Um caso de insucesso escolar: quando a responsabilidade do mesmo pende para a escola

Data de publicação: Nov 11, 2012 12:44:17 AM

Num desses dias, uma mãe ligou-nos (sim ainda temos a linha de apoio activa) preocupada com os resultados negativos do filho nos primeiros testes do ano. O menino, que frequenta o 6º ano em 5 disciplinas (Português, Matemática, Inglês, Ciências e História) teve outras tantas avaliações negativas, a de Matemática muito baixa. Como consequência a Directora de Turma achou por bem chamar o encarregado de educação à escola para comunicar a situação e definirem algumas medidas para mudar esta situação. Assim que chegou a casa o menino foi sujeito a uma sermão daqueles por parte dos pais tendo o pai, qual cereja no topo do bolo, finalizado com um castigo severo (sem definir qual) no final do período caso as notas não melhorassem. Escusado dizer que esta séria conversa foi acompanhada por muito choro por parte da criança.

Na conversa telefónica a mãe manifestou a sua preocupação e perguntou (ainda bem que é uma pessoa que pensa) se estariam a agir correctamente.

Para dar uma opinião simples precisamos de mais informação e solicitamo-la à mãe.

Primeiro que tipo de aluno se tratava. Disse a mãe que era um aluno que gosta de andar na escola, interessado em aprender, trabalhador e cumpridor dos deveres escolares e um aluno mediano em termos de desempenho académico. Revela algumas dificuldades à disciplina de Matemática. Disse também a mãe que muitos dos professores do ano passado não ficaram com a turma.

Segundo perguntamos que apoio recebia a criança dos pais em casa. Disse-se que, na medida do possível, ajudava o filho (único do casal) mas reconhecia que mais do que tempo sentia que não tinha as competências necessárias dar a ajuda que o filho necessitava. Por isso, apesar do aperto financeiro, disponibilizou ao filho o apoio duma explicadora, três vezes por semana.

Terceiro questionamos se existiu algum facto que pudesse alterar a criança ao ponto de influenciar o mau desempenho nas avaliações. Respondeu que não e que não esperava esta quebra de resultados.

Por último quisemos saber se os maus resultados forma apenas do seu filho ou de grupo/turma. A D.T. disse-lhe que as “notas nestes testes foram uma razia”. A todas as disciplinas e então à disciplina de Matemática houve apenas 3 positivas e 85% de negativas.

Perante isto a nossa opinião direcionou-se para duas questões: o “castigo” avançado pelo pai e os resultados nos testes.

Quanto ao castigo a nossa opinião é a seguinte. Se a criança tem aquele perfil, interessado, trabalhador, responsável, foi o primeiro a sentir a tristeza por aquilo que aconteceu. Esforçou-se, tentou corresponder e não conseguiu. Com certeza que neste momento sofre com isso. Em cima disto que devemos fazer? O que precisa a criança? Precisa que a ajudem a compreender o que aconteceu, com realismo mas sem dramas, e, em função das conclusões daí retiradas, ajustar, se necessário, aquilo que a família pode fazer para melhorar o seu estudo. Depois, precisa que a ajudemos a voltar a acreditar em si, no seu trabalho e no seu esforço. Ela não pode perder a vontade e alegria de andar na escola. E para isso temos de voltar a entrar na senda do sucesso. O que ela não precisa é dum castigo, duma espada sobre a sua cabeça. Então esforça-se e é castigada. Faz sentido?

Quanto aos resultados académicos em si é certo que uma quebra de rendimento é sempre preocupante e deve ser cuidadosamente analisada. Mas o que não podemos esquecer é que este é um mau resultado de toda a turma. Com 85% de negativas mais do que um problema do aluno é um problema do professor e da escola. Faz sentido alterar o corpo docente no 2º ciclo? Que mudou do ano passado para este? Estarão os professores mais exigentes? Mas já não o deveriam ser antes? É a aproximação dos exames nacionais que faz mudar de atitude?

Por último, dissemos à mãe que se impõe uma atenção redobrada ao evoluir da atenção, uma boa comunicação e articulação com a escola e, se necessário, a consulta de um técnico, um psicólogo, para estudar com mais pormenor a situação.

Demos uma boa resposta? E você que faria diferente? Dê a sua opinião…