SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. O Texto Evangélico. 3. Júlio César. 4. O Termo “César”. 5. Jesus e o Estado. 6. A Efígie da Moeda. 7. Dinheiro: Deus e Mamon. 8. O motivo da Proposta de Jesus. 9. Relativo e Absoluto. 10. Conclusão.
1. INTRODUÇÃO
Qual a origem da frase? Como vislumbrar o seu alcance? Como era a relação entre os judeus e os romanos?
2. O TEXTO EVANGÉLICO
Então, retirando-se os fariseus, projetaram entre si comprometê-lo no que falasse. E enviaram-lhe seus discípulos, juntamente com os herodianos, que lhe disseram: Mestre, sabemos que és verdadeiro, e não se te dá de ninguém, porque não levas em conta a pessoa dos homens; dize-nos, pois, qual é o teu parecer: é lícito dar tributo a César ou não? Porém Jesus, conhecendo a sua malícia, disse-lhes: Por que me tentais, hipócritas? Mostrai-me cá a moeda do censo. E eles lhes apresentaram um dinheiro. E Jesus lhes disse: De quem é esta imagem e inscrição? Responderam-lhe eles: De César. Então lhes disse Jesus: Pois dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E quando ouviram isto, admiraram-se, e deixando-o se retiraram. (Mateus, XXII: 15-22). (Marcos, XII: 13-17).
3. JÚLIO CÉSAR
Júlio César (100 a.C. – 44 a.C.) foi um político militar brilhante, orador e escritor, figura decisiva na queda da República Romana e ditador vitalício. Quando centralizou o poder em suas mãos, gerou temores de que se tornasse rei, algo malvisto em Roma. Em vista disso, foi morto por senadores liderados por Bruto e Cássio, no famoso episódio dos Idos de Março. A morte de César abriu caminho para o fim da República e o início do Império Romano, consolidado por seu herdeiro, Otávio Augusto.
4. O TERMO “CÉSAR”
A frase “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” não se refere a Júlio César, mas sim ao imperador romano que governava no tempo de Jesus. Na época, o imperador era Tibério César (14 d.C. – 37 d.C.), sucessor de Augusto. A palavra “César” tinha se tornado um título usado pelos imperadores romanos (como mais tarde “Czar” ou “Kaiser”).
5. JESUS E O ESTADO
Rejeitando transformar-se em chefe político, conforme o desejo de muitos dos seus seguidores, Jesus, desde o início do seu ministério, teve de enfrentar a ordem estabelecida, pois o Estado contrariava as suas prédicas do Sermão do Monte. A execução de Jesus pelos romanos, sob o letreiro Rei dos Judeus, indicava que fora legalmente condenado à morte como rebelde contra o Estado romano, isto é, como se fora um zelota. Certas afirmações suas ("não vim trazer a paz, mas a espada"), a expulsão dos vendilhões do templo, as críticas violentas à corte em geral e a Herodes pessoalmente, a que chama "raposa", pareciam colocar Jesus na linha do radicalismo político.
6. A EFÍGIE DA MOEDA
A efígie da moeda não nega a realidade do poder constituído; mas o que realça, é a preeminência de Deus na vida humana. Dai "a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" significa, antes de tudo, a recusa de dar a César o que é de Deus. Jesus parece defender não a separação das esferas de poder, mas a submissão de todos os poderes à vontade de Deus, a que também César deveria submeter-se.
7. DINHEIRO: DEUS E MAMON
Em se tratando do aspecto religioso, Jesus Cristo compara o dinheiro ao deus Mamon, que compete com do Deus verdadeiro, enaltece o óbulo da viúva e profere a frase: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Seguindo os seus exemplos, os primeiros cristãos vendiam os seus bens e com o dinheiro arrecadado socorriam aos mais pobres em suas necessidades.
8. O MOTIVO DA PROPOSTA DE JESUS
“A questão proposta a Jesus era motivada pela circunstância de haverem os judeus transformado em motivo de horror o pagamento do tributo exigido pelos romanos, elevando-o a problema religioso. Numeroso partido se havia formado para rejeitar o imposto. O pagamento do tributo, portanto, era para eles uma questão de irritante atualidade, sem o que, a pergunta feita a Jesus: "É lícito dar tributo a César ou não?", não teria nenhum sentido. Essa questão era uma cilada, pois, segundo a resposta, esperavam excitar contra ele as autoridades romanas ou os judeus dissidentes. Mas "Jesus, conhecendo a sua malícia", escapa à dificuldade, dando-lhes uma lição de justiça, ao dizer que dessem cada um o que lhes era devido”.
9. RELATIVO ABSOLUTO
Esta máxima: "Dai a César o que é de César" não deve ser entendida de maneira restritiva e absoluta. Como todos os ensinamentos de Jesus, é um princípio geral, resumido numa forma prática e usual, e deduzido de uma circunstância particular. Esse princípio é uma consequência daquele que manda agir com os outros como quereríamos que os outros agissem conosco. Condena todo prejuízo moral e material causado aos outros, toda violação dos seus interesses, e prescreve o respeito aos direitos de cada um, como cada um deseja ver os seus respeitados. Estende-se ao cumprimento dos deveres contraídos para com a família, a sociedade, a autoridade, bem como para os indivíduos.
10. CONCLUSÃO
Se vivemos em sociedade devemos respeitar a lei dos homens, porém, sem jamais se esquecer que Deus está no leme de tudo e de todos.