Histórias para crescer acompanhado

Data de publicação: Jan 31, 2013 11:20:46 AM

A importância das histórias no processo educativo

Uma história é um mundo de sensações, emoções, sentimentos e símbolos. E nos seus efeitos é uma realidade tão real como a pedra com a qual chocamos. Pode ser arrepiante como tranquilizadora.

Desde sempre a narração de história uniu os pequenos aos adultos, uns contando e outros ouvindo contos cheios de magia, fantasia e aventura. Pela narração de histórias as gerações mais velhas transmitem às mais novas conhecimento, cultura, que lhes permite fazer parte duma família, duma comunidade, duma região (nacional ou global).

As histórias, para além de contribuírem para o desenvolvimento das competências linguísticas da criança também agem no desenvolvimento emocional e psicológico, uma vez que contribuem para o despertar de sentimentos, facilita a expressão das suas próprias emoções e permite aprender o comportamento, as atitudes e valores das personagens com quem se identifica.

E, obviamente, que desempenham um papel fundamental no fomento da imaginação e da criatividade, que, por sua vez, constituirão uma bagagem emocional indispensável para viver e desenvolver as capacidades intelectuais. História após história, enriquece-se a imaginação das crianças e esta capacidade fornece-lhes instrumentos para captar e manter-se abertas às diferentes facetas da realidade.

As histórias são também um bom reflexo da sociedade e da cultura vigente em cada momento histórico, pois expressam de forma implícita o comportamento e as convicções e convenções da comunidade onde nasceram. Contudo, existem histórias que, indo para além das contingências sociais do momento, mais ou menos longo, conseguem aproximar-se mais do mundo das crianças: pelo tipo de protagonistas, pelos problemas tratados, pelos obstáculos encontrados e a ultrapassar, pelas soluções encontradas e pela esperança que permitem. São os clássicos da literatura infantil cujo encanto e magia continua a maravilhar as gerações mais novas.

Uma história para cada idade

Histórias há que ao longo do tempo a todos encantam: crianças pequenas, crianças grandes, jovens, adultos.

As histórias, como as crianças, são muito diferentes umas das outras. Cabe às crianças, a cada uma delas, em função dos seus interesses, escolher aquelas que lhe agradam mais.

Quando as crianças são muito pequenas a fala dos adultos age como modelo linguístico. É uma altura em que o adulto brinca e canta com os mais pequenos, com muitos gestos e ritmo à mistura. Ao fazê-lo assim, torna mais fácil a assimilação e compreensão das palavras.

Por volta dos três anos, quando já conseguem exprimir-se verbalmente, o interesse das crianças muda. Nesta altura começa o interesse por histórias narradas, com ou sem a presença do livro. É a descoberta do mundo pleno de sensações, pelo que as histórias mais adequadas são aquelas que se baseiam nelas. Por norma são histórias passadas em cenários próximos do que é a realidade das crianças (por exemplo a casa) com um elemento de perigo (por exemplo, ficar dentro ou fora de casa) que é ultrapassado graças à astúcia do protagonista ou da ajuda de um adulto próximo (por exemplo a mãe).

Aos 6/7 anos as crianças iniciam uma nova etapa: maior consciência da realidade (afinal existem bons/maus, feios/bonitos, amigos/inimigos) e maior importância dos sentimentos. Aparecem as histórias em que o protagonista se vê injustamente num qualquer perigo ou castigo mas que com a ajuda de seres maravilhosos será salvo a tempo de ser feliz para sempre. Certo também é que estes seres darão a cada um o que merece e os bons serão recompensados e os maus castigados. São histórias que ajudam a assimilação das noções do Bem e do Mal, do sentimento da justiça e da identificação sexual.

Em redor dos 12 anos e graças ao desenvolvimento intelectual os rapazes e raparigas tomam cada vez mais consciência de como o mundo se rege por símbolos: as histórias assentes na realidade passam a ser construídas numa crescente abstracção. Os obstáculos deixam de ter importância pelo que são mas pelo que representam. As personalizações de antes que davam corpo ao medo, à felicidade, etc., e que eram levadas à letra, já não resultam nesta altura. Agora constituem apenas metáforas dos sentimentos que lhe estão subjacentes.

Como e quando?

Para o que nos importa aqui, as histórias para crianças, devem ter um efeito balsâmico sobre quem lê, vê ou escuta. Mas para que assim seja são necessários alguns cuidados, a saber:

- Nos primeiros anos de vida as histórias devem ser introduzidas por um adulto amigo: os pais, os avós, os professores;

- A forma e o tom da narração devem ser adequados à idade. E isso é fácil de se ver: basta repararmos se lhes estamos a captar a atenção;

- Qualquer hora é boa para se contar histórias mas a melhor mesmo é antes de deitar. É uma outra forma de embalar as crianças;

- Consoante a hora do dia consoante a história: à noite é aconselhável uma história relaxante e tranquila; de dia ficam melhor aquelas que as deixam excitadas;

- A escolha das histórias nem sempre é fácil face à oferta que actualmente existe. Podemos sempre optar pelos clássicos e ir experimentando as mais recentes. Mas as melhores mesmo são aquelas que se inventam no momento. São puros momentos de magia quando uns e outros dão asas às suas fantasias