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A velha rapinagem e o novo futuro

O pagamento da dívida do Guarani é um problema sério, mas não estava no centro do debate às vésperas do pleito bugrino no final de 2007. O verdadeiro objeto da disputa era o vasto patrimônio do clube.

Longe de ser carne podre, o Bugre ainda é um filé suculento que abre o apetite de velhos e novos glutões. Nunca foi tão fácil a poucas pessoas se apoderar de patrimônio tão valioso quanto o do Guarani F. C. Valioso pelo potencial no business esportivo; valioso pela inversão financeira que pode advir do terreno e do complexo de instalações em torno do Estádio Brinco de Ouro da Princesa; valioso porque da ordem de centenas de milhões de reais mesmo se vendido na bacia das almas, o que faz miúda a atual dívida total do clube, da ordem de apenas dezenas de milhões de reais (apenas sem aspas, notem).

Isso porque é gritante a fragilidade do Guarani F. C. em vias de eleger o novo Conselho Deliberativo e, indiretamente, a nova direção executiva a partir de janeiro de 2008.

Algo como 800 associados do clube estão aptos a votar e ser votados. Desse total, cerca de 300 estarão comprometidos com uma ou outra das prováveis duas chapas que participarão da disputa. Caso a totalidade dos bugrinos em condições de votar compareça às urnas, não mais do que 500 pessoas decidirão o futuro de um clube fundado há um século, que teve em seu apogeu mais de 20 mil associados, conquistou vitórias marcantes e reuniu patrimônio gigantesco. Sim, gigantesco.

O patrimônio cultural representado pelo Guarani F. C. não tem preço se comparado ao seu patrimônio material, mas é este o que mais interessa no momento, composto principalmente pelo complexo do Brinco.

A inversão em finanças dos patrimônios cultural e material do Guarani F. C. é mais do que suficiente para recomeçar do zero a história bugrina.

Trata-se de um valor de calibre grosso, que naturalmente atrai uma esquadra de aventureiros contra a qual os genuínos bugrinos devem prevenir-se.

Que ninguém se iluda. Só há futuro para o Guarani F. C. com a inversão financeira do seu patrimônio. Cabe, então, perguntar: Quem merece a confiança dos bugrinos para assumir a responsabilidade de fazer desse patrimônio a base para o novo Guarani? Quem merece confiança para gerir o pontapé inicial para outros cem anos de história?

Cada voto no próximo pleito significará adesão ou rejeição à velha rapinagem outra vez em vôo pairado e de olhos arregalados sobre o Bugre.

Felizmente, será simples não errar. Bastará verificar quem já se fartou no passado para saber a quem confiar o novo futuro.

O futuro do Guarani – Álvaro Caropreso