Legibilidade e contraste

Uma das coisas que mais prejudicam a experiência é a falta de legibilidade. Todo tipo de informação, em qualquer contexto, precisa ser legível. Um texto precisa ser lido para ser entendido. Para que ele seja lido a escrita deve ser legível. O mesmo se aplica para um ambiente. Um ambiente deve ser de fácil leitura. As cores, formas, devem ser identificáveis sem se perder no meio de um mar de confusão. Se tudo tiver uma cor só fica difícil de identificar as formas. Se tudo tiver um único tom fica difícil de identificar a profundidade. No outro extremo, se tudo for brilhante demais, escuro demais ou muitas cores forem apresentadas ao mesmo tempo fica difícil de identificar os objetos. Contraste demais, contraste de menos, prejudicam a leitura.

É possível até usar da física e da música para explicar. Sem variações de frequência, amplitude e comprimento de onda fica tudo muito plano e sem personalidade. No outro extremo, variações altíssimas de frequência, amplitude e comprimento deixam tudo muito confuso e complicado. Uma orquestra não tem apenas um instrumento, mas também não se tocam músicas com 100 instrumentos diferentes ao mesmo tempo. Todo tipo de ambiente tem alguma cor mais dominante do que as outras.

Em alguns jogos como Counter Strike há hacks que trocam as texturas do jogador por outra, a fim de tornar os alvos mais visíveis. Por ex: deixando as cabeças dos jogadores vermelhas. Há jogos que tem modificações legais para tornar os jogadores mais visíveis. Isso é tanto um problema artístico das escolhas feitas no jogo quanto um problema tecnológico, pois é com programação que se resolve o problema de legibilidade e contraste em situações dinâmicas como luzes em movimento ou mudanças dinâmicas no ambiente.

Nos tempos do doom 1993 o poder computacional era baixo e com limitação de 256 cores não havia como fazer tratamento de cor da tela inteira. Mas hoje com o poder computacional disponível isso é trivial de fazer. O jogo pode aplicar filtros para deixar a tela mais escura, clara, azul, vermelha, de acordo com o clima que se quer ter. Mas note que o contraste é uma questão predominantemente artística. Não é um programador que vai resolver se o contraste das texturas e cores já é mal feito por parte dos artistas.

Adicionar ou remover? Há uma questão quanto a legibilidade que é tornar algo mais importante ou mais visível. Há duas formas de conseguir isso. Uma é tornando o objeto em questão mais destacado em relação ao ambiente ou a outros objetos. Isso é feito com cores, formas, tamanho, geometria, luzes. Mas há a questão da poluição que surge quando muita coisa é destacada ao mesmo tempo. Neste caso o caminho inverso é retirar aquilo que é menos importante. Daí se reduzem luzes, formas, tamanho, se retira o excesso. Imagine uma cidade onde um edifício tem 100 andares e nenhum outro chega na mesma altura. Agora imagine uma cidade onde há 50 edifícios de 100 andares todos construídos numa mesma região. Há um momento em que atinge-se um ponto de saturação e se torna inviável construir um edifício de 200 andares para se tornar mais alto do que os demais. Uma opção é não construir o edifício próximo dos outros, ocupando alguma outra região onde não haja a mesma disputa por altura por exemplo.