Excesso e Espiritismo

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Identificando os Excessos Materiais, Morais e Espirituais: 4.1. Excessos Materiais; 4.2. Excessos no Campo Moral; 4.3. Excessos no Campo Espiritual. 5. Subsídios para a Administração dos Excessos: 5.1. A Virtude é a Justa Medida; 5.2. Estresse Mental; 5.3. Exemplo de Desprendimento dos Bens Materiais. 6. O Espiritismo: Mensagens do Espírito Emmanuel: 6.1. Excesso; 6.2. Dinheiro e Atitude; 6.3. Avareza. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O que se entende por excesso? Que tipo de excesso estamos praticando? Como detectar os nossos próprios excessos? Há referência na literatura espírita?

2. CONCEITO

Excesso. Do latim excessus. Diz-se do que ultrapassa a medida justa, a medida normal e vulgar, a medida que se fixou. É a diferença para mais numa determinada quantidade comparada.

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O ser humano, ao longo do tempo, foi automatizando diversos hábitos e atitudes, também conhecidos como reflexos condicionados.

Possivelmente, não tenha se conscientizado dos males que certas ações provocaram no seu metabolismo, no seu caráter e na sua personalidade.

Temos muitos comportamentos viciados, que não foram percebidos; por isso, transformaram-se em excessos de toda ordem.

Um exemplo: parece que estamos praticando uma alimentação saudável. De repente, fazemos um exame de sangue e percebemos que o colesterol está alto. Perguntamos: em que tipo de alimento estou exagerando? O que parecia saudável já não o é mais.

Tentemos identificar alguns desses excessos e procuremos os conselhos dos benfeitores do espaço para nos ajudar na sua erradicação.

4. IDENTIFICANDO OS EXCESSOS MATERIAIS, MORAIS E ESPIRITUAIS

4.1. EXCESSOS MATERIAIS

Passemos um olhar pelo nosso guarda-roupa, pela nossa despensa, pela nossa biblioteca, ou seja, pela nossa residência, de um modo geral. Quantas não são as coisas que nunca mais iremos usar, e que poderiam ser úteis aos outros, que estão ali “enferrujando”? Poder-se-ia também falar do excesso de peso, pela abundância de alimentação; do excesso de dinheiro pelo desejo de possuir etc.  

4.2. EXCESSOS NO CAMPO MORAL

Façamos uma pequena reflexão: qual o grau de preguiça e comodidade existente dentro de nós?  Somos excessivamente maledicentes? Estamos constantemente pensando em consumir drogas, bebidas alcoólicas? Temos forte apego pelos nossos próprios pertences? Como está o grau do nosso orgulho, de nossa vaidade e do nosso egoísmo? Preferimos ficar sempre numa zona de conforto, ou procuramos desafios em nossa vida?  

4.3. EXCESSOS NO CAMPO ESPIRITUAL

Geralmente, quando nos dedicamos a uma causa espiritual, pensamos estar sob o guante de uma missão e nos desregramos. Observe a atuação de muitos novatos numa Casa Espírita. Depois de reequilibrados física e espiritualmente, querem recompensar com os seus trabalhos com o seus atos de caridade. Não percebem que o trabalho mediúnico mais fecundo exige tempo e maturação.

Quer dizer, desejamos agir em função de uma potencialidade que não temos e o resultado, quase sempre, é um desequilíbrio mental e espiritual.

5. SUBSÍDIOS PARA A ADMINISTRAÇÃO DOS EXCESSOS

5.1. VIRTUDE É A JUSTA MEDIDA

Aristóteles, na antiguidade, já nos alertava que quando houvesse excesso ou falta, a virtude deixava de existir.

Para ele, a virtude implica a justa medida: é o caminho do meio. O excesso, isto é, o muito , e a falta, isto é, o muito pouco, são vícios.

A virtude é a realização do justo equilíbrio, que sabe tomar a exata medida limitando-se nas duas direções do muito e do muito pouco.  

Observe o líquido que a cobra produz: na medida justa é remédio, cura; no excesso, é veneno, mata.

