Regras do futuro
Um exercício de futurologia sobre a evolução das certas regras, de certos hábitos e de certas leis do futebol.
Pressupõe-se que o futebol evolui na trilha apontada por Parreira & Cia. Assim:
As posições definidas deixam de sê-lo. Todos jogam em todo o campo, exceto o goleiro, que só cruza a linha central para bater faltas e pênaltis, cabecear bolas de escanteio e, nas emergências de fim de partida, oferecer um pé a mais para empurrar a bola na zona do agrião (nome, aliás, oficialmente consagrado em lugar da difusa “área”).
O goleiro pode trocar de posição com qualquer jogador de linha, com o aval do capitão. O capitão é o preposto do técnico em campo, com mandado para fazer substituições e mudar o esquema tático. Só o técnico substitui o capitão – por exemplo, quando necessitar de especialista em esquema demasiado diferente daquele com o qual iniciou-se o jogo.
O técnico vê o jogo a partir de um ponto localizado acima do plano do campo. O diálogo entre capitão e técnico dá-se por meio das novas e baratas unidades móveis de comunicação, supra-sumo da convergência digital, disponíveis inclusive para a liga amadora do Burundi.
Somente o capitão pode dirigir o olhar ou a voz a qualquer um dos árbitros. Quem mais o fizer será sumariamente expulso, independentemente do que tenha dito ou insinuado.
Toda agremiação pode punir com corte de sálario o atleta que se recusar a fazer marcação e a treinar os fundamentos do futebol como cabeçada, drible, finalização, passe, arremesso lateral, faltas, escanteios, pênaltis etc.
Nenhum jogador deixa a agremiação na qual fez seu adestramento básico antes de completar 21 anos e antes de para ela competir por, pelo menos, duas temporadas completas. Sua primeira transferência deve ser autorizada pela agremiação de base, com ou sem compensação financeira, com ou sem empresários metidos na história.
E por fim, todo jogador profissional deve apresentar a uma banca de notáveis, uma vez por ano, exposição oral em que resume e comenta um livro em língua oficial de seu país. Se reprovado, não pode jogar na Europa. (18/07/2007)
O futuro do Guarani – Álvaro Caropreso