J.P. SARTRE

 Jean -Paul-Charles-Eymard Sartre - UMA VIDA[1]

 

                Nasce, na rua Mignard, nº 13, em Paris, no dia 21 de Junho de 1905.

                O pai, Jean-Baptiste Sartre falece no dia 17 de Setembro de 1906.

                Entre 1906-1911, Sartre habita em Meudon com a mãe e com os avós; posteriormente, vive em Paris. Aprende a ler, decifrando "Sans Famille" d'Hector Malot. Aos sete anos, lê Flaubert, Corneille, Rabelais, Voltaire, Hugo, etc. Por volta de 1912-1913, começa a escrever, corresponde-se em verso com o avô, compõe "romances" inspirados das suas leituras...

                Em 1915, começa a frequentar o liceu Henri IV, onde, no ano seguinte, conhece Paul-Yves Nizan.

                A 26 de Abril de 1917, a mãe torna a casar com Joseph Mancy, director das fábricas Delaunay-Belleville.

Entre 1917 e 1919, Sartre vive com a mãe e o padrasto em La Rochelle. Embora fosse bom aluno, foi mal acolhido pelos novos colegas devido ao seu ar amaneirado e imaginativo. Aprende a defender-se.

Em 1920, regressa ao liceu Henri IV, onde reencontra Nizan. Lê Dostoïevski e Tolstoï. Nizan dá-lhe a conhecer Giraudoux, Gide, Valéry Larbaud, Paul Morand, etc. Lêem juntos "Les Copains" de Jules Romains e descobrem Marcel Proust.

Durante o ano lectivo de 1923-1924, no liceu Louis-le-Grand, parece alheado, obtendo unicamente uma "menção" em filosofia. É por ocasião da primeira dissertação sobre " a consciência de durar" e após leituras do " Essai sur les données immédiates de la conscience"[2] de Bergson, que Sartre começa a interessar-se pela filosofia.

Entre 1924 e 1928, frequenta a Escola Normal Superior. Entre os condiscípulos, Sartre encontra Raymond Aron, Georges Canquilhem, Daniel Lagache, Nizan, Pierre Guille, Jean Hyppolite, René Matheu, Merleau-Ponty. Por volta de 1926, após a partida de Nizan, Sartre convive de forma mais íntima com Pierre Guille e René Matheu. 

Em Julho de 1929, Sartre conhece Simone de Beauvoir (n. 1908), quando preparava a oral de agregação - reprovara na escrita no ano anterior. Foram ambos admitidos, ele em primeiro lugar, ela no segundo, com, na prova escrita, o tema "Liberdade e contingência".

No último trimestre de 1931 é colocado como professor de filosofia no Havre enquanto que Simone Beauvoir é colocada em Marselha.

Em 1933, Sartre descobre, através de Raymond Aron, a fenomenologia, sucedendo-lhe, em Setembro, como bolseiro no Instituto francês de Berlim. É lá que estuda Husserl, e continua "A Náusea".  Assiste à ascensão do nazismo, mostra-se, no entanto, covencido do seu rápido declíneo.

Em 1934, acaba a sua segunda versão de " A Náusea" e redige a " A Trancendência do Eu."

Em Fevereiro de 1935, devido às suas pesquisas sobre a percepção, vicia-se na mescalina[3], o que lhe provoca uma depressão acompanhada de alucinações que dura mais de seis meses.

Em 1936, publica o primeiro volume A Imaginação e entrega a Gaston Gallimard o manuscrito Melancholia , apreciado por Paulhan, mas recusado.

Em 1937, Melancholia é finalmente aceite com cortes por Gaston Gallimard que sugere o título  A Náusea. A novela  O Muro surge em Julho na NRF[4]. Após ter passado férias na Grécia, torna-se professor do Liceu Pasteur à Neuilly.

Em 1938, o romance  A Náusea é publicado, obtendo grande sucesso da parte da crítica. Conclui A Infância de um chefe e decide escrever um romance em duas partes, Lúcifer, que originará Os Caminhos da Liberdade.

