Jesus Cristo e os Apóstolos: Judas Iscariotes

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Definindo os Termos. 3. Considerações Iniciais. 4. Jesus Cristo: 4.1. O Messias; 4.2. O Evangelho; 4.3. A Pregação. 5. Os Apóstolos: 5.1. Os 12 Escolhidos; 5.2. As Instruções; 5.3. Admoestações, Estímulos e Recompensas. 6. Judas Iscariotes: 6.1. O Traidor; 6.2. O Evangelho de Judas; 6.3. Mensagens Espíritas. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

Quem foi Jesus? Quem foi Judas? Há diferença entre apóstolo e discípulo? Qual a missão de Jesus? E de Judas? Judas realmente traiu Jesus?

2. DEFININDO OS TERMOS

Jesus Cristo. De Jesoûs, forma grega do hebraico Joxuá, contração de Jehoxuá, isto é, "Jeova ajuda ou é salvador", e de Cristo, do grego Christós, corresponde ao hebraico Moxiá, escolhido ou ungido.

Judas. É o nome de dois apóstolos: Judas Tadeu e Judas Iscariotes, o que traiu Jesus. Figuradamente, o mesmo que traidor, por alusão ao apóstolo que traiu Jesus. Boneco de estafermo que, em algumas localidades, se queima no sábado de Aleluia.

Apóstolo. É uma pessoa que foi comissionada, isto é, enviada por alguém. A palavra “apóstolo” traduz o grego apostolos, que significa “mensageiro” ou “enviado”. O grego apostolos deriva do verbo apostellein, que significa “enviar”, “remeter”, ou num sentido mais específico, “enviar com propósito particular”.

Discípulo.  Aquele que, com um mestre, aprende alguma ciência ou arte, dele recebe os conhecimentos de uma doutrina etc. O que segue, que adotou certos princípios, sentimentos, ideias, e por eles atua, ainda que não conheça o seu autor: seguidor, partidário, sectário: os discípulos de Platão.

Discípulos do Senhor. Os Evangelhos chamam discípulos aqueles que seguiam de perto a Cristo: em primeiro lugar, os 12 Apóstolos; depois, os outros 72 que mandava adiante de si aos lugares onde tencionava pregar (Luc., 10). Em sentido geral, também eram chamados discípulos os que acreditavam em Cristo e se propunham seguir sua doutrina, instruídos por ele ou pelos apóstolos e evangelistas. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

No Antigo Testamento, há várias profecias sobre a vinda de Jesus Cristo.

Em Isaías 7:14, há referência ao nascimento de Jesus; em Zacarias 9,9, ao ministério e morte de Jesus; em Isaías 53, 3-7,  à profecia sobre Jesus, que provavelmente é a mais clara.

Os evangelhos canônicos de Lucas e Mateus contam que Jesus nasceu em Belém, na província romana da Judeia de uma mãe ainda virgem.

Pouco se sabe o que fez Jesus dos 12 aos 30 anos.

Sua pregação apostólica começa depois dos 30 anos de idade.

4. JESUS CRISTO

4.1. O MESSIAS

Jesus ocupa toda a História Universal, da qual é o centro. Nele tudo começa, e tudo Nele termina.

A ideia de um messias geralmente atribuída ao Judaísmo, é historicamente anterior e encontra-se em outras crenças, entre vários povos. Ela é explicada, porém, com base na concepção de um passado remoto em que os homens teriam vivido situação melhor e que voltaria a existir pela mediação entre os homens e a divindade, de um Salvador. 

Emmanuel entretanto explica que os Capelinos, ao serem recebidos por Jesus, teriam guardado as reminiscências de seu planeta de origem e das promessas do Cristo, que as fortalecera ao longo do tempo, "enviando-lhe periodicamente os seus missionários e mensageiros. 

Os enviados do infinito falaram na china milenar, no Egito na Pérsia etc. 

Entre os judeus a ideia do Messias Salvador surge entre os séculos IV e III a. C. pela literatura profética. É o ungido, o enviado de Iavé com a missão de instaurar o reino de Deus no mundo. (Curti, 1980, p. 35)

4.2. O EVANGELHO

A missão de Jesus, como segunda revelação divina, foi a de trazer a boa nova, o Evangelho.  Quando o fez, não deixou nada escrito, de modo que gerou muitas dúvidas e discussões sem fim. Controvérsias essas amenizadas por Allan Kardec quando, na Introdução de o Evangelho Segundo o Espiritismo, diz para nos preocuparmos somente com o aspecto moral, deixando em segundo plano os milagres e as profecias.

