grandecamisaegrandetime

Grande camisa e grande time

Quem não acompanha a série C do Campeonato Brasileiro pode pensar que essa divisão é composta basicamente por pernas-de-pau. Nada disso! Basta ver quem ficou para trás ao longo das três etapas que definiram os oito finalistas.

Talvez as maiores pancadas tenham sido as que atingiram o Santa Cruz, do trio de ferro do Recife ao lado de Sport e Náutico, eliminado na segunda etapa apesar do enorme peso de sua camisa; o Guaratinguetá, campeão paulista do Interior em 2007, dono de excelente campanha no Paulista de 2008 e eliminado na terceira etapa ao disputar um grupo que acabou embolado, com desempate entre três equipes pelo critério do número de gols marcados; o Remo e o Paysandu, dois grandes de Belém cujas camisas também não serviram como passaportes.

Além destes, deve-se citar o Caxias, de Caxias do Sul, campeão gaúcho de 2000, campeão da Copa Federação Gaúcha de 2007 e rival visceral do Juventude; o Ituano, clube quase sem camisa e sem torcida, mas suportado pelo caixa da Traffic, hoje uma das maiores donas de interesses no futebol brasileiro; o América, de Belo Horizonte, terceira camisa do futebol mineiro; e o Noroeste, de Bauru, clube historicamente muito bem organizado em cima de sua tradição ferroviária, assim como o Paulista, de Jundiaí.

Avançaram junto com o Guarani de Campinas para o octogonal decisivo o Rio Branco (AC), o Águia, de Marabá (PA), o Confiança (SE), o Campinense, de Campina Grande (PB), o Atlético, de Goiânia, o Duque de Caxias (RJ) e o Brasil, de Pelotas (RS). Do nosso ponto de vista bugrino, a camisa do Guarani é a mais pesada dentre as oito, mas não se pode esquecer que outras camisas respeitáveis foram deixadas para trás exatamente pelos adversários que temos pela frente: Rio Brando e Águia superaram o Remo e o Paysandu; Atlético e Duque de Caxias despacharam o Guaratinguetá.

Confiança e Campinense são, talvez, os clubes de camisas mais modestas nesta fase final, mas deve-se considerar que Campina Grande é o principal pólo econômico e cultural da Paraíba, superando de longe a capital João Pessoa e no mesmo plano do Recife e de Fortaleza no panorama do Nordeste. Há, ainda, um impasse em relação ao Confiança, que pode dar lugar ao ASA, de Arapiraca (AL), caso este clube conteste na justiça desportiva a classificação final do grupo, mas isso pouco muda o cenário geral.

Camisa por camisa e campanha por campanha, as quatro equipes do Sul-Sudeste são favoritas, seguidas pelo Atlético de Goiânia. Há, assim, pelo menos cinco candidatos mais fortes para as quatro vagas que permitirão o acesso à série B e aos quais se deve somar pelo menos um dos times do Norte-Nordeste. Dito de outro modo, a disputa mais acirrada se dará entre seis dos oito candidados.

Não será fácil, portanto, mas é perfeitamente possível o êxito bugrino, não apenas graças ao significado de seu emblema, sempre mais importante na reta final, mas principalmente pelo futebol que o Guarani vem jogando, em curva de crescimento de qualidade.

Jogadores, comissão técnica, dirigentes e a torcida bugrina fizeram até aqui cada qual a sua parte. Agora, entra em cena a conjunção derradeira da confiança, do arrojo e do respeito merecido pelos adversários. É a hora em que a camisa fala alto, mas desde que não perca seu conteúdo de grande time.

O futuro do Guarani – Álvaro Caropreso