No Outono de 1939, inicia A Idade da Razão. Em Fevereiro publicara O Muro e em Dezembro Esquisse d'une théorie des émotions[5]. A 2 de Setembro foi mobilizado. Continua a escrever A Idade da Razão e enche uma série de cadernos onde esboça "uma moral" e redije as reflexões filosóficas que o levarão a escrever L'Être et le Néant[6]. Ao mesmo tempo, lê Kierkegaard, Hegel e Heidegger.

Em Março de 1940, publica O Imaginário. A 23 de Maio, o amigo Paul Nizan morre na frente de batalha. Em 21 de Junho, sem ter entrado em combate, Sartre é feito prisioneiro, sendo encarcerado no Stalag XII D, em Trèves.

Em 1941, consegue que o libertem, ao fazer-se passar por civil. Regressa ao ensino no liceu Pasteur. Em Abril, funda, com Merleau-Ponty, Jean et Dominique Desanti, J.L. Bost et Jean Pouillon, o grupo de resistência intelectual Socialismo e Liberdade. No Outono, é nomeado professor  de " khâgne"[7] no liceu Condorcet, onde ensinará até 1944. Entrega-se à redacção das Moscas. Termina a Idade da Razão e começa O Ser e o Nada.

Em 1943, integra o Comité nacional dos escritores e colabora no Combat e nas Lettres françaises clandestines. No dia 2 de Junho, estreia a peça as Moscas, encenada por Charles Dullin. No ensaio geral, encontra Camus, propondo-lhe mais tarde que interprete "Garcin" da peça Les Autres, que redige em poucos dias. O título acabará por ser Huis Clos.

A 27 de Maio de 1944, estreia Huis Clos no Vieux Colombier. Em Setembro, é constituído o comité director da revista Tempos Modernos. Em Novembro, termina Le Sursis.

Em 1945, publica Huis Clos, L'âge de la raison e Le Sursis. Tal como Camus, recusa a Legião de Honra. Nesse Outono, o existencialismo está um pouco por toda a parte com a publicação dos dois primeiros volumes dos Caminhos da liberdade, do primeiro número dos Tempos Modernos (15 de Outubro), com a representação das Bouches Inutiles de Simone Beauvoir, com a célebre conferência de Sartre no Cub Maintenant ( imortalizado por Boris Vian na L'Écume des Jours), sobre o tema L'existentialisme est-il un humanisme?[8]

Em 1946, são publicadas L'existentialisme est un humanisme ( a única obra que Sartre rejeitará parcialmente), Morts sans sépulture; La Putain respectueuse; Réflexions sur la question Juive.[9]Primeira cisão na equipa dos Tempos Modernos, com a partida de Raymond Aron e de Albert Ollivier. No número de Julho, Sartre faz publicar Materialismo e revolução, estreitando, deste modo, os laços com os comunistas. Sartre instala-se com a sua mãe no número 42 da Rue Bonaparte, onde residirão até 1962. No dia 8 de Novembro, estreiam as peças Morts sans sépulture e La Putain respectueuse no Teatro Antoine. Sucesso e escândalo.

Em 1947, publica Situations I; Théâtre I; Baudelaire. Em Fevereiro, inicia a publicação de Qu'est-ce que la littérature? nos Tempos Modernos. Rompe com Raymond Aron e com Arthur Koestler.

Em 1948, Sartre publica Les mains sales[10]; Situations II; l'Engrenage. Escreve o prefácio de Portrait d'un inconnu de Natalie Sarraute. A 13 de Fevereiro testemunha em favor de Robert Misrahi, acusado de ter ajudado o grupo sionista Stern. A 2 de Abril, estreia Mains sales no Teatro Antoine. Enorme sucesso, apesar da hostilidade comunista. Em Dezembro, na sequência de uma intervenção ameaçadora  de Malraux, a revista Tempos Modernos  deixa de ser editada pela Gallimard passando para a editora Julliard.

Em 1949, Sartre publica La mort dans l'âme; Situations III; Entretiens sur la politique. Em Maio não subscreve o apelo de Estocolmo a favor da interdição da arma atómica, o que acabou por considerar "um erro". Em Junho, começa a guerra da Coreia. Importantes divergências entre Sartre e Merleau-Ponty. No Outono, publica uma parte do tomo IV dos Caminhos da liberdade na revista Tempos Modernos.

