Doutrina Espírita

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Doutrina Espírita: 4.1. Filosofia Espírita; 4.2. Ciência Espírita; 4.3. Religião Espírita. 5. Contraditores: 5.1. Quem São os Contraditores?; 5.2. O Crítico, o Cético e o Padre; 5.3. Contraditores na Atualidade. 6. Fundamentação Doutrinária: 6.1. A Obra não é de Kardec, mas dos Espíritos; 6.2. Antes de Expor, Conhecer; 6.3. Pureza Doutrinária. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO 

O que se entende por doutrina? E Doutrina Espírita? Qual a contribuição de Allan Kardec? Quais são os princípios fundamentais da Doutrina Espírita? 

2. CONCEITO 

Doutrina – conjunto de teorias, noções e princípios, constituindo o fundamento de uma ciência, de uma filosofia, de uma religião etc. 

Doutrinário – pessoa que obedece rigidamente aos princípios da própria doutrina, dando mais valor à teoria do que à prática.

Doutrina Espírita – conjunto dos princípios codificados por Allan Kardec.  

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 

A Doutrina Espírita surgiu a partir da publicação de O Livro dos Espíritos, em 1857. A ideia espírita, porém, vem de longa data.  

Allan Kardec, na Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo, cita Sócrates e Platão como os precursores do Espiritismo.  

O Espiritismo é considerado o Consolador Prometido, a terceira revelação divina. A primeira revelação, com Moisés, foi local e pessoal; a segunda, com Jesus, também foi local e pessoal; a terceira, porém, não teve um revelador, mas um codificador. Ela é uma revelação dos Espíritos.  

A promessa do Consolador feita por Jesus pressupõe o transcorrer do tempo, tempo esse para o desenvolvimento das ciências e da filosofia.  

4. DOUTRINA ESPÍRITA 

A Doutrina Espírita, um marco no progresso da humanidade, apresenta-se de modo singular, ou seja, é ao mesmo tempo FILOSOFIA, CIÊNCIA e RELIGIÃO.  

4.1. FILOSOFIA ESPÍRITA 

A Filosofia Espírita pode ser definida como o pensamento debruçado sobre si mesmo para a compreensão da realidade. No dizer de Gonzales Soriano, "É a síntese essencial dos conhecimentos humanos aplicados à investigação da verdade". A filosofia espírita apresenta-se, assim, como um delta de todo o processo histórico, uma síntese de tudo o que outros filósofos argumentaram, mas tendo as suas interpretações próprias, alicerçadas nos princípios doutrinários. Nesse aspecto, a noção de perispírito assume papel relevante.

4.2. CIÊNCIA ESPÍRITA  

A Ciência Espírita procede da mesma forma que as ciências naturais. O cientista natural observa, experimenta, faz hipóteses e tira conclusões. As consequências serão aceitas se confirmadas pela experiência sensorial dos fatos. O cientista espírita observa, experimenta, formula hipóteses e tira conclusões. As consequências serão aceitas se comprovadas pela experiência extra-sensorial. O procedimento é o mesmo. A diferença consiste na natureza das percepções consideradas. 

4.3. RELIGIÃO ESPÍRITA 

Em Obras Póstumas, Kardec diz: "O Espiritismo é uma doutrina filosófica que tem consequências religiosas como toda a filosofia espiritualista, pelo que toca forçosamente nas bases fundamentais de todas as religiões: Deus, alma e vida futura. Não é ele, porém, uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templo, e entre os seus adeptos nenhum tomou nem recebeu o título de sacerdote ou "papa"”.  

5. CONTRADITORES  

5.1. QUEM SÃO OS CONTRADITORES?

Os contraditores são as pessoas que se opõem às idéias, aos sentimentos e às opiniões de alguém. Para os que sabem aproveitar, os adversários são pessoas úteis, porque nos apontam os defeitos que temos de corrigir. No âmbito dos ensinamentos espíritas, Allan Kardec observa que a maior parte das objeções que se faz à doutrina provém de uma observação incompleta dos fatos e de um julgamento precipitado. O Espírita sincero não deve temer a crítica e a oposição, pois isso fortalece o próprio Espiritismo. Exemplificando: a queima de livros em Barcelona não pôs em evidência o conteúdo doutrinal? 

