Sapo anti-atacante
Péssimo o papel desempenhado pelo time júnior do Bugre na partida contra o Cruzeiro, pela Copa São Paulo, em que foi derrotado milagrosamente por apenas 1 gol a zero.
Sem nenhum espírito de luta. Medroso. Acuado. Covarde. O bugrinho tremeu diante da camisa azul. Só desta maneira se pode explicar a absoluta falta de capacidade de trocar bolas, fazer passes minimamente conseqüentes e arriscar chutes.
Tenho a impressão de que não se incute nos jogadores bugrinos a vontade de vender. Há anos os times bugrinos de todas as categorias têm sido avessos à prática de atacar para marcar. Estou cansado disso. A essência do jogo é colocar a bola dentro do gol adversário.
No jogo de ontem, a sorte e a competência do nosso goleiro poderiam ter levado o placar em zero a zero até o final, com decisão nos pênaltis. Só a sorte. Mas só tem sorte o time capaz de manter a bola mais perto da área do adversário do que de sua própria. Jogo de futebol não é jogo de dados.
O time júnior do São Paulo estava perdendo por 1 a zero para o São Bernardo até os 45 minutos do segundo tempo. Ganhou de virada por 3 a 1 em menos de três minutos. Ganhou o jogo quando a partida já havia acabado. Só faltava o juiz apitar.
O time júnior do Corinthians estava perdendo para o Santo André por 2 a zero até meados do segundo tempo. Ganhou o jogo de virada por 3 a 2. Essas coisas não acontecem por que São Paulo ou Corinthians têm times compostos por gênios e mágicos do futebol. Acontecem por que, antes da qualidade de cada jogador, antes do entrosamento entre eles, há muita vontade de vencer. De meter a bola na rede.
São coisas que só acontecem com times treinados para não se conformar com qualquer coisa que não seja a vitória. Bola que rola só em uma metade do campo acaba entrando no gol desse lado da cancha. Há anos os times bugrinos de todas as categorias parecem não ser advertidos a respeito desse fundamento do jogo.
Temo que essa síndrome também se manifeste no time profissional que hoje estréia no Campeonato Paulista. Há um sapo anti-atacante enterrado no Brinco. (17/01/2008)
O futuro do Guarani – Álvaro Caropreso