Em 1951, compõe a peça Le Diable et le Bon Dieu, estreada no dia 7 de Junho, encenada por Louis Jouvet. Grande sucesso. Fernand Rivers encena Les mains sales. Reacção violenta dos comunistas.

Em 1952, Sartre publica Saint Genet, comédien et martyr. Marcel Pagliero e Charles Brabant filmam La Putain respectueuse.

Em Janeiro, reaproxima-se do Partido Comunista: Sartre é recebido pelo presidente Auriol junto de quem intercede por Henri Martin. No início de Junho, na sequência da prisão de Duclos ( ligada às manifestações contra o general Rigway) e depois da leitura do Coup du 2 décembre d'Henri Guillemein (cujos documentos lhe revelam quanta "merda" pode conter um coração burguês), Sartre escreve a primeira parte de Communistes et la paix.

Em Agosto, Sartre e Camus rompem definitivamente. Nunca mais voltarão a encontrar-se. Sartre: "A nossa amizade não era fácil, no entanto, recordá-la-ei com saudade."

A 12 de Dezembro, tem uma intervenção notável no Congresso dos Povos pela Paz, em Viena. Sartre encontra-se com Heidegger em Fribourg-en-Brisgau.

A 15 de Janeiro de 1953, assiste à lição inaugural de Merleau-Ponty no Collège de France, mas em Maio, Merleau-Ponty demite-se da revista Tempos Modernos, na sequência de desacordos políticos. Em Julho, instala-se em Roma, onde escreve Kean. Em Outubro, publica L'Affaire Henri Martin: "Era o acto de ruptura de um burguês com a sua classe." A 14 de Novembro, estreia a peça Kean no Teatro Sarah Bernhardt. Sucesso.

Em 1954, Sartre publica Kean. Jacqueline Audry filma Huis Clos. Em Abril-Junho, publica Les Communistes et la paix (III). De 26 de Maio a 23 de Junho, faz a primeira viagem à URSS. Em Dezembro, Sartre é nomeado vice-presidente da associação França-URSS. Entretanto, Simone de Beauvoir recebera o prémio Goncourt pela obra Les Mandarins.

Em 1955, estreia Nekrassov no Teatro Antoine. Pouco sucesso e uma violenta campanha anticomunista.

Em 1956, publica Nekrassov. Sartre toma posição contra a guerra da Argélia. Em Julho conhece Arlette Elkaïm, que, em 1965, se tornará sua filha adoptiva. Em Novembro, opõe-se à intervenção israelo-franco-britânica no Suez. Numa entrevista dada ao L'Express condena a intervenção soviética na Hungria e rompe com o PCF.

Em 1957, protesta diversas vezes contra a tortura e a guerra na Argélia.

Em 1958, Sartre trabalha nos Sequéstrés d'Altona e escreve a Critique de la raison dialectique. A 17 de Abril, Malraux, Martin du Gard, Mauriac e Sartre reclamam dos poderes públicos que "condenem sem equívoco o uso da tortura na Argélia." Em Maio e Junho redige artigos contra de Gaulle. Em Setembro, apela ao "não" no referendo desse mês.

Em Junho de 1959, Malraux, ministro da Cultura, declara de forma solene no Rio de Janeiro: "Eu, estive diante da Gestapo. Sartre, não. Durante esse tempo, ele fazia representar, em Paris, as suas peças, visadas pela censura alemã. A 24 de Setembro, estreia os Séquestrés d'Altona no Teatro da Renaissance. Grande sucesso.

