O Bugre na TV do Bugre
Antigamente – aquele antigamente que nenhum bugrino gosta –, antigamente quando o Guarani começou a despencar, naquele maldito antigamente, o Bugre marcava um gol no primeiro tempo e tomava o empate ou a virada no finzinho do segundo tempo. Era um Guarani azarado. Lembram? Esse Bugre amaldiçoado não existe mais. Agora é a vez do Bugre do século 21.
Agora, o Bugre marca e segura o resultado. Segura com um coração na boca e outro na chuteira. Segura com um jogador a menos. Segura jogando mal. Segura dando chutão. Mas segura! Aquele Guarani azarado não existe mais. Acabou a zica. Fim da urucubaca. Eita!
Foi um a zero para o Bugre no jogo como o Noroeste, concorrente direto para uma vaga na próxima fase da série C, a terceira divisão do Campeonato Brasileiro. Foi um golaço de Dairo! Bola bem trabalhada por Marcinho, que correu pela esquerda e cruzou. Foi uma jogada daquelas em que a gente percebe o gol trinta segundos antes o arremate. Aquele tipo de jogada em que se vê a trajetória da bola antes de ela correr. E quando chega no pé no atacante mais bem colocado o cérebro já manda gritar gol! É aquele grito que não vira “uuuhhh!”, quando o arremate falha. Mas não falhou. Um baita gol!
Ainda estou pasmo com a transmissão de TV via internet. Como foi bom ver o Bugre jogar e ganhar no Brinco! Como foi bom ver o jogo pelo computador! Para mim, o dia entra para a história: em 17 de agosto de 2008 eu não dependi de nenhuma rede de TV para ver o Bugre pela TV. Vi pela TV Guarani. Vi aqui em casa, em São Paulo. Vi com uma imagem borrada, mas vi muito bem. Vai melhorar com o tempo. Tchau Rede Globo! Tchau grande mídia!
Vi que Luciano Dias tirou Dairo, que jogava bem, para colocar Bruno Poá. A torcida xingou o técnico de burro. O locutor da TV Guarani também não gostou. Eu também não gostei. Mas não tinha um repóter na TV bugrina para perguntar ao técnico ou ao próprio Dairo a razão da troca – outro "seis por meia-dúzia" de Luciano Dias?
Após o jogo, conectei uma certa rádio Bandeirantes de Campinas. Eu queria saber duas coisas: Por que Nunes foi expulso ainda no primeiro tempo e por que saiu Dairo para entrar Bruno Poá.
O locutor dessa rádio metia o pau em Luciano Dias. Mais uma vez, dizia ele, Luciano tirava um cara que jogava bem. Essa percepção já estava a ser soldar na minha cabeça quando, finalmente, um repórter abordou Dairo. "Eu pedi pra sair", disse o atacante. "Estava muito cansado."
Agora entendi! Entendi mais ainda quando Luciano foi entrevistado. O técnico pedira para Dairo ajudar forte na marcação. E era o que ele fazia. E por isso estava mais cansado do que seria de se esperar.
O curioso é que, apesar da explicação dada pela boca do próprio jogador, e pouco depois confirmada pelo técnico, os tais jornalistas da tal rádio Bandeirantes de Campinas sustentaram que Dairo saiu do jogo contra sua vontade! Ou seja, é um tipo de jornalismo parapsicológico em que vale o que está na imaginação do jornalista, não os fatos. É o jornalismo do "eu acho isso, então é isso".
Durante o jogo, mandei e-mail para o pessoal que transmitia pela TV. Fica aqui o registro em reforço das congratulações à turma da Comunicação bugrina, desta vez saindo bem na frente dos fatos:
“Olá, amigos da TV Guarani!
Bugrinos do mundo inteiro!
É uma alegria poder ver o Bugre pela TV aqui de São Paulo.
A transmissão está ótima!
Afinal, porque o arbitro expulsou o Nunes?
Abraço a vocês todos que trabalham pelo Guarani: funcionários, jogadores, comissão técnica, diretores, enfim, a todos os que seguram o rojão aí em Campinas!
Muita força pra todos vocês!
Escrevam aí: em 2009 vai ter derby na série B!”
Pois é. O século 21 pegou embalo! É o século do Bugre na TV do Bugre
O futuro do Guarani – Álvaro Caropreso