Estudar para quê? (alguns apontamentos)

Data de publicação: Jan 27, 2012 3:31:20 PM

Sobre a tertúlia de ontem na FNAC devemos fazer um breve apontamento. Esperamos ser fiéis ao que se passou.

Comecemos pelo conteúdo. Foi interessante a forma como o orador, Francisco Jacinto, iniciou a análise do assunto, reformulando a questão inicial do “Estudar para quê?”, transformando-a na “Escola para quê?” Faz mais sentido assim. Não é o estudo, enquanto esforço para aprender, que está em causa mas a Escola. Estudar, trabalhar, será sempre necessário, útil e factor de desenvolvimento.

Na opinião de Francisco Jacinto pode-se é questionar a Escola, o seu papel na sociedade portuguesa actual. Não existem dúvidas que a Escola fornece um conjunto de ferramentas que ajuda as pessoas a lidar melhor com a realidade com que se deparam e, portanto, é factor de sucesso.

Que Escola a sociedade quer, é sempre uma pergunta de difícil e complexa resposta. O modelo de Escola actual parece dar mostras de falência: após muitos anos de estudo, são muitos os jovens que têm a consciência de que não sabem nada; de que não estão preparados para enfrentar a etapa seguinte das suas vidas, que é o mercado de trabalho; que transmite falsas expectativas aos jovens e suas famílias, formando pessoas que depois não conseguem trabalho nas suas áreas de formação; que obriga muitos dos jovens que forma a sair do país.

Mas perante estas evidências de mal-estar o que fazer?

A Escola será sempre um espaço de socialização, de aprendizagem, de transmissão dum legado histórico e de incitamento a pensar. Esta última função, essencial para o sucesso de cada um e de todos, tem sido muito ofuscada e relegada para um plano muito afastado. Pensar torna as pessoas perigosas aos sistemas instituídos.

Mas é esta capacidade de analisar, reflectir e decidir, sobre nós próprios, sobre o que nos rodeia, que se constitui como um factor de sucesso fundamental.

Daí que a forma como a família, primeiro, perspectiva o futuro dos seus filhos e orienta as suas acções no presente, em função desse futuro, e o jovem, depois, à medida que vai ganhando capacidade de autonomia e responsabilidade, se posiciona e age em função do futuro que quer para si, são aspectos importantes para o desenvolvimento integral dos jovens e, dentro disso, para o seu sucesso profissional.

Nesse sentido também foi referido que, para além da escola, do esforço que aí se faz, existem outros factores, nomeadamente características pessoais, que são essenciais ao sucesso dos alunos.

Quanto à forma, correu bem para uma 1ª vez na FNAC. Não éramos muitos mas compúnhamos a sala. Também é certo que, como sempre, são mais as perguntas do que as prespostas. Às vezes produz-se inquietação. Mas é a partir dela que evoluímos.

A todos os participantes, ao nosso convidado, Francisco Jacinto e à FNAC do Mar Shopping, na pessoa do seu responsável, Artur Silva, um “Muito obrigado” da parte da organização.

Esta foi a primeira sessão do ciclo "Dar-se bem com o futuro não é tarefa fácil: A ESPERANÇA". A próxima, no dia 23 de Fevereiro, o assunto será “Os jovens perante as desigualdades sociais”.