Muitas crianças no psicólogo e no pedopsiquiatra?

Data de publicação: Dec 03, 2013 9:49:12 PM

Num desses dias alguém comentou que agora ao mais pequeno problema os pais tendem a levar os filhos à consulta de um terapeuta: dificuldades no sono, quebra de rendimento escolar, refeições complicadas, com energia a mais… Tudo é motivo para consultar o psicólogo. Muito cedo? Muito rápido? Sim, é verdade, mas apenas se não se sabe ouvir muito bem antes de decidir recorrer aos profissionais.

Trabalhando alguns de nós na área, isto serviu de mote para reflectir um pouco sobre o assunto.

É certo que a população que recorre a este tipo de serviços se alterou nos últimos 10/15 anos. Quando iniciamos o nosso trabalho com crianças e adolescentes as problemáticas eram outras e de gravidade maior. Na altura eram comuns os atrasos significativos de desenvolvimento, os distúrbios de comportamento, os quadros de ansiedade debilitante, o grande sofrimento relacionado com a sua história ou a família. Nessa altura quase todos chegavam à consulta aconselhados pela escola e muitos pais ainda se mostravam relutantes em consultar o especialista. O psicólogo ou o psiquiatra eram para os malucos e os seus filhos não eram loucos.

O tempo e as mudanças sociais alteraram este panorama. Agora os pais decidem mais facilmente e por iniciativa própria consultar o especialista assim que um sintoma persiste. Por exemplo, se a criança tem pesadelos 2 ou 3 noites seguidas os pais confiam que podem ajudar a criança, contudo se o problema persiste por 2, 3 semanas então aí, por norma, decidem procurar ajuda. Em casais separados quando a criança pequena volta sistematicamente a chorar do fim-de-semana com um dos progenitores, é normal o pai contínuo (normalmente a mãe) sentir que necessita de ajuda do profissional.

A indicação da escola também deixou de estar tão presente. Os pais já não esperam que um qualquer problemas se manifesta fora da família para actuar.

E porque temos de deixar fluir a escrita, continuaremos este assunto em próximos textos, a saber:

- Um frenesim de conselhos

- A consulta é para os pais ou para os filhos

- Uma boa preocupação

- Os sinais de aviso

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