Mártir, Martírio e Espiritismo

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Jesus, os Evangelistas e os Primeiros Cristãos: 4.1. Jesus; 4.2. Os Evangelistas; 4.3. Início da Era Cristã. 5. Mártires da Ciência?: 5.1. Dez Mártires da Ciência;  5.2. Giordano Bruno; 5.3. Galileu, Galilei. 6. Mártires do Espiritismo: 6.1. Ontem Milagres. Hoje Mártires; 6.2. Sobre o Fanatismo; 6.3. Perseguição. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO 

O que se entende por “mártir”? E martírio? O Espiritismo precisa de mártires? Como o mártir e o martírio podem ser vistos sob a ótica espírita? Na atualidade, há necessidade de derramamento de sangue como havia antigamente?  

2. CONCEITO 

Mártir. Do grego martys, "testemunha". Pode tratar-se de um testemunho no plano histórico, jurídico ou religioso. Um "mártir" é alguém que é morto injustamente por aquilo em que acredita. Por extensão, pessoa que sofre extremamente ou morre por uma causa. Figuradamente, todo e qualquer gênero de sofrimento corporal ou moral.  

Martírio. Sofrimento e morte suportados por fiéis à fé. Morte ou tormentos sofridos pela religião cristã: a palma do martírio; o martírio de Cristo.  

Martirológico. Diz respeito à história dos mártires.  

Martirológio. Louvor dos mártires. Significa a lista dos mártires com as datas das suas mortes. Por extensão, catálogo de vítimas. 

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS  

Desde tempos remotos, mártir e martírio estão ligados predominantemente à religião.  

Cristo é o protótipo do mártir.  

Há, ao longo da história, catálogo de inúmeros mártires.  

Muitas vezes, para haver sangue o antagonismo era extremamente forte de ambos os lados da contenda.   

A morte de Sócrates também foi vista como um martírio. Por quê? Para a Igreja cristã, como Jesus era o Verbo, Sócrates fora uma espécie de cristão pré-cristianismo. 

Presentemente, o martírio deve ser visto como golpes de ideias e não de derramamento de sangue. 

4. JESUS, OS EVANGELISTAS E OS PRIMEIROS CRISTÃOS 

4.1. JESUS 

Jesus é o protótipo do mártir. Pela voluntariedade do seu sacrifício, deu o testemunho supremo da sua fidelidade à missão que o Pai lhe confiou. Dizia: "Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade" (cf. Ap 1,5; 3,14). 

4.2. OS EVANGELISTAS 

O evangelista Lucas sublinha, na Paixão de Jesus, os traços definidores do mártir. Conforto da graça divina na hora da angústia (Lc 22,43); silêncio e paciência diante das acusações e dos ultrajes (23,9); inocência reconhecida por Pilatos e Herodes (23,4); esquecimento dos próprios sofrimentos (23,28); acolhida prestada ao ladrão arrependido (23,43); perdão dado a Pedro (22,61) e aos próprios perseguidores (22,51; 23,34). 

4.3. INÍCIO DA ERA CRISTÃ

Nos três primeiros séculos da era cristã, os martírios foram numerosos. Na época do imperador Diocleciano, por exemplo, houve a "era dos Mártires", mencionando a grande quantidade de vítimas ocorrida entre 303 e 313. 

5. MÁRTIRES DA CIÊNCIA? 

5.1. DEZ MÁRTIRES DA CIÊNCIA  

Hoje a história faz referência a cientistas que por uma razão ou outra foram convertidos em mártires. Eis os seus nomes:  

Anaxágoras (500-428 a.C.), Hipátia de Alexandría (? - 415), Maimônides (1135-1204), Leonardo da Vinci (1452-1519), Nicolau Copérnico (1473-1543), Miguel Servet (1511-1553), Giordano Bruno (1548-1600), Galileo Galilei (1564-1641), Johannes Kepler (1571-1630) e Charles Darwin (1809-1882). 