Há vários tipos de evangelho: O Evangelho de Jesus, O Evangelho dos Apóstolos, Os Quatro Evangelhos e O Quinto Evangelho.

Há, também, os Evangelhos Apócrifos (entre 20 e 40), que são os ensinamentos escondidos e sem inspiração divina.

4.3. A PREGAÇÃO

Contava trinta anos quando começou a pregar a "Boa Nova". Compreende a sua vida pública um pouco mais de três anos (27 a 30 da era cristã). Utilizou-se, na sua pregação, o apelo combinado à razão e ao sentimento, por meio de parábolas ilustrativas das verdades morais. 

As duas regiões de sua pregação: 

1) Galiléia (Nazaré) - as cercanias do lago de Genesaré e as cidades por ele banhadas, e principalmente Cafarnaum, centro a atividade messiânica de Jesus; 

2) Jerusalém - que visitou durante quatro vezes durante o seu apostolado e sempre por ocasião da Páscoa. 

Na Galiléia, percorrendo os campos, as aldeias e as cidades, Jesus anunciava às turbas que o seguem o Reino de Deus; é aí, também, que recruta os seus doze apóstolos e os prepara para serem as suas testemunhas. Ao mesmo tempo, vai realizando milagres. 

Em Jerusalém, continuamente perseguido pela hostilidade dos fariseus (seita muito considerada e muito influente, que constituía a casta douta e ortodoxa do judaísmo), ataca a hipocrisia deles e esquiva-se às suas ciladas. Como prova de sua missão divina, apresenta-lhes a cura de um cego de nascença e a ressurreição de Lázaro. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira) 

5. OS APÓSTOLOS

5.1. OS 12 ESCOLHIDOS

"Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: primeiro, Simão, por sobrenome Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Felipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão o Zelote, e Judas Iscariotes, que foi também quem o traiu". (Mateus, 10, 2 a 4) Jesus Recrutou-os entre os que ouviam as pregações de João Batista. 

"Frequentemente era nas proximidades de Cafarnaum que o Mestre reunia grande comunidade dos seus seguidores. Numerosas pessoas o aguardavam ao longo do caminho, ansiosas por lhe ouvirem a palavra instrutiva. Não tardou, porém que ele compusesse o seu reduzido colégio de discípulos. 

Depois de uma pregação do novo reino, chamou os 12 companheiros que, desde então, seriam os intérpretes de suas ações e de seus ensinos. Eram eles os homens mais humildes e simples de lago de Genesaré". (Xavier, 1977, p. 38)

5.2. AS INSTRUÇÕES

"A estes doze enviou Jesus, dando-lhes as seguintes instruções: Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos; mas, de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel; e, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, purificai leprosos, repeli demônios; de graça recebestes, de graça dai. Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre nos vossos cintos; nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão: porque digno é o trabalhador do seu alimento. E em qualquer cidade ou povoado em que entrardes, indagai quem neles é digno; e aí ficai até vos retirardes. Ao entrardes na casa, saudai-a; se, com efeito, a casa for digna, venha sobre ela a vossa paz; se, porém, não o for, torne para vós outros a vossa paz. Se alguém não vos receber, nem ouvir as vossas palavras, ao sairdes daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés". (Mateus, 10, 5 a 14)

5.3. ADMOESTAÇÕES, ESTÍMULOS E RECOMPENSAS

"Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e simples como as pombas... Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém, que perseverar até ao fim, esse será salvo. Quando, porém, vos perseguirem numa cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel, até que venha o Filho do homem". Mateus, 10, 16 a 23)

"O discípulo não está acima do seu mestre, nem o servo acima do seu senhor. Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como o seu senhor. Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos? Portanto, não os temais: pois nada há encoberto, que não venha a ser revelado; nem oculto, que não venha a ser reconhecido. O que vos digo às escuras, dizei-o a plena luz; o que se vos diz ao ouvido , proclamai-o sobre os telhados; não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo. Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai. E quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão contados. Não temais pois! Bem mais valeis vós do que muitos pardais. Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai que está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus". (Mateus, 10, 24 a 33)