Em 1960, publica La Critique de la raison dialectique e o prefácio a Aden-Arabie de Nizan. A 4 de Janeiro, morre Albert Camus. Entre 22 de Fevereiro e 20 de Março, encontra-se em Cuba, fazendo amizade com Fidel Castro. Publica no France-Soir, de 28 de Junho a 15 de Julho, uma reportagem sobre esta viagem. Em Maio, desloca-se à Jugoslávia, onde será recebido pelo marechal Tito. Em Agosto, subscreve o Manifesto dos 121 contra a tortura na Argélia. Faz ler uma declaração bombástica no processo  do réseau Jeansen. Em Outubro, a revista Tempos Modernos é apreendida mais uma vez. Os antigos combatentes desfilam nos Campos Elíseos, gritando "Fusilai Sartre". Paris-Match publica um editorial: Sartre, uma máquina de guerra civil". Em Novembro, volta ao Brasil, passando por Cuba. Sartre não é inculpado no "caso dos 121" a pedido expresso do general de Gaulle que teria declarado: Deixai agir os intelectuais (...) Não se manda prender Voltaire[11]."

Em 1961, recomenda "não" no referendo de 6 de Janeiro. Redige um Manifesto contra l'OAS e a guerra da Argélia. A 4 de Maio, morre Merleau-Ponty: "Pena, remorso, rancor". Passa o Verão em Roma, onde escreve Merleau-Ponty vivant e se encontra com Frantz Fanon. Redige um prefácio para os Damnés de la Terre.

A 7 de Janeiro de 1962, segundo atentado contra a sua residência, nº 42, rua Bonaparte, o que o leva a mudar-se para um estúdio, situado no 10º andar do nº 222 da avenida Raspail. Residirá aí até 1973. Continua opor-se ao conflito argelino. Com Simone Beauvoir, nova estadia na URSS, entre 1 e 24 de Junho, sendo recebidos por Krouchtchev. No regresso da URSS passam pela Polónia. Entre 9 e 14 de Julho, regressa a Moscovo para participar no Congresso Mundial em favor do Desarmento geral e da Paz, pronunciando um discurso em que defende a desmilitarização da cultura.

No início de Janeiro de 1963 , encontra-se novamente em Moscovo com o objectivo de criar uma Comunidade internacional de escritores. Em Outubro / Novembro publica na revista Tempos Modernos o romance Les Mots[12], que obteve grande sucesso e um comentário da mãe: " Poulou n'a rien compris à l'enfance".[13]

Em 1964, Sartre publica Situations IV, V, VI. Em Março, após doze anos de recusa, autoriza a representação de Mains sales em Turim. A 18 de Abril, dá uma entrevista a Jacqueline Piatier[14] em que causa grande impacto e alguns equívocos: "En face d'un enfant qui meurt, La Nausée ne fait pas le poids."[15] Em 21 de Abril apresenta uma Comunicação ao Colóquio sobre Kierkegaard organizado pela UNESCO. A 16 de Outubro, ao saber que lhe vai ser atribuído o Prémio Nobel de Literatura, Sartre escreve a seguinte Carta: "Por razões estritamente pessoais, desejo não figurar na lista dos laureados possíveis; sem que se possa pôr em causa a minha elevada estima pela Academia sueca e pela distinção que ela concede, eu não posso nem quero, nem este ano nem no futuro, aceitar o prémio Nobel (...)" No entanto, a 22 de Outubro, a Academia concede-lhe o prémio Nobel. Sartre expõe as razões da sua recusa.

Em 1965, Sartre publica Situations VII. A 26 de Janeiro requer a adopção de Arlette Elkaïm que será concedida a 18 de Março. A 10 de Março, estreia a peça as Troyennes no TNP, encenada por Michel Cacoyannis. Em Março, para protestar contra a guerra do Vietname, rejeita uma série de conferências na Universidade Cornwell nos Estados Unidos. Em Julho, nova estadia em Moscovo. Nos dias 13 e 14 de Julho, desloca-se a Helsínquia para participar no Congresso mundial da Paz. Em Dezembro, apoia à última hora a candidatura de François Miterrand à eleição presidencial.

Em 1966, publica extractos de Flaubert, na revista Tempos Modernos. De 2 de Maio a 6 de Junho, nova estadia na URSS: todas as conversações incidem sobre a condenação de Siniaavski e Daniel. Soljenitsyne recusa encontrar-se com Sartre. Em Julho, a pedido de Bertrand Russel, aceita fazer parte de um "tribunal"encarregado de inquerir sobre os crimes de guerra americanos no Vietename.

