Educar para a vida

Data de publicação: Dec 18, 2013 10:33:23 AM

"Educar é preparar para a vida, uma vida que ordinariamente não está isenta de dificuldades. Habitualmente há que esforçar-se para atingir qualquer objetivo no âmbito profissional, humano ou espiritual. Porquê então esse medo a que os filhos se sintam frustrados quando lhes falta algum meio material?

Terão que aprender o que custa ganhar a vida e conviver com pessoas com maior inteligência, fortuna, ou prestígio social; a enfrentar carências e limitações, materiais ou humanas; a assumir riscos, se querem abalançar-se a empresas que valham a pena; e a lidar com o fracasso, sem que isso provoque o colapso pessoal.

O afã de lhes aplanar o caminho, para impedir o mínimo tropeço, longe de lhes causar um bem, debilita-os e incapacita-os para enfrentar as dificuldades que encontrarão na escola, na universidade, no trabalho ou na relação com os outros. Só se aprende a superar obstáculos enfrentando-os.

Não há nenhuma necessidade de que os filhos possuam tudo, nem de que o possuam logo cedendo aos seus caprichos. Pelo contrário, devem aprender a renunciar e a esperar; não é verdade que na vida há muitas coisas que podem esperar e outras que, necessariamente, devem esperar?

Um excesso de proteção, que afaste o filho de qualquer contrariedade, deixa-o indefeso diante do ambiente; esta atitude protecionista contrasta radicalmente com a verdadeira educação.

O termo educar deriva das palavras latinas e-ducere e e-ducare. A primeira etimologia está relacionada com a ação de proporcionar valores que conduzem ao pleno desenvolvimento da pessoa. A segunda é indicativa da ação de extrair dela o melhor que pode dar de si mesma, da mesma forma que o artista faz quando extrai do bloco de mármore uma bela escultura. Em qualquer das duas acessões, a liberdade do educando tem um papel decisivo.

Em vez de manter uma atitude protecionista, é conveniente que os pais proporcionem aos filhos a oportunidade de tomar decisões e assumir as respetivas consequências, de modo que possam resolver os seus pequenos problemas com esforço. Em geral, convém promover situações que favoreçam a sua autonomia pessoal, objetivo prioritário de qualquer tarefa educativa. Ao mesmo tempo, há que ter em conta que essa autonomia deve ser proporcional à sua capacidade para a exercer; não teria sentido dotá-los de meios económicos ou materiais que não sabem ainda empregar com prudência; nem deixá-los sozinhos diante do televisor ou a navegar na internet; como também não seria lógico ignorar os conteúdos dos videojogos que têm.

Educar na responsabilidade é a outra face de educar em liberdade. O afã de justificar tudo o que fazem, dificulta que se sintam responsáveis dos seus erros, privando-os de uma avaliação real dos seus atos e, como consequência, de uma fonte indispensável de conhecimento próprio e de experiência. Se, por exemplo, em vez de os ajudar a aceitar um baixo rendimento escolar, se culpam os professores ou a instituição académica, ir-se-á formando neles um modo irreal de enfrentarem a vida: só se sentiriam responsáveis do bom, enquanto que qualquer fracasso ou erro seria causado de fora.

Alimenta-se desse modo uma atitude habitual de queixa, que culpa sempre o sistema ou os companheiros de trabalho; ou uma tendência para a autocompaixão e para a busca de compensações que conduzem à imaturidade."

P.S. Este texto é feito a partir de um outro de A. Vilar.

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