Lei de Conservação

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Evolução da Mentalidade Ecológica. 4. Instinto de Conservação. 5. Necessidade: Material e Espiritual. 6. Necessário e Supérfluo. 7. Alimentação, Privações e Mortificações. 8. A Maior Conquista. 9. Conclusão. 10. Bibliografia Consultada 

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é analisar o instinto de conservação, natural no ser humano, porém influenciado pelos usos e costumes das sociedades modernas.

2. CONCEITO

A conservação pode ser vista sob vários ângulos:

Em Filosofia significa em geral a permanência de um ente real no seu existir, ou ainda a invariância dos seus estados fenomênicos e propriedades.

Em Teodicéia significa a ação de Deus que mantém os seres na existência. O seu contrário é a aniquilação.

Em Ecologia, conhecida como conservação da natureza, significa o movimento cultural, inicialmente designado por Proteção da Natureza, que visa assegurar a utilização racional dos recursos naturais, proteger o ambiente natural da poluição do solo, da água e do ar, manter e embelezar as paisagens naturais, proteger as espécies raras de animais ou plantas e quaisquer formações geológicas de maior interesse pela sua raridade ou originalidade. (Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura)

3. EVOLUÇÃO DA MENTALIDADE ECOLÓGICA

O Extremo Oriente teve a primazia da mentalidade conservacionista. Há milhares de anos  existem nessa região áreas destinadas a proteger os animais, como em Sarnath, na Índia, onde Buda se inspirava, e na China, onde os mandarins mantinham espécies de particular interesse em pequenos parques.

Embora tenha havido no final do século XIX eventos esparsos de preservação da natureza, especialmente nos Estados Unidos, Japão e México, foi somente no início do século XX, que  alguns governos, bem como entidades privadas, passaram a reconhecer que a proteção da natureza é assunto de alcance internacional.

O evento de maior amplitude e repercussão mais profunda, em vista dos problemas de poluição e degradação ambiental que se acumulavam no final do século XX, foi a Conferência da Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Realizado no Rio de Janeiro, em junho de 1992, teve a adesão de 178 países e contou com a presença de mais de cem chefes de estado. Na Eco-92, como ficou conhecida, foram aprovados documentos de fundamental importância para a conservação da natureza, como a Convenção da Biodiversidade, a Declaração de Princípios das Florestas, a Convenção do Clima e a Agenda 21.

No Brasil, o primeiro documento a referir-se expressamente à conservação da natureza foi a carta régia de 13 de março de 1797, que advertia contra o perigo de destruição das matas. Em 1821, José Bonifácio de Andrade e Silva propôs que "em todas as vendas de terras que se fizessem em sesmarias que se dessem, se pusesem a condição de que a sexta parte do terreno nunca haveria de ser derrubada  e queimada, sem que se fizessem novas plantações de bosques".

Observe que hoje a luta pela defesa da natureza, ao mesmo tempo, tomou feições concretamente política, passando a figurar com destaque entre as plataformas partidárias e as metas de novos governantes. (Enciclopédia Barsa)

4. INSTINTO DE CONSERVAÇÃO

Em todos os seres vivos, o instinto de conservação é o mais importante. A finalidade primordial do animal é comer e esforçar-se para não ser comido pelos outros. Essa é a razão pela qual os órgãos sensoriais, que investigam se existe alimento em volta ou que, ao pressentir perigo, ordena ao corpo que se proteja ou fuja, encontram-se perto do orifício de introdução dos alimentos.

Depois do instinto de conservação, o mais importante é o instinto de reprodução, ou tendência procriadora, que faz o macho procurar a fêmea para fecundá-la. Ambos os instintos requerem a contribuição coordenadora de diversos sistemas de órgãos. Na fuga, o coração bate mais depressa e os músculos ficam tensos.

O cérebro do homem, grande e desenvolvido, permite-lhe uma compreensão mais consciente dos acontecimentos e pode, assim, escolher a forma de comportamento mais adequada a cada situação. O que nos animais é instinto, no homem é subjetivo. Ele pode igualmente dominar-se, recordar, prever e planejar os atos segundo as experiências acumuladas. (Enciclopédia Combi)

O instinto de conservação é uma lei natural, porque a vida num corpo físico é necessária ao aperfeiçoamento dos seres, e sua destruição antecipada entrava o desenvolvimento do princípio inteligente. (Kardec, 1995, perguntas 702 e 703)

5. NECESSIDADE: MATERIAL E ESPIRITUAL

Necessidade é a consciência de que nos falta algo. Pode ser material e espiritual.

