Progressão dos Espíritos

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Aspectos Gerais. 4. Simples e Ignorante: 4.1. A Origem dos Espíritos; 4.2. Ignorância não quer dizer Maldade; 4.3. Simples não é Sinônimo de Simplicidade. 5. Progressão dos Espíritos: 5.1. O Determinismo Divino Vigora nas Camadas Inferiores; 5.2. Desenvolvimento do Livre-Arbítrio; 5.3. Determinismo Divino nas Camadas Superiores. 6. Perfectibilidade: 6.1. Perfectibilidade e não Perfeição; 6.2. Jesus é o Modelo de Perfeição; 6.3. Estudo Silencioso no Desenvolvimento do Pensamento. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é mostrar que há uma inexorabilidade na Lei Divina que sempre nos impele para o progresso, quer queiramos ou não.

2. CONCEITO

Progresso – O termo designa uma interpretação da evolução segundo a qual esta se faz no sentido do melhor, de tal forma que o antes é sempre inferior ao depois. Progresso consiste, assim, em dar um sentido de “melhor” ao processo evolutivo. (Polis – Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado)

Progressão – No âmbito da Doutrina Espírita, equivale à evolução. É o somatório dos acréscimos graduais de perfeição adquiridos pelo Espírito em cada uma de suas diversas encarnações. 

Espírito – Princípio inteligente do universo.

Espíritos – No sentido especial da Doutrina Espírita, os Espíritos são os seres inteligentes da criação, que povoam o Universo, fora do mundo material, e constituem o mundo invisível. Não são seres oriundos de uma criação especial, porém, as almas dos que viveram na Terra, ou nas outras esferas, e que deixaram o invólucro corporal.

3. ASPECTOS GERAIS

De acordo com as instruções dos Espíritos, os Espíritos foram criados por Deus. A sua origem ainda nos é desconhecida. Sabemos apenas que foram criados simples e ignorantes, porém sujeitos ao progresso. A sua essência difere de tudo o que conhecemos por matéria. Nesse sentido dizemos que são imateriais.

O progresso atual é o resultado das experiências realizadas nos diversos reinos da natureza: mineral, vegetal e animal.

O Espírito se classifica em razão do desenvolvimento, das qualidades ou imperfeições que possuem. São de Três Ordens: 3.ª Ordem (Imperfeitos) — com orgulho, egoísmo, ódio; (impuros) — leviano, pseudo-sábios, neutros; (e perturbadores); 2.ª Ordem (bons) — benévolos, sábios, prudentes, superiores; 1.ª Ordem (puros) — sem nenhuma influência da matéria, com superioridade moral e intelectual ante os outros; não sujeitos a reencarnação, por serem perfeitos. (Kardec, 1995, p. 84 a 90)

4. SIMPLES E IGNORANTE

4.1. A ORIGEM DOS ESPÍRITOS

Por que nasci? Por que sofro? Por que a minha vida é tão estranha? Estas e outras questões muitas vezes esfogueiam o nosso pensamento. E, por mais que a Doutrina nos remeta aos estudos da reencarnação, ainda não nos satisfaz a vida que levamos. É que existem alguns mistérios que não deveríamos querer penetrar como, por exemplo, a origem de Deus e dos Espíritos.

Embora a origem dos Espíritos nos é infensa, os Espíritos superiores deram-nos um consolo, ou seja, disseram-nos que fomos criados simples e ignorantes. Isto corrobora com a imparcialidade da lei divina: todos partindo de um mesmo ponto, não haverá privilégios para ninguém. Se Deus tivesse criado o anjo, qual seria o mérito de tal conquista?

4.2. IGNORÂNCIA NÃO QUER DIZER MALDADE

O Espírito, ao ser criado simples e ignorante, é desprovido de conhecimento. Assemelha-se a uma tábula rasa, que deverá receber as impressões das suas experiências. Como não tem conhecimento, ele comete erros, mas não faz o mal, porque desconhece o que seja o mal. Contudo, para o seu progresso, ele deverá conhecer a Lei Divina, que está escrita na sua consciência. Assim, cometendo o erro, ele deverá sofrer as conseqüências da Lei, que o encaminhará para a sua trajetória evolutiva.

4.3. SIMPLES NÃO É SINÔNIMO DE SIMPLICIDADE

O simples aqui é concebido como o Espírito que foi criado sem nenhum conhecimento. A simplicidade do espírito pressupõe muito conhecimento, pois mostra o progresso moral alcançado.

