Será que pudemos mudar a nossa vida?

Data de publicação: May 08, 2013 9:19:16 AM

Gostemos ou não, queiramos ou não, o facto é que nós mudamos e as mudanças ocorrem em nós ao longo do tempo, duma forma mais ou menos discreta e silenciosa e em função das contingências da vida. Nesse sentido, é natural que o desejo de obter algum controle sobre essas transformações se manifeste um dia, especialmente em tempos de crise (desemprego, ruptura se...ntimental, doença, etc.).

Os tempos que vivemos, mesmo antes desta grave crise económica, social e laboral, incitam à mudança: o apelo à valorização da abertura, à mobilidade e à novidade. A estes apelos acresce as exigências de adaptação a uma nova realidade económica e social.

Neste tempo em que existe uma tendência, um apelo, ao desenvolvimento e realização pessoa, independentemente da importância que cada um dá a esta capacidade de transformação, a esta plasticidade, a mudança pessoal é vista atualmente em termos de uma escolha e decisão assumida.

Às vezes alguns tentam dar o salto que todos sonham: fazer uma mudança radical que permita descobrir novos caminhos, aprender a conhecer-se, conseguir uma plena realização pessoal.

Este tipo de iniciativa permite associar uma mudança de ordem interna (modificação de comportamentos, afirmação da sua vontade, maior estabilidade emocional) ou de ordem externa (reconversão da carreira profissional, mudança de identidade, por vezes mesmo mudança de sexo).

No entanto, estas mudanças, por muito espetaculares que sejam, não são sempre as mais profundas. Aliás muitas das experiências que vemos retratadas, sobretudo em livros do género, sugerem que a mudança não foi assim tão radical, parecendo que foi apenas mais uma forma de se conseguir sucesso com e no meio desta sociedade ávida de consumo.

É possível mudar de vida sem deixarmos de ser quem somos, como mostram alguns estudos recentes na área da psicologia e da sociologia. Vimos grandes mudanças em pessoas que sem deixar de serem quem são, simplesmente (atenção a este simplesmente) alteração um hábito, um comportamento que lhes condicionava em muito as suas vidas. E às vezes decorreram apenas dum momento em que disseram “acabou” ou “vou fazer diferente”. Estas mudanças na existência também podem estar associadas ou fazerem parte de movimentos sociais ou geracionais. Mark J. Penn e E. Kinney Zalesne descrevem algumas dezenas de microtendências (das relação pessoais à politica, passando pela saúde, religião, educação, trabalho, etc.) que estão a transformar o mundo em que vivemos.

Mas, independentemente, da forma como o indivíduo se transforma, a mudança é um desafio com um resultado incerto e querer mudar exige compromisso e um trabalho, um esforço, real. Exige também que se faça uma distinção clara entre fuga e emancipação e um apuro entre aquilo que são os desejos pessoais e as pressões da sociedade.

O importante nisto tudo, é não desistir de ser feliz, manter viva a esperança que é possível um mundo melhor e que temos uma palavra a dizer sobre isso.

Mãos à obra.

E a vossa opinião?