No âmbito das necessidades materiais, temos as principais (comer, beber e dormir) e as complementares (passeios e diversões). O provimento dessas necessidades dá-se pelo trabalho. O trabalho é a troca de nossa especialização pela especialização do outro. Há uma renda e com ela suprimimos os meios básicos para a nossa sobrevivência.

No âmbito das necessidades espirituais, destacamos a leitura de um livro espiritual a freqüência em igrejas,  as discussões sobre a morte e o que vem depois dela etc. Talvez seja essa a razão pela qual nos reunimos em uma sala de aula para aprendermos a Doutrina dos Espíritos. Há a necessidade dos que  expõem os postulados espíritas e a daqueles que ouvem. E ficamos ali enquanto as nossas necessidades forem preenchidas. Quando já não nos satisfaz, mudamos e seguimos outro caminho.

6. NECESSÁRIO E SUPÉRFLUO

A civilização multiplica as necessidades, mas também multiplica as fontes de trabalho e os meios de vida. Sempre há para todos um lugar ao Sol, mas com a condição de cada qual tomar o seu e não o dos outros. A Natureza não poderia ser responsável pelos vícios da organização social e pelas conseqüências da ambição e do amor ao próprio.

Como conhecer o limite do necessário? O sensato o conhece por intuição e muitos o conhecem através das suas próprias experiências.

O limite entre o necessário e o supérfluo nada tem de absoluto. A civilização criou necessidades que não existem no estado de selvageria, e os Espíritos que ditaram esses preceitos não querem que o homem civilizado viva com selvagem.

O elemento chave está sempre no senso moral que prescreve os esforços que o homem tem de fazer para não viver do trabalho alheio quando tem forças para ganhar o sustento por si mesmo. Pede moderação  nos gozos, pois todo o excesso é prejudicial. Enfim solicita o exercício do bom senso no seu mais alto grau. (Kardec, 1995, perguntas 704 a 717)

7. ALIMENTAÇÃO, PRIVAÇÕES E MORTIFICAÇÕES

A alimentação animal, para o homem, é contrária à lei natural? — Em nossa constituição física, a carne nutre a carne, pois do contrário pereceríamos. A lei de conservação impõe-nos o dever de conservar as nossas energias e a nossa saúde, para podermos cumprir a lei do trabalho. Devemos alimentar-nos, portanto, segundo exige a nossa organização.

Alimentar-se, excluindo a carne, é uma opção particular. Não é uma imposição doutrinária, nem tampouco indício de purificação da alma. Nesse sentido, o Evangelho adverte-nos que não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas o que sai, pois provém do coração.

No que tange às privações, lembremo-nos somente das que são meritórias: sacrificarmo-nos em favor do próximo, renunciarmos às festas para atender alguém que esteja doente, retirarmos do necessário para auxiliar alguém em dificuldade etc. 

As mortificações, praticadas desde a antigüidade por diversos povos, só terão mérito se elas forem proveitosas para alguém. Se não serve senão ao que a pratica e o impede de fazer o bem, é egoísta, qualquer que seja o pretexto sob o qual se disfarce. submeter-se a privações no trabalho pelos outros é a verdadeira mortificação, de acordo com a caridade cristã. (Kardec, 1995, perguntas 718 a 727)

8. A MAIOR CONQUISTA

Conservarmo-nos donos de nossa casa interior é a maior das conquistas. Se, como tantos fazem, procuramos a vida fora de nós, nas outras pessoas e nas coisas, seremos escravos. Um homem evoluído não teme a guerra, a dificuldade e o dissabor; sabe que, apesar de todas as asperezas da estrada a percorrer, poderá permanecer calmo como o relógio ao meio da tempestade.

Sempre procuramos nos outros as causas de nosso infortúnio; elas, porém, residem em nós, dentro de nós. Procuramos sempre inculpar os demais, pois queremos encontrar um cireneu que nos carregue a cruz. No entanto, nós é que devemos carregá-la nos ombros.

Resistência, reação defensiva e recuperação são as idéias forças que devemos exercitar para robustecer o dinamismo de nosso próprio destino.

9. CONCLUSÃO

Escutemos a nossa voz interior, pois ela possui poderes ilimitados para nortear nossa vida. Tendo-a por escudo, usaremos de tudo e não abusarmos de nada. Ouvindo-a constantemente desenvolveremos o nosso senso moral e o sentimento de caridade que nos eleva acima de todos os sofrimentos presentes.

10. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 

Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Lisboa, Verbo, s. d. p.

Enciclopédia Barsa. Rio de Janeiro/São Paulo, Encyclopaedia Britannica, 1997.

Enciclopédia Combi Visual. Barcelona (Espanha), Ediciones Danae, 1974.

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.

São Paulo, dezembro de 1995