Até que ponto queremos mudar?

Data de publicação: Aug 03, 2013 2:11:0 PM

No seguimento do último escrito, atrevemo-nos a lançar a questão: como evoluir num mundo em crise, em grande transformação, quando o leque de possibilidades, para nós, que nos reclamamos da sociedade ocidental, parece encolher? É próprio da natureza humana aspirar a uma vida melhor mas também é lhe é igualmente próprio resistir às mudanças. Num mundo em mutação pudem...os e saberemos nos reinventar?

Para mudar antes de mais é necessário começar por si próprio, por escutar os seus desejos e interesses, sabendo que não basta querer para mudar (inclusivamente nós próprios somos, por vezes, os grandes obstáculos à mudança que queremos), que existem alturas, na vida de cada um, onde a mudança é mais favorável e que ao permitirmos a nós próprios mudarmos, nós próprios podemos impulsionar uma mudança coletiva.

Na maioria das vezes a necessidade de mudança decorrer dum mal-estar. O que conseguimos até então não nos satisfaz mais. O sentido da nossa existência parece-nos encolhido, retorcido. O tédio instala-se ou surge o sentimento de estar preso num funcionamento ou numa situação que nos asfixia e que gostaríamos de mudar. Como? Cada um tem a sua ideia: mudar de trabalho, parar de fumar, perder peso, ousar amar, separar-se, mudar de lugar ou de país, instalar-se por conta própria, iniciar uma formação, iniciar um desporto, consultar um psicólogo…

A vontade de mudar um pouco, ou mudar tudo, exprime-se hoje individual e colectivamente: discutimos a mudança de política, de economia, de sociedade, de paradigma, etc. Este querer implica, desde logo, uma necessidade de se desligar do conhecido, de se separar duma parte de si próprio. É uma tarefa que tem tanto de dolorosa como de inevitável para aqueles que não querem ficar parados e têm desejo de avançar. O certo é que muitas vezes temos dificuldade em reconhecer esse desejo e em acolhê-lo como nosso. A que é que corresponde? Somos eternos insatisfeitos e incorrigiveis utópicos? Pudemos realmente mudar?

Permitam agora uma fala na primeira pessoa. Quando estava em pleno processo de mudança de que falei, dei conta do seguinte: enquanto estava a pensar no que perdia custou muito, quando comecei a pensar no que estava a ganhar não só foi mais fácil como de repente veio a questão: porque o não fiz há mais tempo?