Como fazer? A eterna e velha questão.

Data de publicação: Nov 04, 2013 10:19:0 AM

Num desses dias falamos com uma menina que estava a voltar ao quarto dos pais, porque tinha sonhos maus. É comum, faz parte do crescimento. Sonhar é bom mas nem sempre os sonhos são do nosso agrado. E às vezes assustam muito. Dissemos-lhe isto para a tranquilizar e o quanto era importante era conseguir dormir sozinha novamente. Ela disse que era isso que queria fazer mas tinha medo que o sonho mau voltasse. À nossa insistência ela não resistiu a perguntar: “Como não sonhar os sonhos maus?” No tom sério de brincadeira em que estava a conversa, não resistimos a propor-lhe uma solução: “tens de lutar contra o sonho”. “Como, pergunta ela?” Encostados à parede dissemos-lhe: quando sonhares um sonho mau não vais para o quarto dos pais, voltas a dormir novamente, para voltares a sonhar o sonho e dás-lhe uma surra para ele se ir embora e não voltar mais”. A menina voltou a perguntar: “Mas como faço para dar uma surra?” Mas o sorriso que fez ao dizer isso deixou claro que não fomos muito convincentes na argumentação mas também, e mais importante, que ela sabe que o sonho é de outra dimensão e – isso o sabemos nós - que o vai dominar.

Este episódio revela que desde muito cedo colocamos a questão do “Como fazer”. É a eterna questão que sempre colocamos, individual ou colectivamente, quando nos deparamos com um problema novo ou grande para resolver.

Já repararam o quanto a utilizamos ou o quanto ouvimos as pessoas a colocar essa questão? Como educar? Como sair desta situação? Como encontrar vocação? Como encontrar motivação? Como construir objectivos? Como combater a depressão e falta de ânimo? Como encontrar a alegria e a felicidade?

Também com certeza que já repararam que a ouvimos cada vez mais em diferentes grupos da sociedade. É comum ouvi-la hoje na primeira fila das preocupações sociais, como por exemplo: Como combater o desemprego? Como combater as desigualdades? Como construir um futuro melhor para os jovens?

Esta questão é a última peça da trilogia do tempo de decisão de que aqui já falamos: Conhecer, Pensar, Agir. Nesse sentido, quando a fazemos, pressupomos que já passou o tempo de conhecer e de pensar.

Individualmente, e porque o ciclo da vida o exige, cada um há sua maneira, vai encontrando resposta para as suas “Como fazer?” Da resposta que lhes vai dando vai fazendo o seu caminho, que será tanto ou mais próximo dos seus ideais, quanto eficazes sejam as soluções encontradas. Do resultado final se infere da harmonia entre o conhecimento / pensamento / acção. A olhar pelo ar dos tempos parece que são cada vez mais aqueles que estão conscientes deste fundamento e funcionamento da vida humana e procuram a harmonia correspondente.

Colectivamente, e face à época efervescente que vivemos, parece que estamos numa altura em que as questões do “Como fazer?” brotam como cogumelos em todas as áreas da sociedade, numa procura de respostas para as preocupações, as insatisfações e as angústias sociais actuais. Provavelmente não serão novas, o que nos parece novidade é a grandeza e o tipo de grupos sociais, daqueles que as fazem. É certo que, cedo ou tarde, eficazes ou não, encontrar-se-á respostas para agir.

Mas, temos para nós, que se o “Conhecer” dos problemas actuais está razoavelmente feito, o “Pensar” ainda terá de ser melhorado. Para que este último produza uma resposta que seja coerente, útil e promotora dum futuro melhor, ainda se lhe deve fazer duas coisas.

Primeira. Retirar da equação muito ruído. Ainda está muito imbuído de emoções e sentimentos. E, como se sabe, as emoções não ajudam muito o raciocínio.

Segunda. Introduzir na equação o conceito de comunidade. Só pensando e agindo com sentido de comunidade podemos, na nossa perspectiva, ter razões para ter Esperança no futuro. E já agora, Esperança também é o nome da menina.

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