Lei do Progresso

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Histórico. 4. A marcha do Progresso. 5. Progresso e Religião. 6. Influência do espiritismo no Progresso. 7. A Nova Civilização. 8. Conclusão. 9. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é comparar o desenvolvimento técnico-científico alcançado pelas sociedades modernas com o avanço moral de seus habitantes.

2. CONCEITO

Progresso significa movimento ou marcha para frente. Avanço natural e regular da humanidade para maior conhecimento e maior ventura. (Delta Larousse) J. B. Bury expressa o progresso nos seguintes termos: "A idéia de progresso é a síntese do passado e a profecia do futuro".

3. HISTÓRICO

A origem do progresso pode ser buscada na Antigüidade clássica. Há historiadores que não aceitam a idéia de progresso nesta etapa, pois defendem a tese de que estes filósofos não tinham consciência de um passado histórico suficientemente longo para que o progresso pudesse ser evidenciado. Robert Nisbet, em a História da Idéia de Progresso, nega tal afirmativa mostrando o elo que os filósofos faziam entre o passado e o futuro. Empregavam constantemente a palavra "no decurso do tempo", "pouco a pouco" e "passo a passo''.

Há com relação à Idade Média uma acepção de que cuidavam somente da teologia e do sobrenatural sem ligar para as coisas do mundo. Há um equívoco, pois na Alta Idade Média já se tem em formação todo o arcabouço da Renascença, que se consubstanciou no desenvolvimento da ciência e com ela todo o avanço da tecnologia que vemos nos dias de hoje.

Poder-se-ia, assim, resumir o progresso material nos seguintes termos:

- até 1700, o sistema produtivo (Europa) era baseado no artesanato;

- entre 1700 e 1910, com Revolução Industrial (Inglaterra), o sistema produtivo passa ao mecanizado;

- entre 1910 e 1973, com o sistema Ford (Estados Unidos), o que prevaleceu foi a produção em série;

- Depois de 1973,  temos o sistema Toyota (Japão), caracterizando os inventários minimizados e o sistema de produção baseado no just in time.

4. A MARCHA DO PROGRESSO

O estado natural é a infância da Humanidade e o ponto partida do seu desenvolvimento intelectual e moral. O homem, sendo perfectível, procura incessantemente o seu melhoramento como resultado de uma lei natural, a Lei do Progresso. Entretanto, o progresso moral e o progresso intelectual não caminham juntos. A bem dizer, o progresso moral é a conseqüência do progresso intelectual, visto o progresso intelectual fornecer meios para o desenvolvimento do livre-arbítrio, o que aumenta a responsabilidade do homem pelos seus atos.

Os que tentam impedir o progresso agem como a pedra sob uma roda; retardam o seu andamento, mas acabam esmagados por ela. Quando, entretanto, um povo não caminha com a pressa desejável na evolução natural, Deus, através de suas leis, lhe suscita o progresso com um grande abalo físico ou moral.

O maior obstáculo ao progresso moral são o orgulho e o egoísmo, que desenvolvem a ambição e a paixão pelo poder e pelas riquezas, na medida em que desenvolvem a inteligência, mas sem amor.

Há duas espécies de progresso que mutuamente se apoiam e entretanto não marcham juntos: o progresso intelectual e o progresso moral. Entre os povos civilizados o primeiro recebe em nosso século todos os estímulos desejáveis, e por isso atingiu um grau até hoje desconhecido. Seria necessário que o segundo estivesse no mesmo nível. Não obstante, se compararmos os costumes sociais de alguns séculos atrás com os de hoje teremos de ser cegos para negar que houve progresso moral. (Kardec, 1995, perguntas 776 a 785)

5. PROGRESSO E RELIGIÃO

Uma reflexão sobre eminentes pensadores leva-nos a aceitar a grande influência que a religião teve sobre o progresso. Na Antigüidade clássica grega os deuses influenciavam as ações dos indivíduos. Toda a filosofia de Sócrates baseia-se no seu daimon — guia protetor. Platão é reconhecido como o iniciador das idéias religiosas quando desenvolve o mito da reminiscência das idéias. Mesmo o mundo romano é dominado pelo cristianismo, pois a vinda de Jesus dá uma nova dimensão à caridade.

Há vários autores da época recente que colocam a noção de Providência em seus raciocínios: Vico, Kant, Condorcet. Os escritos de Comte e Saint Simon apontam para a fé do progresso sob o guante da religião. Até mesmo Mill, aparentemente ateísta durante grande parte de sua vida, em seus últimos anos, chegou a declarar o Cristianismo como indispensável tanto para o progresso como para a ordem. Marx pode ter repudiado todas as religiões manifestas, mas a sua Dialética é originariamente agostiniana, e este fato tem uma função providencial na teoria marxista do progresso. 

6. INFLUÊNCIA DO ESPIRITISMO NO PROGRESSO

O Espiritismo se tornará uma crença comum e marcará uma nova era na História da Humanidade, porque pertence à Natureza e chegou o tempo em que deve tomar lugar nos conhecimentos humanos. Haverá, entretanto, grandes lutas a sustentar, mais contra os interesses do que contra as convicções.

As idéias só se transformam com o tempo e não subitamente; elas enfraquecem de geração em geração e acabam por desaparecer com os que as professavam e que são substituídos por outros indivíduos imbuídos de novos princípios, como se verifica com as idéias políticas.

Auxiliando na destruição do materialismo, que é uma das chagas da sociedade, é a contribuição que o Espiritismo pode oferecer ao progresso, pois ele faz os homens compreenderem onde está o seu verdadeiro interesse, ou seja, na vida futura. (Kardec, 1995, perguntas 798 a 799)

7. A NOVA CIVILIZAÇÃO

A lei do progresso, que é inexorável, encaminha o homem para a civilização cristã. Nessa civilização haverá menos egoísmo, cupidez e orgulho, os costumes serão mais intelectuais e morais do que materiais e a bondade e o amor ao próximo serão condutas intrínsecas do todo o indivíduo. Esta é a civilização que o Espiritismo estabelecerá na Terra. Como se vê pelas explicações dos Espíritos e os comentários de Kardec, a civilização incompleta em que vivemos é apenas uma fase de transição entre o mundo pagão da Antigüidade e o mundo cristão do Futuro.

8. CONCLUSÃO

Tenhamos em conta a irreversibilidade do tempo, pois os minutos desperdiçados não voltam mais. Se formos negligentes, podemos perder a oportunidade de acrescentar valores morais ao nosso patrimônio espiritual.

9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Grande Enciclopédia Delta Larousse. Rio de Janeiro, Delta, 1979.

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.

São Paulo, dezembro de 1995