Em Fevereiro e Março de 1967, com o objectivo de abrir uma via de diálogo, Sartre e Simone de Beauvoir fazem duas visitas oficiais ao Egipto e a Israel. Encontram-se com Nasser, e depois com Levi Eshkol. Sartre defende ao mesmo tempo o direito de Israel a existir enquanto nação e o direito dos Palestianos de regressare ao seu país. A 13 de Abril, Sartre escreve uma Carta ao general de Gaulle pedindo que o tribunal Russel possa ter a sua sede em Paris. A 19 de Abril, de Gaulle rejeita o pedido, tratando Sartre por "Cher Maître", ao que este replica que só é "Maître para os encarregados de café que sabem que eu escrevo" e interpreta a recusa como uma medida política inconfessada. Entre 2 e 10 de Maio, na Sessão do Tribunal Russel, em Estocolmo, Sartre é nomeado presidente executivo. Tal como Aragon, declina um convite para participar no Congresso dos escritores soviéticos de modo a marcar o seu desacordo com o processo Siniavsi-Daniel. Em 30 de Maio, participa num "meeting" a favor da libertação de Régis Debray.

A 6 de Maio de 1968, toma posição a favor do movimento estudantil e contra a repressão policial. A 11 de Maio, declara à Radio-Luxembourg: "A única relação que os estudantes podem ter com esta Universidade é destrui-la; e para a destruir, só uma solução, é descer à rua. Em Julho , numa entrevista à revista "Spiegel", acusa o Partido comunista de ter traído a revolução de Maio. A 24 de Agosto, condena a intervenção das tropas soviéticas na Checoslováquia. 

A 18 de Janeiro de 1969,  Sartre protesta contra uma sanção que fora aplicada a um professor por ter apresentado uma dissertação sobre Le Mur. Morte da mãe, Mme Mancy, a 30 de Janeiro. A 10 de Fevereiro, participa com Michel Foucault, num "meeting" para protestar contra a expulsão de 34 estudantes da Universidade de Paris. Sartre sente-se directamente contestado, o que marcou a sua evolução ulterior. Entre Março e Junho, defende o boicote do referendo sobre a regionalização. Em Junho, Sartre e Simone abstêm-se de votar na segunda volta das eleições presidenciais (escolha entre Poher e Pompidou). Em Novembro, pede, com Malraux e Mauriac, a libertação de Régis Debray. Denuncia a repressão na Checoslováquia e protesta contra a expulsão de Soljenitsyne da União de escritores soviéticos.

Em 1970, assume a direcção de La Cause du Peuple, iniciando um novo período de acção militante. A 20 e 26 de Junho, distribui La Cause du Peuple no mercado da rua Daguerre e nas grandes avenidas. Interpelado pela polícia, é de imediato libertado. Em Setembro, assume a direcção do jornal Tout!, de tendência mao-libertária. Em 21 de Outubro, recusa testemunhar no processo de Alain Geismar e foi falar com os operários da Renault.

Em 1971, publica L'idiot de la famille (tomo 1 e 2). A 14 de Abril, Sartre rompe com Fidel Castro a propósito do caso Padilla. Em Junho, assume a direcção do jornal Révolution e funda com Maurice Clavel a agência de imprensa Libération. A 19 de Junho, Sarte é inculpado de difamação por artigos publicados nos jornais La Cause du Peuple e Libération.

Em 1972, publica Situations VIII e IX e L'idiot de la famille (tomo 3). Em Fevereiro e Março, Alexandre Astruc e Michel Contat rodam o filme Sartre par lui-même. A 14 de Fevereiro, é expulso pela força das fábricas Renault.  A 28 de Fevereiro, inquire em Boulogne-Billancourt sobre o assassínio de Pierre Overney e, a 4 de Março, assiste ao funeral do militante maoísta. Aprova o rapto de M. Nogrette ( um membro da direcção da Renault) por um grupo maoísta clandestino. Em Maio, escreve alguns artigos sobre o caso Bruay-en-Artois e abre um debate sobre La Cause du Peuple, que pensa deixar. Ocupa-se activamente do projecto de lançamento do diário popular Libération.

