Ajustamento à monoparentalidade: preservar a saúde mental

Data de publicação: Dec 13, 2012 10:34:29 AM

O número de famílias monoparentais em Portugal tem aumentado significativamente. Segundo os dados da Pordata eram 400 mil em 2011. Na maioria destas famílias (86,6%) é a mãe que assume o papel principal. Assim sendo, é sobretudo a elas, às mães, que nos dirigimos. Obviamente que eles, os pais solteiros, também se podem rever no que a seguir expomos.

Há quem distinga a monoparentalidade tradicional (falecimento do cônjuge, celibato associado à procriação de filhos fora do casamento e a ausência/emigração do cônjuge) da monoparentalidade por ruptura conjugal ou divórcio. Esta última tem crescido muito devido às mudanças de perspectiva face ao divórcio na sociedade portuguesa. Seja como for, a pessoa em pouco tempo vê-se na necessidade de, muitas vezes só, fazer face às exigências e responsabilidades da sua família, dos seus filhos. Isso exige, na maioria dos casos, ajustes, mais ou menos significativos, nos diferentes sectores da sua vida. Até se encontrar um novo equilíbrio não é um período fácil ou simpático. Muitas vezes a pessoa sente-se bastante só. A situação agrava-se quando esse sentimento se intensifica e prolonga no tempo.

Mas existem algumas coisas simples que se podem fazer para superar estes momentos.

Reconhecendo os sinais

Vamos colocar uma simples questão. Imaginemos, numa escala de 1 a 10, em que posição se situaria na forma como está a lidar com a nova situação familiar? Está a lidar muito bem e responde um 8, 9 ou mesmo um 10? Se é assim: Parabéns. Ou então está a pensar em assinalar números mais baixos? Se é assim, talvez tal possa significar que está a entrar num destes cenários:

· Dificuldades em adormecer e insónias;

· Nada a interessa agora;

· Levantar da cama de manhã é um aborrecimento;

· Vestir os filhos de manhã e levá-los à escola começa a ser um fardo insuportável;

· Já chega ao trabalho cansada;

· O trabalho é um enfado cada vez maior;

· Pensar no futuro não é divertido, aliás, o futuro parece muito sombrio;

· Nota que os amigos e colegas de trabalho parecem estar a evitá-la.

Isto soa familiar? Antes de mais precisa de saber que se está agora na situação de mãe solteira, por divórcio ou outra causa, é comum passar por um período de luto, como acontece quando existe uma ruptura ou perda de um ente querido. E o luto tem várias fases. A sua progressão não é linear. Pode saltar etapas, regredir, experienciar mais do que uma etapa de cada vez, mas, se tudo correr bem e com normalidade, vai encontrar em si recursos para lidar com a situação e chegará o dia em que volta ao seu estado normal e em paz consigo e com o mundo. Nessa altura vai olhar para trás e talvez pensar que o muito que sofreu a fez mais forte e melhor preparada para encarar o futuro com optimismo. Enquanto esse dia não chega, ser capaz de reconhecer os estágios comuns de dor é importante para a ajudar a melhor lidar com eles e a os ultrapassar.

Na descrição do processo de luto, seguimos as fases descritas por Elizabeth Kubler Ross*, psiquiatra Norte Americana:

· Negação e isolamento.

· Raiva.

· Negociação.

· Depressão.

· Aceitação.

(ver texto completo no webcuco.blogspot.com)

No caminho da recuperação

É certo que aqui como noutras situações de vida, cada um terá de fazer o seu caminho. Mas sabemos que alguns comportamentos facilitam na luta contra a tristeza e a depressão e ajudam a sair delas mais rapidamente. Arriscamos avançar com a sugestão de algumas dicas:

· Faça uma lista das coisas que tinha por hábito fazer e adicione-as à programação dos seus dias:

· Sorria mais.

· Faça uma lista das suas realizações, daquilo que já fez e é capaz de fazer.

· Faça outra lista de todas as coisas que gosta em si

· Cuide de si.

· Porque não receber um amigo peludo em casa?

· E que tal olhar à sua volta e procurar ajudar os outros?

(ver texto completo no webcuco.blogspot.com)

Sabemos que às vezes o ajustamento à monoparentalidade não é fácil e não o consegue fazer sozinha. Se está deprimida a maior parte do tempo ou tem problemas maiores do que os esperados no papel de mãe solteira, tenha a coragem de o admitir e procure ajuda profissional. Não deixe o sofrimento arrastar-se porque a tendência é que ele se agrave. Os técnicos existem também para isso.

*KÜBLER-ROSS, Elisabeth (1996): Sobre a morte e o morrer: o que os doentes têm para ensinar aos médicos, enfermeiras, religiosos e aos seus próprios parentes. São Paulo, Martins Fontes.