Solidão

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Filosofia: 4.1. A Solidão é Essencial para a Filosofia; 4.2. Reflexão; 4.3. Tempo Livre. 5. Família: 5.1. Morte de Ente Querido; 5.2. Separação dos Casais; 5.3. Isolamento Natural. 6. Ponderações Espíritas: 6.1. Apelo Espírita; 6.2. Mar Alto; 6.3. Solidão. 7. Conclusão

1. INTRODUÇÃO

O que é solidão? Podemos estar sós no meio da multidão? Podemos estar sós no meio dos familiares? Quais os aspectos positivos e negativos da solidão? Por que os grandes pensadores precisavam da solidão?

2. CONCEITO

Solidão é a falta de companhia, que pode ser voluntária (vontade própria) ou involuntária (circunstâncias de vida). Trata-se de um sentimento ou estado subjetivo, tendo em conta que existem diferentes graus ou matizes de solidão podendo ser encarados de diferentes formas dependendo da pessoa.

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Viemos só e iremos só. Eis o ponto central da solidão.

No fundo, estamos sempre conosco mesmos.

Infeliz é aquele que foge de si mesmo.

Jesus se refugiava no Horto das Oliveiras.

Diz-se que Buda meditava na montanha.

Muitos pensadores e religiosos preferiam o silêncio e a vida solitária para melhor captar as inspirações do além.

4. FILOSOFIA

4.1. A SOLIDÃO É ESSENCIAL PARA A FILOSOFIA

Os verdadeiros filósofos defendem que um dos ensinamentos do espírito livre é a solidão. Nela o ser se vê diante de si mesmo. Nietsche dizia: “Não venha roubar minha solidão, se não tiver algo mais valioso para oferecer em troca.” Para o filósofo alemão Martin Heidegger, a solidão é o estado inato do Homem, cada ser está por si só no mundo. A solidão se apresenta como algo inevitável e essencial na filosofia de vida schopenhaueriana, pois os indivíduos afirmadores da própria grandeza sentirão perturbados e furtados de seu ser e do seu tempo com o frequente contato com criaturas conformadas com as máscaras sociais.

4.2. REFLEXÃO

Um dos aspectos relevantes da filosofia é a reflexão, que nada mais é do que a volta do espírito sobre o objetos de sua atenção, procurando ampliar a compreensão daquele evento específico. Na reflexão, a solidão é sumamente valiosa. Santo Agostinho nos alertava para que dispuséssemos de algum tempo para repassar o dia e verificar o procedimento dos nossos pensamentos, palavras e atos.

4.3. TEMPO LIVRE

Os grandes mestres estão sempre nos aconselhando ao afastamento das coisas não essenciais para nos dedicarmos aos grandes arroubos do pensamento. É a imperiosa necessidade que temos de nos voltarmos para nós mesmos e, por isso, precisamos nos separar momentaneamente das opiniões, do diz-que-diz e das diversas publicações das mídias sociais.

5. FAMÍLIA

5.1. MORTE DE ENTE QUERIDO

De repente nos vemos na solidão. Morre um ente querido e os acontecimentos posteriores levam-nos a ficar isolados dos demais familiares. Sentimo-nos tristes, desamparados, e a primeira ideia é reclamar dos desígnios de Deus. Esta não é atitude correta. Ao contrário, tenhamos paciência, pois o auxílio do Alto pode estar vindo em nossa direção.

5.2. SEPARAÇÃO DE CASAIS

A separação dos casais pode desencadear momentos de solidão. Conforme for administrado, o sentimento de solidão pode levar à depressão. Isto acontece porque a pessoa desenvolve sentimento de insegurança, estressse, ansiedade, gerando impactos sobre a saúde física e espiritual.

5.3. ISOLAMENTO NATURAL

Numa família, nem todos pensam da mesma maneira. Aquele que mais destoa do grupo familiar acaba se isolando dos demais. Muitas delas são taxadas de “pessoas difíceis”, “ovelha negra”, entre outros.

6. PONDERAÇÕES ESPÍRITAS

6.1. APELO ESPÍRITA

Não queiramos que os outros pensem pela nossa cabeça. Cada um de nós está num nível de evolução espiritual diferente. Aquilo que é o deleite deles pode ser o nosso pesadelo, mas nem por isso eles estão errados e nós certos. Observe que renunciar ao pai, à mãe e aos parentes não é abandoná-los, o que seria muito mais fácil, mas compreendê-los em suas lutas, em suas disposições e em suas ações.

Lembremo-nos de que a pedra sofre a ação do buril para se tornar peça de adorno, a semente se apaga na cova para nos dar os frutos sazonados e muitos benfeitores da humanidade tiveram que passar muito tempo na obscuridade para nos trazer a luz dos conhecimentos superiores. Do mesmo modo, a nossa solidão com serviço aos semelhantes gera a grandeza de alma, que só futuramente saberemos reconhecer com mais exatidão.

6.2. MAR ALTO

“Em surgindo, pois, a tua época de dificuldade, convence-te de que chegaram para tua alma os dias de serviço em “mar alto”, o tempo de procurar os valores justos, sem o incentivo de certas ilusões da experiência material. Se te encontras sozinho, se te sentes ao abandono, lembra-te de que, além do túmulo, há companheiros que te assistem e esperam carinhosamente.

O Pai nunca deixa os filhos desamparados, assim, se te vês presentemente sem laços domésticos, sem amigos certos na paisagem transitória do Planeta, é que Jesus te enviou a pleno mar da experiência, a fim de provares tuas conquistas em supremas lições”. (Capítulo 21 do livro Pão Nosso)

6.3. SOLIDÃO

“À medida que te elevas, monte acima, no desempenho do próprio dever, experimentas a solidão dos cimos e incomensurável tristeza te constringe a alma sensível...

Em torno de ti, a claridade, mas também o silêncio...

Dentro de ti, a felicidade de saber, mas igualmente a dor de não seres compreendido...

Não te canses de aprender a ciência da elevação...

Confia no Infinito Bem que te aguarda...

Não esperes pelos outros, na marcha de sacrifício e engrandecimento. E não olvides que, pelo ministério da redenção que exerceu para todas as criaturas, o Divino Amigo dos homens não somente viveu, lutou e sofreu sozinho, mas também foi perseguido e crucificado”. (Capítulo 70 do livro Fonte Viva)

7. CONCLUSÃO

Muitas vezes somos levados à solidão para ampliar a nossa capacidade de amar ao próximo. Atendamos ao chamamento divino e não nos percamos em lamúria, pois a solidão absoluta não existe e mesmo sós estamos acompanhados por uma nuvem de testemunhas espirituais.

São Paulo, janeiro de 2022.