Deixai Vir a Mim as Criancinhas

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. O Texto Evangélico. 4. A Criança: 4.1. O Espírito; 4.2. Período Infantil; 4.3. A Debilidade do Corpo Físico. 5. O Reino de Deus: 5.1. O que é?; 5.2. O Reino de Deus é para Aqueles que se Assemelham às Crianças. 5.3. A Criança é um Símbolo de Pureza de Coração. 6. Mensagem Espírita: 6.1. Crianças; 6.2. Meninos Espirituais; 6.3. Batismo. 7. Conclusão

1. INTRODUÇÃO

Em que contexto aparece a frase? Qual o entendimento sobre a criança? O que a Doutrina Espírita nos ensina sobre a criança, ou melhor, o período infantil?

2. CONCEITO

Criança. Do lat. Creantis, significa ser humano de pouca idade, menino ou menina; párvulo; pessoa ingênua, infantil. 

Reino. Do lat. regnu, significa monarquia governada por um rei; conjunto de seres ou de coisas que tem caracteres semelhantes ou comuns. 

Reino de Deus. Governo pela observância das leis divinas gravadas em nossa consciência.

3. O TEXTO EVANGÉLICO

"Apresentaram-lhe, então, criancinhas, a fim de que ele as tocasse; e como seus discípulos afastassem com palavras rudes aqueles que as apresentavam, Jesus vendo isso zangou-se e lhes disse: "Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais; porque o reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham. Eu vos digo, em verdade, todo aquele que não receber o reino de Deus como uma criança, nele não entrará". E as tendo abraçado, as abençoou, impondo-lhes as mãos". (Marcos, cap. X, vv. 13 a 16).

4. A CRIANÇA

4.1. O ESPÍRITO

O Espírito é sempre Espírito. Ele passa pela fase infantil, mas continua sendo Espírito, ou seja: traz dentro de si as boas ou más qualidades de outras vidas. Nesse sentido, o Espírito, na fase infantil, pode ser mais desenvolvido do que um adulto. Tem apenas os órgãos imperfeitos.

4.2. PERÍODO INFANTIL

Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec ensina-nos que a infância é um tempo de repouso para o Espírito. A perturbação na entrada no mundo corpóreo não cessa de imediato. Sua inteligência é limitada à idade. Por isso, o cuidado dos mais velhos em sua educação.

4.3. A DEBILIDADE DO CORPO FÍSICO

Não podendo manifestar as suas tendências, principalmente as más, em virtude da debilidade do corpo físico, este período torna-o acessível aos conselhos daqueles que devem fazê-lo progredir. É então que se pode reformar o seu caráter e reprimir as suas más tendências.

5. O REINO DE DEUS

5.1. O QUE É?

O Reino de Deus é um dos pilares da doutrina de Jesus. Aparece em outras oportunidades: "Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça." (Mateus, 6, 33); "O reino de Deus não vem com aparência exterior." (Lucas, 17, 20); "O Reino de Deus está no meio de Vós." (Lucas, 17, 21); "Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo algum entrareis no Reino dos Céus." (Mateus, 5, 20); "E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus." (Lucas, 9, 62)

5.2. O REINO DE DEUS É PARA AQUELES QUE SE ASSEMELHAM ÀS CRIANÇAS

Jesus não disse que o reino dos céus é para as crianças, porque sabia que o Espírito que nela habita não é um Espírito puro, porém, um ser que, momentaneamente, não pode manifestar as suas tendências. Além disso, há, também, o esquecimento do passado, que ajuda o Espírito a expressar-se espontaneamente. Geralmente a criança age sem malícia e sem segundas intenções.

5.3. A CRIANÇA É UM SÍMBOLO DE PUREZA DE CORAÇÃO

Significa dizer que a entrada no reino de Deus é decorrente da simplicidade e da humildade do Espírito. Nesse sentido, os estados de fraqueza, as ações ingênuas e as atitudes de obediência auxiliar-nos-ão eficazmente na percepção das leis naturais. O reino de Deus não vem com aparências externas, ele é fruto de um árduo trabalho de reformulação interior.

6. MENSAGEM ESPÍRITA

6.1. CRIANÇAS

“Vede, não desprezeis alguns destes pequeninos;” — Jesus. (Mateus, 18:10.)

O prato de refeição é importante no desenvolvimento da criatura, todavia, não podemos esquecer que “nem só de pão vive o homem”.

Lembremo-nos da nutrição espiritual dos meninos, através de nossas atitudes e exemplos, avisos e correções, em tempo oportuno, de vez que desamparar moralmente a criança, nas tarefas de hoje, será condená-la ao menosprezo de si mesma, nos serviços de que se responsabilizará amanhã. (Capítulo 157 de Fonte Viva)

6.2. MENINOS ESPIRITUAIS

“Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, pois é menino.” — Paulo. (HEBREUS, capítulo 5, versículo 13.)

Jamais prescindamos da compreensão ante os que se desviam do caminho reto. A estrada percorrida pelo homem experiente está cheia de crianças dessa natureza.

Os discípulos de boa-vontade necessitam da sincera atitude de observação e tolerância. É natural que se regozijem com o alimento rico e substancioso com que lhes é dado nutrir a alma; no entanto, não desprezem outros irmãos, cujo organismo espiritual ainda não tolera senão o leite simples dos primeiros conhecimentos.

Toda criança é frágil e ninguém deve condená-la por isso. (Capítulo 51 de Caminho, Verdade e Vida)

6.3. BATISMO

“E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus.” (ATOS, capítulo 19, versículo 5.)

Sabemos que o curso primário, na instrução infantil, necessita de colaboração de figuras para que a memória da criança atravesse os umbrais do conhecimento.

O Evangelho, porém, nas suas luzes ocultas, faz imensa claridade sobre a questão do batismo.

“E os que ouviram foram batizados em nome de Jesus.”

Aí reside a sublime verdade. A bendita renovação da alma pertence àqueles que ouviram os ensinamentos do Mestre Divino, exercitando-lhes a prática. Muitos recebem notícias do Evangelho, todos os dias, mas somente os que ouvem estarão transformados. (Capítulo 158 de Caminho, Verdade e Vida)

7. CONCLUSÃO

Aprendamos com a criança. A sua espontaneidade ensina-nos que a humildade, a simplicidade e a pureza de coração são sumamente indispensáveis à nossa evolução espiritual.

São Paulo, abril de 2010.