Remorso e Arrependimento

O remorso tem a sua utilidade: faz o Espírito culpado compreender a gravidade de suas faltas. 

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Remorso e Arrependimento: 4.1. Remorso; 4.2. Arrependimento; 4.3. Diferença entre Remorso e Arrependimento. 5. Incredulidade, Consciência e Livre-Arbítrio: 5.1. Incredulidade; 5.2. Consciência; 5.3. Livre-Arbítrio. 6. Subsídios Espíritas: 6.1. O Assassino Lemaire; 6.2. A Pena do Remorso não é Eterna; 6.3. O Simples Arrependimento Salva?7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada. 

1. INTRODUÇÃO

O que é o remorso? O que é o arrependimento? O que esses termos têm entre si? Dizer-se arrependido é o suficiente para a salvação da alma? Qual a visão espírita do assunto? 

2. CONCEITO  

Remorso. Do lat. remorsus, particípio passado de remordere, tornar a morder, significa inquietação, abatimento da consciência que percebe ter cometido uma falta, um erro.  

Arrependimento. Do lat. repoenitere, sentimento de pesar causado por violação de uma lei ou de uma conduta moral: resulta na livre aceitação do castigo e na disposição de evitar futuras violações. 

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 

Remorso e arrependimento têm muito a ver com a religião.  

Em termos teológicos e morais, é o estado de pena interior depois de ter cometido um ato de violação à ordem moral.  

No cristianismo, fala-se muito em arrepender-se dos pecados.

No caso do pecado mortal, vai-se para o fogo do inferno. 

O Espiritismo traz-nos vários exemplos da situação dos Espíritos sofredores  no mundo dos Espíritos.  

4. REMORSO E ARREPENDIMENTO 

4.1. REMORSO 

O remorso tem relação com a culpa, porque é habitual e quase inato o conhecimento dos primeiros princípios da moralidade. Este sentimento de pena é tão profundo que pode originar outros sentimentos, tais como, angústia, tristeza, desespero etc.  

4.2. ARREPENDIMENTO 

Arrepender é um verbo muito presente nos textos bíblicos. Dificilmente é conjugado no intransitivo. A personagem-símbolo do arrependimento é santa Maria Madalena, habitada por sete demônios. Foi reabilitada de seu estado de pecadora pela seguinte justificativa evangélica: “Muito lhe foi perdoado porque muito amou”.  

4.3. DIFERENÇA ENTRE REMORSO E ARREPENDIMENTO 

Embora associados, remorso e arrependimento têm significados diferentes. O remorso é um sentimento e o arrependimento uma vontade: é a consciência dolorosa de uma falta passada, somada à vontade de evitá-la daí em diante e, se possível, repará-la. Em termos espíritas, o remorso é o prelúdio do castigo, enquanto o arrependimento, a caridade e a fé nos conduzirão à felicidade.  

5. INCREDULIDADE, CONSCIÊNCIA E LIVRE-ARBÍTRIO 

5.1. INCREDULIDADE 

O remorso é consequência de algo, algo que poderia ser apontado como a verdadeira chaga da sociedade, ou seja, a incredulidade. A incredulidade, não resta dúvida, é a causa de todas as desordens. A negação do princípio espiritual, a crença no nada depois da morte e as ideias materialistas preconizadas pelos homens influentes infiltram-se nas mentes dos jovens e sugam-lhes o ímpeto para devassar o invisível. 

5.2. CONSCIÊNCIA  

A consciência produz dois efeitos diferentes: a satisfação de ter agido bem, a paz que deixa a consciência do dever cumprido, e o remorso que penetra e tortura quando se praticou uma ação reprovada por Deus, pelos homens ou pela honra.  

5.3. LIVRE-ARBÍTRIO 

As nossas escolhas pertencem ao nosso livre-arbítrio. Se optarmos pelo bem, teremos, como consequência, mais liberdade; pelo mal, menos liberdade. A razão é simples: o bem livra o nosso Espírito do remorso, do arrependimento; o mal requer que refaçamos o erro cometido. 

6. SUBSÍDIOS ESPÍRITAS  

6.1. O ASSASSINO LEMAIRE 

Allan Kardec, na Revista Espírita de 1858, publica um diálogo feito com o ASSASSINO LEMAIRE, Condenado à pena última pelo júri de Aisne, e executado a 31 de dezembro de 1857. Foi evocado em 29 de janeiro de 1858. Nas suas 41 respostas, anotamos duas pertinentes ao nosso tema: 1) "Eu estava imerso numa grande perturbação"; 2) "Um sofrimento intolerável, uma espécie de remorso pungente, cuja causa ignorava".  

6.2. A PENA DO REMORSO NÃO É ETERNA 

De acordo com o Espiritismo, o prazo da expiação está subordinado ao melhoramento do culpado. Os trinta e três itens do código da vida futura, expostos no livro Céu e Inferno de Allan Kardec, podem ser resumidos em: arrependimento, expiação e reparação, ou seja, apagar os traços de uma falta e suas consequências.  

6.3. O SIMPLES ARREPENDIMENTO SALVA? 

O arrependimento por si só não é o suficiente; ele apenas prepara e suaviza a expiação. Uma ação má é um desvio com relação à Lei Natural; a sua consequência é a dor e o sofrimento. 

7. CONCLUSÃO 

Ante uma falta grave, exercitemos o arrependimento e a expiação. Depois, metamos mãos à obra e reparemos o que de errado fizemos.  

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

EDIPE - ENCICLOPÉDIA DIDÁTICA DE INFORMAÇÃO E PESQUISA EDUCACIONAL. 3. ed. São Paulo: Iracema, 1987.

ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]

KARDEC, Allan. Revista Espírita de 1858, 1860, 1864 e 1867

SILVA, Deonísio da. De Onde Vêm as Palavras. São Paulo: A Girafa, 2004. (Coleção o mundo são palavras)

São Paulo, agosto de 2015