Ensino Espírita-Cristão

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Cristo e o Espiritismo: 4.1. Unidade de Princípios; 4.2. O Espiritismo é o Cristianismo Redivivo; 4.3. O Ensino Espírita: Projeto 1868 de "Obras Póstumas". 5. O Problema do Ensino: 5.1. Como se Aprende; 5.2. Como se Ensina; 5.3. Escolas e Cursos. 6. O Ensino no Centro Espírita: 6.1. Doutrina Espírita; 6.2. Os Cursos; 6.3. O Divulgador do Espiritismo. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.  

1. INTRODUÇÃO

O que se entende por ensino? Por que ensino espírita-cristão? De que maneira podemos estabelecer as bases do ensino em um Centro Espírita? Como Allan Kardec tratou a questão do ensino do Espiritismo?  

2. CONCEITO 

Ensino. Do lat. “in + signare”, marcar com um sinal, significa transmissão de conhecimentos necessários ou indispensáveis  à educação ou a um fim determinado.   

Centro Espírita. Local onde os espíritas se reúnem para as suas práticas. Escola de formação espiritual e moral. Pronto socorro espiritual.  

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 

Desde a Antiguidade, o ensino sempre foi e, ainda é, o principal fator de mudança, tanto material quanto moral e espiritual da humanidade.  

Para fins específicos de nossa exposição, lembremo-nos de Jean-Jacques Rousseau, com o seu “Emílio ou da Educação”, Pestalozzi, com o desenvolvimento conjunto do organismo, do intelecto e da moral (cabeça, coração e corpo) e Allan Kardec que, muito antes de se dedicar aos estudos espíritas, já tivera publicado vários trabalhos de cunho didático.  

No Brasil, em 1876, havia muita dissidência entre os espíritas: uns defendiam exclusivamente o estudo do Evangelho; outros se arvoraram em científicos; outros ainda se diziam puros. Como consequência, a separação, a desunião, a luta.  

Foi justamente nesse estado de coisas que surgiu Bezerra de Menezes, a fim de equilibrar o movimento espírita, tornando-o forte, coeso e seguro, no sentido de criar condições para que o Brasil pudesse cumprir a sua missão de fornecedora do Evangelho ao mundo.  

Com sua perseverança conseguiu instalar, solenemente, a “Escola de Médiuns”, mas em vão chamava os “representantes” de outros grupos às sessões, aparecendo-lhe somente professores.  

A partir de 1950, temos notícias dos esforços hercúleos de Edgar Armond para implantar o Curso de Aprendiz do Evangelho e o Curso de Educação Mediúnica na Federação Espírita do Estado de São Paulo.  

Hoje, a maioria dos Centros Espíritas mantém, bem ou mal, os seus cursos regulares de Doutrina Espírita. 

4. CRISTO E O ESPIRITISMO 

4.1. UNIDADE DE PRINCÍPIOS 

A doutrina do Cristo deu lugar a tantas controvérsias porque Cristo preferiu um ensino oral. 

Allan Kardec, ao contrário, teve o cuidado deixar escrita a sua doutrina em todas as suas partes e até nos mínimos detalhes, com tanta precisão e clareza, que impossível se torne qualquer interpretação divergente. Achava que um dos maiores obstáculos capazes de retardar a propagação da Doutrina seria a falta de unidade.  

4.2. O ESPIRITISMO É O CRISTIANISMO REDIVIVO 

O Espiritismo é o Consolador Prometido anunciado por Cristo. Para que se tornasse factível, foi preciso esperar o desenvolvimento das ciências, com suas teses positivistas.  

Em termos evangélicos, a lição da candeia e do alqueire retrata bem influência de Jesus no processo do ensino espírita-cristão. O ensino deve ser ministrado de acordo com a capacidade de absorção do ouvinte. Um dado importante: meu jugo é leve e meu fardo é suave. Jugo da mentira e jugo da justiça. Qual escolher, qual passar para o ouvinte.  

