História do Espiritismo: Algumas Notas

"Enquanto o preconceito e a rotina predominam, estamos no passado. Quando a luz chega, o passado dá lugar ao futuro, mais de acordo com a lógica e a ética."

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. A Revista Espírita. 3. Etapas do Desenvolvimento da Doutrina Espírita. 4. História do Espiritismo, Segundo Allan Kardec. 5. O Começo da História do Espiritismo. 6. Narração da Luta entre o Mundo Visível e o Invisível. 7. Visita aos Centros Espíritas. 8. O Auto-de-Fé de Barcelona. 9. A História do Espiritismo: Kardec e Conan Doyle. 10. Fenômenos Produzidos por Home, Irving e Davis. 11. O Espiritismo no Brasil. 12. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

A Doutrina Espírita surgiu a partir da publicação de O Livro dos Espíritos, em 1857. A ideia espírita vem de longa data. Allan Kardec, por exemplo, na Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo, diz que Sócrates e Platão foram os precursores do Espiritismo. No tocante às revelações, o Espiritismo aparece como a terceira revelação divina, tendo a de Moisés e de Jesus, respectivamente, como primeira e segunda.

A Doutrina Espírita, um marco no progresso da humanidade, apresenta-se de modo singular, ou seja, é ao mesmo tempo FILOSOFIA, CIÊNCIA e RELIGIÃO. Como entender? Qualquer matéria pode e deve ser analisada sob esses três aspectos. Pender para um dos lados, pode dificultar a compreensão mais exata da referida matéria. 

2. A REVISTA ESPÍRITA

A Revista Espírita, no conjunto da Codificação, é um verdadeiro documentário, um valioso relatório científico e histórico, a composição da história do Espiritismo. Nesses 12 volumes e 11 anos e quatro meses de trabalho, estão arrolados as reuniões, as pesquisas, os trabalhos publicados, os estudos da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, os trabalhos dos Centros Espíritas, bem como as contribuições das sociedades estrangeiras a ela ligadas.

3. ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DA DOUTRINA ESPÍRITA

Allan Kardec, na Revista Espírita de 1863, dissera que o desenvolvimento da Doutrina Espírita se processaria em 6 períodos: 1) curiosidade; 2) filosófico; 3) luta; 4)religioso; 5) intermediário; 6) renovação social. O período de curiosidade caracterizou-se pelos fenômenos das mesas girantes. O período filosófico coincidiu com o lançamento de O Livro dos Espíritos (18/04/1857). O período de luta identificou-se com o auto-de-fé de Barcelona (1860), em que os livros espíritas foram queimados em praça pública. Não houve explicação para o período intermediário. O período de renovação social preconizava a mudança de hábitos e atitudes de toda a humanidade.

4. HISTÓRIA DO ESPIRITISMO, SEGUNDO ALLAN KARDEC

A história do Espiritismo moderno será a “das fases que terá percorrido, de suas lutas e de seus sucessos, de seus defensores, de seus mártires e de seus adversários, pois é preciso que a posteridade saiba de que armas se serviram para o atacar; é preciso, sobretudo, que ela conheça os homens de coração, que se devotaram à sua causa com inteira abnegação, completo desinteresse material e moral, a fim de que lhes possa pagar um justo tributo de reconhecimento...” (R.E. 1863, p.203)

5. O COMEÇO DA HISTÓRIA DO ESPIRITISMO

A História do Espiritismo começa com o discurso de Allan Kardec no Banquete de Lyon, em que enfatiza a aliança de todos os países para a divulgação da nova ideia.

Antes de 1850, havia a história da ideia espírita. A partir de 1850, Allan Kardec empreende o Espiritismo como ciência, filosofia e religião. Dessa forma, o ano de 1850 foi nomeado como o início da História do Espiritismo Moderno.

6. NARRAÇÃO DA LUTA ENTRE O MUNDO VISÍVEL E O INVISÍVEL

De acordo com Allan Kardec, as gerações futuras devem saber a quem deverão um justo tributo de reconhecimento; é preciso que consagrem a memória dos verdadeiros pioneiros da obra regeneradora e que não haja glórias usurpadas. (R.E. 1864, p. 144)  

7. VISITA AOS CENTROS ESPÍRITAS

Allan Kardec, ao visitar os Centros Espíritas, tinha não só o objetivo de divulgar os princípios doutrinários como também compor a história do Espiritismo, pois recolhia dados importantes para esta nobre tarefa. Observava, assim, o zelo e o reconhecimento dos verdadeiros adeptos da causa espírita.