5.2. O CRÍTICO, O CÉTICO E O PADRE 

Allan Kardec, em O Que É o Espiritismo, narra três diálogos com os seus contraditores: o Crítico, o Cético e o Padre. Deixava entrever que, se uma pessoa fosse procurá-lo para discutir, ela já tinha estudado a questão sob todas as suas faces, visto tudo o que se podia ver, lido tudo o que sobre a matéria se tinha escrito e analisado e comparado as diversas opiniões. Para o crítico, por exemplo, que se diz ex professo, e que deseja publicar um livro demonstrando que o Espiritismo está em erro, Allan Kardec diz: "Se o Espiritismo é uma falsidade ele cairá por si mesmo; se, porém, é uma verdade, não há diatribe que possa fazer dele uma mentira". 

5.3. CONTRADITORES NA ATUALIDADE 

Quem são os contraditores da atualidade? Na atualidade, o Espiritismo tornou-se uma espécie de status social, ou seja, dizer-se Espírita dá certa supremacia sobre as demais religiões. As contradições, assim, são mais veladas e se mantém no nível de ideias, principalmente aquelas calcadas pelas religiões dogmáticas, que insistem em dizer que o Espiritismo é coisa do diabo, do demônio.

6. FUNDAMENTAÇÃO DOUTRINÁRIA 

6.1. A OBRA NÃO É DE KARDEC, MAS DOS ESPÍRITOS 

A Doutrina dos Espíritos (ou o Espiritismo) tem o seu conjunto de princípios, catalogados por Allan Kardec. O Codificador deixa bem claro que os ensinamentos – contidos em suas obras – não são seus, mas expressão fiel das comunicações dos Espíritos superiores, desejosos de auxiliar a nossa evolução espiritual. Entre os seus princípios fundamentais estão: Existência de Deus, Reencarnação, Mediunidade, Lei de Causa e Efeito, Pluralidade dos Mundos Habitáveis etc. 

6.2. ANTES DE EXPOR, CONHECER 

Para conhecer a Doutrina Espírita, o adepto deve debruçar-se sobre as obras básicas e as complementares. Sem isso, não poderá divulgá-lo a contento.  

As Obras Básicas são: O Livro dos Espíritos (1857), O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865) e A Gênese (1868). Entre as Obras Complementares estão os escritos de Gabriel Delanne, Léon Denis, Camille Flammarion, J. Herculano Pires e Edgar Armond. Incluem-se, também, as obras mediúnicas de Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco e outros.

6.3. PUREZA DOUTRINÁRIA 

Nota-se muitas vezes que o divulgador do Espiritismo não toma o devido cuidado em separar o que é doutrinário daquilo que não o é. Isso pode causar confusão na mente daqueles que entram em contato com os preceitos espíritas. Falamos naturalmente sobre os chacras, o corpo astral, o fogo serpentino e o carma sem darmos conta de que essas palavras foram extraídas da filosofia esotérica. Para o professor Ari Lex, ferrenho defensor da pureza doutrinária do Espiritismo, deveríamos usar o termo "atmosfera psíquica" e não "aura", como habitualmente o fazemos.  

7. CONCLUSÃO 

Tenhamos o devido cuidado na divulgação da Doutrina Espírita. Antes de fazê-lo, debrucemo-nos pacientemente sobre os seus princípios fundamentais. Com isso, podemos pôr em prática o aviso do Espírito André Luiz: "Quando o trabalhador estiver pronto, o trabalho aparecerá".

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

KARDEC, A. O Que é o Espiritismo. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1981.

KARDEC, A. Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 15.ed., Rio de Janeiro: FEB, 1975.

São Paulo, maio de 2015.