xô,paturi!foradalagoa!

Xô, paturi! Fora da lagoa!

Os espertalhões pegam carona na pauta da construção de uma nova casa para o Bugre na semana em que as torcidas dos dois times principais times de Campinas festejam, cada uma a seu modo, resultados alvissareiros no Campeonato Paulista de 2008.

Um certo deputado federal Guilherme Campos Júnior é outro político da estirpe de um certo Cid Ferreira, aquele que tentou aparecer e faturar com a crise do Guarani. Eles não perdem nenhum bonde que passe sob seu narizes para levá-los diante dos holofotes da mídia. Vivem à custa de pautas alheias. Pergunto: o que é que tem a ver esse excelentíssimo senhor deputado com qualquer um dos eventuais projetos de arena multiuso em Campinas?

Sabe-se que ele é torcedor da Ponte Petra, mas sabe-se também que o clube dos trilhos não tem nenhum tostão para para fazer ao menos uma reforminha básica no seu pardieiro. Diz a imprensa campineira que a Ponte vai bem das finanças, mas isso é cascata. Faz tempo que a Ponte não existe mais como clube. Quem paga as contas lá é o “presidente”, título pró-forma para designar a pessoa que, na prática, faz da agremiação sua plataforma para o business futebolístico.

A Ponte, ou melhor, o tal “presidente” da Ponte jogou água no moinho de uma arena multiuso apenas para mostrar serviço diante da torcida do seu time. É pura conversa fiada esse papo de que vão fazer do pardieiro uma portentosa arena. É uma cascata jogada na mídia só para não ficar atrás do Bugre, que vai, sim, ser obrigado a vender o Brinco para arrumar as contas e, por contingência, fazer casa nova, mais modesta e mais rentável.

Igualmente oportunista é o prefeito de Campinas. Como é mesmo o nome dele? Hélio? Sim, “Doutor Hélio”. Se quisesse mesmo fortalecer o marketing esportivo da cidade, não teria esperado a pauta da Copa do Mundo de 2014 para dizer que está disposto a fazer uma grande obra em benefício dos dois principais clubes de futebol da terra. Esse é outro que esperou a hora certa – a oficialização da iniciativa do Guarani de fazer uma arena – para entrar na conversa com o papo de que quer, ele, fazer algo do mesmo tipo e porte. É outro caroneiro de pautas. Aliás, ele tem uma assessoria de imprensa especializada nesse tipo de ação. Trouxe-a de outro Estado para aplicar em Campinas os variados macetes que mantêm um nome na crista da onda quando um fato trepida na mídia e polariza o eleitorado.

Tivesse o sr. Doutor a sincera intenção de fortalecer os clubes da cidade teria ele há um, dois ou três anos tratado de destinar uma fraçãozinha da grana de publicidade de que dispõe a Prefeitura para patrocinar Guarani e/ou Ponte Preta, especialmente o Bugre, que de verdade está mal das pernas. Se assim fizesse, não teria afrontado lei alguma, nem qualquer princípio da ética. O banco estatal do Rio Grande do Sul, por exemplo, é há anos o principal patrocinador de Grêmio e Internacional. Nada impede que as empresas públicas do município façam algo do mesmo tipo. O que quer o prefeito, então? Aparecer. Só isso. Tal como Cid Ferreira, tal como Guilherme Campos Júnior.

Vejam que coincidência: entraram de sola no assunto justamente na segunda e na terça-feira, 7 e 8 de abril de 2008, na semana em que o Bugre se livrou do rebaixamento e a Ponte foi para as semi-finais do Paulista. Uma época boa para se falar qualquer coisa e ser aplaudido pelos dois lados!

Notem que, para falar mal deles, eu citei duas vezes o nome de cada um. Gravem bem. Esses caras não são de confiança. São os espertalhões do “falem bem ou mal, mas falem de mim”. Xô, paturi! Fora da lagoa!

O futuro do Guarani – Álvaro Caropreso