Observe o quanto difícil é ser humilde nos dias que correm. O progresso material, impelindo-nos aos prazeres da carne, estimula-nos concomitantemente o nosso orgulho e a nossa vaidade, sentimentos opostos à simplicidade de coração. E nem sempre temos força necessária para afastarmo-nos desses gozos materiais.

5. PROGRESSÃO DOS ESPÍRITOS

Extraído das perguntas 114 a 127 de O Livro dos Espíritos.

5.1. O DETERMINISMO DIVINO VIGORA NAS CAMADAS INFERIORES

O Espírito, em suas primeiras encarnações, sendo ignorante, não tem capacidade de escolher o seu caminho na vida. Nesse mister, eles são auxiliados pelos operários de Deus, que os encaminham nas suas diversas experiências. É como um pai guiando o seu filho pequeno: carrega no colo, segura-o pela mão, ensina-lhe os primeiros passos etc.

5.2. DESENVOLVIMENTO DO LIVRE-ARBÍTRIO

Conforme for adquirindo conhecimento, vai tendo também maior responsabilidade pelos atos praticados. Se escolher o caminho do mal, deverá sofrer-lhe as conseqüências. A dor não é nada mais do que um ajuste necessário à compreensão da Lei de Deus. Quanto mais atos bons praticar mais aumenta o seu livre-arbítrio.

5.3. DETERMINISMO DIVINO NAS CAMADAS SUPERIORES

A evolução espiritual dá mais liberdade ao Espírito, mas essa liberdade não é absoluta. Ela está sujeita ao Determinismo divino. Observe que tanto num nível baixo de conhecimento como num nível mais alto caímos no Determinismo divino. E por que isso acontece? Porque temos de passar de um nível de completa inconsciência a um nível de completa consciência. Isso quer dizer que num nível mais evoluído de determinismo divino, o Espírito reencarnante começa a fazer a sua escolha de acordo a Lei de Deus. Quer dizer, ele não faz agravo à lei e não precisa sofrer os incômodos da correção.

6. PERFECTIBILIDADE

6.1. PERFECTIBILIDADE E NÃO PERFEIÇÃO

Deve-se preferir o termo perfectibilidade e não perfeição, porque perfeição significa acabado, completo. Em se tratando da evolução do Espírito, há um começo, porém o seu término está bem distante. Por isso há o provérbio que diz que sempre temos algo a aprender.

A perfectibilidade significa a capacidade de aprender sempre, e, cada vez mais, de forma efetiva e racional.

6.2. JESUS É O MODELO DE PERFEIÇÃO

Jesus foi o Espírito mais elevado que surgiu no Planeta. Os seus exemplos devem inspirar-nos as boas ações que podemos fazer ao próximo.

Lembremo-nos de alguns dos seus ensinamentos:

1) Que aproveita ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?

2) Se queres ser meu discípulo, toma a tua cruz e segue-me.

3) Amai os vossos inimigos; bendizei os que vos maldizem; fazei o bem aos que vos odeiam; orai pelos que vos maltratam e vos perseguem. Que vantagem há em amardes os que vos amam?

4) Ao que pleitear contigo e quiser teu vestido, larga-lhe também a capa.

5) Se alguém te bater na face direita, ofereça-lhe a esquerda.

6.3. ESTUDO SILENCIOSO NO DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO

Léon Denis, em O Problema do Ser, do Destino e da Dor, alerta-nos que é no silêncio que se elaboram as obras fortes. Ele diz: “A palavra é brilhante, mas degenera demasiadas vezes em conversas estéreis, às vezes maléficas; com isso, o pensamento se enfraquece e a alma esvazia-se. Ao passo que na meditação o Espírito se concentra, volta-se para o lado grave e solene das coisas... Evitemos as discussões ruidosas, as palavras vãs, as leituras frívolas. Sejamos sóbrios de jornais. A leitura dos jornais, fazendo-nos passar de um assunto ao outro, torna o espírito ainda mais instável... Apliquemo-nos a obras mais substanciais, a tudo o que pode esclarecer-nos a respeito das leis profundas da vida e facilitar nossa evolução. Pouco a pouco, ir-se-ão edificando em nós uma inteligência e uma consciência mais fortes, e nosso corpo fluídico iluminar-se-á com os reflexos de um  pensamento elevado e puro”. (1995, p. 358 e 359)

7. CONCLUSÃO

Tenhamos uma vida voltada para a completa absorção das coisas espirituais. Este esforço próprio, iluminado pelo clarão divino, nos dará o verdadeiro discernimento para a progressão do nosso Espírito.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

DENIS, L. O Problema do Ser, do Destino e da Dor. 18. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1995.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.
Polis - Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado. Lisboa/São Paulo, Verbo, 1986.

São Paulo, agosto de 2003.