Allan Kardec e a Revista Espírita

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Considerações Iniciais. 3. Allan Kardec: 3.1. Dados Biográficos; 3.2. Encarnações Passadas; 3.3. Começo da Codificação Espírita. 4. Obras de Allan Kardec: 4.1. Obras Básicas e Complementares. 4.2. O Livro dos Espíritos. 4.3. O Livro dos Médiuns. 5. Revista Espírita: 5.1. Origens da Revista; 5.2. Principal Instrumento de Pesquisa de Allan Kardec; 5.3. Registro da História do Espiritismo. 6. Conclusão. 7. Bibliografia Consultada. 

1. INTRODUÇÃO  

Quem foi Allan Kardec? Que legado nos deixou? Qual foi a sua missão? Qual a importância da Revista Espírita? O que nos traz? Por que Allan Kardec as editou?  

2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS  

O Espiritismo, como ideia, e a mediunidade, como ferramenta de trabalho, existem desde sempre. Se compulsarmos o livro de José Herculano Pires, O Espírito e o Tempo, verificaremos o esboço histórico dos vários horizontes traçados até chegar à positivação da mediunidade com Allan Kardec.  

Há o horizonte tribal, o agrícola, o profético. São visões de mundo com relação ao fenômeno mediúnico. Em cada um deles, a comunicação com os Espíritos é tratada de uma forma ainda incipiente, mais conhecida como mediunismo.  

Com Allan Kardec, a mediunidade se positivou: os fatos mediúnicos foram tratados segundo o procedimento das ciências naturais. Com isso, codificou a Doutrina Espírita de forma impessoal. Por isso, a Doutrina é dos Espíritos e não de Allan Kardec.  

Nesse contexto, as obras básicas, conhecidas pela maioria, assumem papel relevante. Porém, não menos importante, é a Revista Espírita, esquecida por boa parte dos espíritas.   

Nosso objetivo é enfatizar a necessidade de consultá-la, para que possamos adquirir uma visão mais ampla do Espiritismo.  

3. ALLAN KARDEC  

3.1. DADOS BIOGRÁFICOS 

Hippolyte-Léon Denizard Rivail —  Allan Kardec — nasceu no dia 03 de outubro de 1804, às 19 horas, na Cidade de Lyon, na França. Seu pai, Jean-Baptiste-Antoine Rivail, era magistrado, juiz de direito; sua mãe, Jeanne Duhamel, era professora; sua esposa, Amélie Grabielle Boudet, também, era professora. Como homem podemos dizer que foi professor, escritor, filósofo e cientista. Faleceu no dia 31 de março de 1869, com 64 anos de idade.  

3.2. ENCARNAÇÕES PASSADAS 

Allan Kardec já teve duas encarnações passadas: uma como sacerdote druida; outra, como João Huss.  

Segundo os historiadores, o pseudônimo Allan Kardec decorre do fato de que, no início do seu trabalho de pesquisa sobre o Espiritismo, estando Denizard Rivail consciente de que tudo acontecia em relação aos indivíduos, quando ainda parecia mistério, baseava-se na Reencarnação (princípio das vidas sucessivas e interdependentes), um Espírito lhe revelou que, desde remotas existências, já o conhecia, pois o mesmo fora, em vida física passada no solo francês, um DRUÍDA com o nome de ALLAN KARDEC. 

João Huss nasceu em Hussinet, perto de Fichtelgebirge, na Boêmia, cerca da fronteira bávara e do limite linguístico entre o alemão e o checo, em 1373, e morreu queimado na fogueira em 1415. Huss foi influenciado pelas idéias de Wiclef (1333-1384), teólogo e reformador inglês. Wiclef desenvolveu alguns tratados sobre o dominiun, ou seja, a idéia de que o poder vem de Deus e apenas é legítimo naqueles que se encontram em estado de graça.  

3.3. COMEÇO DA CODIFICAÇÃO ESPÍRITA 

Foi em 1854 que o Sr. Rivail ouviu pela primeira vez falar nas mesas girantes, a princípio do Sr. Fortier, magnetizador, com o qual mantinha relações, em razão dos seus estudos sobre o Magnetismo. O Sr. Fortier lhe disse um dia: “Eis aqui uma coisa que é bem mais extraordinária: não somente se faz girar uma mesa, magnetizando-a, mas também se pode fazê-la falar. Interroga-se, e ela responde.”

- Isso, replicou o Sr. Rivail, é uma outra questão; eu acreditarei quando vir e quando me tiverem provado que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir, e que se pode tornar sonâmbula. Até lá, permita-me que não veja nisso senão uma fábula para provocar o sono.

Tal era a princípio o estado de espírito do Sr. Rivail, tal o encontraremos muitas vezes, não negando coisa alguma por parti pris, mas pedindo provas e querendo ver e observar para crer; tais nos devemos mostrar sempre no estudo tão atraente das manifestações do Além. 