4.3. O ENSINO ESPÍRITA: PROJETO 1868 DE "OBRAS PÓSTUMAS" 

Allan Kardec esclarece-nos que “um curso regular de Espiritismo seria professado com o fim de desenvolver princípios de Ciência e de difundir o gosto pelos estudos sérios. Esse curso teria a vantagem de fundar a unidade de princípios, de fazer adeptos esclarecidos, capazes de espalhar as ideias espíritas e de desenvolver grande número de médiuns. Considero esse curso de natureza a exercer capital influência sobre o futuro do Espiritismo e sobre suas consequências”. (Obras Póstumas, p. 342) 

5. O PROBLEMA DO ENSINO 

5.1. COMO SE APRENDE 

Em termos gerais, o processo de aprendizagem baseia-se na necessidade de resolver um problema. Para isso, o indivíduo estuda, lê, consulta, pergunta. Também age em função da tentativa e erro.  

Tecnicamente, a pessoa capta os dados, memoriza-os, associa-os com outros conhecimentos e aplica-os a outros campos de interesse. O aprender pressupõe uma mudança de comportamento.  

5.2. COMO SE ENSINA 

Ensinar é transmitir conhecimentos, informações. 

O ensino se faz através de dois princípios fundamentais.  

a) partir sempre do conhecido para o desconhecido;

b) do simples para o composto. 

5.3. ESCOLAS E CURSOS 

Para aprendermos alguma coisa não necessariamente precisamos de cursos regulares, pois sempre que estivermos em contato com alguém, esse alguém pode nos ensinar algo que não sabíamos.  

A instituição de cursos regulares serve para darmos uma direção didática e metódica ao ensino. 

6. O ENSINO NO CENTRO ESPÍRITA 

6.1. DOUTRINA ESPÍRITA 

Antes de falarmos de ensino no Centro Espírita, devemos ter pleno conhecimento do que seja a Doutrina Espírita. Por Doutrina Espírita entendemos os princípios fundamentais deixados por Allan Kardec em suas obras básicas e complementares. Quer dizer, só podemos falar em ensino espírita, se partirmos dos seus pressupostos básicos, ou seja, do acervo que existe nos livros. Útil seria se pudéssemos separar o Espiritismo das doutrinas espiritualistas.  

6.2. OS CURSOS 

Geralmente o ensino espírita é feito através de Cursos Regulares. Estes, porém, não devem ser transformados em cursos mundanos. Lá, na sociedade, nós frequentamos os cursos para adquirir uma especialização, formarmo-nos em uma profissão. Aqui, a intenção é outra. O Espírito Emmanuel, por exemplo, define o Centro Espírita como a universidade da alma, o que nos leva a refletir que a atitude, tanto de quem ensina como de quem aprende, deve ser a de formar almas compenetradas de suas responsabilidades perante si mesmos e perante os outros. 

Cursos ministrados no Centro Espírita Ismael: Educação Mediúnica, Introdução ao Evangelho, Passe espírita, doutrinador, samaritano, entrevistador, expositor, grupo de estudos, aprofundamento doutrinário, aprimoramento mediúnico,  

6.3. O DIVULGADOR DO ESPIRITISMO 

Jesus deve ser o guia do divulgador espírita. Nesse caso, lembremo-nos do modo como Jesus transmitia os seus conhecimentos: parábolas.  

As parábolas revestem-se de conhecimento exotérico e de conhecimento esotérico. O conhecimento exotérico refere-se à exposição que Jesus fazia publicamente, enquanto o conhecimento esotérico, refere-se às explicações que Jesus dava aos apóstolos, em particular. Observe que, mesmo entres esses, não disse tudo.  

7. CONCLUSÃO 

A relação ensino-aprendizagem tem grande relevância, tanto para o educador como para o educando. Contudo, não transformemos o ensino-aprendizagem num acúmulo de informações e raciocínios, sem qualquer vínculo com as necessidades prementes do Espírito imortal. 

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 

KARDEC, A. Obras Póstumas. 15. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1975.

São Paulo, setembro de 2017.