Ramos Rosa

                                             Para Eduardo Lourenço

Improvável, imprevisível aparição

no pressentido horizonte da linguagem

em que o universo se move repetido

nas colunas do tempo flutuantes.

Mas quem me chama, quem me arranca de mim

a nula identidade? Quem me pergunta

a sua pergunta consonante? Alguém dispersa 

e recolhe constelações, cristais, imagens?

É este o percurso dos lábios que seguias?

é nestas palavras sombra e desejo

que verei o teu rosto que devagar se estende

Para as brancas colinas? Eu pergunto e pergunto

tu  és a desconhecida nos líquidos limites

e na tua ausência está a presença que nomeia. 

Inédito (?)

O Livro do Desassossego ou o Memorial dos Limbos