"Não penseis que eu vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa. Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz, e vem após mim, não é digno de mim. Quem acha a sua vida, perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa, achá-la-á". (Mateus, 10, 34 a 39)

"Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. Quem recebe um profeta, no caráter de profeta, receberá o galardão de profeta; quem recebe um justo, no caráter de justo, receberá o galardão de justo. E quem der a beber ainda que seja um copo de água fria, a um destes pequeninos, por ser este meu discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão". ( Mateus, 10, 40 a 42)

6. JUDAS ISCARIOTES

6.1. O TRAIDOR

Judas Iscariotes, o último lugar na lista dos apóstolos com a nota de que "foi traidor". Tornou-se tesoureiro, ou seja, a pessoa encarregada de cuidar dos recursos financeiros do grupo. Acompanhou Jesus durante a sua vida pública. Judas entregou Jesus a seus inimigos por 30 moedas de prata. Acompanhou os soldados que prenderam Jesus no Horto e identificou-o com um beijo.

6.2. O EVANGELHO DE JUDAS

As descobertas de Nag Hammadi — Confirmando o Novo Testamento, os escritos ditos gnósticos, descobertos no Egito em Nag Hammadi em 1945, também permitem penetrar melhor o mundo helenístico e sua influência em certas comunidades cristãs tardias. Citemos, por exemplo, o Evangelho de Judas (do século III ou IV). Este quer reabilitar a figura deste último, que não seria mais um traidor, e sim, pelo contrário, o primeiro apóstolo que ajudou Jesus a "se desembaraçar de seu invólucro carnal". (Perrot, 2010)

O Evangelho de Judas, considerado um texto gnóstico, tem conteúdo polêmico. Trata das relações entre Judas, "o traidor", e Jesus Cristo. Detalha que a traição, pregada pela Igreja, foi bem diferente: Judas na realidade atendeu a um pedido do próprio Jesus para que fosse denunciado aos romanos e, assim, cumprir a sua missão. Judas não teria se enforcado. Fora para o deserto, satisfeito por ter realizado sua grande missão e atendido o pedido de Jesus.

6.3. MENSAGENS ESPÍRITAS 

No capítulo 5 "Judas Iscariotes", de Crônicas de Além-Túmulo,  Judas diz: "o Sinedrim desejava o reino do céu pelejando por Jeová, a ferro e fogo; Roma queria o reino da Terra. Jesus estava entre essas forças antagônicas com a sua pureza imaculada. Ora, eu era um dos apaixonados pelas ideias socialistas do Mestre, porém o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador. Acima dos corações, eu via a política, única arma com a qual poderia triunfar e Jesus não obteria". 

No capítulo 24 "A Ilusão de Discípulo", de Boa Nova, há um diálogo entre Judas e Tiago. Judas critica a demasiada simplicidade do Jesus, dizendo que as reivindicações do nosso povo exigem um condutor enérgico e altivo... Tiago, por sua vez, contrapõe tal argumento: "Israel sempre teve orientadores revolucionários; o Messias, porém, vem efetuar a verdadeira revolução, edificando o seu reino sobre os corações e nas almas!"...

7. CONCLUSÃO

Até a psicografia de Chico Xavier, o mundo conhecia Judas como um traidor e, por isso, merecia ser malhado a cada ano durante a Paixão de Cristo. O Espírito Humberto de Campos dá-nos outra visão, especificamente nos livros "Crônicas de Além-Túmulo" e "Boa Nova", alertando-nos para a ilusão do discípulo que não conseguia compreender bem a missão do seu Mestre. 

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CURTI, R. Monoteísmo e Jesus. São Paulo, FEESP, 1980.

Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, s.d. p.

PERROT, Charles. Jesus. Tradução de Denise Bottmann. Porto Alegre, RS: L&PM, 2010. (Coleção L&PM POCKET)

XAVIER, F. C. Boa Nova, pelo Espírito Humberto de Campos. 11. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.

XAVIER, Francisco Cândido. Crônicas de Além-Túmulo, pelo Espírito Humberto de Campos. Rio de Janeiro: Feb, 1975.

São Paulo, julho de 2018.