades artísticas e investigações intelectuais, mesmo sem aparente ligação com a sexualidade, são dela emanados. 

Os etologistas preferem usar o termo ato instintivo; os behavioristas, comportamentos de consumo; os psicofisiologistas, "tensão" e "nível de vigilância".  

4.2. CAPACIDADE DE SUBLIMAÇÃO

É troca do objeto sexual originário por um que não o é. A transformação dessa atividade numa atividade sublimada necessita de um tempo: o recuo da libido para o eu, que torna possível a dessexualização.  

Exemplo: Um lutador de boxe direciona a sua agressividade para o esporte, uma vez que dentro do ringue essa manifestação é socialmente aceitável. 

4.3. MECANISMO DA SUBLIMAÇÃO  

Para Freud, o mecanismo de sublimação desempenha papel importante na resolução do complexo de Édipo, no início do período de latência. Ele permite à criança uma modificação estrutural de sua vida pulsional, que a orienta para as aprendizagens escolares, para a atividade cultural e para o estabelecimento de novas relações humanas. Na família, desenvolvem-se os sentimentos de ternura, de devoção e de respeito. 

5. SUBLIMAÇÃO NO ESPIRITISMO

5.1. CONCEPÇÃO ESPÍRITA DE SUBLIMAÇÃO

Sublimação é o caminho do equilíbrio. Implica processos dolorosos de renúncia, de repressão equilibrada e de investimento da energia libidinal em objetivos mais elevados. 

5.2. ENERGIA SEXUAL 

Como analisar, na ótica espírita, o desvio das funções sexuais propostas por Freud? Esta acepção está de acordo com as instruções dos Espíritos, porque a energia sexual é a energia da própria vida e não existe somente para ser aplicada nas relações sexuais de caráter fisiológico.  

5.3. O INSTINTO SEXUAL  

Na Doutrina Espírita, o instinto sexual é visto em termos de co-criação, que é um direcionamento das forças sexuais da alma para um determinado fim. Quanto mais animalizado for o Espírito, mais tenderá para os gozos sensíveis. Conforme for depurando o instinto sexual, mais tenderá para a sua integração com a Humanidade. 

6. RECOMENDAÇÕES ESPÍRITAS PARA A SUBLIMAÇÃO

6.1. PURIFIQUEMO-NOS, LIÇÃO 78 DE "VINHA DE LUZ" 

Em nosso dia a dia, convém atentar para a utilização do vaso de nossas possibilidades individuais. Na Terra, a maioria dos viventes dorme o sono da indiferença. Por isso, a vigilância do trabalhador do mestre Jesus.  Quem não guarde os ouvidos pode ser utilizado pela injustiça. Quem não vigie sobre a língua pode facilmente converter-se em vaso da calúnia. Quem não ilumine os olhos pode tornar-se vaso de falsos julgamentos. 

Raríssimos são aqueles que têm o seu interior purificado. Muitos ambicionam esta posição elevada, mas se descuidam de si mesmos: reclamam a situação dos grandes missionários, contudo em coisa alguma se esforçam por se libertarem das paixões baixas.   

6.2. AVANCEMOS ALÉM, LIÇÃO 83 DE "FONTE VIVA"

Aceitar os ensinamentos do mestre Jesus constitui a fase rudimentar no aprendizado do Evangelho. Praticar as lições recebidas representa o curso vivo e santificante. O aluno que não se retira dos exercícios no alfabeto nunca penetra o luminoso domínio mental dos grandes mestres. 

Urge sublimarmos a vida comum. Que dizer do operário que somente visitasse a porta de sua oficina, louvando-lhe a grandeza, sem, contudo, dedicar-se ao trabalho que ela reclama?  

Lembremo-nos da lição de Paulo: “Deixando os rudimentos da doutrina de Jesus, prossigamos até à perfeição, abstendo-nos de repetir muitos arrependimentos porque então não passaremos de autores de obras mortas.” 

6.3. EM CONSTANTE RENOVAÇÃO, LIÇÃO 90 DE "PALAVRAS DE VIDA ETERNA" 

Muitas vezes, sentimo-nos cansados, doentes, incapazes, semimortos. Lembremo-nos de que a natureza em tudo é sublime renascimento: renovam-se os dias, as horas, a natureza...  

“Estuda, raciocina, observa e medita... Mais tarde, é certo que a reencarnação te conduzirá para novas lutas e novos ensinamentos; entretanto, permanece convicto de que toda lição nobre, aprendida hoje, por mais obscura e mais simples, será sempre facilidade a sorrir-te amanhã”.  

7. CONCLUSÃO 

O amor assume dimensões mais elevadas tanto para os que se verticalizam na virtude como para os que se horizontalizam na inteligência. O Objetivo maior é a sublimação do instinto sexual.  

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CAMPETTI SOBRINHO, Geraldo (Coord.). O Espiritismo de A a Z. 4.ed., Brasília: FEB, 2013.

DORON, Roland e PAROT, Françoise. Dicionário de Psicologia. Tradução de Odilon Soares Leme. São Paulo: Atica, 2001. Geraldo

LALANDE, A. Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia. Tradução por Fátima Sá Correia et al. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

MOUSSEAU, Jacques (org.). Dicionário do Inconsciente. Lisboa/SP: Verbo, 1984. 

São Paulo, outubro de 2016.