houveumdia,umguarani...

Houve um dia, um Guarani...

O fato é que há anos os jogos do Bugre no Brinco de Ouro estão vazios. Lembro-me como exceção daquela fantástica lotação de 30 mil torcedores na partida decisiva da fase classificatória da série B, em 2005 (está certo?).

Isso indica que há pelo menos 30 mil bugrinos em Campinas e região apaixonados o suficiente para sair de casa. Por que, então, esse pessoal não vai ao estádio rotineiramente? Creio que a razão principal está no fato de o Bugre contentar-se com a mediocridade do meio termo, com o falso conforto da longa distância dos extremos. Não ganhamos, mas não caímos.

Banalizou-se o Bugre ao contentar-se com decisões para não sair pelo ralo das tabelas, para não piorar, em vez de decisões para o alto, para erguer taças, para vestir faixa de campeão. Temos disputado decisões de desespero que de tanto se repetirem estão a se tornar decisões de desesperança. Decisões que anestesiam em vez de entusiasmar. E ficamos em casa à espera dos resultados, a rezar pela salvação.

Onde reencontrar esperança? Por enquanto, apenas dentro de cada um de nós. A esperança não cairá do céu junto com alguma diretoria iluminada ou comissão técnica de sábios, muito menos junto com um time de supercraques pré-montado e pré-treinado.

É preciso, hoje, já, agora, neste instante, enfiar as mãos pela goela e arrancar um grito capaz de estremecer o mundo. É preciso direcionar esse grito para cima, não para os lados, para que ele reverbere coletivamente.

A história mostra que há bugrinos que se odeiam – como em qualquer comunidade, diga-se –, mas neste momento não podemos nos dar ao luxo de ter outro alvo além da nossa própria reconstrução coletiva.

Cada um, portanto, que trate de arrastar a laço para o Brinco mais dois ou três bugrinos ou simpatizantes. Se não houver forças para isso, melhor pegar o boné, torcer por algum clube de baseball e deixar que os pontepretanos digam que houve uma época na cidade em que um time lhes metia medo, mas nem se lembram do nome dele... (31/07/2008)

O futuro do Guarani – Álvaro Caropreso