Aqui e na Conchinchina
A derrota no Derby não muda as projeções positivas no meu exercício de adivinhação da classificação final do "Campeonato dentro do Campeonato".
Nesta altura, a vontade de lutar é o que vale. Isso o Bugre teve no Derby, e de montão. Teve mais inclusive do que no jogo com o Ituano. Houve erros individuais, mais uma vez determinantes no resultado, mas o Bugre correu atrás. Se mantiver a vontade e treinar duro esta semana para melhorar a ação coletiva, dá para ganhar pelo menos mais seis pontos com duas vitórias nos últimos quatro jogos. Uma delas terá de ser necessariamente contra o Juventus. Eis como fica a adivinhação depois da rodada do Derby:
Com mais seis pontos em duas vitórias:
38 Guaratinguetá
31 Noroeste
28 Mirassol
20 Guarani (Fica na A1 e vai para a Série C)
19 Juventus
18 Marília
16 Sertãozinho
14 Rio Preto
11 Rio Claro
Vejamos como ficaria com mais cinco pontos:
38 Guaratinguetá
31 Noroeste
28 Mirassol
19 Juventus
19 Guarani (Fica na A1, mas só vai para Série C se vencer o Juventos)
18 Marília
16 Sertãozinho
14 Rio Preto
11 Rio Claro
Experimentemos só mais quatro pontos para ver o que acontece:
38 Guaratinguetá
31 Noroeste
28 Mirassol
22 Juventus
18 Guarani (Fica na A1 no desempate com o Marília, mas não vai para a Série C)
18 Marília
16 Sertãozinho
14 Rio Preto
11 Rio Claro
Como torcedor absolutamente incapaz de intervir, não me interessa mais discutir a qualidade do time ou falhas individuais. Só resta fazer contas e torcer, torcer e torcer. Não crucifico nenhum jogador assim como não glorifico a torcida.
A grande massa bugrina percebe a mesma impotência. Quatro mil foram ao Derby, que é um compromisso de honra para os mais animados, mas só metade desse conjunto vai ao Brinco em jogos menos complicados e igualmente decisivos.
Até agora, a paixão interferiu na realidade do Bugre muito mais em prol da descontinuidade no treinamento do que na formação da consciência de equipe.
Fui um crítico de Roberval Davino. Ele rifou o próprio time por medo da pressão da torcida. Disse o que nenhum técnico pode dizer: que os maus resultados se deviam à ruindade do elenco, como se ele não tivesse nada a ver com isso.
Objetivamente, contudo, o desempenho do Bugre nas mãos de Davino foi melhor do que com Jair Picerni. Com Davino, apesar do tropeço nos três primeiros jogos, o Guarani manteve um curso ascendente, ainda que modesto e bem abaixo da expectativa da torcida. Com Picerni, porém, o time passou a render menos, com a ressalva de que jogou mais vezes fora de casa.
Picerni assumiu o cargo com a consciência de que a postura do técnico anterior havia causado estragos gigantescos no moral da equipe, especialmente em relação à capacidade de reagir. O novo técnico conseguiu, de fato, melhorar esse aspecto, mas não foi capaz de retreinar o conjunto. Se o 3-6-1 de Davino era esquisito, o 3-5-2 ou o 4-4-2 de Picerni não engataram na subida. O time ganhou vontade, mas perdeu torque. Daí tomar tantos gols bobos. Gols causados paradoxalmente pelo ânimo de partir para cima. Tropeços por falta de ensaio de estrutura, nem tanto por incopetência deste ou daquele jogador.
Temos uma semana para treinar para o jogo com o São Paulo. É uma semana em que Picerni terá de ensaiar vigorosamente a ação coletiva. É uma inter-temporada no “Campeonato dentro do Campeonato”. Precisamos apenas de um pouco de entrosamento.
O ideal seria que o Bugre permanecesse concentrado fora de Campinas, com todas as cabeças ligadas no ato final.
Esta será uma semana de muita tensão no Brinco e adjacências. Não tenho dúvida de que a torcida é fundamental. Mas uma torcida desconfiada e demasiado ansiosa pode ser pior do que uma torcida contrária.
Em qualquer lugar do mundo, torcida é tudo, menos razão e objetividade. É só paixão. Mas aqui ou na Conchinchina, eu acho que vai dar pé.
Um grande abraço a todos e até breve. Nos vemos por aí. (17/03/2008)
O futuro do Guarani – Álvaro Caropreso