5.2. ESTRESSE MENTAL 

Em nosso dia a dia, acumulamos uma série de hábitos mentais, que vão se deplorando com o passar do tempo. O halterofilismo mental é o ponto inicial para a eliminação dos excessos. Dadas as nossas atividades materiais e espirituais, acabamos não tendo mais tempo para conversar com amigos e familiares. Ficamos demasiadamente presos dentro de nosso mundo interior, que não conseguimos mais ver um passo além.

Muitas dessas atitudes podem nos levar ao estresse mental que se consubstanciam na angústia, na depressão e na ansiedade.

5.3. EXEMPLO DE DESPRENDIMENTO DOS BENS MATERIAIS

São Francisco de Assis (1182-1226) deu-nos um belo exemplo do desprendimento dos bens materiais, no sentido de verticalizar os bens espirituais. Ele foi o fundador da ordem dos frades franciscanos. Pertencia a uma rica família mercante no norte da Itália. Em 1202, abandonou tudo em favor da vida religiosa. Adotou a extrema pobreza, trabalhando e pregando, especialmente para os pobres e doentes.

Seu ensinamento refletia um profundo amor ao mundo natural e respeito pela mais humilde de suas criaturas. Vestindo apenas roupas simples, acabou rejeitando todo e qualquer tipo de possessão material.

6. O ESPIRITISMO: MENSAGENS DO ESPÍRITO EMMANUEL

6.1. EXCESSO

O Espírito Emmanuel, comentando a passagem “Pois que aproveitaria ao homem ganhar o mundo todo e perder a sua alma?” — Jesus (Marcos, 8, 36), diz-nos que: 1) o apego ao supérfluo é introdução à loucura; 2) juntar abusivamente é motivo de aflição e inutilidade; 3) alimentos guardados, valores a caminho da podridão; 4) roupas em desuso, asilo de traças; 5) demasiados recursos amoedados, tentações para os descendentes.

Em outras palavras, quando nos agarramos ao efêmero, ao transitório, estamos no campo da ilusão. Nesse caso, convém analisarmos todo o material que amontoamos. (Xavier, 1986, cap. 73)

6.2. DINHEIRO E ATITUDE

Da citação evangélica, “Porque a paixão do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males e, nessa cobiça, alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.” — Paulo (I Timóteo, 6, 10), o Espírito Emmanuel chama a nossa atenção: 1) o dinheiro é um perigoso tirano de quem o escraviza; 2) quando o encarceramos ele nos encarcera; 3) ele deforma os corações que o segregam ao vício; 4) ligado às inteligências perversas é causa de lágrimas para viúvas e órfãos; 5) orientado na direção do progresso é fonte de luz para toda a humanidade.

Por isso, façamos dele um meio de troca, no sentido de alocarmos os recursos da natureza em beneficio de toda a humanidade, inspirando ideias e disseminando oportunidades de trabalho e progresso. (Xavier, 1986, cap. 48)

6.3. AVAREZA

No texto evangélico, “E disse-lhes: acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de cada um não consiste na abundância das coisas que possui.” — Lucas, 12,15, Emmanuel anota: 1) fujamos da retenção de qualquer coisa sem espírito de serviço; 2) as próprias águas da natureza, sem benefício algum, formam zonas infecciosas: 3) toda avareza é centralização doentia, preparando metas de sofrimento; 4) amontoar vantagens financeiras pode ser fonte de ódio dos vizinhos.

Lembra-nos que a vida do homem não consiste na abundância daquilo que possui, mas em tudo o que espalha de bem e de útil, em atendimento à vontade do Supremo Senhor. (Xavier, 1971, cap. 52)

7. CONCLUSÃO

Urge reconhecer que nu viemos e nu partiremos desta vida. Assim, uma só coisa é necessária: que amontoemos coisas sob o olhar complacente do nosso mestre Jesus. O apego costuma dificultar nossa entrada no mundo dos Espíritos.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

XAVIER, F. C. Palavras de Vida Eterna, pelo Espírito Emmanuel. 8. ed., Minas Gerais: CEC, 1986.

XAVIER, F. C. Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1971.

São Paulo, Julho de 2011.