8. O AUTO-DE-FÉ DE BARCELONA

Auto-de-fé de Barcelona – expressão notabilizada por Allan Kardec – para se referir à queima, em praça pública, de trezentos livros espíritas, realizada no dia 9 de outubro de 1861 em Barcelona, Espanha, é um fato marcante na história do Espiritismo.

A destruição pelo fogo das referidas obras nada mais fez do que chamar a atenção para o Espiritismo.

9. A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO: KARDEC E CONAN DOYLE

Kardec estabelece as duplas ligações do Espiritismo com o Cristianismo, de um lado, e com o Druidismo, de outro, e prova que antes das ocorrências espíritas de Hydesville, nos Estados Unidos, com as irmãs Fox, narradas por Arthur Conan Doyle, em História do Espiritismo, já se realizavam sessões espíritas na França.

10. FENÔMENOS PRODUZIDOS POR HOME, IRVING E DAVIS

Daniel Dunglas Home (1833-1866), célebre médium nascido na Escócia, com capacidade de clarividência, alongamento (aumento da estatura do corpo) e levitação. Produzia também misteriosos deslocamentos de móveis e objetos, mensagens atribuídas a pessoas mortas, transmitidas através de golpes ou ruídos, vozes misteriosas de origem desconhecida etc.

A história de Edward Irving (1792-1834), ministro presbiteriano, e sua experiência entre 1830 e 1833, é de grande interesse para a construção do pilar histórico do Espiritismo. Edward Irving, embora pertencesse àquela mais pobre classe de trabalhadores braçais escoceses, pregou carismas e dons miraculosos (curas e línguas estranhas) junto à Igreja à qual pertencia. Fato este que o tornou famoso. (Doyle, s. d. p., cap. II)

Andrew Jacson Davis (1826-1910), profeta da nova revelação, com sua clarividência acurada, antecipou o famoso episódio de Hydesville. (Doyle, s. d. p., cap. III)

Para Allan Kardec, esses fenômenos produzidos por Home e outros fazem parte do período denominado de curiosidade, em que fenômenos físicos chamam a atenção para o desdobramento dos aspectos filosóficos e científicos da doutrina. (R.E. 1863, p. 281)

11. O ESPIRITISMO NO BRASIL

Em 17/09/1865 —Salvador, Bahia —, é instalado o "Grupo Familiar do Espiritismo", o primeiro Centro Espírita do Brasil e, às 20h30, Luís Olímpio Teles de Menezes preside a uma sessão mediúnica, onde se recebe a primeira página psicografada e assinada por "Anjo Brasil".

Elias da Silva, juntamente com um grupo de dirigentes,  fundou, no dia 1º de janeiro de 1884, a Federação Espírita Brasileira, tendo como primeiro presidente o Sr. Ewerton Quadros, e como órgão oficial a revista O Reformador ("órgão evolucionista"), fundada também pelo Sr. Elias da Silva, no dia 21 de janeiro de 1883. Mesmo assim não foi fácil o trabalho de unificação. Adolfo Bezerra de Menezes, que começou a sua atuação nestes anos, teve muita dificuldade para entender os espíritas. (Barbosa, 1987, p. 79 a 82)  

Cairbar Schutel (1868-1938), cognominado de bandeirante do Espiritismo, sendo um homem de fibra e de coragem, é colocado como um dos baluartes do Espiritismo. Dizia que sua tarefa estava limitada à divulgação da missão kardecista. Assim, inspirado na figura de Paulo de Tarso, empreendeu uma luta contra os dogmas da Igreja.

 Eurípedes Barsanulfo (1880-1918), famoso pelos seus desdobramentos, contribuiu eficazmente para a causa espírita. Não mediu esforços para a divulgação do Espiritismo, inclusive com ameaça de morte por parte de seus adversários.  

Francisco Cândido Xavier é, talvez, o mais eminente divulgador da Doutrina Espírita. Nasceu, no dia 02 de abril de 1910, na cidade de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais. Aos 5 anos de idade, já conversava com o Espírito de sua mãe (desencarnada). Com mais de 400 livros psicografados (muitos dos quais, hoje, traduzidos e editados em várias línguas), presume-se que o autor tenha ficado mais de 11 anos em transe mediúnico. O Espírito Emmanuel (que já reencarnou como Públio Lêntulus, senador romano da antiguidade, e como Padre Manoel da Nóbrega), é o seu guia protetor.

Além desses nomes podemos citar J. H. Pires, Yvone A. Pereira, Divaldo Pereira Franco e outros.

12. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BARBOSA, P. F. Espiritismo Básico. 3. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1987.

DOYLE, A. C. História do Espiritismo. São Paulo, Pensamento, s. d. p.

REVISTA ESPÍRITA

São Paulo, novembro de 2017.