Em 1973, publica Un théâtre de situations. Num artigo intitulado " Elections, pièges à cons" defende as abstenção nas eleições de Março e faz uma crítica radical da democracia representativa. Em Fevereiro, defende de um certo modo a acção do grupo Baader. Em Março, vê-se obrigado a reduzir as suas actividades, em consequência de um ataque (?); meio cego, não pode ler nem escrever. Em 22 de Maio, surge o primeiro nº de Libération. A 29 de Outubro, Sartre, num artigo, explica as suas posições sobre o conflito israelo-arábe.

Em 1974, publica, em Maio, On a raison de se révolter. Em 21 de Maio, por motivos de saúde, deixa a direcção do Libération e de outras publicações. A 6 de Novembro, assina com Raymond Aron, Eugène Ionesco... uma declaração de ruptura com a UNESCO, devido à sua atitude em relação a Israel. A 4 de Dezembro, Sartre desloca-se a Estugarda para se encontrar, durante uma hora, na prisão, com Andreas Baader, que se encontrava na 4ª semana de greve de fome. Numa conferência de imprensa, acompanhado por Daniel Cohn-Bendit, declara desaprovar a acção da Fracção Armada Vermelha, mas denúncia fortemente as condições de detenção dos seus membros. Violenta reacção da imprensa alemã contra Sartre.

De 6 a 13 de Abril de 1975, Sartre, na companhia de Simone de Beauvoir e de Pierre Victor desloca-se a Portugal. A 21 de Junho, distancia-se do marxismo e afirma-se partidário de um socialismo libertário. Comenta no Libération a agonia do general Franco.

Em 1976, publica Situations X. Publica várias entrevistas e textos de apoio.

Em 1977, continua com as entrevistas que substituem a escrita devido à sua doença: "Poder e liberdade: actualidade de Sartre"; "Sartre et les femmes"; Sartre et la musique". Em Junho, enquanto Brejnev é recebido no Eliseu, Sartre acolhe no Teatro Récamier os dissidentes do Leste. Sartre e Simone de Beauvoir condenam os novos filósofos. Toma posição contra o recurso à força no Saara, em Itália, em Marrocos e na Argentina; a favor dos intelectuais iranianos...

Em 1978, em Fevereiro desloca-se a Jerusalém, onde se encontra com numerosas personalidades palestinianas dos territórios ocupados. Em Junho, intervém a favor da suspensão da medida que impede Cohn-Bendit de permanecer em França.

Em 1979, reconcilia-se com Raymond Aron, apoiando ambos a iniciativa "Um barco para o Vietname", e aceita, com Aron e Glucksman, dirigir-se ao Eliseu para advogar a necessidade do governo francês salvar os refugiados da Indochina. Em Setembro, apesar do seu estado de saúde, está presente no funeral de Pierre Goldman, assassinado por um comando de extrema-direita.

Em Março de 1980, o Nouvel Observateur publica uma série de três diálogos entre Sartre e Benny Lévy, onde Sartre se manifesta muito autocrítico sobre a sua obra. Hospitalizado a 20 de Março devido a um edema pulmonar. Falece a 15 de Abril. A 23 de Abril, milhares de pessoas assistem ao seu funeral no cemitério "Père-Lachaise".

  

[1]  - Libération - Dossiers " La Cause de Sartre".

[2]  - Ensaio sobre os dados imediatos da consciência.

[3]  - Alcalóide capaz de provocar alucinações visuais notáveis pela vivacidade e pela riqueza das cores.

[4]  - NRF - Nouvelle Revue Française.

[5]  - Esboço de uma teoria das emoções.

[6]  - O Ser e o Nada.

[7]  - "Classe de primeira superior".

[8]  - Será o Existencialismo um Humanismo?

[9]  - "Mortos sem sepultura"; "A Puta respeitosa";" Reflexões sobre a questão Judaica".

[10]  - "As mãos sujas".

[11]  - "Laissez faire les intelectuels (...) On n'arrête pas Voltaire."

[12]  - " As Palavras".

[13]  - Poulou / Sartre não compreendeu nada da infância.

[14]  - Le Monde.

[15]  - "Face a uma criança que morre, "A Naúsea" não tem qualquer peso."