Mencionemos dois deles: 

5.2. GIORDANO BRUNO  

Entre as acusações feitas pela Inquisição, incluía-se a sua convicção de que a transubstanciação do pão em carne e do vinho em sangue era uma fraude, a de que o nascimento virginal era impossível e, talvez a mais temível, a de vivermos num Universo infinito, existindo um sem-número de mundos onde podem viver e prosperar criaturas semelhantes a nós que adorem seus próprios deuses.  

Na verdade, embora historiadores mais cautelosos considerem Bruno claramente um herege, muitos ligam igualmente a sua heresia a inovações importantes ocorridas na cosmologia científica. 

5.3. GALILEU, GALILEI  

Galileu nunca raciocinou a partir de dados experimentais, mas de construções matemáticas hipotéticas que depois ele legitimava com pseudo-experimentos puramente imaginários, jamais levados à prática, e usados sempre como meios de persuasão retórica, nunca de verificação.  

Jamais sofreu pressão ou intimidação de qualquer natureza. Sob recomendação pessoal do Papa Urbano VIII, aliás seu padrinho, ele foi tratado com o maior respeito e deferência pelos inquisidores. Ao longo de todo o processo, teve completa liberdade de movimentos e ficou hospedado na embaixada da Toscana, que seu amigo Benedetto.  

6. MÁRTIRES DO ESPIRITISMO 

Na Revista Espírita de abril de 1862, comunicações dos Espíritos Santo Agostinho, Lázaro, Lamennais e Erasto.  

6.1. ONTEM MILAGRES. HOJE MÁRTIRES 

Os mártires do Espiritismo já existem: são todos os propagadores da ideia nova. Os mártires do Espiritismo são os que, a cada passo, escutam estas palavras insultuosas: louco, insensato, visionário. Para Santo Agostinho, os mártires do espiritismo não devem buscar nem aspirar à morte; devem sofrer tanto tempo quanto tempo praza a Deus deixá-los na Terra.   

6.2. SOBRE O FANATISMO 

Em todos os tempos houve mártires. É preciso dizer que o fanatismo estava de ambos os lados e, por isso, o sangue corria. Hoje, graças aos moderados, aos filósofos e, principalmente, à filosofia espírita, o fanatismo embainhou a espada. Não mais forcas, não mais torturas, não mais fogueiras. “A gente se bate a golpes de ideias, a golpes de livros, a golpes de comentários, a golpes de ecletismo e a golpes de teologia, mas a São-Bartolomeu não se repetirá”.   

6.3. PERSEGUIÇÃO 

Os sacerdotes, cientistas, jornalistas descem à arena empunhando a pena, para repelir a ideia nova: o progresso. Estas são as perseguições aos espíritas. Os Espíritos pedem para nos despojemos do homem velho, pois é ao homem velho que farão sofrer. "O progresso do tempo trocou as torturas físicas pelo martírio da concepção e do parto cerebral das ideias que, filhas do passado, serão mães do futuro". 

7. CONCLUSÃO

Na religião, o martírio liga-se ao derramamento de sangue. Como o Espiritismo não é uma religião, não há necessidade de tal empreendimento. Os mártires do Espiritismo encontram-se naqueles que lutam pela ideia nova; são chamados de loucos, insensatos, visionários. O progresso trocou as torturas físicas pelo martírio da concepção de ideias.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.]. 

LEMAÎTRE, Nicole, QUINSON, Marie-Thérèse e SOT, Véronique. Dicionário Cultural do Cristianismo. Tradução de Gilmar Saint'Clair Ribeiro, Maria Stela Gonçalves e Yvone Maria de Campos Teixeira da Silva. São Paulo: Loyola, 1999. 

LEON-DUFOUR, X. et al. Vocabulário de Teologia Bíblica. Rio de Janeiro: Vozes, 1972. 

KARDEC, Allan. Revista Espírita de 1862. 

http://professoralucenia.blogspot.com.br/2014/03/10-martires-da-ciencia-e-suas-injustas.html (em 31/10/2015) 

http://portalconservador.com/apologetica/giordano-bruno-foi-o-primeiro-martir-da-ciencia-moderna/ (em 31/10/2015) 

http://www.olavodecarvalho.org/semana/110413dc.html (em 31/10/2015)

São Paulo, 02/11/2015