Sobre as Artes em Geral: sua Regeneração pelo Espiritismo

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Considerações Iniciais. 3. Sobre as Artes em Geral: 3.1. As Preocupações Materiais; 3.2. A Decadência das Artes; 3.3. Arte Espírita. 4. A Teoria do Belo: 4.1. Que é o Belo?; 4.2. Beleza das Formas; 4.3. O Rosto é o Espelho da Alma. 5. Sobre a Música: 5.1. Música Celeste; 5.2. Música Espírita; 5.3. Influência do Espiritismo na Música. 6. Conclusão.

1. INTRODUÇÃO

Qual o sentido das artes em geral? As preocupações materiais substituem o interesse pelas artes? Como se explica a decadência das artes? Que é o belo? Há relação entre perfeição da forma e perfeição do espírito? O que se entende por música celeste?

2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Este tema encontra-se no livro Obras Póstumas, de Allan Kardec.

Allan Kardec desenvolve alguns pensamentos sobre a teoria do belo, a música celeste e a música espírita.

Ressalta a influência que o Espiritismo pode exercer sobre as artes como um todo.

3. SOBRE AS ARTES EM GERAL

3.1. AS PREOCUPAÇÕES MATERIAIS

Quando as pessoas dirigem o seu pensamento e sua atividade para as coisas materiais, para as necessidades da carne, elas eliminam todas as aspirações e a esperança pelo além-túmulo, substituindo o interesse pela arte.

Para aquele que nada vê além do círculo da vida presente, esta consequência é lógica e inevitável.

O sublime da arte é a poesia do ideal, que nos transporta para fora da esfera estreita da nossa atividade.

"Para o materialista, a realidade é a Terra, o seu corpo todo, pois que fora dele nada existe, e o pensamento extingue-se com a desorganização da matéria, como o fogo com o combustível. Não pode traduzir pela linguagem da arte senão aquilo que vê e sente. Ora se não vê e não sente senão a matéria tangível, nada mais pode transmitir".

3.2. A DECADÊNCIA DAS ARTES

"A decadência das artes é o resultado natural da concentração das ideias sobre as coisas materiais, e esta concentração, por sua vez, é o resultado da ausência de toda a fé e de toda a crença na espiritualidade do ser. O século colhe só o que semeou e quem semeia pedras não pode colher frutos".

Durante as épocas primitivas, em que os homens não conheciam senão a vida material e em que a filosofia divinizava a natureza, a arte procurou, antes de tudo, a perfeição da forma.

As artes só sairão do seu torpor por uma reação no sentido das ideias espiritualistas.

3.3. ARTE ESPÍRITA

Assim como a arte cristã sucedeu à pagã, transformando-a, assim a arte espírita será o complemento e a transformação da arte cristã. Pelo Espiritismo, a felicidade está mais perto de nós, ao nosso lado, nos Espíritos que nos cercam e que não cessam de entreter relações conosco.

“O Espiritismo abre à arte um campo novo, imenso, e ainda inexplorado; e quando o artista reproduzir o mundo espírita com perfeita convicção, encontrará nessa fonte as mais sublimes inspirações e o seu nome viverá nos séculos futuros, porque, às preocupações materiais e efêmeras da vida presente, anteporá o estudo da vida futura e eterna da alma”.

4. A TEORIA DO BELO

4.1. QUE É O BELO?

Conceito difícil. Os negros julgam-se mais belos que os brancos e vice-versa. Neste desencontro de gostos, haverá uma beleza absoluta? Em que consiste? Somos realmente mais belos que os hotentotes e os cafres? Por que?

4.2. BELEZA DAS FORMAS

Allan Kardec vale-se do livro As revoluções inevitáveis no globo e na humanidade, por Charles Richard, em que o autor empenha-se em combater a opinião da degeneração física do homem, dos tempos primitivos para cá. Passando à beleza das formas, exprime-se ele nestes termos, pág. 41 e seguintes:

“No que concerne à beleza do rosto, à graça da fisionomia, a este conjunto que constitui a estética do corpo, a superioridade ainda é mais fácil de ser provada”. Relaciona vários nomes famosos, tais como: Cícero, Júlio César...

"Galba, Vespasiano, Nerva, Caracala, Alexandre, Severo, Balbino, são mais hediondos do que feios”.

Depois dessa longa dissertação, Kardec conclui que “à medida que os instintos materiais se estiolam e dão lugar aos sentimentos morais, o invólucro exterior, que não tem mais de satisfazer a necessidades grosseiras, reveste formas cada vez mais leves, delicadas, em harmonia com a elevação e delicadeza dos pensamentos”. Em síntese, a perfeição da forma é consequência da perfeição do Espírito.

4.3. O ROSTO É O ESPELHO DA ALMA

“Diz-se, há muito, que o rosto é o espelho da alma. Esta verdade, tornada axiomática, explica o fato vulgar de desaparecerem certas fealdades ao reflexo das qualidades morais do Espírito, e a preferência muitas vezes de uma pessoa feia, dotada de eminentes qualidades, à que não tem senão a beleza plástica. É que essa fealdade não consiste senão nas irregularidades da forma e não exclui a delicadeza dos traços, necessária à expressão dos sentimentos delicados”.

Assim, a beleza real consiste na forma que mais se afasta da animalidade e melhor reflete a superioridade intelectual e moral do Espírito.

5. SOBRE A MÚSICA

5.1. MÚSICA CELESTE

A prova veio pelos sonhos da menina musicista que duvidava da música no espaço celeste. A explicação do Espírito de S. Luís: Não tendo ela se convencido, permitiu-lhe o Senhor aquele sono sonambúlico para que se convencesse.

"Então, o seu Espírito, desprendendo-se do corpo adormecido, voou ao espaço e foi admitido às regiões etéreas, onde o êxtase produzido pela impressão das celestes harmonias a fez exclamar: 'Que música! Que música!’. Sentindo-se, porém, cada vez mais atraída para as mais elevadas regiões do mundo espiritual, pediu que a despertassem, indicando o meio: a água”.

5.2. MÚSICA ESPÍRITA

Allan Kardec discorre sobre a harmonia. Diz:

“A harmonia, a ciência e a virtude são as três grandes concepções do Espírito: a primeira enleva-o, a segunda esclarece-o, a terceira eleva-o. Quem as possui em sua plenitude tem a pureza que resulta da união das três”.

“O Espírito, que tem o sentimento da harmonia, é como o que tem o maior grau de saber; goza incessantemente da riqueza, que amontoou. O homem inteligente, que ensina a ciência aos que a ignoram, sente a felicidade de ensinar, porque sabe que faz felizes os que instrui. O que faz ressoar o éter, produzindo os acordes harmoniosos, que tem em si, sente a felicidade de ver satisfeitos os que o escutam”.

5.3. INFLUÊNCIA DO ESPIRITISMO NA MÚSICA

“O Espiritismo, moralizando os homens, exercerá necessariamente grande influência na música. Há de produzir mais compositores virtuosos, que comunicarão as virtudes por meio das composições. Dirá menos e chorará mais: a hilariedade será substituída pelas comoções, a fealdade pela beleza, o cômico pelo heroico”.

6. CONCLUSÃO

Só há uma beleza e uma perfeição: é Deus. Fora dele, tudo o que decoramos com aquele título, não passa de pálido reflexo do belo único: uma forma harmoniosa das mil e uma harmonias da criação.

São Paulo, fevereiro de 2022.