Parábola do Grão de Mostarda

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. O Texto Evangélico. 4. O Problema do Crescimento: 4.1. O “Crescimento” nas Sociedades Capitalistas; 4.2. O Crescimento na Parábola; 4.3. Crescer e Inchar. 5. A Semente de Mostarda: 5.1. A Menor das Sementes; 5.2. Semente e Princípio Inteligente; 5.3. Semente e Tempo. 6. A Semente e as Revelações: 6.1. Moisés e os Dez Mandamentos; 6.2. Jesus e o Cristianismo; 6.2. Allan Kardec e o Espiritismo. 7. Conclusão.

1. INTRODUÇÃO

Como a menor das sementes pode se tornar a maior das árvores? Que tipo de ensinamento Jesus quer nos passar nesta parábola?

2. CONCEITO

Parábola - do gr. parabole significa narrativa curta, não raro identificada com o apólogo e a fábula, em razão da moral, explícita ou implícita, que encerra e da sua estrutura diamétrica. Distingue-se das outras duas formas literárias pelo fato de ser protagonizada por seres humanos. Vizinha da alegoria, a parábola comunica uma lição ética por vias indiretas ou simbólicas: numa prosa altamente metafórica e hermética, veicula um saber apenas acessível aos iniciados.

Mostarda – Do latim sinapis nigra, semente da mostardeira, que é usado como condimento;
molho, geralmente utilizado em refeições, sobretudo comidas rápidas, como cachorro-quente, pizza, sanduíches etc. Na Palestina, atinge enormes proporções, chegando ter, mesmo no estado selvagem, mais de três metros de altura.

3. O TEXTO EVANGÉLICO

Jesus lhe propôs ainda outra parábola, dizendo: “O Reino de Deus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e semeou em seu campo. Na verdade, ele é a menor de todas as sementes, mas, depois de crescido, é maior que todos os legumes e torna-se uma árvore, de sorte que as aves do céu vêm habitar seus ramos”. (Mateus, 8, 31-32; Marcos, 4, 30-32; Lucas, 13, 18-19.)

4. O PROBLEMA DO CRESCIMENTO

4.1. O “CRESCIMENTO” NAS SOCIEDADES CAPITALISTAS

Há, nas culturas ocidentais (capitalistas), uma fascinação pelos números. Agregam-se dados, dispõem-nos em fórmulas, tabelas e gráficos. Tudo isso para mostrar o crescimento da produção, dos serviços, do PIB (Produto Interno Bruto), comparando-o com o crescimento de outras empresas, de outros países. Os números, tão requeridos, podem ser facilmente manipulados. Não é sem razão que os governos desonestos gostam de mostrar dados otimistas quando, na realidade, não os são.

4.2. O CRESCIMENTO NA PARÁBOLA

O “crescimento” na parábola, ao contrário, diz respeito ao Reino dos Céus. Não há estatísticas, mas uma avaliação interior do ser humano. A palavra de Deus é como um fermento que se introduz no espírito, nos corações e na vontade do homem, levando, por toda a parte a sua influência salutar. Ela modifica os nossos pensamentos, as nossas afeições, as nossas obras, para nos cristianizar. O crescimento diz respeito à evolução espiritual do ser humano. É o crescimento em bondade, sabedoria e virtude.

4.3. CRESCER E INCHAR

Os amigos espirituais estão sempre nos advertindo sobre a diferença entre inchar e crescer. O crescimento é lento, mas constante. Atinge o âmago do ser humano e mostra uma evolução real do Espírito. O inchaço, pelo seu turno, é a fantasia, a visão beatífica, sem obras; é a pregação sem consistência. Em realidade, o inchaço mostra a ação dos falsos profetas, que vêm até nós vestidos de ovelha, mas por detrás são lobos ferinos.

5. A SEMENTE DE MOSTARDA

5.1. A MENOR DAS SEMENTES

Diz-se que, entre os rabinos, um “grão de mostarda” era uma expressão para qualquer coisa pequena. Jesus quis mostrar que este pequeno grão pode crescer e tornar-se a maior das árvores, abrigando os pássaros sob a sombra de seus ramos. Os rabinos se maravilhavam pelo fato de algo pequeno se tornar grande. Jesus, no caso, aproveitou-se desse episódio para retratar o poder do crescimento da verdade. No começo, eram os 12 apóstolos; depois, a humanidade toda.

5.2. SEMENTE E PRINCÍPIO INTELIGENTE

A evolução do princípio inteligente pode ser comparada ao crescimento da semente do grão de mostarda. O princípio inteligente (semente minúscula) foi lançado no mundo, primeiramente, no reino mineral. Depois, estagiou no reino vegetal e no reino animal. Já, como Espírito, vivenciou o reino hominal, com a possibilidade de ir para o reino angelical. Em cada um desses reinos, o princípio inteligente foi agregando as virtudes necessárias, para dar prosseguimento à sua evolução, evolução esta consubstanciada no “sede perfeitos como vosso Pai celestial o é”

5.3. SEMENTE E TEMPO

Uma fez lançada ao solo, a semente tende a crescer. Na parábola do semeador, a semente cresce em função da qualidade do terreno. Somente quando cai em terra boa, cresce a cento por um. E, mesmo em terra boa, cada semente cresce de acordo com a sua potência: umas crescem rápido; outras demoram um pouco mais. O mesmo se pode falar do solo do espírito. Há necessidade de o ser humano aguardar o tempo de maturação para as verdades espirituais. Apressando, acaba absorvendo as fantasias e, assim, distanciando-se do verdadeiro caminho de sua evolução espiritual.

6. A SEMENTE E AS REVELAÇÕES

6.1. MOISÉS E OS DEZ MANDAMENTOS

Os Dez Mandamentos, recebidos mediunicamente por Moisés, no Monte Sinai, pode ser considerado o ponto de partida do crescimento do grão de mostarda (ensinamento evangélico). A semente era pequenina, sujeita aos contratempos e as intemperanças da época, ainda animalizada. Moisés, por exemplo, foi obrigado a decretar leis humanas severas, contrariando os dizeres dos Dez Mandamentos. Contudo, os Dez Mandamentos, de origem divina, vararam o tempo e permanecem vivos nos tempos atuais.

6.2. JESUS E O CRISTIANISMO

Jesus é o personificado da segunda revelação divina. Ele não veio destruir a lei do Velho Testamento, veio dar-lhe cumprimento e acrescentar outros ensinamentos. É o crescimento da semente. Nesse caso, resumiu os Dez Mandamentos no “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, consistindo este no décimo primeiro mandamento da Lei de Deus. Em termos práticos, Jesus reuniu, primeiramente, os doze apóstolos. É a minúscula semente. Depois, vieram os discípulos, que se incumbiram de divulgar a boa nova ao mundo.

6.2. ALLAN KARDEC E O ESPIRITISMO

Allan Kardec não é o personificador, mas o codificador do Espiritismo. O Espiritismo é o desenvolvimento dos ensinamentos de Cristo, por isso denominado de cristianismo redivivo. Como Consolador Prometido, ele veio no tempo certo para recordar o que o Cristo disse e desenvolver aquilo que na época de Cristo ficou oculto, obscuro. A semente do Evangelho penetra em outros mundos, pois com o princípio da reencarnação e a pluralidade dos mundos habitados, podemos avançar para outros campos de interesse, propiciando-nos a certeza da imortalidade da alma. 

7. CONCLUSÃO

Esta parábola – o grão de mostarda – é a parábola do crescimento espiritual. Esperamos que ela faça-nos crescer em espírito e verdade, para que possamos conquistar o Reino dos Céus.

São Paulo, maio de 2010