Uma causa de Campinas
O futuro do Guarani – Álvaro Caropreso
Por que não se pode comparar o sucesso do time B com fracasso do time A e o que mais se pode fazer além da campanha de sócio-torcedor para reerguer não apenas o Guarani, mas o futebol de Campinas?
O time B do Guarani que disputou da Copa FPF de 2007 foi uma empresa a parte, que tomou emprestado (ou alugou, digamos) a camisa do Bugre para expor seus jogadores. Não condeno isso nas atuais circunstâncias. Foi um bom negócio para ambas as partes (Guarani e empresa-time B), mas não se pode comparar a administração do clube como um todo, com suas crises, sub-crises, ações judiciais, folha de funcionários, categorias de base no futebol e outros esportes com a administração de apenas um time de futebol de folha enxuta e poucos encargos.
O time B teve bons resultados em campo, o que levou muita gente a ver na empresa responsável por ele um modelo a ser seguido pelo Guarani Futebol Clube. Discordo. A não ser que se faça com o Bugre o mesmo que se fez com a Varig, companhia que foi dividida em duas, uma das quais só para carregar as dívidas, outra para operar aviões. Isso foi possível com a Varig graças aos monumentais interesses nela envolvidos. Uma operação desse tipo representaria, na prática, vender o clube a preço de banana, jogar fora sua história e afastar os sócios do controle para deixar-lhes o mico da dívida. A torcida, nesse caso, seria mera expectadora.
Há outro caminho para o reerguimento bugrino: a mobilização da torcida, com muito sangue, suor e lágrimas. A torcida existe ou não existe? Eis a questão.
Nesse contexto, além de participar da ampliação da campanha de sócio-torcedor, a torcida deve também cobrar apoio firme da Prefeitura de Campinas, buscando inclusive algum compromisso com a torcida da Ponte Preta com o mesmo objetivo. (Meditem antes de me xingarem de pontepretano, por favor) Ambos os clubes são patrimônios culturais da cidade e merecem o envolvimento do poder público em suas respectivas operações de reerguimento.
Esta é uma causa de Campinas. A cidade tem empresas públicas e órgãos capazes de, nas devidas proporções e dentro de suas reais condições, patrocinarem a camisa do Guarani (e/ou da Ponte) do mesmo modo como a Petrobrás patrocina a do Flamengo, o Banco do Brasil a da seleção de voleibol, e a Caixa, os Correios, a Eletrobrás etc. as de outros esportes. A moralidade do apoio da Prefeitura dependerá apenas e exclusivamente da capacidade da torcida não deixar que o clube se transforme numa “empresa de um só dono”.
Que ninguém diga que a torcida não tem como cobrar esse apoio. Afinal, os nossos títulos de eleitores estão à espera do próximo pleito. (10/09/2007)
O futuro do Guarani – Álvaro Caropreso