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Passado recente, torcida e futuro

Mesmo longe de Campinas e do Guarani sempre foi evidente que não existiu direção nos últimos anos. Em todos os aspectos o clube parecia abandonado, inclusive pela torcida.

Não importam os nomes dos dirigentes desse período horroroso, nem se um deles é mais gordo do que eu ou sofre de hanseníase.

No que diz respeito ao time, por exemplo, o fato incontestável é que, ao longo de anos e anos o Guarani foi um time incapaz de marcar gols e não se tomava nenhuma providência. Era irritante! Parecia que o estatuto do clube proibia a marcação de gols em time adversário e que havia multa prevista contra o jogador que se atrevesse a partir para cima da zaga alheia. Basta observar a monumental quantidade de empates em 0x0, que causaram mais danos do que todas as derrotas em que o time foi capaz de marcar pelo menos um golzinho.

No aspecto administrativo, então, nem se diga! O episódio da perda de três pontos e a conseqüente queda da série B para a C é inacreditável. É mais do que motivo para a expulsão pura e simples dos quadros associativos do clube das pessoas que, de uma forma ou de outra, tinham a responsabilidade de evitar esse tipo de patetada trágica.

É conseqüência também da inexistência de comando a sucessão de rebaixamentos. Falo o óbvio. Que outro clube na história do futebol brasileiro percorreu trajetória tão estupidamente descendente, também ao longo de anos seguidos, sem que se visse uma única providência firme e drástica para frear aquele pouso sem reversor de empuxo?

Antes, eu nunca me preocupara com questões de cartolagem no Guarani. Agora, é fundamental que me preocupe.

Não conheço o atual presidente, o sr. Leonel. Nunca o vi ao vivo. Dele tenho apenas as lembranças felizes da nossa Era de Ouro. Deve ter sido um bom dirigente. Espero que ainda o seja. De modo geral tenho concordado com suas decisões e com o modo como ele se comporta. Sereno, tranqüilo. Agrada-me o fato de o sr. Leonel não se deixar intimidar pela imprensa e, principalmente, pela torcida. Sim. Um dirigente de clube de futebol deve saber conduzir suas atribuições sem deixar-se incomodar pelas provocações em busca de ibope que caracterizam o jornalismo esportivo em geral e as buzinas sopradas no dia-a-dia pela impaciência da torcida.

O sr. Leonel pode vir a ser um bom presidente para esta época tenebrosa, mas seus principais obstáculos não estão nem estarão dentro dos muros do Guarani. Sua capacidade de reconduzir o Bugre aos trilhos – apenas aos trilhos, não às glórias – dependerá principalmente de sua capacidade de aglutinar forças. Isso nenhum dirigente pode fazer sozinho. Metade desse esforço depende nós. Depende da nossa capacidade de participar da reconstrução de modo literalmente construtivo. (02/08/2007)

O futuro do Guarani – Álvaro Caropreso