4. OBRAS DE ALLAN KARDEC  

4.1. OBRAS BÁSICAS E COMPLEMENTARES 

Os livros da codificação ou o Pentateuco Espírita são: O Livro dos Espíritos (1857), O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865), A Gênese (1868). Além desses livros, denominados de obras básicas, há também os que compõem as obras complementares, mediúnicas e não-mediúnicas. José Herculano Pires, Deolindo Amorim, Camille Flammarion e Léon Denis são alguns dos autores não-mediúnicos; Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco e outros são classificados como autores de livros mediúnicos.  

Para efeito de nosso estudo, destacaremos os dois primeiros. 

4.2. O LIVRO DOS ESPÍRITOS

De acordo com Canuto Abreu, Allan Kardec começou a frequentar as reuniões mediúnicas, em que a médium Caroline recebia o Espírito Zéfiro, o qual respondia às perguntas dos frequentadores. Levava um caderno e anotava aquilo que lhe chamava a atenção.

"Certa feita, quebrando o hábito, indagou se lhe era possível evocar o Espírito SÓCRATES. Recebeu a seguinte resposta: "Sim. Sócrates já tem assistido a alguns de nossos colóquios, pois você o consulta amiúde mentalmente". Essa resposta arrancou o professor da costumada reserva. Declarou-nos ter, de fato, pensado muita vez no filósofo grego, esperançado de obter dele a verdadeira "filosofia dos Espíritos" de elite".

Posteriormente, levava as suas próprias perguntas, o que lhe deu ensejo de compor O Livro dos Espíritos. 

4.3. O LIVRO DOS MÉDIUNS  

O Livro dos Médiuns é a segunda obra da Codificação, publicada em janeiro de 1861, englobando as “Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas”, de 1858. É a continuação de O Livro dos Espíritos, conforme esclarece Allan Kardec. A edição definitiva é a 2ª, a de outubro de 1861.

O Livro dos Médiuns destina-se a guiar os que queiram entregar-se à prática das manifestações, dando-lhes conhecimentos dos meios próprios para se comunicarem com os Espíritos. É um guia, tanto para médiuns, como para os evocadores (doutrinadores), e o complemento de O Livro dos Espíritos. O Livro dos Médiuns“ contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo”. 

5. REVISTA ESPÍRITA  

5.1. ORIGENS DA REVISTA  

Revista Espírita é uma coletânea de fatos e de explicações que complementam os princípios doutrinários desenvolvidos em O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns. Em 15 de novembro de 1857, na casa do Sr. Dufaux, por intermédio da médium Sra. E. Dufaux, começou a ruminar a ideia de publicar um jornal espírita. No item "Revista Espírita", do livro Obras Póstumas, de Allan Kardec, há o relato da consulta feita aos benfeitores espirituais.  

5.2. PRINCIPAL INSTRUMENTO DE PESQUISA DE ALLAN KARDEC 

A Revista Espírita é composta de 12 volumes; oferece-nos o registro minucioso das pesquisas realizadas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. No conjunto da Codificação, é um verdadeiro documentário, um valioso relatório científico e histórico. Pode-se dizer que a Revista Espírita foi o principal instrumento de pesquisa de Allan Kardec, pois através dela, captou as reações do público. Além disso, constituiu-se num verdadeiro laboratório em que as manifestações mediúnicas, colhidas pelo mundo todo, eram examinadas à luz dos princípios de O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns, controladas pelas experiências da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. 

5.3. REGISTRO DA HISTÓRIA DO ESPIRITISMO 

O esforço de publicar a Revista Espírita prende-se à composição da história do Espiritismo. Nesses 12 volumes e onze anos e quatro meses de trabalho, estão arrolados as reuniões, as pesquisas, os trabalhos publicados, os estudos da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, os trabalhos dos Centros Espíritas, bem como as contribuições das sociedades estrangeiras a ela ligadas. Nela, estão catalogados os problemas que não puderam ser esmiuçados em O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns: mediunidade curadora, os casos de obsessão e possessão, o problema das mistificações, a comunicação de pessoas vivas, entre outros. 

6. CONCLUSÃO 

A Revista Espírita complementa o esboço teórico do Espiritismo. Sem o seu estudo, não poderemos adquirir uma visão global da Doutrina dos Espíritos. 

7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA  

ABREU, Canuto. O Livro dos Espíritos e sua tradição histórica e lendária. São Paulo: Lar da Família Universal, 1992.

BEZERRA, Evandro Noleto (organizador). Instruções de Allan Kardec ao Movimento Espírita: Compilação de Artigos da Revista Espírita e de Obras Póstumas contendo orientações e diretrizes ao Movimento Espírita. Rio de Janeiro: FEB, 2005.  

KARDEC, A. Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 15.ed., Rio de Janeiro: FEB, 1975.

KARDEC, A. Revista Espírita: Jornal de Estudos Psicológicos (1858). São Paulo: Edicel, [s. d. p.] 

São Paulo, agosto de 2013.